terça-feira, 30 de dezembro de 2014

10 "SHOWS DO ANO"

   Amigos, essa época do ano é tempo de relembrar o que vivemos de bom no ano que passou. A retrospectiva do Blog Coração de Metal é dividida em 3 partes, sendo esta aqui a 1a delas. Vou lembrar aqui os 10 melhores shows que assisti em 2014, e que venha 2015 com Obituary, Paul Di'Anno, Monsters of Rock, Slash, Rock in Rio e muito mais!

10-Cavalera Conspiracy-Circo Voador-11/09
   Nos últimos anos, o Circo Voador já virou a casa de Max Cavalera. Dessa vez com o Cavalera Conspiracy, projeto que ele e o irmão Iggor tem desde 2011, o Rio teve mais uma grande noite de Heavy Metal com o ícone máximo do estilo no Brasil. O ótimo Pandemonium seria lançado logo depois de extensa turnê, e teve duas músicas apresentadas. No mais, clássicos do Sepultura e músicas dos dois primeiros discos botaram fogo na lona. O público estava em estado de graça, e o show acabou sendo marcante. Mesmo por vezes sem cantar. Max sabe comandar um show, e Iggor continua dando aula de Thrash a cada porrada em seu kit. 

9-Behemoth-Circo Voador-09/11
   Era difícil imaginar que um dia o Rio veria o Behemoth. Esse dia chegou num domingo infernal para um bom público no Circo Voador. Todos sabem que Nergal driblou a morte, e presenteou os fãs em 2014 com a obra-prima The Satanist. Mesmo debilitado e por vezes sem cantar o diabólico gutural, ele liderou a banda numa apresentação grandiosa. O Behemoth faz um dos shows mais técnicos e rico em efeitos do Heavy Metal atual, e foi exatamente o que foi visto. Memorável!

8-Bad Religion-Circo Voador-05/02
   O primeiro show de 2014 aconteceu num Circo Voador com ingressos esgotados, no auge do verão e com um calor incalculável dentro da lona. Somando a isso, vem uma banda em grande forma com um set que muda toda noite repleto de clássicos. No mínimo, memorável. Um show de Punk Rock como tem que ser.  

7-Angra-Circo Voador-01/06
    O Angra passou por mais uma troca importante na sua formação, dessa vez com Fabio Lione nos vocais. Tendo estreado em 2013 a mais nova fase, a banda retornou ao Rio já na reta final da turnê que celebrou os 20 anos do magnífico Angels Cry. Prestes a lançar um novo disco, este foi o último show da banda com Ricardo Confessori na bateria, que cedeu lugar a Bruno Valverde. Foi de novo um show impecável de uma banda que está renascendo num momento que ninguém esperava. O disco novo é magnífico, e reflete o bom momento. O repertório foi semelhante ao do show de 2013, com algumas sábias inclusões. A casa lotada cantando cada verso mostrou a força eterna que a banda tem. Que venha a nova tour, porque a formação fez o Angra renascer, de novo!

6-Ratos de Porão-Circo Voador-02/08
    O ano foi extraordinário para o Ratos de Porão. A banda lançou o ótimo Seculo Sinistro, que eu considero o disco nacional mais marcante do ano, e fez shows por todo mundo para divulga-lo. No Rio de Janeiro, foram dois. O 1o está registrado no mais recente dvd da banda, feito com a formação original e repertório baseado no clássico Crucificados Pelo Sistema. Em agosto, a banda encerrou a tradicional festa A Grande Roubada com o time atual e o repertório "completo", que mostrou ótimos momentos dos 30 anos da banda. O Circo Voador cheio estava em uma noite de gala, transbordando fúria a cada petardo. A banda estava numa noite absurda, com mais vontade do que nunca, fazendo uma apresentação em casa, que mais uma vez mostrou porque o Ratos de Porão se tornou uma das bandas mais importantes da nossa história. 

5-Obituary-Teatro Odisseia-24/04
     O ano que está acabando proporcionou ótimos shows inimagináveis no Rio de Janeiro. O do Obituary foi absolutamente marcante para os amantes de Death Metal. Pouco antes de lançar o ótimo Inked in Blood, uma das mais importantes bandas do estilo trouxe ao Brasil um show especial, que ao lado de duas novas contou com músicas dos clássicos três primeiros discos, Slowly We Rot, Cause of Death e The End Complete. Não precisa dizer que se trata de um jogo-ganho. Uma noite memorável para um dos maiores públicos já vistos no tradicional Teatro Odisseia, a casa dos shows que já virou rotina do público Headbanger carioca. Agora com um novo disco, a banda já está com a volta marcada para cá, no Circo Voador, ao lado do ícone Paul Di'Anno. Se prepare para mais uma apresentação esplêndida.   

4-Sepultura-Volta Redonda do Rock-26/07
   Fui até Volta Redonda, cidade importantíssima do interior do estado, para conferir o festival Volta Redonda do Rock, que teve os shows do Kiara Rocks, Project46, Blaze Bayley, Dr Sin e Tim Ripper Owns, entre outros, nas suas duas noites. Minha motivação para rodar os cento e poucos kms de estrada foi o Sepultura, que se apresentou na 2a noite, a única que consegui pegar. Com entrada franca, o festival recebeu um ótimo público numa gelada noite de sábado. O Sepultura fechou o festival com um show espetacular. Depois de se encaixar com a entrada do fabuloso Eloy Casagrande na bateria, e com o ótimo disco novo de nome impronunciável na bagagem, a maior banda brasileira se encontra na melhor fase em anos. Uma performance impecável de uma banda afiada tocando um setlist magnífico, que passeou pelos 30 anos de história. Por mais que muitos ali não tivessem o conhecimento necessário sobre a banda, foi um show irrepreensível. Quem bota em xeque a banda atualmente precisa rever urgentemente seus conceitos. 

3-Metallica-Morumbi-22/03
   Pois é amigos, quem me acompanha sabe que o Metallica é a minha banda do coração, mas o nível dos shows que vi em 2014 foi tão elevado que fui forçado a coloca-la em 3o lugar. Mesmo assim, a liderança seria totalmente justa. O Metallica sempre foi bom de estúdio, mas o tamanho que a banda ganha no palco é impressionante. O show que aconteceu em São Paulo foi o 5o da banda que assisti, todos nos últimos 5 anos, mas essa é uma experiência que nunca cansa. Ainda sem um sucessor para Death Magnetic, o Metallica fez durante o 1o semestre a turnê "By Request", na qual os fãs poderiam votar e escolher o setlist de todas as apresentações. Infelizmente, as escolhas foram previsíveis, com as chamadas "músicas de sempre" predominando, ao lado de outras muito populares, porém raras nos shows, como Whiskey in the Jar e The Unforgiven. Mesmo já com um set conhecido, algo estranho para um show que sempre varia, a banda tocou com sangue nos olhos naquele Morumbi entupido por 60 mil pessoas "recebidas" com uma chuva torrencial. O Metallica proporcionou mais uma noite inesquecível na minha vida, e por mim que venha 2015. 

2-Exodus-Circo Voador-05/10
   No dia em que escolhemos a bancada mais conservadora da história para a Câmara dos Deputados e levamos para o 2o turno quatro candidatos de nível para lá de duvidoso nas Eleições, os cariocas tinham duas ótimas opções para lavar a alma. Infelizmente, os shows do Dream Theater e Exodus foram marcados no mesmo dia e hora. Escolhi o Exodus, e não me arrependo nem um pouco. A apresentação da banda cujo o nome se confunde com a história do Thrash Metal será lembrada por anos pelos Thrashers cariocas, que encheram o Circo Voador. A banda tinha acabado de "recontratar" Steve Zetro Souza para os vocais, e pouco tempo depois do show lançaria o ótimo  Blood In, Blood Out. O "novo" vocalista está em grande forma, e junto com um Gary Holt em estado de graça, e da afinadíssima formação com Lee Altus, Jack Gibson e Tom Hunting, músicas muito bem escolhidas foram apresentadas com fúria para um público extremamente participativo e empolgado. Um show de Thrash Metal de manual que só poderia ser feito por uma banda como o Exodus. Absolutamente memorável! 

1- Paul McCartney-Hsbc Arena-12/11
   Só pelo fato de estar frente a frente com um Beatle, o meu preferido inclusive, a emoção é garantida para qualquer fã de Rock N'Roll do planeta. Acredite, só isso é muito pouco para descrever a força de um show do Paul McCartney. Qualquer apresentação do mesmo é seguramente um dos maiores espetáculos da terra. Durante 3h de show, Paul emociona e encanta qualquer um, sem descanso, trocas de roupa ou qualquer artificio que artistas mais preguiçosos costumam usar e abusar. É uma aula de amor ao Rock N'Roll dada por um senhor de 72 anos que tem uma fortuna no banco, e se quisesse poderia muito bem não fazer mais nada, ou então algo bem mais burocrático. Mesmo com música para fazer um show de quantas horas lhe der vontade, o senhor ainda faz questão de lançar discos novos ótimos e apresenta-los ao público ao vivo.  A parte do "sem descanso" também descreve bem o repertório, de 39 pérolas selecionadas entre as incontáveis maravilhas cedidas por Paul aos amantes de boa música, entre carreira solo, Wings e, obviamente, Beatles. Momentos como Yesterday, Blackbird, Listen What the Man Said e o épico encerramento com Golden Slumbers/Carry That Weight/The End estão eternizados em minha mente. Show do ano, e um dos shows da vida dos 14 mil sortudos que lotaram a Hsbc Arena, um lugar até pequeno para o maior artista ainda vivo da música mundial.

   Esses foram só alguns dos muitos shows memoráveis que vi em 2014. Espero ter feito justiça ao glorioso ano para a cena carioca. 

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

CAVALERA CONSPIRACY-PANDEMONIUM

   Assim que a paz voltou a reinar na família Cavalera, e Iggor saiu do Sepultura, Max e Iggor voltaram a unir forças numa única banda, formando assim o Cavalera Conspiracy. O que era apenas um projeto ganhou vida, e já no seu 3o disco, podemos dizer que o CC é oficialmente a 2a banda de Max, ao lado do Soulfly. Com o fiel escudeiro Marc Rizzo cuidando das guitarras das duas bandas, muitos chamam o Cavalera Conspiracy de Soulfly com Iggor. Eu considero a banda ainda melhor que o "projeto principal", já que nunca se distanciou do Death/Thrash Metal, o que os irmãos sabem fazer de melhor, sem o "experimentalismo" que marcou o som do Soulfly nos primeiros trabalhos. Assim sendo, o terceiro disco é mais uma porrada bem dada nas orelhas do ouvinte, com a fúria que Max apresenta desde o ótimo Dark Ages, disco do Soulfly de 2005. Considero este, ao lado de Enslaved da já citada banda principal de Max, o melhor trabalho do frontman desde sua saída conturbada do Sepultura.  
   Considero os dois primeiros discos ótimos, mas a coisa fica ainda melhor agora, e ganha vida própria. Babylonian Pandemonium abre o trabalho, já sendo um hit. Max canta com uma fúria descomunal. Sua voz já não é a mesma, mas a força ainda está lá, e o fantástico instrumental casa perfeitamente. Iggor dispensa apresentações, assim como o já carimbado Marc. A novidade é Nate Newton, que faz um belo trabalho no baixo. O forte da, digamos, "faixa-título" é o refrão, daqueles que realmente fica na cabeça. Bonzai Kamikaze também já é conhecida, sendo apresentada para os brasileiros na recente turnê, O Thrash predomina por aqui, com a velocidade saindo do controle. Mais um destaque. Scum é uma das faixas mais "Death Metal" da carreira dos irmãos. Quem gosta de Obituary, Morbid Angel e Cannibal Corpse vai se sentir em casa. Com uma pequena variação Death Thrash, o disco não tenta inventar nada mirabolante, apenas extremo e de qualidade, coisa que Max e Iggor ainda sabem fazer como poucos. Outros destaques ficam para Cramunhão e Father of Hate, além de Not Losing the Edge, que é ao meu ver a melhor do disco com sobras. Ela para mim lembra o Sepultura em seus mais grandiosos momentos, com um ar contemporâneo muito interessante. 
   Ver Max e Iggor ainda produtivos e com fogo nos olhos é sempre ótimo. Com Pandemonium, o Cavalera Conspiracy faz uma sequência de três ótimos trabalhos para quem conhece a carreirados irmãos. Se você ainda não aceitou a separação do Sepultura clássico, escute isso e comprove que assim como a atual formação do Sepa, Max e Iggor continuam brindando os amates de Heavy Metal com ótimas músicas. 

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

AC/DC-ROCK OR BUST

   O AC/DC estava desde o término da gloriosa turnê do ótimo Black Ice sem maiores aparições midiáticas, deixando sua legião de fãs em dúvidas quanto ao futuro da banda. Entretanto, em 2014 as noticias envolvendo a banda valeram por todos os 3 anos de "sumiço", e infelizmente nem tudo foi positivo. Já de cara, o mundo descobriu que Malcolm Young estava com uma séria doença, já desde os últimos shows da turnê anterior, e a sua aposentadoria forçada colocou em xeque o futuro da banda. Eles seguiram, com a óbvia solução "familiar" Stevie Young fazendo dupla com Angus. A banda então grava um novo disco e em breve sairá numa já muito concorrida turnê mundial. Mesmo assim, o fato do baterista Phil Rudd ter sido excluído de fotos de divulgação chamava atenção. Em breve, a banda voltaria ao noticiário, devido ao comportamento inaceitável do baterista, enrolado em dívidas com putas e cafetões, além da acusação de tentativa de assassinato e posse de drogas, que deixaria a sua situação com a lei para lá de enrolada. Essa história ainda está longe do fim, e seu futuro na banda ainda é incerto. Em meio ao furacão, surge Rock or Bust, o mais novo disco do AC/DC.
  Ele tinha tudo para fracassar, mas não foi isso que aconteceu. O resultado foi previsível, da melhor maneira possível, e o trabalho vem com a marca e padrão de qualidade de uma das maiores bandas de Rock N'Roll de todos os tempos, estilo que se confunde com o nome AC/DC. Mesmo sem o toque genial do grande guitarrista, a banda manteve-se fiel a música que a consagrou.  A faixa-título vem com aquele refrão grudento e magnífico que é a marca da banda, e já começa muito bem os trabalhos. Play Ball, primeira música divulgada e já um hit, vem com uma linha de guitarras característica da banda, e pode ser considerado um novo clássico. A melhor para mim vem depois. Meu queixo foi no chão logo que ouvi Rock The Blues Away. A melodia é fantástica, e Angus Young comanda com perfeição o seu ritmo. Audição indispensável. O problemático baterista Phil Rudd mostra todo o seu talento em Miss Adventure, comandando as coisas. Uma pena que ele esteja acabando com a sua vida fora dos palcos, porque uma pegada brilhante dessas não é qualquer baterista que tem. Dogs Of War segue sem maiores invenções, seguindo a linha que a banda adotou em trabalhos como The Razors Edge e Fly on the Wall. Got Some Rock & Roll Thunder vem mais parecida com o que o AC/DC faz recentemente, assim como Hard Times.  Baptism By Fire é outro destaque. Com um belo riff e um ótimo trabalho de Cliff Williams, vemos um AC/DC digno dos seus momentos mais grandiosos. Rock the House também é grandiosa, apresentando toda a malícia inspirada no Blues que a banda sabe fazer como ninguém. Na mesma linha, vem a ótima Sweet Candy, e o belo encerramento com Emission Control.
   O disco é muito bom, e remete a diversas passagens da banda. Fazendo o basicão que consagrou o AC/DC, sem inventar formulas mirabolantes e mostrando a essência do Rock N'Roll, eles lançaram mais uma pérola para o currículo, um dos maiores momentos nos últimos 20 anos de banda. Só pelo fato de se manter produtivo, isso já vale. Compre sem medo, e escute o Rock N'Roll mais puro possível. IN ROCK WE TRUST!!!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

KORZUS-LEGION

   O Korzus tem uma história de 30 anos se dedicando com afinco ao Heavy Metal, mais especificamente ao Thrash Metal, e mesmo depois de tanto tempo, a fome ainda permanece. Depois de gravar Sonho Maníaco, Pay for Your Lies e Mass Illusion, discos que ajudam a escrever a história da nossa música pesada, os lançamentos mais recentes mostram uma banda ainda com muito poder de fogo, e Legion não seria diferente. Tendo o magnífico Discipline of Hate como antecessor, a expectativa dos fãs era por algo, no mínimo, do mesmo nível, felizmente exatamente o que aconteceu. 
   São 13 músicas do mais puro e legítimo Thrash Metal, que promete não dar folga aos pescoços. Honestamente, gostei muito de todas as canções. Entre elas, destacaria a abertura furiosa com Lifeline, que destaca a ótima cozinha da banda, mais que acertada com Dick Siebert (Baixo) e Rodrigo Oliveira (Bateria). A grande música do disco contudo é Lamb, que vem logo depois. Ela transpira Thrash Metal, fúria, velocidade e tudo mais, como o Slayer em seus mais insanos momentos. Six Seconds não deixa por menos. O refrão é muitíssimo bem sacado, com os chamativos versos "One, two, three. See you in the mosh pit. Four, five, six. Six seconds to be free." Preciso dizer algo mais? No mais, a espetacular Vampiro, cantada em português com uma letra magnífica, Self Hate e a faixa-título são clássicos imediatos. Além delas, Broken, Die Alone, Apparatus Belli, Time Has Come, Purgatory, Bleeding Pride e Devil’s Head merecem, e muito, ser ouvidas. Em linhas gerais, uma obra grandiosa e impecável de Thrash Metal de uma das maiores e mais importantes bandas brasileiras. 
   O Korzus não se satisfaz com a sua gloriosa história, e Legion é a prova prática disso. A banda continua com fome, e só entra em estúdio para mostrar algo realmente bom aos fãs. O novo trabalho acrescenta em muito a nossa cena, que se fortalece cada vez mais, num ano que apresenta Ratos de Porão e Korzus em grande forma, duas das nossas bandas mais importantes. Marcello Pompeu (Vocais), Dick Siebert (Baixo), Antônio Araújo (Guitarra), Heros Trench (Guitarra) e Rodrigo Oliveira (Bateria) mantém viva uma banda lendária e sempre atual!



segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

100 MÚSICAS PARA OUVIR ANTE DE MORRER

   Então ai vai mais uma lista. O nosso objetivo não é falar daqueles clássicos do porte de Black Dog, We Will Rock You, Smoke on the Water e semelhantes, mas sim de música conhecidas ou nem tanto que são verdadeiras obras-primas escondidas nas discografias das bandas que tanto amamos. Todas elas são de indispensável audição. Vamos a elas, lembrando que estão em ordem totalmente aleatória. 
  1. Metallica- Disposable Heroes (Master of Puppets).
  2. Iron Maiden - The Rime of the Ancient Mariner (Powerslave)
  3. Black Sabbath - Megalomania (Sabotage)
  4. Megadeth - Tornado of Souls (Rust in Peace)
  5. Slayer - Black Magic (Show no Mercy)
  6. Motley Crue - Danger (Shout at the Devil)
  7. Rolling Stones - Sister Morphine (Sticky Fingers)
  8. Kiss - Creatures of the Night (Creatures of the Night)
  9. Aerosmith - Home Tonight (Rocks)
  10. Angra - Carolina IV (Holy Land)
  11. Sepultura - Propaganda (Chaos A.D)
  12. Queen - 39 (A Night At the Opera)
  13. Led Zeppelin - Ten Years Gone (Physical Graffiti)
  14. Ramones - Judy Is A Punk (Ramones)
  15. AC/DC - Walk All Over You (Highway to Well)
  16. Krisiun - Blood of Lions (The Great Execution)
  17. Dorsal Atlântica - Morte aos Falsos (Antes do Fim)
  18. Sarcófago - Midnight Queen (The Laws of Scourge)
  19. Salário Mínimo - Jogos de Guerra (Beijo Fatal)
  20. Harppia - Naufrago (A Ferro e Fogo)
  21. Azul Limão - Sangue Frio (Vingança)
  22. Metalmorphose - Mascara (Maquina dos Sentidos)
  23. Alice in Chains - Down in a Hole (Dirt)
  24. Obituary - Slowly We Rot (Slowly we Rot)
  25. Cannibal Corpse - I Cum Blood (Tomb of the Mutilated)
  26. Morbid Angel - Visions from the Dark Side (Altars of Madness)
  27. Possessed - The Exorcist (Seven Churches)
  28. Behemoth - Ov Fire and the Void (Evangelion)
  29. Def Leppard - High 'n' Dry (Saturday Night) (High 'n' Dry)
  30. Accept - Screaming for a Love-Bite (Metal Heart)
  31. Scorpions - We'll Burn the Sky (Taken by Force)
  32. Judas Priest - Hell Patrol (Painkiller)
  33. Exodus - A Lesson in Violence (Bonded by Blood)
  34. Testament - Sins of Omission (Practice What You Preach)
  35. Saxon - Out of Control (Denim and Leather)
  36. Destruction - Tormentor (Infernal Overkill)
  37. Motorhead - Born to Raise Hell (Bastards)
  38. Deicide - In Hell I Burn (Legion)
  39. Deep Purple - Soldier of Fortune (Stormbringer)
  40. Dio - Caught in the Middle (Holy Diver)
  41. Ozzy Osbourne - Road to Nowher (No More Tears)
  42. Whitesnake - Bad Boys (1987)
  43. Rush - A Farewell to Kings (A Farewell to Kings)
  44. Black Sabbath - Falling Off the Edge of the World (Mob Rules)
  45. Ratos de Porão - Igreja Universal (Anarkophobia)
  46. Dream Theater - Mtropolis Part.1 (Images and Words)
  47. Stress - Mate o Réu (Stress)
  48. Skid Row - Quicksand Jesus (Slave to the Grind)
  49. Ratt - Back for More (Out of the Cellar)
  50. Bon Jovi - Stick to Your Guns (New Jersey)
  51. Alice Cooper - House of Fire (Trash)
  52. Poison - Cry Tough (Look What The Cat Dragged in)
  53. Onslaught - Power From Hell (Power From Hell)
  54. Overkill - Feel the Fire (Feel the Fire)
  55. Sex Pistols - Holliday in the Sun (Never Mind The Bollocks)
  56. Van Halen - Runnin' with the Devil (Van Halen I)
  57. Venom - Live Like an Angel (Die Like a Devil) (Welcome to Hell)
  58. Doors - Touch Me (Doors)
  59. Lynyrd Skynyrd - Tuesday's Gone (Pronounced 'Lĕh-'nérd 'Skin-'nérd)
  60. Anthrax - Among the Living (Among the Living)
  61. Pantera - Rise (Vulgar Display of Power)
  62. Guns N'Roses - Estranged (Use Your Illusion II)
  63. Beatles - She's Leaving Home (Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band)
  64. Avantasia - Reach Out for the Light (The Metal Opera)
  65. Edguy - Land of the Miracle (Theater of Salvation)
  66. Mutilator - War Dogs (Immortal Force)
  67. Chakal - May Not the Mankind suffer (Abominable Anno Domini)
  68. MX - Fighting For The Bastards (Simoniacal)
  69. Napalm Death - Suffer The Children (Harmony Corruption)
  70. Pink Floyd - Brian Demage/ Eclipse (The Dark Side of the Moon)
  71. Suicidal Tendencies - You Can't Bring Me Down (Lights...Camera...Revolution!)
  72. Nuclear Assault - Sin (Game Over)
  73. Heathen -  Breaking the Silence (Breaking the Silence)
  74. Kreator - People of the Lie (Coma of Souls)
  75. Sodom - Nuclear Winter (Persecution Mania)
  76. Metallica- The Thing That Should Not Be (Master of Puppets)
  77. Queen - Hammen The Fall (The Works)
  78. Iron Maiden - Stil Life (Piece of Mind)
  79. Led Zeppelin- The Song Remains the Same (Houses of the Holy)
  80. Slayer - South of Heaven (South of Heaven)
  81. Motorhead - Shoot You in the Back (Ace of Spades)
  82. Deep Purple When the Blind Man Cries (Mchine Head)
  83. Forbidden - Forbidden Evil (Forbidden Evil)
  84. Death Angel - Thrashers (The Ultra-Violence)
  85. Misfits - Forbidden Zone (Famous Monsters)
  86. Scorpions - When the Smoke Is Going Down (Blackout)
  87. Rolling Stones - Loving Cup (Exile on the Main St)
  88. Beatles - You Like Me Too Much (Help!)
  89. Raimundos - Cajereiro/Rio das Pedras (Raimundos)
  90. Ira! - É Assim que me Querem (7)
  91. Titãs - Desordem (Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas)
  92. Pantera - Fucking Hostile (Vulgar Displey of Power)
  93. Megadeth -  Devil's Island (Peace Sells... but Who's Buying?)
  94. Sepultura - Stronger Than Hate (Beneath the Remains)
  95. Angra - No Pain For the Dead - (Temple of Shadows)
  96. The Clash - Police  & Thieves (The Clash)
  97. Pearl Jam - Release (Ten)
  98. Blind Guardian - Nightfall (Nightfall in the Middle Earth)
  99. Venom - Countess Bathory (Black Metal)
  100. Judas Priest - Heading Out To The Highway (Point of Entry)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

MONSTERS OF ROCK CONTEMPORÂNEO, MAS COM UM MAGNÍFICO AR NOVENTISTA

   Durante a última semana, os amantes de Rock N'Roll tiveram uma novidade fantástica para fechar bem o ano. O Monsters of Rock anunciou uma volta definitiva, com um Line Up digno do auge naqueles anos 90, e bem diferente do retorno decepcionante em 2013. Naquele ano, teve uma clara divisão Hard Rock (que para mim foi o dia mais interessante, mas bem longe do que vimos agora) e um fatídico dia "New Metal". Há quem goste, e os shows do Aerosmith, Whitesnake, estes dois pude ver num show no Rio de Janeiro, Ratt e Hatebreed foram de fato ótimos, mas se esperava algo mais. 
   Agora, toda a expectativa foi correspondida, e com sobras. A produção privilegiou o Heavy Metal tradicional e clássico das bandas dos anos 70, que formaram a base do estilo que amamos, além de ótimos representantes oitentistas e mais novos. No 1o dia, a trinca que encerra a noite forma simplesmente a base de tudo que conhecemos em termos de Heavy Metal. Meus amigos, tudo, absolutamente tudo, começou com Judas Priest, Black Sabbath (representado pelo vocalista Ozzy Osbourne, um dos poucos que com a carreira solo consegue fazer um show sem que ninguém sinta falta do repertório da ex-banda) e Motorhead. Em uma noite, conseguir a união desses nomes já é algo realmente fantástico. Ao olhar a sequência, senti um arrepio indescritível. Ainda tem mais. Primal Fear e Rival Sons farão aberturas bem interessantes, mas confesso que são bandas que eu pouco acompanho. O defeito é o Black Veil Bridges, mas reclamar de um nome isolado no meio deste line-up seria o mesmo de reclamar de um Ney Franco treinando um time com Zidane, Romário, Júnior, Zico, Ricardo Rocha, Canavarro, Adílio e Andrade. Nenhuma banda, por pior que seja, é capaz de botar a perder uma seleção tão fantástica, e até serve como um bom momento para um descanso. No segundo dia, Judas Priest se apresentará novamente, algo incrível. Fora eles, temos uma ótima seleção. Steel Phanter é um dos maiores destaques do momento no Rock mundial, já figura carimbada em festivais europeus. Yngwie Malmsteen, Unisonic e Manowar (este último nunca fez a minha cabeça, muito menos depois do fatídico Metal All Stars, mas o nome é forte e a quantidade de fãs e influência respeitável) são nomes fortíssimos e detentores de uma ampla quantidade de fãs no Brasil. O Accept é um dos destaques para mim. A banda está numa fase maravilhosa, e suas apresentações recentes por aqui foram inesquecíveis. Seguramente será um dos grandes shows, e a sacada foi ótima. O Kiss dispensa comentários, e fará um dos maiores espetáculos da terra para fechar o Monsters com chave de ouro. A banda é contemporânea dos gigantes da 1a noite, e de semelhante influência para incontáveis nomes que vieram depois. 
   Kiss, Accept, Judas Priest, Motorhead e Ozzy Osbourne formam no final das contas, além das outras boas bandas, um dos times mais fantásticos que já vi em festivais por aqui, e dou os mais sinceros parabéns a organização pelas escolhas. A venda está confusa, com o site jogando os preços já altos ainda mais lá em cima e fazendo de tudo para dificultar a vida de quem paga meia-entrada, mas depois de muita luta consegui comprar, e verei algo único. Diria que está é a provável despedida do motorhead, em decorrência da saúde de Lemmy, e Judas Priest, Ozzy e Kiss talvez em breve tomem caminhos semelhantes, já que a turma já tem 40 anos de dedicação ao Rock, formando parte importantíssima da história do estilo. 
    Em linhas gerais, o festival remete ao auge no Brasil, os anos 90. Naquela década, o Brasil entrou de vez na rota dos grandes shows, que viram o auge nas edições históricas do Hollywood Rock e Monsters of Rock, ambos marcando época para quem viveu. Agora a força de festivais diminuiu, apesar da maior constância de turnês, já que a America Latina é parte permanente das agendas. Fora o fenômeno Rock In Rio, há tempos não víamos festivais com dedicação ao Rock N'Roll com Line Up tão espetacular. A minha geração finalmente poderá sentir o que eram aqueles históricos festivais que tanto ouvimos falar, e quem achava que eles já eram parte do passado poderá ter uma bela sensação de déjà-vu. Que venha para ficar Monsters of Rock, nós estávamos precisando de um festival assim! 
   

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

PINK FLOYD-THE ENDLESS RIVER

   Depois de 20 anos, em 2014 o Pink Floyd mexeu com as estruturas do Rock N'Roll mundial, soltando um material inédito. O disco Endless River apresenta músicas feitas na época do último lançamento, o espetacular Division Bell, para ser algo como um material extra. Desde então, ele está guardado, e depois de 20 anos surge como um tributo ao grande Richard Wright, tecladista da banda felecido em 2008. 
   A intenção de prestar uma homenagem ao grande músico, que por muitas vezes não teve o seu talento devidamente reconhecido na banda, é nobre e para lá de justa. Com músicas que destacam a sua versatilidade, e com a assinatura de  David Gilmour,  Richard Wright e Nick Mason, o trabalho não tinha como ser ruim. Mesmo assim, é impossível compara-lo, por exemplo, ao "contemporâneo" Division Bell. Endless River é seguramente um dos discos mais viajantes da discografia da banda, sendo basicamente instrumental, com divisões entre fases e desembarcando na ótima Louder Than Words. Vemos o que todos já sabem, a habilidade acima do normal dos músicos em seus respectivos instrumentos. A faixa "normal" é muito boa, e combina perfeitamente com o que foi feito na época.
   Em linhas gerais, Endless River foge completamente do que é um cd normal, e é excêntrico até para uma banda como o Pink Floyd. Pondo ele para rodar, você vai até a lua com o magnífico instrumental das faixas, que em certos momentos remetem a clássicos, e a piração com Louder Than Words é garantida. A lógica seria seu surgimento como material extra de Division Bell mesmo, mas a história quis guarda-lo por 20 anos. Não existe margem de comparação com nada antes feito. Não espere nada muito normal de Endless River, apenas um tributo instrumental ao gênio Richard Wright.
   Com o novo disco, o Pink Floyd fez o que é a sua marca, que é a imposição comercial de algo impensável para as massas. Um disco basicamente instrumental chutou todos os pops do momento das paradas, fazendo o que The Wall, Wish You Are Were e Dark Side of the Moon fizeram num já distante passado, levando uma música longuíssima como Shine On You Crazy Diamond a "boca do povo". Boa viagem a todos.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

SHOW DO VICIOUS RUMOURS/ FORKILL/ DESTRUCTION-TEATRO ODISSEIA-RIO DE JANEIRO

   A noite de quarta-feira, dia 10 de dezembro, foi de gala para o Heavy Metal carioca. Com o ano já chegando ao seu final, o Destruction abastece os cariocas com o melhor do Thrash Metal, finalmente em um "show solo". O Teatro Oisseia recebeu o maior público que já vi, semelhante ao que foi ver Marky Ramone em maio, um fato que emociona. O Destruction dispensa maiores apresentações. Uma verdadeira entidade do magnífico Thrash Metal alemão, dona de uma quantidade para lá de considerável de fãs brasileiros, que conseguiram superar os ótimos públicos que Sodom e Obituary levaram a mesma casa recentemente. 
   Acabei perdendo o show que o Vicious Rumours fez abrindo os trabalhos, o que acabou sendo um ajuste para que a cidade não perdesse o show, já que a banda foi escalada de última hora no Zoombie Ritual Festival, repondo as incontáveis ausências que mais uma vez levaram o nosso nome a lama. O próprio Destruction veio para lá se apresentar, mas diante do amadorismo do produtor acabou cancelando, não sem antes o líder Schmier acertar o infeliz com um glorioso e merecido soco. 
   Logo depois veio a já programada abertura do Forkill, que começou o seu show exatamente quando eu entrava no local. Acompanho a banda há tempos, sendo eles bastante conhecidos no Underground carioca com o Thrash Metal de 1a linha praticado. A banda é experiente na cena, já tendo tocado em diversos bares e casas famosas da cidade, e eu mesmo já fui vê-los num show destruidor no Calabouço Rock Bar, tradicional reduto de bandas covers na Tijuca. Divulgando ainda o ótimo  Breathing Hate, seu disco de estreia, eles estão para lançar o 2o trabalho. No show, vimos uma mescla dos dois trabalhos, com boa recepção dos presentes. O vocalista Joe Neto sempre convidava a participação popular, colocando fogo no que já era o maior show da carreira da banda. O resultado foi ótimo, e as turbinas estavam devidamente aquecidas para a atração principal.
   Um Odisseia lotado transbordava em ansiedade nos momentos que antecederam ao grande show da noite. Eu mesmo estava muito emocionado, já que a banda tem uma significativa importância na minha vida, que respira Heavy Metal, assim como os colegas da cena alemã. Como acabei perdendo o show no Rock in Rio por uma série de fatores desagradáveis, finalmente iria tirar o atraso. Foi a banda aparecer, e surgia automaticamente um caótico mosh-pit, que deixou o público que lotava a casa espremido. Total Desaster abre o show. O clássico dispensa maiores apresentaões, e coloca a casa abaixo. Em seguida, sem tempo para respirar, vem o hino Thrash Till Death, cantado em uníssono. A casa parecia pequena para o tamanho que o show tomou, e não dava conta do recado. O som, que geralmente é muito bom, estava ruim, e assim foi por toda a noite. De cara, a guitarra de Mike Sifringer apresentou problema, forçando um solo improvisado do baterista Vaaver enquanto as coisas eram resolvidas. A péssima qualidade sonora acabou sendo o grande defeito do show, mas mesmo assim não era capaz de botar o jog ganho em risco. Além do baterista, Schmier e Mike tem longa estrada neste tal de Heavy Metal, já tendo feito show em tudo quanto era buraco, e não seria estes percalços que arruinariam um show de uma lenda do Thrash Metal. O magnífico set seguiu com Nailed to the Cross, fazendo a clássica sequência do ótimo The Antichrist, grande obra lançada pela banda em 2001. Mad Butcher segue com a carnificina que só bandas como o Destruction podem proporcionar. Armageddonizer apresenta o bom Day of Reckoning. Depois Black Death, Eternal Ban e Life Without Sense matam os presentes do coração, como momentos gloriosos dos indispensáveis Infernal Overkill e Eternal Devastation, as obras-primas da banda. Spiritual Genocide volta ao presente, finalmente trazendo o último lançamento pra jogo. Release from Agony, faixa título do ótimo disco de 88, e a nova Carnivore vem depois. Hate is My Fuel, também de uma fase mais recente da banda, já é muito querida, e proporciona uma pancadaria daquelas no mosh. O líder Schmier lembra então que agora seria algo inédito para nós. A magnífica instrumental Thrash Atack da uma verdadeira aula de Thrash Metal. Depois, ele pergunta o que gostaríamos de ouvir, e entre os milhares de pedidos, ganhou o clássico Antichrist, uma surpresa para lá de agradável. Bestial Invasion completa o ataque cardíaco coletivo. Todos estavam para lá de satisfeitos, mas o Destruction ainda tinha mais cartas nas mangas. Curse the Gods e The Butcher Strikes Back, que marca o retorno triunfal da banda em 2000, encerram uma noite de gloria para os thrashers cariocas.
   Um público digno de uma cidade que entrou definitivamente na rota dos shows marcou a noite. Um som que não estava a altura do espetáculo, mas não comprometeu no final, e o saldo foi positivo. Um setlist maravilhoso proporcionou muio Thrash Metal e diversão para um público que sabe apreciar isso como ninguém. Em breve virá algo novo do Destruction, e seguramente muitos novos shows no Brasil, país que a banda já pode dizer que tem um caso de amor. Que venha um 2015 repleto de grandes shows para todos nós. 

sábado, 13 de dezembro de 2014

SHOW DO BELPHEGOR-ESPAÇO ACÚSTICA-RIO DE JANEIRO

   O ano está acabando, mas ainda podemos desfrutar mais um pouco de uma temporada gloriosa para o Thrash/Death/Black Metal na cidade do Rio de Janeiro. Inúmeras impensáveis bandas vieram para cá, algo extremamente benéfico para uma cena que é cada vez mais forte. O público, sempre fiel, agora teve a oportunidade de ver o Belphegor em ação. Uma das bandas mais fortes dos últimos anos no metal extremo, lançando o ótimo Conjuring of Death recentemente, não tinha como decepcionar. O show foi no Espaço Acústica, lugar inédito para mim. A casa é pequena e apertada, mas extremamente adequada para  bandas como o Belphegor. Bem menor que o tradicional Teatro Odisseia, o espaço é bem localizado e com um ar condicionado eficiente. O espaço é pequeno, e impossibilita um bom mosh pit (se o show do Municipal Waste tivesse mesmo acontecido, teríamos problemas). Mesmo assim, gostei do lugar, com uma acústica ótima e ambiente agradável, que deveria ser mais explorado em shows menores para casas como o Odisseia e o Rival. 
   Não tivemos lotação máxima, mas eu diria que 70 a 80 % da casa estava cheia. Mesmo assim, pelo tamanho, isso não é muito, e eu diria que o público girou em torno do 100 pessoas. No Odisseia, teríamos espaço de sobra. A (s) abertura (s) foi ótima. Primeiro veio o Demolishment, banda que divulga seu 1o EP Our Fury Is Unleashed, com um Thrash/Death Metal de 1a linha. A banda que da os seus primeiros passos no Heavy Metal, já com um nome razoavelmente conhecido na nossa cena, mostrou muita força, inclusive na versão para Scavenger of Human Sorrow do Death. Boa impressão deixada, assim como o ainda mais conhecido Tellus Terror, já com a abertura para o Behemoth também no currículo. O disco de estreia EZ Life DV8 foi muito bem recebido, e o show foi baseado nele.
   As turbinas já estavam aquecidas para um público pequeno, mas sedento por Black Metal da melhor qualidade. Este público foi brindado com uma apresentação impecável do Belphegor. Foi um passeio pela história da banda. O palco era pequeno, mas muito bem "enfeitado" e dominado pelo líder  Helmuth Lehner. O público participou ativamente do show, fazendo breves mosh pits em momentos mais adequados para tanto, e cantando cada verso ao lado da banda. Clássicos como Bondage Goat Zombie, In Blood - Devour This Sanctity e Impaled Upon the Tongue of Sathan dividiram espaço com as ótimas novas Feast Upon the Dead, Conjuring the Dead e  Gasmask Terror. Os hinos Belphegor - Hell's Ambassador e principalmente Lucifer Incestus fizeram o lugar ir abaixo.
   No final, foi uma baita apresentação de uma banda mais que atual do nosso cenário. Optando por aquele tipo de show com pouca interação e pancadaria do começo ao fim, o Belphegor proporcionou aos fãs uma ótima matinê metálica. 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

QUEENS OF THE STONE AGE, O ÚLTIMO DOS MOICANOS?

   Aos poucos, a edição 2015 do Rock in Rio vem tomando forma. Entre atrações pops que não valem a pena serem citadas por aqui, já temos dois nomes certos para um dos dias destinados ao Rock. System of a Down já é de conhecimento geral, e ontem foi anunciado para o mesmo dia a grata surpresa Queens of the Stone Age. 
   A banda liderada por Josh Home é para mim, junto com o próprio System, a última coisa relevante que surgiu no chamado mainstream. A música é de difícil classificação, até porque isso não é tão importante. Fortes influências do Classic Rock setentistas misturadas com um toque preciso de modernidade dão o tom de um, talvez, New Classic Rock, que é exclusividade deles. Nos anos 2000 foram postas em jogo pérolas como os discos Rated R,  Songs For The Deaf, Era Vulgaris e o mais recente Like Clockwork. Quem espera uma metal, como alguns menos abertos a novidades, pode passar longe. Eu mesmo não consigo aceitar muita coisa que existe por ai, mas sempre achei o som deles bem interessante. O casamento com o System of a Down foi uma sacada de mestre, e o tal dia se apresenta muito bem e inovador.
   A música única das "rainhas" ganha muito mais força em apresentações ao vivo, e o dito som "alternativo" vira na verdade algo muito mais potente e devastador. Finalmente terei a oportunidade de vê-los ao vivo, um antigo desejo, já que o último show da banda no Rio de Janeiro foi na edição de 2001 do Rock in Rio. Quem puder ver, irá se surpreender. Preconceitos tolos são inúteis.
   Espero que não, mas honestamente o QOTSA é a última da linha de bandas de arenas interessantes surgidas nos últimos 10, 15 anos. O underground metálico ferve, e eles garantem o futuro, mas os shows de estádio ainda dependem de uma urgente renovação. Neste dia de festival, veremos um pouco disso, mas honestamente espero que não acabe por aqui. Nos empurram muita merda desprezível, mas entre elas sempre tem alguma coisa boa, e definitivamente o Queens of the Stone Age é um sopro de esperança!

domingo, 7 de dezembro de 2014

SHOW DO IRA!-CIRCO VOADOR-RIO DE JANEIRO

   Pouco tempo depois da volta oficial do Ira! ao Rio de Janeiro, a turnê passa novamente pelo Circo Voador. A casa enche novamente, porém um pouco menos do que na apresentação inesquecível de agosto, e era possível circular facilmente pela lona, encontrando um bom lugar para ver o show. Depois de poucos meses, pudemos ver uma banda ainda mais acertada e feliz por estar de volta aos palcos, algo realmente fantástico e benéfico para o nosso tão sofrido Rock Nacional. 
   Depois da sofrível abertura do Ullala (acho que era isso o nome), por volta das 1h o Ira! estava no palco do Circo Voador. O setlist foi bem parecido com o apresentado em agosto, mas a ordem foi completamente diferente. De cara, vem a ótima Como os Ponteiros de Um Relógio, inesperada e magnífica. Depois chega a tradicional abertura Longe de Tudo, clássico do grande Mudança de Comportamento. Em seguida, vem Flerte Fatal, uma pérola dos tempos de Acústico MTV. A coisa esquentou mesmo foi com o hino máximo Dias de Luta, cantado em uníssono. O som estava espetacular, bem melhor do que o visto na última vez. A felicidade de Edgard Scandurra e Nasi, os donos do Ira! atual era genuína. Sorrisos e abraços sinceros eram constantes, além da interação com o público. Tarde Vazia é a próxima, que de música esquecida virou clássico com o Acústico. No Universo dos Seus Olhos, um blues até interessante, mas facilmente substituível, veio mais um clássico, Flores em Você. Gritos na Multidão, seguramente uma das melhores, agita mais ainda. O ótimo setlist segue, repleto de clássicos. Rubro Zorro e a pérola Manhas de Domingo lembram o disco Psicoacústica, lembrado por Nasi. A nova ABCD já ganha corpo, podendo aparecer com força no provável disco novo de 2015. A grande surpresa da noite fica por conta da espetacular e emocionante Vida Passageira, sabiamente incluída no programa é muito celebrada. Foi indescritível ouvi-la sem esperar por tanto. A sequência vem com o maior clássico dos tempos de acústico, e a preferida da "Nova geração". Eu Quero Sempre Mais é cantada como no disco 7, uma versão infinitamente melhor do que a batida presente no acústico com Pitty. O Bom e Velho Rock n' Roll seria totalmente substituível, e abre espaço para a magnífica Arrastão. Mesmo sendo pouco conhecida do grande público, considero essa uma das melhores, e uma sacada do retorno que prioriza o Ira! mais pesado. A versão para Train in Vain do Clash é boa, mas não aprecio este tipo de estratégia, e inconscientemente acabo cantando a original. Prisão das Ruas vem lenta e melancólica, para depois esplodir com o hino Envelheço na Cidade. Núcleo Base encerra a 1a parte de um ótimo show. Para o bis, a banda escolhe muito bem Girassol, a magnífica 15 Anos, a tão boa quanto É Assim que me Querem, e por último, Bebendo Vinho, cantada em uníssono. 
   Meu balanço sobre a 2a apresentação do Ira! no Rio depois do retorno é positivo. O público era menor e menos intenso do que o de agosto. O set cortou bons momentos como Mudança de Comportamento e Tolices, mas incluiu Vida Passageira. A ordem insperada foi interessante, e as escolhas acertadas. O som espetacular e pesadíssimo da guitarra de Edgard, este numa noite única e endiabrada e a vontade da banda em realizar um grande show fizeram deste um show ainda melhor e mais Rock N'Roll do que o anterior. O Ira! é uma entidade da nossa música, sempre merece ser visto. Se o clima continuar como está, é certo que bons anos de Rock venham pela frente. 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

SEPULTURA, 30 ANOS DE UMA HISTÓRIA GRANDIOSA

   Entre saídas, chegadas, dias de Chaos, conquista do planeta Heavy Metal e muito mais, a maior e mais relevante banda da história do nosso país chega aos seus 30 anos de uma gloriosa história. Não vou me aprofundar nos detalhes, mas tentarei passar brevemente pelos momentos mais marcantes. 
   Dois irmãos, que viram as suas vidas se modificarem por completo depois da perda prematura do pai, começam uma banda. A vida que era tranquila, com viagens e diversão, como numa família normal, se transforma quase de imediato. Os irmãos Max e Iggor Cavalera se revoltam com a morte, em pouco tempo começam a trabalhar como gente grande e se apaixonam pelo estilo de música que os consagraria anos depois. O show do Queen no estádio do Morumbi em 1981 acabou sendo fundamental na formação musical de ambos. Já no dia seguinte, Iggor e Max vão a procura de discos do Kiss e do Queen. Aos poucos, Black Sabbath, Venom, Possessed, Destruction, Hellhammer e Dorsal Atlântica direcionam o amor musical para o mais puro e brutal Heavy Metal. Max inclusive cita um show que assistiu do Dorsal Atlântica como fundamental no que viria a ser o Sepultura. "Quando o Carlos subiu no palco falando 'nós somos o Dorsal, foda-se quem não gostou e deus é o caralho', eu senti que era possível fazer este tipo de som (Thrash/Death Metal) no Brasil".
   No começo do Sepultura, era tudo muito amador. Os equipamentos, letras, instrumentos, maneira de tocar e tudo mais. Max já disse inclusive que foi uma grande novidade quando falaram para ele da necessidade de se afinar as cordas da sua guitarra. Na sua 1a formação, o Sepultura era formado por Max (guitarra), Paulo Jr, Vagner Lamounier (vocal) e Iggor. Vagner deixou a banda sob acusação de roubo de equipamentos e outros inúmeros problemas, para logo depois formar o Sarcófago e dar inicio a maior rivalidade de todos os tempos no Heavy Metal mundial. O fato é que são duas grandes bandas, que fizeram a fazem história em todo planeta, sendo influência para toda uma futura geração.
   A nova formação agora contava com Max cantando, além de fazer guitarra base e Jairo Guedez na guitarra solo. Num cenário mineiro já muito forte, com o Overdose sendo a principal banda, o nome do Sepultura crescia. A sonoridade do Overdose é mais voltada para o metal tradicional de Accept, Saxon, Judas Priest e Iron Maiden, e o Sepultura fazia um som mais Death Metal. A cogumelo Records, que contratara recentemente o Sepultura, promove então o clássico split Bestial Devastation, com 5 músicas do Sepultura e 3 do Overdose.
  Já em 1986, o 1o e cru álbum do Sepultura é lançado, o espetacular Morbid Visions. Uma produção suja com letras traduzidas para o inglês de forma amadora curiosamente parece fazer parte do pacote, este sendo uma verdadeira voadora no peito da cena mineira. Naqueles dias, bandas fundamentais como Chakal, Holocausto e Mutilator também davam seus primeiros passos, fazendo da cena mineira a mais importante do país. Entre elas, o Sepultura já se destacava. Troops of Doom reinava absoluta naquela estreia devastadora. O riff espetacular já apresentava o enorme potencial. Pérolas como War, Crucifixion e Funeral Rites completam o trabalho.
   Em seguida, ocorre mais uma baixa, o guitarrista Jairo Guedez. Pelo que falam, Jairo estava cansado de fazer o tipo de som que o Sepultura fazia, decidindo se aventurar no Hard Rock. Ele continua amigo de todos até hoje, tendo papel fundamental na história do Sepultura. Chega então Andreas Kisser, já de cara aterrorizando seus companheiros com seus equipamentos e técnica diferenciados. O som ganhava corpo, já indo mais em direção ao Thrash Metal, com influências do estilo tradicional e melódicas, mas sem perder a essência. Schizophrenia é lançado em 1987, levando o Sepultura a outro patamar. O disco já chegava a diferentes partes do mundo, assim como as turnês da banda. O trabalho foi o último lançado pela Cogumelo, já que ele despertou o interesse da gigante Roadrunner.
   Chega então o passo definitivo. Beneath the Remains contou com a produção de  Scott Burns, já famoso pelo trabalho com monstros do Death Metal americano, que veio ao Rio de Janeiro especialmente para fazer com a banda o trabalho. Remasterizado na Florida, o disco já colocou a banda em contato com o mercado internacional. Nessa altura, Max, Paulo, Andreas e Iggor já conheceram alguns de seus maiores ídolos, fizeram turnês memoráveis pela Europa e EUA, além de ganhar o Brasil inteiro. Clássicos como Inner Self, Stronger Than Hate e Mass Hypnosis já estavam eternizados.
   Os olhos do mundo do Heavy Metal já se voltava para eles, que além de tudo vieram de uma "terra desconhecida". Arise já chegava com a banda fazendo uma apresentação memorável no segundo Rock in Rio. Se na 1a edição, Max sofria para assistir Ozzy Osbourne em casa, agora ele seria uma das maiores atrações da nova edição. Arise trazia um Thrash Metal ainda mais trabalhado e matador do que o apresentado no disco anterior. O nome do Sepultura só crescia, assim como os investimentos na banda. O clipe de Arise é até hoje um marco, e mais clássicos não saiam das vitrolas da legião de fãs, que só fazia aumentar.
   A coisa ficaria ainda mais séria agora. Chaos A.D viria a ser o álbum definitivo. Impossível descrever a sua força. Gravado na Inglaterra, num isolado castelo, aonde o Queen fez A Night at the Opera nascer, o tamanho alcançado pelo Sepultura já era assustador. O trabalho vendeu como água, e muitos já diziam que a banda tinha tudo para ser o novo Metallica. Influências brasileiras claras fariam a diferença no novo trabalho, que ia muito além do simples Tharsh Metal. As letras politizadas também chamavam atenção, assim como a instrumental Kaiowas, feita em homenagem a tribo indígena que cometeu suicídio coletivo em forma de protesto a ordem do governo de entrega das suas terras.
   No disco seguinte, as influências brasileiras foram levadas a outro nível. Assim nascia Roots. As nossas raízes sangrentas foram vividas intensamente pela banda. Em 10 anos, o Sepultura alcançava o topo do mundo do Heavy Metal. Attitude, Roots Bloody Roots e Ratamahatta já eram verdadeiros hinos, assim como Refuse/Resist, Territory e Slave New World do disco anterior. Infelizmente, vários conflitos internos fizeram as coisas mudarem, e tomarem um caminho sem volta.
   Max Cavalera surpreende a todos, e anuncia a sua saída do sepultura, algo que ninguém imaginaria que um dia fosse acontecer. Foi um choque para todos. Muitos poderiam jurar que a maior banda do Brasil e uma das maiores do mundo teria o seu fim decretado. Felizmente, não foi bem assim. Derrick Green assume os vocais, mas a banda nunca mais teria o mesmo sucesso, ou força, daqueles dias de caos.
   Derrick assumiu, mas muitos não aceitavam o Sepultura sem seu líder. A própria banda tinha dúvidas sobre o futuro com o nome. Depois de escrever novas músicas, veio a certeza de que a história do Sepultura não tinha acabado. Sem a empresaria Gloria, que era acusada de privilegiar o marido em detrimento dos outros membros, agora o Sepultura era cada vez mais uma banda de 4 pessoas. O baixo ganharia mais destaque na sonoridade. Max cita em sua biografia que muitas vezes Paulo não gravava sua parte no estúdio, apenas ao vivo, com muito custo, mas se é isso mesmo ou não, nunca saberemos.
   Against não tem a mesma força dos discos anteriores, apesar de ser um bom disco. Muitos simplesmente não aceitavam que o Sepultura não tinha mais Max, e torceram o nariz. Alguns gostam, mas o sucesso dos anteriores não foi repetido.
   Na minha opinião, tem mudanças que só são aceitas em caso de novos clássicos com os novos vocalistas, e penso nisso com base no que aconteceu em casos conhecidos. Se o Black Sabbath não soltasse de cara o Heaven And Hell, e o Angra o Rebirth, nunca mais seguiriam o caminho construído por Ozzy e André, tendo que começar do zero. No caso do sepultura aconteceu exatamente isso, e até hoje tem muita gente que decreta que a banda acabou em 96. Felizmente, muitos não ligam para isso, e continuam apoiando a banda e comprando seus discos. O que sabemos é que o baque foi forte, e a banda nunca mais voltou ao ponto em que parou.
   Veio então o ótimo Nation, que tem grandes momentos, o "esquecido" Roorback e o também bom Dante XXI, dando a cara do Sepultura no novo milênio. Uma nova grande mudança estava por vir. A saída de Iggor era uma questão de tempo, já que estamos falando de irmãos, e a reconciliação aconteceria cedo ou tarde. O momento foi considerado péssimo, já que a banda estava prestes a viajara para a Europa divulgando o novo trabalho. Foi tudo cancelado, e  Jean Dolabella assumiria o posto de baterista do Sepultura. Jean grava A-Lex, e posteriormente o magnífico Kairos.
   Em Kairos, o Sepultura apresenta o seu melhor trabalho desde que os Cavaleras deixaram a banda. Os fãs receberam de braços abertos, e porradas como Spectrum, Relentless e Born Strong serviram para calar a boca dos críticos. Quando não se esperava mais nenhuma mudança, Jean deixa a banda depois de dois discos. Para o seu lugar, chega o fantástico Eloy Casagrande, o melhor baterista do Brasil atualmente.
   Hoje o Sepultura está em grande fase. The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart é um baita disco, violento como poucos na carreira da banda, e a formação está absurda. Pude assistir a banda recentemente, e a apresentação foi absolutamente matadora. Eloy, Andreas, Paulo e Derrick parecem que nasceram para tocar juntos, e os próximos 30 anos de história começam a ser escritos com a certeza de que a banda está mais forte do que nunca.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

SHOW DOS RAIMUNDOS E TITÃS-CITIBANK HALL-RIO DE JANEIRO

   As duas maiores bandas de Rock do Brasil, depois de terem lançado em 2014 os melhores trabalhos em anos, se juntaram para uma apresentação no Citibank Hall, a melhor e maior casa de shows da cidade (HSBC Arena é arena multiuso). Tinha tudo para ser uma noite espetacular. De fato, foi muito boa, mas a falta de trabalho de divulgação e comparecimento do público prejudicaram, assim como os setlists, que poderiam ser melhores. Mesmo assim, o saldo foi positivo, já que Raimundos e Titãs não brincam em serviço.
   Quando entrei na casa, na  época de ATL/Claro hall bem mais dedicada ao Rock, o público era assustadoramente baixo. Atualmente, raríssimos shows acontecem na casa, infelizmente. Na hora, a coisa melhorou, e cerca de 2 mil pessoas (no olhometro) deram as  caras. Muito pouco para um lugar que cabe 8 mil, e para bandas que sempre esgotam sozinhas shows no Circo Voador. Os Titãs, por exemplo, lotaram a Fundição Progresso (5 mil pessoas) em 2012. Público teria, mas um evento mal trabalhado em termos de divulgação acaba naufragando, por melhor/maior que seja a banda. Fiquei na pista premium, coisa rara, mas os 50 reais cobrados eram convidativos.
   Boa parte dos presentes estava lá pelos Raimundos, e camisas de bandas como Suicidal Tendencies, D.R.I e Metallica, além de incontáveis da banda de Digão, indicavam o perfil deles. A banda abriu a apresentação com a nova Gato da Rosinha, e com ela aquele mosh matador sempre presente. Mulher de Fases, a música mais conhecida, vem depois, como sempre cantada em uníssono. Indo diretamente para o primeiro disco, a clássica Nega Jurema aparece para o delírio dos fãs dos primórdios dos Raimundos. Já incorporada ao set há tempos, é sempre um grande momento.  Descendo na Banguela mostra a força de Cantigas de Roda, já na boca do povo, assim como o hit Baculejo. O Pão da Minha Prima é outro baita momento. Palhas do Coqueiro sempre se destaca. A noite reservou ainda BOP, Nó Suíno, Gordelícia e Importada do Interior do trabalho mais recente, além das sempre dispensáveis e infelizmente presentes A Mais Pedida, Me Lambe e Reggae do Maneiro. Tora-Tora teve uma participação ridícula de grande parte do público, que assistiu ao clássico parado. Talvez por isso, Digão falou que no seu tempo, escutavam o disco completo, e exaltou a sequência do Lavô tá Novo como o hino Eu Quero é Ver o Oco. Faltaram incontáveis clássicos, mas a presença de Mato Veio, Deixa eu Falar, 20 e Poucos Anos (com direito a brincadeiras de Digão sobre Fabio Jr) e Pintando no Kombão fizeram valer a noite, assim como o sempre clássico encerramento com Puteiro em João Pessoa. O show da banda está caindo numa repetição que poderia ser evitada, já que clássico não falta. A formação com Digão, Canisso, Caio e Marquin está consolidada, e mesmo com setlists previsíveis, o show sempre é forte. O retorno a casa aonde foram escritos capítulos gloriosos da banda, como a histórica apresentação na turnê do Só no Forévis (no youtube tem o vídeo completo), foi de certa forma emocionante para quem acompanha o Raimundos de perto. Ver a banda retornar a palcos como este depois de mais de 10 anos mostra que ela está no caminho certo.
   O público era diferente do que sempre comparece ao Circo Voador para shows isolados das duas bandas, inexplicavelmente. Muitos foram vencidos pelo cansaço, e o show dos Titãs que começou lotado foi se esvaziando. Nos Raimundos, um show nota 7, com sensação que poderia ser ainda melhor, mas que agradou em cheio aos presentes. Em ambas as apresentações, músicas que normalmente são muito celebradas foram recebidas com certa apatia.
   Era então a vez dos Titãs mostrarem sua força. Digão citou a importância da banda na história dos Raimundos, tendo os fãs de sua banda criando um mosh insâno em certos momentos da apresentação dos oitentistas. Também lançando uma obra-prima, várias novidades aparecem na apresentação, iniciada com base no trabalho. Fardado, Eu Me Sinto Bem, Cadáver Sobre Cadáver e Chegada ao Brasil (Terra à Vista) deram o pontapé inicial do show, mostrando que quando o lançamento é bom, merece ser mostrado. Policia é o 1o clássico, abrindo uma roda do tamanho da que foi comandada durante dodo o show dos Raimundos. A força única deste marco do Rock brasileiro é capaz de fazer isso. Em seguida, clássicos como Lugar Nenhum e Aluga-se, ótimo cover de Raul Seixas, deixaram um clima maravilhoso de Rock N'Roll no ar, com fãs das duas bandas celebrando o estilo. Alguns comandaram o mosh-pit durante toda a apresentação. O show mesclou músicas novas, como a magnífica Mensageiro da Desgraça, Flores Para Ela e Fala, Renata, com clássicos incontestáveis do porte de Pulsos, Cabeça Dinossauro, Flores, Bichos Escrotos, Igreja, Comida, Desordem, Vossas Excelências, AA,UU e Homem Primata. Com a inclusão de algumas baladinha desnecessária como Go Back e Epitáfio, somado o desinteresse de parte do público da própria banda, deixaram as coisas um pouco cansativas no final. O show foi legal, mas um set como o do Circo Voador e um público mais forte durante todo o show melhorariam as coisas. O encerramento com Pra Dizer Adeus foi dispensável, e acabei deixando a casa já muito cansado do bate-cabeça.
   O saldo foi positivo no final das contas. Duas ótimas apresentações, que poderiam ser ainda melhores, para um público abaixo das expectativas e cheio de altos e baixos. Um casamento de tamanha força poderia ser melhor, mas foi interessante. Acabou sendo uma boa noite de Rock N'Roll brasileiro, mas a coroação de um grande ano para essas duas lendas poderia ser mais grandiosa, se melhor trabalhada. 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

SHOW DO METAL "SCRAPS" STARS-ESPAÇO DAS AMÉRICAS-SÃO PAULO

   A ideia de juntar uma seleção forte de nomes do Heavy Metal mundial parecia ótima. Infelizmente, apenas parecia, porque na prática, o resultado foi desastroso. Em seguida, farei um relato pessoal de quem viajou para São Paulo no intuito de assistir ao "Dream Team" do Heavy Metal mundial e acabou vendo um bailão mal ensaiado das sobras dos convidados.
   O evento anunciou um line up de peso, e a cada Cronos, Belladona, Max, Chuck Billy e Labrie anunciados, minha empolgação ia nas alturas, e tal time me motivou a comprar o ingresso. Já com passagens e ingressos comprados, minha expectativa aumentava, mas ao mesmo tempo cabia uma reflexão sobre como seria o evento. Tudo era uma grande surpresa, desde o setlist até a performance dos músicos, e foi ai que parei para pensar no obvio. A ideia é boa, mas na prática é muito complicado juntar 14 músicos que não tocam juntos, com outras bandas em atividade e pouco tempo para ensaiar, o que é o segredo para uma boa apresentação. Não adianta amigos, pode ter certeza que para cada show matador do Iron Maiden ou do Slayer, foram gastas horas dentro de uma sala com os músicos repetindo cada nota, resultando numa performance impecável. Mesmo sem saber o que seria do show, e até com dúvidas em relação a minha escolha, o coração falava mais alto que a rezão, e estar de frente com alguns dos meus maiores ídolos me fez pegar o avião com um enorme sorriso no rosto. Já chegando em São Paulo, começa na prática a deprimente apresentação.
   Amigos me enviando mensagens, e posts recentes na página do evento, traziam as más novas. Cronos não iria participar do show na Bolivia, que aconteceu no dia da minha chegada, e também do show no Brasil, e Belladona, Chuck Billy e Guns G estavam fora da Bolivia, mas ainda não oficialmente do Brasil. Os três vocalistas eram a minha maior motivação para o show, levando em consideração o fato de nunca ter visto o Testament e o Venom ao vivo. Foi um balde de água fria. A falta de profissionalismo de TODOS os envolvidos em segurar para a última hora uma noticia que seguramente já era sabida há tempos foi revoltante. Cronos disse, entre outras  coisas, que não poderia dizer que cancelou, já que nem sabia do evento e  nunca esteve confirmado. A produtora brasileira se pronunciou, falando em problemas entre a empresa que vende o evento e os artistas, sendo ela a principal responsável pelo pagamento e outras burocracias diretas que implicam na vinda das bandas. Já no sábado, Guns G, Joey Belladonna e Chuck Billy estavam definitivamente desligados do show. Já que estava lá, me restou curtir o dia com os amigos cariocas e paulistas e fazer as compras de sempre na Galeria do Rock, além de assistir aos shows das bandas de abertura e o que sobrou do Dream Team.
   Obviamente, o que já não estava muito ensaiado ficaria pior com as baixas e improvisações impostas, e eu não esperava nada de espetacular de um evento tão mal organizado. Chegando ao Espaço das Américas, percebi que a movimentação não era lá muito grande. Apesar do marketing do evento, ele sim feito com perfeição, tentar tapar o sol com a peneira falando em "últimos ingressos a venda", todos sabiam que as vendas já não eram muito significativas para uma casa com capacidade para 8 mil pessoas, e os cancelamentos causaram a desistência de muitos que já compraram suas entradas. Na prática, o público presente caberia perfeitamente no Carioca Club, e inúmeros espaços vazios se acumulavam ao redor da pista. No famoso "olhometro", calcularia umas 1500 pessoas presentes, muito pouco para uma casa do porte do Espaço das Américas. Chega então a hora dos shows.
   Cheguei durante a apresentação do Capadocia, que faz um som interessante, numa linha Death/Thrash Metal. Consegui vê-los fazendo uma ótima versão para Spirit in Black, do Slayer. Em seguida veio o Project46. Gosto da banda, com um som mais voltado para o MetalCore, mas ainda interessante. Mesmo assim, por vezes o vocalista Caio cai num discurso de adolescente revoltado, cheio de "merda, vamos tacar o foda-se" e outras inutilidades repetidas para se parecer algo "mal", ou "Pesado", sem a menor necessidade. A banda tem peso o suficiente para se impor com o som. Por falar em peso, o mesmo Caio exagera nos berros sem nexo ao vivo, ao menos nesse show, fazendo com que as ótimas letras da banda fiquem indecifráveis. Uma pena, já que o Project é a banda mais forte da nossa cena atual, contando com o apoio de nomes de peso e mexendo com a cabeça de muitos. Mesmo assim, o show foi interessante.
   Chega então a hora do verdadeiro show da noite, o do Korzus. Falar da banda é chover no molhado, todos sabem da maravilhosa história de 30 anos dos paulistas, um dos nomes mais representativos da história do Heavy Metal brasileiro. Quem já viu algum show deles, sabe que é matador, e esta seria a minha 1a oportunidade. Lançando o ótimo Legion, Pompeu comandou um passeio certeiro pela história do Korzus. Sem Dick Siebert, que chegou a subir no palco para falar com o público machucado, Marcello Soldado se apresentou no baixo. O mosh comeu solto durante toda a apresentação, e momentos como a recente Dicipline of Hate e o hino máximo Correria lavaram a alma dos fãs, secos pelo legítimo Heavy Metal. Ainda teve muito mais, como What Are You Looking For, Respect, Never Die e a nova Self Hate. Um show irretocável de uma banda grandiosa, para fazer valer o dinheiro investido.
   Agora era hora das "estrelas". O começo foi com Kobra Page cantando, e fazendo papel razoável, em músicas que não se encaixam na sua voz. Em homenagem ao guitarrista Ross the Boss, do Manowar, foram apresentadas Kings of Metal e Hail and Kill. Momento de extremo tédio para mim, já que nunca fui fã da banda. David Ellefson fazia o possível no baixo, mas o guitarrista "principal" errava tudo, claramente por falta de ensaio. Para o lugar de Guns G, Baffo, guitarrista e vocalista do Capadocia foi chamado, e como não teve tempo algum de ensaio, não se encontrou com o resto da banda. Vinnie Appice fica despercebido na bateria, e uma das lendas do instrumento faz o seu papel. Mesmo assim, era tudo uma bagunça. Fear of The Dark é cantada por todos, mas erros clamorosos de Ross prejudicam em muito a versão. A banda de Ellefson é lembrada, com a versão de Symphony of Destruction. Chega a vez de Geoff Tate cantar, mas até ele errou parte da letra do hino Neon Knights. Jet City Woman, clássico do Queensryche, chegou depois. Apesar do erro, o vocalista fez um ótimo papel. Agora Kiko Loureiro entrou para tentar colocar ordem na casa, e honestamente fez um trabalho ótimo. Tava complicado tocar ao lado do Boss, mas Kiko mostrou o grande guitarrista que sempre foi. James Labrie veio cantar I Got You, do seu disco solo, e a magnífica Pull Me Under, clássico do Dream Theater, mas sem Petrucci e cia não estava dando. A banda fez o possível, mas os companheiros do vocalista fizeram falta. Depois veio o único momento grandioso da apresentação, um Max Cavalera endiabrado. Visivelmente irritado com tudo que vem acontecendo, Max reclama dos problemas com sua guitarra e comanda com fogo nos olhos um público que foi a loucura ao vê-lo ali. Roooooooots Bloody Roooooooooots é cantada por todos, abrindo um mosh absolutamente matador. Depois veio Eye for an Eye, do Soulfly, menos forte, mas também bem recebida. Infelizmente, o set mais poderoso da noite teria fim, mas de maneira espetacular. Max apresenta a banda, com carinho especial por Ellefson. O vocalista pede ao baixista para mandar o clássico riff de Peace Sells, seu maior legado, uma sacada brilhante, e em seguida fala do Motorhead. Quando todos esperavam pela tradicional Orgasmatron, veio a surpreendente Ace of Spades.
   Depois de Max, se deu inicio ao interminável intervalo, já às 2h30 da madrugada. O cansaço já era maior que tudo, e a revolta com a fraca apresentação me fez sair antes mesmo do show de Zakk Wylde, que de acordo com relatos foi uma homenagem ao bom e velho Sabbath. O evento foi um fracasso de público, e principalmente, de música. Nada combinava com nada, ausências de última hora substituídas as pressas e erros amadores deram o tom geral, que junto com o horário absurdo, deixaram a noite com um gosto um tanto quanto amargo para o chamado "show do ano". Em sintesi, o público assistiu a um bailão mal ensaiado, digno das piores bandas covers de botecos baratos. Se teve algo para salvar a noite, foi o bom e velho metal nacional, representado nas figuras de Felipe Andreoli e Kiko Loureiro, Max Cavalera e Korzus. 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

SYSTEM OF A DOWN-MODERNO E ORIGINAL, SEM DEIXAR DE SER BOM

   Como o Rock in Rio é o evento musical de maior relevância no Brasil, sempre deixando um espaço fundamental para o Rock N'Roll e Heavy Metal na sua programação, farei analises sobre as atrações do gênero a serem anunciadas, contando a vocês o que espero das suas apresentações. Como o System of a Down foi a primeira banda de Rock anunciada para 2015, vamos a eles.
   A banda liderada por Serj Tankian e Daron Malakian surgiu na geração que considero a pior da história do Heavy Metal. No final dos anos 90, início do 2000, pipocavam lixos do chamado New Metal fazendo sucesso mundial, como Korn, Limp Bizkit, Linkin Park e Slipknot (apesar de detestar a banda, estão muito acima dos "companheiros", consigo entender quem gosta e até respeito o seu estilo, apenas não faz minha cabeça). Nesta mesma época, surgiu o System of a Down, que injustamente foi jogado no mesmo grupo de seus companheiros de geração, mas a comparação é totalmente desigual. 
   O som da banda é totalmente diferente de tudo já feito anteriormente, com forte influência da música folk da Armênia, Jazz, Blues, e diretamente do Faith no More, mas sem o objetivo de copiar a música de Mike Patton e cia. Como a originalidade é o segredo do sucesso, não deu outra, e o System estourou. Mesmo com toda esta mistura em um único som, o Metal praticado por eles é de ótima qualidade, sem seguir claramente nenhuma das vertentes, soando moderno, e ainda assim com indiscutível bom gosto, algo que nenhuma das bandas surgidas nesse século conseguiu fazer. 
   No Brasil, a banda é amada, e isso ficou provado na espetacular apresentação do System of a Down em 2011 no mesmo festival. Esta foi a única turnê deles por aqui, fazendo com que o retorno 4 anos depois seja muito aguardado. Eles não trazem nada de novo em sua curta discografia, com apenas 5 discos, mas o que já existe na bagagem pode proporcionar um grande show de Rock.
   Uma exceção que confirma a regra, a única grande banda que alcançou o estrelato numa geração pobre musicalmente, seguramente fará um show ótimo para sua legião de fãs brasileiros. Existe como soar moderno, diferenciado, e com muita qualidade no cenário da música pesada. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

SLASH-WORLD ON FIRE

   Mal percebemos, e num piscar de olhos o eterno guitarrista do Guns N'Roses já está no seu terceiro disco solo. Depois de rodar com o Snakepit e desfrutar de grande sucesso com o Velvet Revolver, o "cartola" resolveu se jogar na carreira solo. Primeiro promoveu um "bailão" na sua estreia, e tendo encontrado a sua banda no segundo, deu continuidade no disco seguinte. World on Fire segue a linha de Apocalyptic Love, e nos proporciona grandes momentos. O que complica as coisas é a primeira coisa que chama a atenção do ouvinte, o número de faixas. Um disco tem normalmente entre 8 e 12, e as 17 que Slash e sua banda apresentam é um exagero sem tamanho, em certos momentos cansando quem põe o disco completo pra jogo. Mesmo assim, a qualidade da grande maioria é indiscutível, obviamente para os padrões atuais (preciso dizer que a comparação com a banda que consagrou o guitarrista é perda de tempo?). A questão é que um disco de tamanha envergadura só não fica cansativo e exagerado quando o trabalho em questão é o White Album dos Beatles ou o The Wall do Pink Floyd, citando apenas dois exemplos. Qualquer um mais normal exige uma melhor seleção.
   Falando diretamente das músicas, apesar dos pesares, considero este aqui o melhor trabalho de Slash na sua carreira solo, aperfeiçoando o que já era muito bom em Apocalyptic Love. A sua performance é inspiradíssima, e o acompanhamento de  Brent Fitz  (Bateria), Todd Kerns  (baixo) e Myles Kennedy (vocais) muito bom. O vocalista se encontrou definitivamente com o líder, cantando como nunca. A abertura com a faixa-título é fortíssima, e ao vivo deve crescer bastante. Outros destaques ficam para a pesadíssima Automatic Overdrive, a mais cadenciada e belíssima Bent To Fly, Too Far Gone, muito bem sacada e com instrumental impecável, a ótima Dirty Girl e a magnífico encerramento com The Unholy. O disco é dominado por um Hard Rock sem firulas e de extremo bom gosto.
   O saldo é positivo. A banda está acertada, e demonstra ser capaz de geral frutos por um bom tempo, indo muito além de uma carreira solo feita para arrancar dinheiro com antigos sucessos. Slash não está no mesmo clube de Eddie Van Halen, Tony Iommi, Jimmy Page e Eric Clapton, mas sua carreira mostra que ele é grande, sabendo como poucos fazer o seu instrumento cantar. Com turnê marcada para o Brasil em 2015, Slash e sua trupe tem tudo para matar a pau no palco, com entrosamento de sobra.

   

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

SHOW DO PAUL MCCARTNEY-HSBC ARENA-RIO DE JANEIRO

   Não existem palavras para descrever a emoção que senti ontem assistindo ao show do Paul McCartney no Rio de Janeiro. Quem já viu este senhor ao vivo sabe que é diferente de tudo. O amor pelo Rock N'Roll que este sujeito tem, do alto dos seus 72 anos, é colocado em prova a cada noite com 3 horas de apresentação visceral que faz questão de apresentar, sem intervalos e enrolação. O fato de ter gravado um disco ainda relevante no ano passado, fazendo questão de incluir 4 músicas no repertório, também chama a atenção. Fora tudo isso, o estado também impecável da sua voz em cada uma das 39 músicas faz do que Paul é hoje um caso de estudo para a ciência.
   A escolha inusitada do Hsbc Arena para um show que poderia facilmente lotar o Maracanã teve pontos positivos e negativos. A proximidade de todos os setores foi espetacular, além da confortável acomodação e facilidade de comprar bebidas e alimentos, tudo compensado com um preço irreal dos ingressos e demais serviços. Apesar disso, o acesso ao local distante e o transito caótico fez grande parte do público chegar em cima da hora, muito por causa do temporal que caiu por volta das 7 da noite. Houve muita reclamação em relação ao momento de abertura dos portões, mas honestamente  não vi, pois só consegui chegar ao local uma hora antes, quando já estava tudo resolvido. O som começou péssimo, extremamente baixo e embolado, melhorando no decorrer do show, mas longe do ideal. Tal fato surpreende, já que o lugar era fechado. O público ficou bem mais participativo na "reta final" da apresentação, mas fez bonito nos clássicos arrasa quarteirão. Mesmo assim, os que foram deixados de fora pelo critério financeiro poderiam ter feito melhor em momentos como Listen to What the Man Said , por exemplo. Mesmo assim, talvez só um desastre natural incontrolável sejá capaz de prejudicar uma apresentação de Paul McCartney.
   Com um atraso proposital de meia hora, para que todos chegassem, o Beatle entra no palco com o hino Eight Days a Week. Inicio arrebatador e irresistível, mas infelizmente com qualidade sonora sofrível. Já em Save Us, ele melhorou e se manteve mais ou menos na mesma ao longo da apresentação. A ótima música do novo trabalho apresentou-se forte ao vivo.  Na 3a música, a coisa realmente ficou séria. All My Loving não precisa de maiores apresentações, e seus primeiros versos já conquistam o público. Listen to What the Man Said é uma das melhores músicas do Wings, e um dos maiores acertos do setlist. Foi realmente um momento de grande emoção para mim, que considero não só ela, mas todo o disco Venus and Mars uma verdadeira obra-prima. Para seguir, mais um clássico dos Wings, a também maravilhosa Let Me Roll It. Entre cada música, Paul se dirige ao público com um carisma invejável e emocionante, que transforma o show dele em algo perfeito nos mínimos detalhes, com tudo feito e pensado na medida certa. Então nada melhor que mais uma maravilha Beatle, agora Paperback Writer. Depois Paul dedica à atual esposa a próxima canção, My Valentine, que é para mim a mais fraca do set, mas ainda assim cria um clima ótimo ao vivo. Nineteen Hundred and Eighty-Five, mais uma maravilha dos tempos de Wings é outra sacada genial, desta vez apresentando o clássico disco Band on the Run. Depois, The Long and Winding Road vem para matar qualquer fã dos Beatles do coração. A épica balada presente no derradeiro e definitivo Let it Be emociona qualquer pedra, algo que mais, pelo menos, 10 músicas ao decorrer da apresentação são capazes de fazer. Na mesma toada, vem a espetacular Maybe I'm Amazed, outra pérola dos Wings muito bem incorporada ao repertório. A coisa só esquenta, e  clássico I've Just Seen a Face, presente em Help!, para mim o melhor disco dos beatles, vem para provar o poder de fogo do sir. E o que dizer de We Can Work in Out? Poucos são capazes de tocar tantas músicas espetaculares em sequência. Voltando ao Wings, outra pérola muito conhecida e celebrada, Another Day. Quem ainda estava vivo pode ver uma sequência voz/violão com três das músicas mais maravilhosas de todos os tempos. And i Love Her, destaque de A Hard Days Night, Blackbird, impossível descrever a emoção que sua simplicidade única transmite, e Here Today, uma belíssima homenagem de Paul a Lennon fizeram quem viu se lembrar deste momento para o resto de suas vidas. No meio de tanta perfeição, as ótimas novas New  e Queenie Eye foram algo como um descanso para os corações, mas também momentos muito agradáveis para quem viu. Hora de voltar para os Beatles, com a ótima Lady Madonna e a bizarra, digamos assim, All Together Now, que animou bastante, mesmo sendo a música mais fraca dos Beatles. Lovely Rita foi uma escolha acertadíssima, nos transportando para o único St Pepper Lonely Heart Club Band. Everybody Out There, outra ótima nova serviu de ponte para mais um momento daqueles. A magnífica Eleanor Rigby chega como uma pedrada nos nossos corações, e é arrematada com Being for the Benefit of Mr. Kite!, ainda mais fantástica ao vivo com os efeitos de luzes se encaixando com perfeição ao tom psicodélico dela. Depois é hora de lembrar do grande George Harrison, com a maravilhosa e matadora Something cantada em uníssono. Ob-La-Di, Ob-La-Da também anima, sendo muito bem recebida e causando ainda mais emoção. Back in the U.S.S.R. é tocada com a banda visivelmente feliz e se divertindo, sendo também muito agradável. Para arrematar a primeira parte do show, os hinos Let It Be, Live And Let Die, explosiva como de costume e deixa para um show de presença de palco por parte de Paul no seu termino,  e Hey Jude, acompanhada até no intervalo pelo famoso nananana, dispensam maiores apresentações. Ninguem ficaria triste se acabasse ali, mas ainda tinha mais. Day Tripper, Hi,Hi,Hi, a surpresa do set, e I Saw Her Standing There, abertura do 1o disco dos Beatles, continuam com a apresentação. Mais um intervalo, e a banda retorna para tocar a música mais tocada de todos os tempos e me arrematar de vez. Yesterday é uma das coisas mais lindas do mundo, arrancando minhas lágrimas de extrema felicidade. A porrada Helter Skelter vem depois, famosa resposta dos Beatles aos que não consideravam a banda pesada o suficiente. Para fechar o show com chave de diamante, nada melhor do que o fechamento de Abbey Road, o último disco gravado pelos Beatles, e misteriosamente lançado antes de Let it Be, a trinca Golden Slumbers/ Carry That Weight/ The End.
   O show de Paul McCartney e sua magnífica banda foi um exemplo de como deve ser um espetaculo musical, contendo 39 músicas extraordinárias tocadas por um senhor que da a vida no palco transbordando amor em lá estar. Ao me despedir dele, chorei copiosamente, impressionado com o que representa o senhor Macca para o Rock N'Roll. Enquanto ele estiver vivo, o estilo vai andar bem, e quando ele se despedir, doces lembranças ficarão em nossas mentes. Acaba aqui um dos textos mais emocionados que já fiz aqui, tentando descrever o que só quem já viu sabe como é. Longa vida Sir Paul McCartney, e muito obrigado por tudo!
   

terça-feira, 11 de novembro de 2014

PAUL MCCARTNEY-O QUE ESPERAR DE UM DOS MAIORES ESPETÁCULOS DA TERRA.

   Amigos, nesta terça-feira, dia 11 de novembro, meu coração não está aguentando de ansiedade para assistir ao espetáculo já visto por Capixabas ontem, e que ainda será visto por Paulistas e Brasilienses num futuro próximo. O fato é que DEUS Paul McCartney já está em terras cariocas, para depois do inesquecível show de 2011 no Engenhão e do longínquo show de 1990 no Maracanã nos apresentar um dos maiores shows de Rock que se tem noticia. Um dos dois representantes de uma das mais importantes bandas de todos os tempos ainda vivo sabe como poucos, muito poucos, fazer um grande show. 
   Falar da importância dos Beatles é desnecessário, todos sabem muito bem do que estamos falando. A banda que reúne fãs de todas as idades, sexos, religiões e tudo mais ao redor do mundo é um fenômeno ainda não explicado, mesmo depois de 50 anos. A força que a música cantada ainda com perfeição por Paul McCartney transmite é realmente incrível, e digo isso depois de ter assistido a shows de uma infinidade de bandas. Quem pretende ir ao HSBC Arena pode desde já arrumar um calmante, por que a próxima noite será de fortes emoções.
   O repertório de 39 músicas, talvez o maior que existe no mundo do Rock, é apresentado por um senhor na plenitude da forma, e sua competentíssima banda que o acompanha há tempos. Fora clássicos infalíveis da banda que o consagrou, sua rica e gloriosa carreira solo nos proporciona sempre um setlist completo e perfeito nos mínimos detalhes. Dos Beatles, se prepare para um começo de matar do coração, com Eight Days a Week, ou, quem sabe, Magical Mystery Tour, formando uma das poucas dúvidas. Pérolas sacadas com sabedoria na esplendorosa discografia, como Lovely Rita, Birthiday, We Can Work It Out  e Being for the Benefit of Mr. Kite! se juntam a clássicos do porte de Yesterday, Blackbird, All My Loving e The Long and Winding Road, entre outros. Dai já podemos sentir a pressão, mas seus clássicos solos não deixam por menos, e maravilhas do porte de Band on the Run, Listen to What the Man Said, Maybe I'm Amazed e Nineteen Hundred and Eighty-Five vão te emocionar, seguramente. 
   Fora todo o poderoso setlist, o carisma do Beatle e a produção impecável completam o que podemos chamar de definição de show. A escolha de um lugar pequeno para o tamanho do artista surpreendeu, mas para quem se dispôs a pagar os "proporcionais" e salgadíssimos ingressos poderá ver o ídolo de uma proximidade inimaginável. Se ainda está na dúvida, não pense 2x e compre o ingresso, já que gênios como ele infelizmente não vivem para sempre, cabendo a nós aproveita-los enquanto conseguem tocar e distribuir magia por onde passam.
   Termina aqui o meu depoimento totalmente pessoal para dividir emoções com vocês, já que Beatles é uma das minhas bandas do coração, e para ficar em apenas dois bons exemplos, sua música mudou a vida de Ozzy Osbourne e Lemmy. Obrigado, e bom show para nós!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

SHOW DO BEHEMOTH-CIRCO VOADOR-RIO DE JANEIRO

   Não seria exageiro falar que o Behemoth é uma das maiores bandas da atualidade, levando em consideração o nível elevadíssimo de qualidade dos seus últimos lançamentos. O novo trabalho, The Satanist, é uma obra-prima, e na minha opinião disputa com Evangelion e Satanica o título de melhor disco da história da banda. Por tudo isso, a expectativa para o primeiro show do Behemoth no Rio de Janeiro era enorme. 
   Cheguei pouco antes do início do show do Gangrena Gasosa, banda responsável pela ótima abertura, assim como o Tellus Terror, que infelizmente não consegui ver em ação. A 1a e única banda de Saravá Metal do planeta é bem conhecida do Underground carioca, e muitos cantaram junto e participaram ativamente do show. A produção estava impecável e hilaria como de costume, e a banda deu o seu recado com as ótimas Se Deus É 10, Satanás é 666, Quem Gosta de Iron Maiden Também Gosta de KLB, Eu Não Entendi Matrix, A Supervia Deseja A Todos Uma Boa Viagem e Centro do Pica-Pau Amarelo, entre outras. Abertura de respeito para um grande show que estava por vir.
   O bom público que comparecia ao Circo Voador, prova de que a cena carioca tem força e os shows sempre rendem bem, esperava ansiosamente por um show há tempos aguardado. Em 2014, uma quantidade para lá de considerável de bandas que nem sonhavam em pisar no solo carioca fizeram apresentações memoráveis para um público seco por nomes de peso, que eram quase uma exclusividade paulista.
   Depois de uns 20 minutos de espera em relação ao horário marcado, Orion, Inferno, Seth (guitarrista que também participa da turnê, ao lado do "trio") e, obviamente, Nergal, sobem ao palco. Uma produção magnífica de palco, com o líder endemoniado com fogo nas mãos e nos "oios" davam o tom do que seria a noite. De cara, vem a maravilhosa faixa de abertura do último trabalho, Blow Your Trumpets Gabriel. Nergal se movimenta bastante no palco, mas apresenta uma certa fragilidade física, algo absolutamente compreensível por tudo o que ele passou entre Evangelion e The Satanist. Em vários momentos ele não canta, deixando para Orion e Seth a tarefa, e quando canta, apresenta uma certa dificuldade. Mesmo assim, a voz em si esta presente, e muito forte, e sua presença de palco compensa qualquer problema de saúde, algo imperceptível para seus devotos. A sequência veio com outro momento grandioso de The Satanist, Ora Pro Nobis Lucifer. O público sabia cantar cada sílaba de ambas, mostrando toda a força do trabalho que predominou na apresentação. A viagem pela história do Behemoth nos levaria agora para o clássico Demigod, com Conquer All colocando fogo na lona, abrindo uma enorme roda na pista. O clássico Decade of Therion vem em seguida, outra para lá de bem aceita por um público com carinho especial pelo maravilhoso álbum Satanica. Depois é a vez da melhor do bom disco Zos Kia Cultus Here And Beyond, a também clássica As Above So Below.  Slaves Shall Serve faz outra referência ao icônico Demigod, sendo também muito bem recebida por todos. Nergal então se dirige a plateia, algo que ele fez pouquíssimas vezes durante a apresentação, com uma bíblia nas mãos e um discurso anti-religioso forte. Ele então rasga a famosa publicação, jogando-a para a plateia, que tratou de terminar o serviço. Alguns chegaram a incendiar páginas do "livro sagrado", e o momento foi empolgante. Pelo jeito, Nergal não ligou nem um pouco para os problemas judiciais que o ato causou num passado recente, e tão pouco se apegou a religião para superar seus problemas, que segundo ele, foram vencidos numa magnífica mistura de força de vontade própria aliada a competência dos médicos e, obviamente, auxílio precioso do doador. O líder do Behemoth então anuncia Christians to the Lions, uma porrada linda que caiu muito bem no setlist. A música-título do disco mais recente vem depois, sendo seguida com precisão pelo hino Ov Fire and the Void, cantado em uníssono.  Furor Divinus, mais uma nova, veio em seguida, e depois a versão para Ludzie Wschodu, da banda Siekiera. De volta ao magnífico Evangelion, é a vez de um dos seus melhores momentos, Alas, Lord Is Upon Me. At the Left Hand ov God finalmente faz referência ao clássico The Apostosy, uma das obras-primas da discografia do Behemoth, seguida pelo hino Chant for Eschaton 2000. O encerramento vem com a música que é para mim o destaque de The Satanista, a maravilhosa O Father O Satan O Sun!, o perfeito encerramento para um show devastador.
   Nergal é um showman nato, um verdadeiro frontman. Ele se apegou totalmente ao papel, já que a saúde infelizmente debilitada limita bastante a sua atuação como vocalista. Muito por causa disso, o setlist padrão com 15 músicas tocadas em pouco mais de uma hora seja levado a diante em toda a turnê. No estúdio, nada deteve Nergal, e a competência sua e da banda ao vivo superam todos os problemas, fazendo um dos shows mais espetaculares  que já tive a chance de ver. O saldo foi totalmente positivo, e a noite inesquecível. Vida longa ao Nergal, e muitos anos de Behemoth pela frente!
Para ficar na memória

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

DISCOGRAFIA COMENTADA-BLACK SABBATH

   O terceiro "discografia comentada" nosso será dos mestres do Heavy Metal, um tal de Black Sabbath. Todos que tem um mínimo de conhecimento no assunto está cansado de saber o que significa a banda para o estilo. Com diversas formações ao longo dos mais de 40 anos de história, a discografia é grande e rica, rendendo longas discussões entre os fãs da banda. Vamos então passear pela história de uma das mais importantes bandas de todos os tempos.

EXCELENTES 

Paranoid (1970)

   Confesso que passei um bom tempo pensando em qual seria o "melhor disco do Black Sabbath", dentro de um universo tão rico e magnífico. O fato é que, pelo menos, uns 6 discos entram com grandes chances nessa disputa, levando cada fã a ter uma opinião/resposta diferente. Escolhi o segundo disco da banda, Paranoid. Depois de chocar o mundo com a grandiosa estreia, a banda logo tratou de lançar o seu segundo disco, responsável por apresentar ao mundo os seus três maiores clássicos. As músicas War Pigs, Iron Man e Paranoid são hinos definitivos do Heavy Metal, e dispensam maiores apresentações. A faixa que abre o trabalho para mim é o destaque. Um riff absolutamente marcante do mestre nesta arte, um tal de Tony Iommi, somado a uma letra belíssima e forte, fazem de War Pigs uma das melhores, se não a melhor, música do Black Sabbath. Nos shows, os fãs cantam em uníssono tudo, principalmente os acordes imortalizados por Iommi. Paranoid e Iron Man não ficam por menos, e ambas apresentam riffs únicos, reproduzidos por milhões de guitarristas ao redor do mundo, fazendo parte daquele seleto grupo de riffs reconhecidos em poucos segundos por qualquer leigo. Obviamente, Paranoid não re resume a isso. A obra é impecável, sendo 8 grandes momentos. Eletric Funeral é outro hino, com força semelhante aos já citados, e também uma das melhores da banda.  Rat Salad é um espetáculo à parte proporcionado por Bill Ward. Hand of Doom e Fairies Wear Boots também tem enorme força. Até a arrastada Planet Caravan fica fantástica. Uma obra indispensável para quem quer entender um pouco o que significa Rock N'Roll, com o toque dos mestres Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward. 

Heaven And Hell (1980)

   O Black Sabbath passava por uma situação complicada ao final dos gloriosos anos 70, que teve como desfecho a saída do vocalista Ozzy Osbourne. Muitos enxergavam um futuro sombrio para ambos os lados, mais a história do Rock N'Roll tratou de provar o contrário. Enquanto Ozzy montava uma nova banda e presenteava os fãs com o clássico Blizzard of Ozz, sua ex-banda tratava de arranjar um certo baixinho, que atendia pelo nome de Ronnie James Dio, para ser o seu novo vocalista. Muitos fãs simplesmente não aceitavam ver o Black Sabbath sem Ozzy nos vocais, mas até o fã mais radical da banda foi obrigado a curvar-se diante de Heaven And Hell. A qualidade dos trabalhos apresentados pelo Black Sabbath é enorme, sendo muito complicado criar um ranking com os melhores, e tal discussão apresenta uma daquelas famosas "perguntas" do Rock, que para mim até hoje não tem resposta. Ozzy e Dio são vocalistas incríveis, cada um ao seu estilo, e o legado deixado por eles fala por si. Falando do disco em questão, a banda mudou bastante com a chegada de Dio. Os estilos dos vocalistas são completamente diferentes, fazendo com que o resto da banda mude junto com eles. A variação vocal e técnica de Dio chamou a atenção de Tony Iommi, que com isso enxergava novas possibilidades para o Black Sabbath. De cara, Heaven and Hell nos enfia ouvido abaixo um hino eterno do Rock, a maravilhosa Neon Nights. A tradição de abrir o trabalho com uma música forte, que muitas vezes é a melhor do disco, foi cumprida a risca. Obviamente não foi só isso. Heaven and Hell nos apresenta mais, pelo menos, mais 3 clássicos indiscutíveis. A faixa-título tem outro dos riffs mais maravilhosos de todos os tempos, que nasceu pronto para ser cantado pelo público, e com o tempo se tornou a obra mais marcante da carreira de Dio. A magnífica power ballad Children of the Sea e a pérola Die Young fecham a lista. Não é só isso, já que considero o disco impecável, e maravilhas como Walk Away e  Lonely Is the Word são de audição obrigatória. A nova fase do Black Sabbath teve início com um dos maiores discos da história do Heavy Metal, e fez da banda uma daquelas que conseguiu superar a saída do vocalista, lançando materiais de qualidade semelhante. 

ÓTIMOS

Vol. 4 (1972)

   Não são poucos que consideram o Vol. 4 como melhor trabalho do Black Sabbath. Depois de lançar três grandes obras, o nome da banda já estava no topo do que se conhecia por Rock N'Roll na época, fazendo uma música totalmente original. Na sua 4a empreitada, o Sabbath não teve medo de ousar. O peso do som continuava, e agora recebeu uma forte influência do Rock Progressivo. Um dos destaques é a belíssima balada Changes, que apresenta aquele esquema voz/piano que não costuma falhar. O disco ainda traz inúmeros momentos grandiosos, com grandes clássicos. Wheels of Confusion é uma abertura fenomenal, com um dos riffs mais inspirados de Tony Iommi, e a sequência com a pérola Tomorrow's Dream já faz valer o disco. O trabalho é completo, com a bizarra FX , uma viagem do mestre dos riffs que inexplicavelmente foi parar no disco destoando, mas causando gargalhadas ao mesmo tempo. Supernaut, Snowblind (que faz referência à cocaína, substância usada e abusada pelos integrantes naqueles dias) e Under the Sun são outros clássicos eternos que moram nos corações de quem ama Black Sabbath. Uma obra grandiosa e completa, que merece ser muito bem apreciada. 

Black Sabbath (1970)

   Meus amigos, o que podemos falar sobre isso aqui? O disco de estreia do Black Sabbath chocou o mundo naquele 1970. Tudo começa na capa até hoje inexplicável. Nem Iommi, Butler, Ward e Ozzy sabem ao certo quem é essa "figura" que aparece na emblemática casa abandonada em algum lugar abençoado no meio da Inglaterra. A ideia era "musicalizar" os filmes de terror, e logo na magnífica faixa-título, a banda prova que isso é possível. A música mais pesada de todos os tempos tem uma força absurda, e quem já viu a banda tocando ela sabe exatamente o que estou falando. Só ela já vale por tudo, mas o disco tem muito mais. N.I.B apresenta um dos mais magníficos trabalhos de um baixista na história, com destaque para o solo/riff que abre a música. Behind the Wall of Sleep, The Wizard e Sleeping Village, entre outras, completam essa estreia grandiosa dos mestres, que em apenas um trabalho já mostraram que o estrago seria grande dali para frente. 

BONS

Sabotage (1975)

   Sabotage é outro trabalho espetacular e irrepreensível do Black Sabbath. Considero ele inclusive merecedor de maior atenção por parte da banda e dos fãs, já que qualidade tem de sobra. A banda já sentia os efeitos do constante uso de drogas, tornando o clima em tanto quanto tenso passados 5 anos do estouro. Mesmo assim, ainda não era hora dos problemas afetarem a qualidade do lançamento, fazendo deste o último disco clássico da banda com Ozzy nos vocais. Já de cara, a bomba Hole in the Sky é um clássico imediato, abrindo o disco com força descomunal. Symptom of the Universe é tão boa quanto, ou até melhor, com Tony Iommi inspiradíssimo e Ozzy cantando com uma fúria descomunal. Megalomania é magnífica, mais lenta e bem maior do que a maioria das músicas da banda, mas seguramente uma das melhores da vasta história dos mestres. Sabotage ainda traz maravilhas do porte de Am I Going Insane (Radio) e The Writ, e está seguramente entre os melhores. Quem tenta ignora-lo comete um engano inaceitável.

 Sabbath Bloody Sabbath (1973)

   O nome do Black Sabbath só fazia crescer, e nada melhor do que lançar mais uma maravilha incontestável para provar seu poder de fogo. Sabbath Bloody Sabbath é um dos melhores discos da banda, e logo de cara a faixa-título apresenta o riff mais espetacular do mestre dos riffs, ao menos na minha opinião. Quem não concorda certamente não viu a reação indescritível do momento em que Iommi tocou ele no show do Sabbath no Rio de Janeiro, dando uma "enganada" na galera antes de começar Paranoid. A sonoridade apresentada no Vol. 4 é mantida, e não custa lembrar que as 8 músicas são, adivinhem, espetaculares e de indispensável audição. Os destaques ficam para os clássicos Sabbra Cadabra e A National Acrobat, e as extraordinárias Who are You? e Looking for Today. Já estamos falando do que é para mim o 6o melhor disco do Black Sabbath, e o mesmo com total potencial para ser o melhor. Acredite, não são muitas bandas que tem tanta força no currículo.

RUIM

Forbidden (1995)

   Até o Black Sabbath já falhou amigos. A banda estava completamente perdida depois da segunda saída de Dio e do ótimo Dehumanizer. A atual formação contava com Tony Martin - vocal, Tony Iommi - guitarra, Neil Murray - baixo e Cozy Powell - bateria. Martin é o vocalista mais contestado da história da banda, e naqueles anos 90 estava longe da melhor forma, que já não era lá grandes coisas, ao menos em comparação com os "antecessores" Ozzy, Dio e Ian Gillan. O trabalho foi fracasso de público e crítica, e as apresentações ao vivo incompatíveis com o nome Black Sabbath. A coisa foi tão complicada que o Sabbath não lançou nada até o último retorno de Dio e Appice (Heaven and Hell é o cacete, é Sabbath e pronto!) em 2009. Resumindo, pule esta parte da discografia. 


   A discografia do Black Sabbath é tão ampla que inúmeros clássicos não apareceram na lista por falta de espaço. Master of Reality, Mob Rules, Born Again e Dehumanizer são discos espetaculares, tanto quanto os 6 citados acima, além dos também bons Technical Ecstasy, 13, The Devil You Know e Tyr. Boa viagem sabática.