domingo, 24 de agosto de 2014

SHOW DOS TITÃS-CIRCO VOADOR-RIO DE JANEIRO

   Com o lançamento de Nheengatu, os Titãs retornaram pelo menos 20 anos no tempo, diretamente para a época em que lançaram Titanomania. Depois de acústicos, baladas, trilhas de novelas e covers desnecessários, a banda volta a fazer o que sabe de melhor, o bom, velho, puro e simples Rock N'Roll. Aquela noite se apresentava mágica no Circo Voador, com o mesmo abarrotado de gente, incluindo senhores, jovens, roupas mais formais, camisas de bandas como Black Sabbath, Iron Maiden, Megadeth e Metallica, e muito mais. O mesmo público mostrava conhecer bem o repertório, que foi surpreendente. A banda mostrou o seu desejo de apresentar um show mais forte, optando por um setlist que esqueceu as baladinhas, e que mostrou 12 das 14 músicas novas. 
   Infelizmente, cheguei ao Circo com o show já na sua 3a música, perdendo as ótimas Fardado e Pedofilia, ambas novas. A banda então tocava a magnífica Cadáver Sobre Cadáver, um dos pontos altos do novo trabalho. Logo de cara, eles emendaram novidades, uma atrás da outra, e a decisão ousada foi totalmente acertada. Quando uma banda lança um disco que é sucesso de público e crítica, porque não apresenta-lo ao público? Vem então Baião de Dois, Chegada ao Brasil (Terra à Vista) e Senhor, todas espetaculares. Ainda tentando me acomodar num Circo Voador ''sold out'', que incluía uma área vip improvisada no 2o andar para a mulher de Tony Belloto, Malu Mader, e seus convidados, a banda apresenta o clássico Policia. Esse para mim é o maior hino dos Titãs, do alto dos seus dois minutos de fúria. Neste momento, uma grande roda surge no meio do público. Sugiro que ''iniciantes'' na obra da banda escutem imediatamente essa música, ou então a ótima versão que o Sepultura consagrou, já que a amizade das bandas é de longa data, tendo tocado a música junto em grandes momentos como o Hollywood Rock de 1994. Vem então mais disco novo, com Fala, Renata. Ela continuou agitando o público, que novamente explodiu em outro hino, Bichos Escrotos. A reação dos fãs da banda ouvindo o clássico do Cabeça Dinossauro é difícil de explicar, seguramente é uma das preferidas. Vem então a música que é para mim a melhor do novo disco, Mensageiro da Desgraça. Ela tem um rítmo mais arrastado, e uma letra fortíssima que da uma dinâmica ótima, seguida pela também nova República das Bananas. A banda então começa a focar nos clássicos da carreira. Flores, um dos destaques de  Õ Blésq Blom, disco da época de ouro da banda, agita bastante. Só então eu consegui um lugar legal num Circo Voador em seus disa de lotação máxima. Sergio Brito introduz AAUU, falando que diretamente de 1986 (ano do lançamento de Cabeça Dinossauro, maior clássico da banda), lá vinha porrada. Desordem é para mim a melhor música dos Titãs, e a sua volta ao setlist foi uma decisão incrível da banda. A letra é simplesmente espetacular, e se mantém para lá de atual. O disco Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas é outro momento glorioso da banda, e Desordem é seu auge. Nada mais justo do que a sequência com o clássico Vossa Excelência, feita especialmente no terremoto politico que aconteceu no Brasil em 2005, o chamado mensalão do PT. Paulo Miklos chama a música com a sua inteligência de sempre, dedicando a mesma para a nossa ''incompreendida'' classe politica. O riff de Diversão era puxado por Tony Bellotto, e ''cantado'' por todo o Circo. O clássico de Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas é cantado em uníssono. Televisão, vinda dos primórdios da banda, e Cabeça Dinossauro não ficam para trás. A surpreendente escolha de 32 Dentes, maravilha escondida em Õ Blésq Blom, foi uma das grandes surpresas da noite, sendo uma escolha pra lá de acertada. O novo trabalho volta a ser lembrado com Quem São Os Animais. Estado Violência é outra maravilha, clássico, e sem duvidas uma das melhores da banda. Lugar Nenhum cai muito bem logo em seguida, outro momento grandioso da banda em seus melhores dias. Para encerrar a 1a parte do show, a nova Eu Me Sinto Bem e o 1o hit da banda Sonífera Ilha. A versão de Canalha abre o bis, sendo a 12a e última música nova apresentada. O clássico de Raul Seixas Aluga-se agita como poucas, assim como o hino Homem Primata. A banda se despede novamente, e volta para o último bis com Comida, a preferida dos professores de português em suas provas. Branco Mello fala que eles vão fazer algo diferente. Tony, Sergio e Paulo fazem o sinal da cruz de forma genial, exorcizam Branco, que começa o clássico Igreja, outra maravilha da noite. O encerramento vem com a não programada Marvin, muito pedida pelo público.
   O setlist foi simplesmente espetacular. A banda em grande forma optou por mostrar seu novo maravilhoso lançamento, e clássicos muito bem escolhidos. Eu incluiria algo do disco Titanomania, Pulso e Porrada, mas é impossível reclamar de um set tão maravilhoso apresentado numa noite mágica de Rock N'Roll. Os Titãs mostraram porque são a maior banda de Rock desse país, e seu retorno as origens acontecem em hora para lá de acertada. 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

OVERKILL-WHITE DEVIL ARMORY

   O Overkill é uma das bandas mais importantes da história do Thrash Metal, e com 30 anos de serviços prestados ao estilo eles chegam ao seu 17o álbum de estúdio. A história da banda é de total devoção ao Heavy Metal, sem nunca experimentar nada diferente do estilo que consagrou e com incontáveis clássicos no currículo. Com o seu mais novo trabalho, a banda entrega exatamente o que se espera dela, Thrash Metal da melhor qualidade. O Overkill, assim como o Anthrax, é da costa leste americana, do lado oposto da Meca do Thrash Metal Bay Area, ou até mesmo da também frutifera Los Angeles. Seria algo como o Rio Grande do Sul e o Acre no Brasil, mas isso não impediu o crescimento da banda nos anos 80 e sua posição no primeiro escalão do Thrash americando, junto de bandas como Exodus, Testament, Slayer, Metallica, Megadeth e Anthrax.
   A introdução XDM serve para ambientar o ouvinte. Logo em seguida vem a porrada Armorist. Thrash Metal na essência, com velocidade fora de controle, riffs a perder de vista e aquela voz marcante e arrebatadora do grande Bobby "Blitz" dando o tom da carnificina. Abertura digna de Overkill em seus melhores momentos. Down To The Bone tem uma introdução com o baixo marcante de D.D. Verni, e o ritmo segue furioso, e ao mesmo tempo estrategicamente cadenciado. Em PIG as guitarras de Dave Linsk e Derek "The Skull" Taile se destacam logo de cara. A música é um dos grandes momentos, daquelas para bater cabeça até o dia seguinte, tudo num ritmo absurdo. Bitter Pill tem uma introdução um pouco mais lenta, com tom levemente apocalíptico. Ela segue cadenciada, com mais uma aula de baixo. Outra maravilha presente no trabalho, mostrando a força eterna do Overkill. Where There's Smoke chega com uma velocidade absurda, Thrash Metal puro, lembrando os grandes momentos de trabalhos como Feel the Fire e Taking Over. Simplesmente absurda, e para mim o grande momento do disco. Freedom Rings começa com a cozinha em ação, e a entrada sutil das guitarras, dando um clima sensacional. Em seguida a porrada já volta a comer solta, como manda a cartilha do Thrash Metal. A voz do senhor Blitz é o destaque, e entra rasgando como de costume, recitando um refrão com a força dos grandes clássicos. Em Another Day to Die a guitarra retoma o controle do riff. A música pode ser considerada um descanso no meio da tempestade, mas mesmo assim é interessantíssima. Agora a coisa fica seríssima na grande King of the Rat Bastards. Faixa realmente épica, até difícil de descrever. Em certos momentos ela lembra a grande Feel The Fire. Outro momento de cair o queixo. It's All Yours mantem o grande ritmo do álbum e abre os portões para a espetacular In The Name, o encerramento grandioso e digno do grande trabalho que o Overkill entrega aos amantes de Thrash Metal.
   Espetacular é pouco para descrever o disco. A banda segue em frente, depois de 30 anos, fazendo Thrash como poucos. O trabalho não é o Feel The Fire, mas seguramente será lembrado com carinho pelos fãs no futuro. O Over ''thrash'' Kill continua muito vivo, e parece estar pronto para a quarta década da sua história. Que a turnê passe em breve pelo Brasil, merecemos vê-los em ação.

   

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

TANKARD-R.I.B

   Você sabe exatamente o que esperar de um novo trabalho do Tankard. Um trabalho sério, sem ser levado a sério, muita cerveja, diversão, e principalmente, um Thrash Metal sempre de altíssima qualidade. Depois de 30 anos, a formula continua a mesma, e R.I.B chega com uma porradaria sem limites, seguindo a linha dos ótimos trabalhos recentes. Depois do ótimo A Girl Called Cerveza, a pressão por algo semelhante era enorme, assim como a expectativa. Certamente os fãs não ficarão decepcionados, já que o resultado foi espetacular.
   War Cry começa com uma introdução mais melódica, uma bela abertura para a porradaria que vem em seguida. A música é Thrash Metal alemão na alma, pra ninguém botar defeito e com tudo que o estilo pede. Ela já coloca imediatamente um grandioso sorriso na cara dos fãs. Fooled by Your Guts tem um riff absolutamente empolgante, com Andreas rasgando tudo num vocal espetacular. Uma forte influência dos amigos do Kreator também é sentida. A faixa-título começa com um inspirado riff do baixista Frank Thorwarth. Uma verdadeira aula de instrumental da banda. Outro grande momento, já sendo possível perceber que o álbum chega a ser superior ao ótimo antecessor. Riders of the Doom não deixa por menos, seguindo com a pancadaria refinada que conduz todo o trabalho. Hope Can't Die começa bem mais lenta, mas com muito peso. A velocidade aparece logo. No One Hit Wonder, com título genial inclusive, mantém o nível lá em cima. Breakfast for Champions, Enemy of Order, Clockwise to Deadline e The Party Ain't Over ‘til We Say So seguem na mesma linha, e encerram muito bem o trabalho, que já pode ser considerado um dos melhores do ano.
   Seguramente, R.I.B já pode entrar no hall de grandes clássicos lançados por essa entidade do Thrash Metal. Para quem torce o nariz para o estilo ''engraçado'' da banda e não da o devido valor ao trabalho dela, sugiro uma audição imediata do novo disco. O Tankard mostra porque está no chamado Big Four alemão, junto com os monstros Destruction, Kreator e Sodom. Escute com uma cerveja na mão e se divirta sem limites!

   

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

SHOW DO IRA!/RIO DE JANEIRO/CIRCO VOADOR

   O retorno do Ira! foi uma verdadeira benção num enorme deserto que o Rock nacional da atualidade se tornou. Não tem para ninguem, quando o assunto é RockN'Roll puro e simples, no Brasil os nomes são Ira! e Titãs. Nasi e Edgard estavam brigados faz tempo, e a banda consequentemente parada. Com as pazes feitas, a dupla montou uma nova banda, sem Gaspa e Jung, e estão fazendo uma turnê nacional de enorme sucesso. Prova disso foram os ingressos esgotados dias antes do show, e um Circo Voador lotado. Um público que misturava jovens com camisas do Sepultura, Iron Maiden, Black Sabbath e Ramones e senhores que viveram intensamente os anos 80 acompanhados pela esposa, e as vezes filhos, transformava o ambiente na lona em algo único. Um revival para quem acompanha a banda há tempos, e uma grande aula de Rock N'Roll para os novatos, a pura magia do Rock.
   Eu vi a banda na época do acústico em três oportunidades, nos meus primeiros passos rockeiros, e assistir novamente a banda foi uma emoção indescritível. A abertura foi com o clássico Longe de Tudo, que também abre o 1o disco da banda, Mudança de Comportamento. Flerte Fatal, uma grande lembrança dos tempos de Acústico, vieram em seguida, também muito celebrada. A banda estava impecável, transbordando felicidade e contando com uma ótima participação do público. O problema era o som, extremamente baixo, só sendo solucionado depois de oito músicas. É Assim Que me Querem veio depois, música que considero uma das melhores que a banda já fez. Perdida no disco 7, causou uma grande comoção na plateia. Depois foi a vez do hino Dias de Luta, cantada em uníssono. Eram momentos indescritíveis, impulsionados por um setlist fenomenal. Tarde Vazia também foi muito bem recebida, já que ganhou uma grande popularidade na época do Acústico. No Universo Dos Seus Olhos foi um momento dispensável, mas o clássico Flores Em Você manteve o nível do show altíssimo. Gritos da Multidão é um verdadeiro hino, e escuta-la foi de arrepiar. Uma pena que o som ainda não estava a altura da apresentação. Na ótima nova ABCD, um Rockão bem anos 50 com uma forte pegada de blues, o som ficou no volume correto, o que engrandeceu a mesma. Veio então uma dobradinha espetacular, com as baladas Tolices e Mudanças de Comportamento emocionando profundamente o público. Nasi então lembra com muito carinho do disco Psicoacústica, dando a deixa para o clássico Rubro Zorro, com o palco em um vermelho especial para lembrar da origem da letra (o famoso bandido da luz vermelha). Quinze Anos foi de matar do coração. Cantada com o coração por Nasi, a enorme participação de todos emocionou mais ainda o gordinho. O clássico moderno Eu Quero Sempre Mais, tocado exaustivamente na época do acústico, fez vários adolescentes despertarem. Mesmo sendo um pouco manjada pelas MTVs e Rádios Cidades da vida, ela é uma grande música. Manhãs de Domingo foi uma surpresa para lá de agradável. Já O Bom e Velho Rock'N Roll é totalmente dispensável, com sua levada com toques fortíssimos de música eletrônica. Uma pena ter sido escolhida, para o sacrifício de músicas como Por Trás de Um Sorriso, Pobre Paulista e Coração. Os clássicos Envelheço na Cidade e Núcleo Base encerram a primeira parte, com participação mais forte do que nunca do público. O retorno para o bis veio com O Girassol, mais um grande clássico consagrado no Acústico MTV, que fica muito interessante ao vivo. Já Arrastão dispensa comentários. Maravilhosa, espetacular, e mais uma infinidade de adjetivos. Um Rock daqueles para ninguém botar defeito. A versão para Train In Vain do Clash (Pra Ficar Comigo) é interessante, mas sou radicalmente contra esse tipo de malabarismo. Preferi cantar a versão da banda inglesa. O cover ótimo de Foxy Lady, de Jimi Hendrix, foi muito bem feito. Edgard mostrou porque é o melhor guitarrista da história do Rock Nacional. Prisão das Ruas também é dispensável ao meu ver. O encerramento foi espetacular, com as ótimas Bebendoo Vinho e Nas Ruas. 
   O setlist foi ótimo, passando por diversas fases da banda e com destaque para os clássicos Vivendo e Não Aprendendo e Mudanças de Comportamento, inegavelmente os melhores discos do Ira!. Foi um retorno magnífico de uma grande banda, algo que arejou o nosso cenário. Agora é torcer para que o retorno seja definitivo, já que a banda ainda tem muito a oferecer, e grandes clássicos no currículo que ainda merecem ser tocados.
                                           Eu e o guitarrista Edgard Scandurra depois do show.

sábado, 9 de agosto de 2014

SHOW DO BLACK LABEL SOCIETY-CIRCO VOADOR-RIO DE JANEIRO

   Depois do ótimo show que fez por aqui em 2012, e trazendo na bagagem um disco espetacular, o Black Label Society estava de volta ao Rio de Janeiro. Como previsto, o Circo Voador transbordava gente, um público que de fato amava a banda, estampando os famosos coletes (usados inclusive pelos Roadies da banda), camisas e até tatuagens. O ambiente estava pra lá de favorável para uma grande noite de Rock N'Roll, o que seria logo uma realidade. 
   Dario Lorina, John DeServio, Jeff Fabb e logico, Zakk Wylde causaram uma enorme comoção assim que colocaram os pés no palco, com o líder Zakk já se aproximando do público. A abertura foi com a maravilhosa The Beginning… At Last, vinda diretamente do disco de estreia da banda, Sonic Brew. A coisa esquenta de verdade na segunda música, o clássico Funeral Bell, que coloca a lona abaixo. Mesmo com o som distante da perfeição, era possível perceber uma banda em grande forma. Poucas figuras são capazes de causar o impacto que Zakk causa durante uma apresentação. De fato, ele é um dos grandes, conseguindo hipnotizar uma plateia em torno dele. Já tendo largado a cachaça, visivelmente mais magro e com uma barba de respeito, se distancia daquela imagem consagrada na memória dos fãs nos tempos de Ozzy. Tendo visto muita gente boa em cima do palco, posso afirmar que assistir Zakk Wylde em ação é algo realmente fantástico e único. Seguindo com o show, vem mais um clássico, a maravilhosa Bleed for Me, abertura do grande 1919 Eternal. A música domina o público, que canta em uníssono. O repertório era perfeito, e agora é chegado o momento de apresentar para os cariocas as maravilhas de Catacombs of the Black Vatican. Heart of Darkness não teve a recepção das anteriores, mas considero a mesma absolutamente maravilhosa. Já o clássico Suicide Messiah foi muito celebrada, com o último verso cantado exclusivamente pelo público, impressionando Wylde. My Dying Time já virou clássico. Todos vibraram escutando o 1o single do disco mais recente da banda, seguido pela ótima Damn the Flood. Zakk então faz um solo de mais de 10 minutos, com inúmeras variações, captando toda a atenção dos presentes, que pareciam viajar nas notas do guitarrista. Para mim, poderia ter rolado aquele parte épica do solo de No More Tears, mas mesmo assim foi algo irrepreensível. Em sequência vem a ótima Godspeed Hell Bound, do bom Order of the Black. Zakk então agradece ao público, apresenta a banda com um inglês indecifrável, e ainda lembra do ''filhote'' SABBATH PAGE. Zakk lembra também do aniversário do guitarrista Lorina, devidamente celebrado com um parabéns pra você e um bolo. O aniversariante vai para o piano, e a maravilhosa Angel of Mercy é apresentada. Para mim foi o ponto alto do show, a magnífica balada do novo disco sendo tocada com tamanha perfeição. Zakk então vai para o piano, e aponta para o céu, dedicando a obra-prima In This River ao amigo Dimme. A música foi tocada mais lenta do que na versão original, e acabou ficando bem interessante. Mesmo assim, prefiro ouvir a versão original. O público que gritou Zakk por quase toda a apresentação agora grita o nome do guitarrista do Pantera. The Blessed Hellride vem com guitarras duplas nas mãos dos dois guitarristas. A música ganhou peso ao vivo, e foi outro momento memorável. Concret Jungle e a bomba Stillborn encerram o show com o público hipnotizado.
   Mesmo com um set ligeiramente curto, e a ausência sentida do clássico Overload, o show foi simplesmente fantástico. O público foi espetacular em todos os sentidos, o set foi bem interessante, com o novo disco recebendo a atenção que merecia, e a figura de Zakk Wylde é uma das mais marcantes no universo do Rock. Foi um show para lavar a alma dos cariocas, que puderam ver uma banda em grande forma. O futuro do Black Label parece cada vez mais promissor, levando em conta que Zakk ainda tem muito a oferecer ao Rock. Muito obrigado a um dos deuses do Rock que ainda circulam por aqui. 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

RATOS DE PORÃO-CIRCO VOADOR-RIO DE JANEIRO

  O que se pode esperar de uma grande banda em grande fase, com a formação totalmente acertada, lançando um dos melhores discos do ano em um show para um público fanático e numeroso? O óbvio resultado dessa soma de fatores foi uma noite inesquecível no Circo Voador. O público compareceu em grande número, superior ao show que a banda fez no mesmo Circo Voador no começo do ano (tocando o clássico Crussificados Pelo Sistema na íntegra com a formação que gravou ele, o que resultará em um dvd). Com o magnífico Século Sinistro em mãos, um dos maiores representantes da música extrema nacional tinha tudo para reviver seus tempos de glória, em um dos seus palcos preferidos. De fato a banda não faz um show com tamanha perfeição há muitos anos por aqui. O setlist foi impecável, mesmo com algumas inevitáveis ausências, já que estamos falando de uma banda com 30 anos de história. Uma verdadeira viagem no tempo.
  Para começar os trabalhos, a abertura do novo disco, a já clássico Conflito Violento. A música já é conhecida por todos, e empolga. Uma quantidade considerável de garotos com um visual Punk, das roupas ao moicano tradicional era de dar orgulho, assi como o bom numero de mulheres em pleno mosh pit. Em seguida vem mais uma do Século Sinistro, a ótima Viciado Digital. O vocalista João Gordo então se dirige pela primeira vez ao público, falando da felicidade em ter lançado um disco novo e visivelmente satisfeito com o público. Logo depois, com seu tradicional carisma, diz que não vai ficar enchendo o saco com música novo, e o negócio era velharia. Bobagem Gordo, pode encher a vontade! Alguns artistas poderiam pensar igualmente, e em vez de tocar várias novidades descartáveis, optar por clássicos. A maravilhosa Ascensão E Queda, clássico da obra-prima Anarkophobia, começa o passeio pela história da banda. Sem ter tempo para respirar, vem o achado Vivendo Cada Dia Mais Sujo E Agressivo, uma porrada de 40 segundos do terceiro trabalho da banda. Depois a sequência é matadora, com o hino Crucificados Pelo Sistema, a muito cantada e celebrada Anarkophobia e Vida Animal, que é cantada com força, mostrando o vasto conhecimento do público em relação a obra da banda. Gordo então debocha da derrota do Brasil na copa, perguntando quem ali tinha chorado e o que a vitória da seleção traria de bom para eles. Os punks presentes foram ao delírio. Foi a deixa para a nova Grande Bosta, que critica as pessoas que acham que o mundo se limita ao futebol, e mostra alguns dos muitos problemas do país da copa com o tradicional português claro e ácido da banda. Depois João lembra do grande Fausto Fanti, integrante do grupo Hermes e Renato que nos deixou nessa semana. Ele tem o nome gritado pelo público, num momento emocionante que mostra a força do humor do grupo na juventude. João dedica o show todo, em especial a próxima música a ele. Diretamente do Crucificados, o clássico Morrer, seguida por Não Me Importo, do mesmo disco de estreia. Cérebros Atômicos, abertura do segundo e contestado disco da banda Descanse Em Paz é um achado, e acaba sendo muito bem recebida. Ali o Ratos começou a transformar o seu som em algo mais Hardcore/Thrash Metal/ Crossover, desagradando os fãs mais radicais. O ótimo Carniceria Tropical é lembrado com o petardo Difícil de Entender. Citado por muitos como um dos melhores discos, a ótima recepção da música foi de se esperar. Ainda no Carniceria, Arranca Toco e seus imensos 50 segundos fazem o Circo tremer, assim como Atitude Zero. No meio ao caos, uma garota da plateia sobe ao palco, e de repente abaixa a blusa mostrando os peitos para o Gordo, e depois para a plateia, que reage como se fosse um gol. Nada num show desses é previsível. Voltando então para o presente, temos a ótima Stress Pós Traumático. João fala de preconceitos em geral, e levanta a bandeira da ''classe'' dos gordinhos, abrindo espaço para a maravilha Diet Paranoia, uma escolha pra lá de correta. Crocodila volta as atenções para o Carniceria Tropical, e abre uma sequência matadora. Igreja Universal, Beber Até Morrer e Aids, Pop, Repressão, três dos maiores clássicos do Ratos de Porão instauram o caos no Circo Voador. Seguindo no clássico Brasil, ainda tivemos Plano Furado II, Amazônia Nunca Mais e Terra do Carnaval, encerrando a primeira parte do show. O público queria mais, e a banda retorna com Sentir ódio e Nada Mais eCrise Geral, duas pérolas do disco Cada Dia Mais Sujo e Agressivo, encerrando uma apresentação irretocável.
  A formação Gordo, Jão, Boka e Juninho está pra la de acertada, em grande forma, e prova isso com um show matador, que lança no Rio de Janeiro um dos discos mais espetaculares da carreira da banda. O momento do Ratos de Porão não poderia ser melhor, e a apresentação foi daquelas para ser lembrada por anos, uma noite mágica no Circo Voador.

domingo, 3 de agosto de 2014

AC/DC-HIGHWAY TO HELL

  Depois de quatro discos matadores (se contarmos a versão internacional de High Voltage como um disco só), o AC/DC estava pronto para lançar o que seria o seu disco mais representativo. O que acabou sendo a despedida do grande vocalista Bon Scott é obrigatoriamente citado em qualquer lista de maiores discos da história do Rock. Sem duvidas esse aqui foi um dos cds que mais escutei na vida, tendo uma importância enorme. Como em todo bom clássico, aqui não tem descanso, é uma porrada atrás da outra, e quando você percebe já foi. 
  De cara já temos o hino, clássico, ou seja lá como for a definição, Highway To Hell. Não tem jeito, você já escutou esse riff, esse refrão e esses solos furiosos em algum lugar, e certamente já cantarolou junto de Bon Scott. Maiores explicações são totalmente dispensáveis, porque não existe nesse planeta um único amante de Rock N'Roll que não conheça essa música de cabo a rabo. Girls Got Rhythm começa com um dos riffs mais espetaculares da carreira da banda, e é uma música com a estrutura mais tradicional possível quando falamos em AC/DC. Aquele refrão grudento que você repete incontáveis vezes, a malícia estratégica de BonScott recitando a letra cheia de segundas intenções, e os irmãos Young com ódio nos dedos massacrando suas guitarras. Essa estrutura repedida sempre é de uma magia única, que faz a banda ser o que é. Walk All Over You é possivelmente a minha música preferida do AC/DC, empatada tecnicamente com Rock N'Roll Ain't Noise Pollution, You Shook Me All Night Long e TNT. Um riff mais cadenciado da um tom épico à música, e a velocidade e força presentes em 100% das músicas da banda aparecem em seguida. Malcolm e Angus dão uma verdadeira aula, e a interpretação de Bon é única. Cantar lentamente o refrão estrategicamente lento faz você ir parar em uma outra dimensão. Touch Too Much é outro clássico incontestável do disco, muito presente nos shows da banda desde então. Beating Around the Bush segue a toada, com outro riff único, e dessa vez com um destaque menor para o refrão. Nessa Cliff Williams e Phil Rudd dão um show, comandando a cozinha da banda com precisão única nas variações sonoras que a música exige. Shot Down In Flames, pra variar, também virou clássico imediato e aclamada em qualquer show do AC/DC até hoje. Aqui os Youngs também escolheram por um riff com tons épicos para introduzir a música, com aquele velho andamento que é diferente em cada música. Get It Hot começa com um riff tipicamente Stoniano, mostrando a influência deles na música do AC/DC. Mias uma vez, a banda acertou em cheio, e a música é lembrada com muito carinho pelos fãs. If You Want Blood (You've Got It) também dispensa comentários. é AC/DC em estado puro, Rock N'Roll simples e ao mesmo tempo espetacular. Love Hungry Man tem um dos riffs que causam maior emoção a cada audição. Realmente é difícil de explicar o que o conjunto perfeito das guitarras com a maneira única de cantar de Bon Scott aqui proporcionam à música no final de tudo. Magnífica em cada detalhe, seguramente uma das melhores da banda. Night Prowler encerra de maneira maravilhosa o disco, com uma levada mais Blues também bastante comum na música do AC/DC. Uma bela despedida de Bon Scott, um belo encerramento para um dos maiores clássicos da história do Rock.
  O AC/DC tinha alcançado a perfeição, mas infelizmente o vocalista não pode aproveitar por muito tempo o resultado magnífico do disco, dando adeus ao mundo um ano depois. Logo depois, o AC/DC deu uma das maiores voltas por cima da história do Rock, lançando um magnífico tributo com a voz destruidora de Brian Jhonson, que acabou sendo o disco mais vendido da história do Rock, só perdendo para o Thriller de Michael Jackson na história da música. Era o fim de uma era maravilhosa do AC/DC, mas nem por isso representou o fim da linha. Muita coisa boa ainda estava por vir, mas o que foi feito entre High Voltage e Highway to Hell está permanentemente na memória dos fãs.


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

DREAM THEATER E EXODUS, UMA TRISTE ESCOLHA PARA PAULISTAS E CARIOCAS

  Com o grande número de show que passam pelo Brasil nos últimos anos, a coincidência de datas vem acontecendo com uma certa frequência, sendo a maioria delas na cidade de São Paulo. Tivemos casos recentes de Arch Enemy e Black Label Society, Angra (gravação de dvd) e Soulfly e Brujeria e Ratos de Porão, para ficar em alguns. Sabemos que vez ou outra, esse tipo de coisa é inevitável, mas o que aconteceu com as turnês de Dream Theater e Exodus foi um erro imperdoável da produção do Dream Theater.
  Os shows do Exodus no Brasil já estão marcados há tempos, com a venda de ingressos a todo vapor. Uma turnê do Dream Theater já era esperada para essa época desde o começo do ano, mas ela foi agendada já com vários outros shows previstos para a mesma época. A conta final fechou com shows marcados no Rio de Janeiro e São Paulo, nas mesmas datas dos shows do Exodus nas mesmas cidades. Uma simples olhada por parte da produtora nas agendas de rock de ambas as cidades resolveria o problema, já que nem Vivo Rrio, nem Espaço das Américas tem shows marcados para os dias 4 e 5 de Outubro, respectivamente. Levando em conta a relativa proximidade das cidades, uma inversão seria boa para todos, e não traria nenhum prejuízo.
  Agora os fãs vão fazer uma triste escolha. Falando por mim, sou grande fã das duas bandas, e considerava esses dois shows os principais do 2o semestre, e tenho certeza de que muitos pensam assim. Alem dos fãs serem forçados a perder uma das apresentações, a produtora também perderá dinheiro, porque inevitavelmente o público será menor, sobrando assim também para o Exodus. Resta esperarmos o bom senso por parte dos organizadores, para que a mais que obvia troca seja feita e fãs de Ddream Theater e Exodus possam ver os dois shows. Abaixo, todas as datas da turnê do Dream Theater no Brasil:
30/09 - Porto Alegre/RS - Pepsi on Stage
02/10 - Curitiba/PR - Master Hall
04/10 - São Paulo/SP - Espaço das Américas
05/10 - Rio de Janeiro/RJ - Vivo Rio
07/10 - Brasilia/DF - Net Live Brasilia
10/10 - Recife/PE - Chevrolet Hall
11/10 - Fortaleza/CE - Centro de Eventos do Ceara.