segunda-feira, 24 de novembro de 2014

SHOW DO METAL "SCRAPS" STARS-ESPAÇO DAS AMÉRICAS-SÃO PAULO

   A ideia de juntar uma seleção forte de nomes do Heavy Metal mundial parecia ótima. Infelizmente, apenas parecia, porque na prática, o resultado foi desastroso. Em seguida, farei um relato pessoal de quem viajou para São Paulo no intuito de assistir ao "Dream Team" do Heavy Metal mundial e acabou vendo um bailão mal ensaiado das sobras dos convidados.
   O evento anunciou um line up de peso, e a cada Cronos, Belladona, Max, Chuck Billy e Labrie anunciados, minha empolgação ia nas alturas, e tal time me motivou a comprar o ingresso. Já com passagens e ingressos comprados, minha expectativa aumentava, mas ao mesmo tempo cabia uma reflexão sobre como seria o evento. Tudo era uma grande surpresa, desde o setlist até a performance dos músicos, e foi ai que parei para pensar no obvio. A ideia é boa, mas na prática é muito complicado juntar 14 músicos que não tocam juntos, com outras bandas em atividade e pouco tempo para ensaiar, o que é o segredo para uma boa apresentação. Não adianta amigos, pode ter certeza que para cada show matador do Iron Maiden ou do Slayer, foram gastas horas dentro de uma sala com os músicos repetindo cada nota, resultando numa performance impecável. Mesmo sem saber o que seria do show, e até com dúvidas em relação a minha escolha, o coração falava mais alto que a rezão, e estar de frente com alguns dos meus maiores ídolos me fez pegar o avião com um enorme sorriso no rosto. Já chegando em São Paulo, começa na prática a deprimente apresentação.
   Amigos me enviando mensagens, e posts recentes na página do evento, traziam as más novas. Cronos não iria participar do show na Bolivia, que aconteceu no dia da minha chegada, e também do show no Brasil, e Belladona, Chuck Billy e Guns G estavam fora da Bolivia, mas ainda não oficialmente do Brasil. Os três vocalistas eram a minha maior motivação para o show, levando em consideração o fato de nunca ter visto o Testament e o Venom ao vivo. Foi um balde de água fria. A falta de profissionalismo de TODOS os envolvidos em segurar para a última hora uma noticia que seguramente já era sabida há tempos foi revoltante. Cronos disse, entre outras  coisas, que não poderia dizer que cancelou, já que nem sabia do evento e  nunca esteve confirmado. A produtora brasileira se pronunciou, falando em problemas entre a empresa que vende o evento e os artistas, sendo ela a principal responsável pelo pagamento e outras burocracias diretas que implicam na vinda das bandas. Já no sábado, Guns G, Joey Belladonna e Chuck Billy estavam definitivamente desligados do show. Já que estava lá, me restou curtir o dia com os amigos cariocas e paulistas e fazer as compras de sempre na Galeria do Rock, além de assistir aos shows das bandas de abertura e o que sobrou do Dream Team.
   Obviamente, o que já não estava muito ensaiado ficaria pior com as baixas e improvisações impostas, e eu não esperava nada de espetacular de um evento tão mal organizado. Chegando ao Espaço das Américas, percebi que a movimentação não era lá muito grande. Apesar do marketing do evento, ele sim feito com perfeição, tentar tapar o sol com a peneira falando em "últimos ingressos a venda", todos sabiam que as vendas já não eram muito significativas para uma casa com capacidade para 8 mil pessoas, e os cancelamentos causaram a desistência de muitos que já compraram suas entradas. Na prática, o público presente caberia perfeitamente no Carioca Club, e inúmeros espaços vazios se acumulavam ao redor da pista. No famoso "olhometro", calcularia umas 1500 pessoas presentes, muito pouco para uma casa do porte do Espaço das Américas. Chega então a hora dos shows.
   Cheguei durante a apresentação do Capadocia, que faz um som interessante, numa linha Death/Thrash Metal. Consegui vê-los fazendo uma ótima versão para Spirit in Black, do Slayer. Em seguida veio o Project46. Gosto da banda, com um som mais voltado para o MetalCore, mas ainda interessante. Mesmo assim, por vezes o vocalista Caio cai num discurso de adolescente revoltado, cheio de "merda, vamos tacar o foda-se" e outras inutilidades repetidas para se parecer algo "mal", ou "Pesado", sem a menor necessidade. A banda tem peso o suficiente para se impor com o som. Por falar em peso, o mesmo Caio exagera nos berros sem nexo ao vivo, ao menos nesse show, fazendo com que as ótimas letras da banda fiquem indecifráveis. Uma pena, já que o Project é a banda mais forte da nossa cena atual, contando com o apoio de nomes de peso e mexendo com a cabeça de muitos. Mesmo assim, o show foi interessante.
   Chega então a hora do verdadeiro show da noite, o do Korzus. Falar da banda é chover no molhado, todos sabem da maravilhosa história de 30 anos dos paulistas, um dos nomes mais representativos da história do Heavy Metal brasileiro. Quem já viu algum show deles, sabe que é matador, e esta seria a minha 1a oportunidade. Lançando o ótimo Legion, Pompeu comandou um passeio certeiro pela história do Korzus. Sem Dick Siebert, que chegou a subir no palco para falar com o público machucado, Marcello Soldado se apresentou no baixo. O mosh comeu solto durante toda a apresentação, e momentos como a recente Dicipline of Hate e o hino máximo Correria lavaram a alma dos fãs, secos pelo legítimo Heavy Metal. Ainda teve muito mais, como What Are You Looking For, Respect, Never Die e a nova Self Hate. Um show irretocável de uma banda grandiosa, para fazer valer o dinheiro investido.
   Agora era hora das "estrelas". O começo foi com Kobra Page cantando, e fazendo papel razoável, em músicas que não se encaixam na sua voz. Em homenagem ao guitarrista Ross the Boss, do Manowar, foram apresentadas Kings of Metal e Hail and Kill. Momento de extremo tédio para mim, já que nunca fui fã da banda. David Ellefson fazia o possível no baixo, mas o guitarrista "principal" errava tudo, claramente por falta de ensaio. Para o lugar de Guns G, Baffo, guitarrista e vocalista do Capadocia foi chamado, e como não teve tempo algum de ensaio, não se encontrou com o resto da banda. Vinnie Appice fica despercebido na bateria, e uma das lendas do instrumento faz o seu papel. Mesmo assim, era tudo uma bagunça. Fear of The Dark é cantada por todos, mas erros clamorosos de Ross prejudicam em muito a versão. A banda de Ellefson é lembrada, com a versão de Symphony of Destruction. Chega a vez de Geoff Tate cantar, mas até ele errou parte da letra do hino Neon Knights. Jet City Woman, clássico do Queensryche, chegou depois. Apesar do erro, o vocalista fez um ótimo papel. Agora Kiko Loureiro entrou para tentar colocar ordem na casa, e honestamente fez um trabalho ótimo. Tava complicado tocar ao lado do Boss, mas Kiko mostrou o grande guitarrista que sempre foi. James Labrie veio cantar I Got You, do seu disco solo, e a magnífica Pull Me Under, clássico do Dream Theater, mas sem Petrucci e cia não estava dando. A banda fez o possível, mas os companheiros do vocalista fizeram falta. Depois veio o único momento grandioso da apresentação, um Max Cavalera endiabrado. Visivelmente irritado com tudo que vem acontecendo, Max reclama dos problemas com sua guitarra e comanda com fogo nos olhos um público que foi a loucura ao vê-lo ali. Roooooooots Bloody Roooooooooots é cantada por todos, abrindo um mosh absolutamente matador. Depois veio Eye for an Eye, do Soulfly, menos forte, mas também bem recebida. Infelizmente, o set mais poderoso da noite teria fim, mas de maneira espetacular. Max apresenta a banda, com carinho especial por Ellefson. O vocalista pede ao baixista para mandar o clássico riff de Peace Sells, seu maior legado, uma sacada brilhante, e em seguida fala do Motorhead. Quando todos esperavam pela tradicional Orgasmatron, veio a surpreendente Ace of Spades.
   Depois de Max, se deu inicio ao interminável intervalo, já às 2h30 da madrugada. O cansaço já era maior que tudo, e a revolta com a fraca apresentação me fez sair antes mesmo do show de Zakk Wylde, que de acordo com relatos foi uma homenagem ao bom e velho Sabbath. O evento foi um fracasso de público, e principalmente, de música. Nada combinava com nada, ausências de última hora substituídas as pressas e erros amadores deram o tom geral, que junto com o horário absurdo, deixaram a noite com um gosto um tanto quanto amargo para o chamado "show do ano". Em sintesi, o público assistiu a um bailão mal ensaiado, digno das piores bandas covers de botecos baratos. Se teve algo para salvar a noite, foi o bom e velho metal nacional, representado nas figuras de Felipe Andreoli e Kiko Loureiro, Max Cavalera e Korzus. 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

SYSTEM OF A DOWN-MODERNO E ORIGINAL, SEM DEIXAR DE SER BOM

   Como o Rock in Rio é o evento musical de maior relevância no Brasil, sempre deixando um espaço fundamental para o Rock N'Roll e Heavy Metal na sua programação, farei analises sobre as atrações do gênero a serem anunciadas, contando a vocês o que espero das suas apresentações. Como o System of a Down foi a primeira banda de Rock anunciada para 2015, vamos a eles.
   A banda liderada por Serj Tankian e Daron Malakian surgiu na geração que considero a pior da história do Heavy Metal. No final dos anos 90, início do 2000, pipocavam lixos do chamado New Metal fazendo sucesso mundial, como Korn, Limp Bizkit, Linkin Park e Slipknot (apesar de detestar a banda, estão muito acima dos "companheiros", consigo entender quem gosta e até respeito o seu estilo, apenas não faz minha cabeça). Nesta mesma época, surgiu o System of a Down, que injustamente foi jogado no mesmo grupo de seus companheiros de geração, mas a comparação é totalmente desigual. 
   O som da banda é totalmente diferente de tudo já feito anteriormente, com forte influência da música folk da Armênia, Jazz, Blues, e diretamente do Faith no More, mas sem o objetivo de copiar a música de Mike Patton e cia. Como a originalidade é o segredo do sucesso, não deu outra, e o System estourou. Mesmo com toda esta mistura em um único som, o Metal praticado por eles é de ótima qualidade, sem seguir claramente nenhuma das vertentes, soando moderno, e ainda assim com indiscutível bom gosto, algo que nenhuma das bandas surgidas nesse século conseguiu fazer. 
   No Brasil, a banda é amada, e isso ficou provado na espetacular apresentação do System of a Down em 2011 no mesmo festival. Esta foi a única turnê deles por aqui, fazendo com que o retorno 4 anos depois seja muito aguardado. Eles não trazem nada de novo em sua curta discografia, com apenas 5 discos, mas o que já existe na bagagem pode proporcionar um grande show de Rock.
   Uma exceção que confirma a regra, a única grande banda que alcançou o estrelato numa geração pobre musicalmente, seguramente fará um show ótimo para sua legião de fãs brasileiros. Existe como soar moderno, diferenciado, e com muita qualidade no cenário da música pesada. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

SLASH-WORLD ON FIRE

   Mal percebemos, e num piscar de olhos o eterno guitarrista do Guns N'Roses já está no seu terceiro disco solo. Depois de rodar com o Snakepit e desfrutar de grande sucesso com o Velvet Revolver, o "cartola" resolveu se jogar na carreira solo. Primeiro promoveu um "bailão" na sua estreia, e tendo encontrado a sua banda no segundo, deu continuidade no disco seguinte. World on Fire segue a linha de Apocalyptic Love, e nos proporciona grandes momentos. O que complica as coisas é a primeira coisa que chama a atenção do ouvinte, o número de faixas. Um disco tem normalmente entre 8 e 12, e as 17 que Slash e sua banda apresentam é um exagero sem tamanho, em certos momentos cansando quem põe o disco completo pra jogo. Mesmo assim, a qualidade da grande maioria é indiscutível, obviamente para os padrões atuais (preciso dizer que a comparação com a banda que consagrou o guitarrista é perda de tempo?). A questão é que um disco de tamanha envergadura só não fica cansativo e exagerado quando o trabalho em questão é o White Album dos Beatles ou o The Wall do Pink Floyd, citando apenas dois exemplos. Qualquer um mais normal exige uma melhor seleção.
   Falando diretamente das músicas, apesar dos pesares, considero este aqui o melhor trabalho de Slash na sua carreira solo, aperfeiçoando o que já era muito bom em Apocalyptic Love. A sua performance é inspiradíssima, e o acompanhamento de  Brent Fitz  (Bateria), Todd Kerns  (baixo) e Myles Kennedy (vocais) muito bom. O vocalista se encontrou definitivamente com o líder, cantando como nunca. A abertura com a faixa-título é fortíssima, e ao vivo deve crescer bastante. Outros destaques ficam para a pesadíssima Automatic Overdrive, a mais cadenciada e belíssima Bent To Fly, Too Far Gone, muito bem sacada e com instrumental impecável, a ótima Dirty Girl e a magnífico encerramento com The Unholy. O disco é dominado por um Hard Rock sem firulas e de extremo bom gosto.
   O saldo é positivo. A banda está acertada, e demonstra ser capaz de geral frutos por um bom tempo, indo muito além de uma carreira solo feita para arrancar dinheiro com antigos sucessos. Slash não está no mesmo clube de Eddie Van Halen, Tony Iommi, Jimmy Page e Eric Clapton, mas sua carreira mostra que ele é grande, sabendo como poucos fazer o seu instrumento cantar. Com turnê marcada para o Brasil em 2015, Slash e sua trupe tem tudo para matar a pau no palco, com entrosamento de sobra.

   

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

SHOW DO PAUL MCCARTNEY-HSBC ARENA-RIO DE JANEIRO

   Não existem palavras para descrever a emoção que senti ontem assistindo ao show do Paul McCartney no Rio de Janeiro. Quem já viu este senhor ao vivo sabe que é diferente de tudo. O amor pelo Rock N'Roll que este sujeito tem, do alto dos seus 72 anos, é colocado em prova a cada noite com 3 horas de apresentação visceral que faz questão de apresentar, sem intervalos e enrolação. O fato de ter gravado um disco ainda relevante no ano passado, fazendo questão de incluir 4 músicas no repertório, também chama a atenção. Fora tudo isso, o estado também impecável da sua voz em cada uma das 39 músicas faz do que Paul é hoje um caso de estudo para a ciência.
   A escolha inusitada do Hsbc Arena para um show que poderia facilmente lotar o Maracanã teve pontos positivos e negativos. A proximidade de todos os setores foi espetacular, além da confortável acomodação e facilidade de comprar bebidas e alimentos, tudo compensado com um preço irreal dos ingressos e demais serviços. Apesar disso, o acesso ao local distante e o transito caótico fez grande parte do público chegar em cima da hora, muito por causa do temporal que caiu por volta das 7 da noite. Houve muita reclamação em relação ao momento de abertura dos portões, mas honestamente  não vi, pois só consegui chegar ao local uma hora antes, quando já estava tudo resolvido. O som começou péssimo, extremamente baixo e embolado, melhorando no decorrer do show, mas longe do ideal. Tal fato surpreende, já que o lugar era fechado. O público ficou bem mais participativo na "reta final" da apresentação, mas fez bonito nos clássicos arrasa quarteirão. Mesmo assim, os que foram deixados de fora pelo critério financeiro poderiam ter feito melhor em momentos como Listen to What the Man Said , por exemplo. Mesmo assim, talvez só um desastre natural incontrolável sejá capaz de prejudicar uma apresentação de Paul McCartney.
   Com um atraso proposital de meia hora, para que todos chegassem, o Beatle entra no palco com o hino Eight Days a Week. Inicio arrebatador e irresistível, mas infelizmente com qualidade sonora sofrível. Já em Save Us, ele melhorou e se manteve mais ou menos na mesma ao longo da apresentação. A ótima música do novo trabalho apresentou-se forte ao vivo.  Na 3a música, a coisa realmente ficou séria. All My Loving não precisa de maiores apresentações, e seus primeiros versos já conquistam o público. Listen to What the Man Said é uma das melhores músicas do Wings, e um dos maiores acertos do setlist. Foi realmente um momento de grande emoção para mim, que considero não só ela, mas todo o disco Venus and Mars uma verdadeira obra-prima. Para seguir, mais um clássico dos Wings, a também maravilhosa Let Me Roll It. Entre cada música, Paul se dirige ao público com um carisma invejável e emocionante, que transforma o show dele em algo perfeito nos mínimos detalhes, com tudo feito e pensado na medida certa. Então nada melhor que mais uma maravilha Beatle, agora Paperback Writer. Depois Paul dedica à atual esposa a próxima canção, My Valentine, que é para mim a mais fraca do set, mas ainda assim cria um clima ótimo ao vivo. Nineteen Hundred and Eighty-Five, mais uma maravilha dos tempos de Wings é outra sacada genial, desta vez apresentando o clássico disco Band on the Run. Depois, The Long and Winding Road vem para matar qualquer fã dos Beatles do coração. A épica balada presente no derradeiro e definitivo Let it Be emociona qualquer pedra, algo que mais, pelo menos, 10 músicas ao decorrer da apresentação são capazes de fazer. Na mesma toada, vem a espetacular Maybe I'm Amazed, outra pérola dos Wings muito bem incorporada ao repertório. A coisa só esquenta, e  clássico I've Just Seen a Face, presente em Help!, para mim o melhor disco dos beatles, vem para provar o poder de fogo do sir. E o que dizer de We Can Work in Out? Poucos são capazes de tocar tantas músicas espetaculares em sequência. Voltando ao Wings, outra pérola muito conhecida e celebrada, Another Day. Quem ainda estava vivo pode ver uma sequência voz/violão com três das músicas mais maravilhosas de todos os tempos. And i Love Her, destaque de A Hard Days Night, Blackbird, impossível descrever a emoção que sua simplicidade única transmite, e Here Today, uma belíssima homenagem de Paul a Lennon fizeram quem viu se lembrar deste momento para o resto de suas vidas. No meio de tanta perfeição, as ótimas novas New  e Queenie Eye foram algo como um descanso para os corações, mas também momentos muito agradáveis para quem viu. Hora de voltar para os Beatles, com a ótima Lady Madonna e a bizarra, digamos assim, All Together Now, que animou bastante, mesmo sendo a música mais fraca dos Beatles. Lovely Rita foi uma escolha acertadíssima, nos transportando para o único St Pepper Lonely Heart Club Band. Everybody Out There, outra ótima nova serviu de ponte para mais um momento daqueles. A magnífica Eleanor Rigby chega como uma pedrada nos nossos corações, e é arrematada com Being for the Benefit of Mr. Kite!, ainda mais fantástica ao vivo com os efeitos de luzes se encaixando com perfeição ao tom psicodélico dela. Depois é hora de lembrar do grande George Harrison, com a maravilhosa e matadora Something cantada em uníssono. Ob-La-Di, Ob-La-Da também anima, sendo muito bem recebida e causando ainda mais emoção. Back in the U.S.S.R. é tocada com a banda visivelmente feliz e se divertindo, sendo também muito agradável. Para arrematar a primeira parte do show, os hinos Let It Be, Live And Let Die, explosiva como de costume e deixa para um show de presença de palco por parte de Paul no seu termino,  e Hey Jude, acompanhada até no intervalo pelo famoso nananana, dispensam maiores apresentações. Ninguem ficaria triste se acabasse ali, mas ainda tinha mais. Day Tripper, Hi,Hi,Hi, a surpresa do set, e I Saw Her Standing There, abertura do 1o disco dos Beatles, continuam com a apresentação. Mais um intervalo, e a banda retorna para tocar a música mais tocada de todos os tempos e me arrematar de vez. Yesterday é uma das coisas mais lindas do mundo, arrancando minhas lágrimas de extrema felicidade. A porrada Helter Skelter vem depois, famosa resposta dos Beatles aos que não consideravam a banda pesada o suficiente. Para fechar o show com chave de diamante, nada melhor do que o fechamento de Abbey Road, o último disco gravado pelos Beatles, e misteriosamente lançado antes de Let it Be, a trinca Golden Slumbers/ Carry That Weight/ The End.
   O show de Paul McCartney e sua magnífica banda foi um exemplo de como deve ser um espetaculo musical, contendo 39 músicas extraordinárias tocadas por um senhor que da a vida no palco transbordando amor em lá estar. Ao me despedir dele, chorei copiosamente, impressionado com o que representa o senhor Macca para o Rock N'Roll. Enquanto ele estiver vivo, o estilo vai andar bem, e quando ele se despedir, doces lembranças ficarão em nossas mentes. Acaba aqui um dos textos mais emocionados que já fiz aqui, tentando descrever o que só quem já viu sabe como é. Longa vida Sir Paul McCartney, e muito obrigado por tudo!
   

terça-feira, 11 de novembro de 2014

PAUL MCCARTNEY-O QUE ESPERAR DE UM DOS MAIORES ESPETÁCULOS DA TERRA.

   Amigos, nesta terça-feira, dia 11 de novembro, meu coração não está aguentando de ansiedade para assistir ao espetáculo já visto por Capixabas ontem, e que ainda será visto por Paulistas e Brasilienses num futuro próximo. O fato é que DEUS Paul McCartney já está em terras cariocas, para depois do inesquecível show de 2011 no Engenhão e do longínquo show de 1990 no Maracanã nos apresentar um dos maiores shows de Rock que se tem noticia. Um dos dois representantes de uma das mais importantes bandas de todos os tempos ainda vivo sabe como poucos, muito poucos, fazer um grande show. 
   Falar da importância dos Beatles é desnecessário, todos sabem muito bem do que estamos falando. A banda que reúne fãs de todas as idades, sexos, religiões e tudo mais ao redor do mundo é um fenômeno ainda não explicado, mesmo depois de 50 anos. A força que a música cantada ainda com perfeição por Paul McCartney transmite é realmente incrível, e digo isso depois de ter assistido a shows de uma infinidade de bandas. Quem pretende ir ao HSBC Arena pode desde já arrumar um calmante, por que a próxima noite será de fortes emoções.
   O repertório de 39 músicas, talvez o maior que existe no mundo do Rock, é apresentado por um senhor na plenitude da forma, e sua competentíssima banda que o acompanha há tempos. Fora clássicos infalíveis da banda que o consagrou, sua rica e gloriosa carreira solo nos proporciona sempre um setlist completo e perfeito nos mínimos detalhes. Dos Beatles, se prepare para um começo de matar do coração, com Eight Days a Week, ou, quem sabe, Magical Mystery Tour, formando uma das poucas dúvidas. Pérolas sacadas com sabedoria na esplendorosa discografia, como Lovely Rita, Birthiday, We Can Work It Out  e Being for the Benefit of Mr. Kite! se juntam a clássicos do porte de Yesterday, Blackbird, All My Loving e The Long and Winding Road, entre outros. Dai já podemos sentir a pressão, mas seus clássicos solos não deixam por menos, e maravilhas do porte de Band on the Run, Listen to What the Man Said, Maybe I'm Amazed e Nineteen Hundred and Eighty-Five vão te emocionar, seguramente. 
   Fora todo o poderoso setlist, o carisma do Beatle e a produção impecável completam o que podemos chamar de definição de show. A escolha de um lugar pequeno para o tamanho do artista surpreendeu, mas para quem se dispôs a pagar os "proporcionais" e salgadíssimos ingressos poderá ver o ídolo de uma proximidade inimaginável. Se ainda está na dúvida, não pense 2x e compre o ingresso, já que gênios como ele infelizmente não vivem para sempre, cabendo a nós aproveita-los enquanto conseguem tocar e distribuir magia por onde passam.
   Termina aqui o meu depoimento totalmente pessoal para dividir emoções com vocês, já que Beatles é uma das minhas bandas do coração, e para ficar em apenas dois bons exemplos, sua música mudou a vida de Ozzy Osbourne e Lemmy. Obrigado, e bom show para nós!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

SHOW DO BEHEMOTH-CIRCO VOADOR-RIO DE JANEIRO

   Não seria exageiro falar que o Behemoth é uma das maiores bandas da atualidade, levando em consideração o nível elevadíssimo de qualidade dos seus últimos lançamentos. O novo trabalho, The Satanist, é uma obra-prima, e na minha opinião disputa com Evangelion e Satanica o título de melhor disco da história da banda. Por tudo isso, a expectativa para o primeiro show do Behemoth no Rio de Janeiro era enorme. 
   Cheguei pouco antes do início do show do Gangrena Gasosa, banda responsável pela ótima abertura, assim como o Tellus Terror, que infelizmente não consegui ver em ação. A 1a e única banda de Saravá Metal do planeta é bem conhecida do Underground carioca, e muitos cantaram junto e participaram ativamente do show. A produção estava impecável e hilaria como de costume, e a banda deu o seu recado com as ótimas Se Deus É 10, Satanás é 666, Quem Gosta de Iron Maiden Também Gosta de KLB, Eu Não Entendi Matrix, A Supervia Deseja A Todos Uma Boa Viagem e Centro do Pica-Pau Amarelo, entre outras. Abertura de respeito para um grande show que estava por vir.
   O bom público que comparecia ao Circo Voador, prova de que a cena carioca tem força e os shows sempre rendem bem, esperava ansiosamente por um show há tempos aguardado. Em 2014, uma quantidade para lá de considerável de bandas que nem sonhavam em pisar no solo carioca fizeram apresentações memoráveis para um público seco por nomes de peso, que eram quase uma exclusividade paulista.
   Depois de uns 20 minutos de espera em relação ao horário marcado, Orion, Inferno, Seth (guitarrista que também participa da turnê, ao lado do "trio") e, obviamente, Nergal, sobem ao palco. Uma produção magnífica de palco, com o líder endemoniado com fogo nas mãos e nos "oios" davam o tom do que seria a noite. De cara, vem a maravilhosa faixa de abertura do último trabalho, Blow Your Trumpets Gabriel. Nergal se movimenta bastante no palco, mas apresenta uma certa fragilidade física, algo absolutamente compreensível por tudo o que ele passou entre Evangelion e The Satanist. Em vários momentos ele não canta, deixando para Orion e Seth a tarefa, e quando canta, apresenta uma certa dificuldade. Mesmo assim, a voz em si esta presente, e muito forte, e sua presença de palco compensa qualquer problema de saúde, algo imperceptível para seus devotos. A sequência veio com outro momento grandioso de The Satanist, Ora Pro Nobis Lucifer. O público sabia cantar cada sílaba de ambas, mostrando toda a força do trabalho que predominou na apresentação. A viagem pela história do Behemoth nos levaria agora para o clássico Demigod, com Conquer All colocando fogo na lona, abrindo uma enorme roda na pista. O clássico Decade of Therion vem em seguida, outra para lá de bem aceita por um público com carinho especial pelo maravilhoso álbum Satanica. Depois é a vez da melhor do bom disco Zos Kia Cultus Here And Beyond, a também clássica As Above So Below.  Slaves Shall Serve faz outra referência ao icônico Demigod, sendo também muito bem recebida por todos. Nergal então se dirige a plateia, algo que ele fez pouquíssimas vezes durante a apresentação, com uma bíblia nas mãos e um discurso anti-religioso forte. Ele então rasga a famosa publicação, jogando-a para a plateia, que tratou de terminar o serviço. Alguns chegaram a incendiar páginas do "livro sagrado", e o momento foi empolgante. Pelo jeito, Nergal não ligou nem um pouco para os problemas judiciais que o ato causou num passado recente, e tão pouco se apegou a religião para superar seus problemas, que segundo ele, foram vencidos numa magnífica mistura de força de vontade própria aliada a competência dos médicos e, obviamente, auxílio precioso do doador. O líder do Behemoth então anuncia Christians to the Lions, uma porrada linda que caiu muito bem no setlist. A música-título do disco mais recente vem depois, sendo seguida com precisão pelo hino Ov Fire and the Void, cantado em uníssono.  Furor Divinus, mais uma nova, veio em seguida, e depois a versão para Ludzie Wschodu, da banda Siekiera. De volta ao magnífico Evangelion, é a vez de um dos seus melhores momentos, Alas, Lord Is Upon Me. At the Left Hand ov God finalmente faz referência ao clássico The Apostosy, uma das obras-primas da discografia do Behemoth, seguida pelo hino Chant for Eschaton 2000. O encerramento vem com a música que é para mim o destaque de The Satanista, a maravilhosa O Father O Satan O Sun!, o perfeito encerramento para um show devastador.
   Nergal é um showman nato, um verdadeiro frontman. Ele se apegou totalmente ao papel, já que a saúde infelizmente debilitada limita bastante a sua atuação como vocalista. Muito por causa disso, o setlist padrão com 15 músicas tocadas em pouco mais de uma hora seja levado a diante em toda a turnê. No estúdio, nada deteve Nergal, e a competência sua e da banda ao vivo superam todos os problemas, fazendo um dos shows mais espetaculares  que já tive a chance de ver. O saldo foi totalmente positivo, e a noite inesquecível. Vida longa ao Nergal, e muitos anos de Behemoth pela frente!
Para ficar na memória

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

DISCOGRAFIA COMENTADA-BLACK SABBATH

   O terceiro "discografia comentada" nosso será dos mestres do Heavy Metal, um tal de Black Sabbath. Todos que tem um mínimo de conhecimento no assunto está cansado de saber o que significa a banda para o estilo. Com diversas formações ao longo dos mais de 40 anos de história, a discografia é grande e rica, rendendo longas discussões entre os fãs da banda. Vamos então passear pela história de uma das mais importantes bandas de todos os tempos.

EXCELENTES 

Paranoid (1970)

   Confesso que passei um bom tempo pensando em qual seria o "melhor disco do Black Sabbath", dentro de um universo tão rico e magnífico. O fato é que, pelo menos, uns 6 discos entram com grandes chances nessa disputa, levando cada fã a ter uma opinião/resposta diferente. Escolhi o segundo disco da banda, Paranoid. Depois de chocar o mundo com a grandiosa estreia, a banda logo tratou de lançar o seu segundo disco, responsável por apresentar ao mundo os seus três maiores clássicos. As músicas War Pigs, Iron Man e Paranoid são hinos definitivos do Heavy Metal, e dispensam maiores apresentações. A faixa que abre o trabalho para mim é o destaque. Um riff absolutamente marcante do mestre nesta arte, um tal de Tony Iommi, somado a uma letra belíssima e forte, fazem de War Pigs uma das melhores, se não a melhor, música do Black Sabbath. Nos shows, os fãs cantam em uníssono tudo, principalmente os acordes imortalizados por Iommi. Paranoid e Iron Man não ficam por menos, e ambas apresentam riffs únicos, reproduzidos por milhões de guitarristas ao redor do mundo, fazendo parte daquele seleto grupo de riffs reconhecidos em poucos segundos por qualquer leigo. Obviamente, Paranoid não re resume a isso. A obra é impecável, sendo 8 grandes momentos. Eletric Funeral é outro hino, com força semelhante aos já citados, e também uma das melhores da banda.  Rat Salad é um espetáculo à parte proporcionado por Bill Ward. Hand of Doom e Fairies Wear Boots também tem enorme força. Até a arrastada Planet Caravan fica fantástica. Uma obra indispensável para quem quer entender um pouco o que significa Rock N'Roll, com o toque dos mestres Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward. 

Heaven And Hell (1980)

   O Black Sabbath passava por uma situação complicada ao final dos gloriosos anos 70, que teve como desfecho a saída do vocalista Ozzy Osbourne. Muitos enxergavam um futuro sombrio para ambos os lados, mais a história do Rock N'Roll tratou de provar o contrário. Enquanto Ozzy montava uma nova banda e presenteava os fãs com o clássico Blizzard of Ozz, sua ex-banda tratava de arranjar um certo baixinho, que atendia pelo nome de Ronnie James Dio, para ser o seu novo vocalista. Muitos fãs simplesmente não aceitavam ver o Black Sabbath sem Ozzy nos vocais, mas até o fã mais radical da banda foi obrigado a curvar-se diante de Heaven And Hell. A qualidade dos trabalhos apresentados pelo Black Sabbath é enorme, sendo muito complicado criar um ranking com os melhores, e tal discussão apresenta uma daquelas famosas "perguntas" do Rock, que para mim até hoje não tem resposta. Ozzy e Dio são vocalistas incríveis, cada um ao seu estilo, e o legado deixado por eles fala por si. Falando do disco em questão, a banda mudou bastante com a chegada de Dio. Os estilos dos vocalistas são completamente diferentes, fazendo com que o resto da banda mude junto com eles. A variação vocal e técnica de Dio chamou a atenção de Tony Iommi, que com isso enxergava novas possibilidades para o Black Sabbath. De cara, Heaven and Hell nos enfia ouvido abaixo um hino eterno do Rock, a maravilhosa Neon Nights. A tradição de abrir o trabalho com uma música forte, que muitas vezes é a melhor do disco, foi cumprida a risca. Obviamente não foi só isso. Heaven and Hell nos apresenta mais, pelo menos, mais 3 clássicos indiscutíveis. A faixa-título tem outro dos riffs mais maravilhosos de todos os tempos, que nasceu pronto para ser cantado pelo público, e com o tempo se tornou a obra mais marcante da carreira de Dio. A magnífica power ballad Children of the Sea e a pérola Die Young fecham a lista. Não é só isso, já que considero o disco impecável, e maravilhas como Walk Away e  Lonely Is the Word são de audição obrigatória. A nova fase do Black Sabbath teve início com um dos maiores discos da história do Heavy Metal, e fez da banda uma daquelas que conseguiu superar a saída do vocalista, lançando materiais de qualidade semelhante. 

ÓTIMOS

Vol. 4 (1972)

   Não são poucos que consideram o Vol. 4 como melhor trabalho do Black Sabbath. Depois de lançar três grandes obras, o nome da banda já estava no topo do que se conhecia por Rock N'Roll na época, fazendo uma música totalmente original. Na sua 4a empreitada, o Sabbath não teve medo de ousar. O peso do som continuava, e agora recebeu uma forte influência do Rock Progressivo. Um dos destaques é a belíssima balada Changes, que apresenta aquele esquema voz/piano que não costuma falhar. O disco ainda traz inúmeros momentos grandiosos, com grandes clássicos. Wheels of Confusion é uma abertura fenomenal, com um dos riffs mais inspirados de Tony Iommi, e a sequência com a pérola Tomorrow's Dream já faz valer o disco. O trabalho é completo, com a bizarra FX , uma viagem do mestre dos riffs que inexplicavelmente foi parar no disco destoando, mas causando gargalhadas ao mesmo tempo. Supernaut, Snowblind (que faz referência à cocaína, substância usada e abusada pelos integrantes naqueles dias) e Under the Sun são outros clássicos eternos que moram nos corações de quem ama Black Sabbath. Uma obra grandiosa e completa, que merece ser muito bem apreciada. 

Black Sabbath (1970)

   Meus amigos, o que podemos falar sobre isso aqui? O disco de estreia do Black Sabbath chocou o mundo naquele 1970. Tudo começa na capa até hoje inexplicável. Nem Iommi, Butler, Ward e Ozzy sabem ao certo quem é essa "figura" que aparece na emblemática casa abandonada em algum lugar abençoado no meio da Inglaterra. A ideia era "musicalizar" os filmes de terror, e logo na magnífica faixa-título, a banda prova que isso é possível. A música mais pesada de todos os tempos tem uma força absurda, e quem já viu a banda tocando ela sabe exatamente o que estou falando. Só ela já vale por tudo, mas o disco tem muito mais. N.I.B apresenta um dos mais magníficos trabalhos de um baixista na história, com destaque para o solo/riff que abre a música. Behind the Wall of Sleep, The Wizard e Sleeping Village, entre outras, completam essa estreia grandiosa dos mestres, que em apenas um trabalho já mostraram que o estrago seria grande dali para frente. 

BONS

Sabotage (1975)

   Sabotage é outro trabalho espetacular e irrepreensível do Black Sabbath. Considero ele inclusive merecedor de maior atenção por parte da banda e dos fãs, já que qualidade tem de sobra. A banda já sentia os efeitos do constante uso de drogas, tornando o clima em tanto quanto tenso passados 5 anos do estouro. Mesmo assim, ainda não era hora dos problemas afetarem a qualidade do lançamento, fazendo deste o último disco clássico da banda com Ozzy nos vocais. Já de cara, a bomba Hole in the Sky é um clássico imediato, abrindo o disco com força descomunal. Symptom of the Universe é tão boa quanto, ou até melhor, com Tony Iommi inspiradíssimo e Ozzy cantando com uma fúria descomunal. Megalomania é magnífica, mais lenta e bem maior do que a maioria das músicas da banda, mas seguramente uma das melhores da vasta história dos mestres. Sabotage ainda traz maravilhas do porte de Am I Going Insane (Radio) e The Writ, e está seguramente entre os melhores. Quem tenta ignora-lo comete um engano inaceitável.

 Sabbath Bloody Sabbath (1973)

   O nome do Black Sabbath só fazia crescer, e nada melhor do que lançar mais uma maravilha incontestável para provar seu poder de fogo. Sabbath Bloody Sabbath é um dos melhores discos da banda, e logo de cara a faixa-título apresenta o riff mais espetacular do mestre dos riffs, ao menos na minha opinião. Quem não concorda certamente não viu a reação indescritível do momento em que Iommi tocou ele no show do Sabbath no Rio de Janeiro, dando uma "enganada" na galera antes de começar Paranoid. A sonoridade apresentada no Vol. 4 é mantida, e não custa lembrar que as 8 músicas são, adivinhem, espetaculares e de indispensável audição. Os destaques ficam para os clássicos Sabbra Cadabra e A National Acrobat, e as extraordinárias Who are You? e Looking for Today. Já estamos falando do que é para mim o 6o melhor disco do Black Sabbath, e o mesmo com total potencial para ser o melhor. Acredite, não são muitas bandas que tem tanta força no currículo.

RUIM

Forbidden (1995)

   Até o Black Sabbath já falhou amigos. A banda estava completamente perdida depois da segunda saída de Dio e do ótimo Dehumanizer. A atual formação contava com Tony Martin - vocal, Tony Iommi - guitarra, Neil Murray - baixo e Cozy Powell - bateria. Martin é o vocalista mais contestado da história da banda, e naqueles anos 90 estava longe da melhor forma, que já não era lá grandes coisas, ao menos em comparação com os "antecessores" Ozzy, Dio e Ian Gillan. O trabalho foi fracasso de público e crítica, e as apresentações ao vivo incompatíveis com o nome Black Sabbath. A coisa foi tão complicada que o Sabbath não lançou nada até o último retorno de Dio e Appice (Heaven and Hell é o cacete, é Sabbath e pronto!) em 2009. Resumindo, pule esta parte da discografia. 


   A discografia do Black Sabbath é tão ampla que inúmeros clássicos não apareceram na lista por falta de espaço. Master of Reality, Mob Rules, Born Again e Dehumanizer são discos espetaculares, tanto quanto os 6 citados acima, além dos também bons Technical Ecstasy, 13, The Devil You Know e Tyr. Boa viagem sabática. 


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

EXODUS-BLOOD IN,BLOOD OUT

   Quem, assim como eu, teve a oportunidade de assistir ao show do Exodus na recente turnê brasileira seguramente está hipnotizado até agora. A banda se mostrou no palco claramente na ponta dos cascos, e o mais novo lançamento prova que a volta de Steve Zetro Souza fez muito bem para a lendária banda de Thrash Metal. Tal fato não é novidade nenhuma para quem viu as duas obras-primas recentes lançadas pelo Hatriot. Pulando a estranha e desnecessária introdução de Black 13, o que se vê dali para a frente é um Thrash Metal digno dos melhores momentos do Exodus. Depois de quatro anos do lançamento do ótimo Exhibit B: The Human Condition, o seu sucessor é, no mínimo, do mesmo calibre. 
   Pulando a já citada introdução, Black 13 é uma faixa grandiosa e uma grande abertura de trabalho. Gary Holt saca um riff magnífico, que misturado ao ótimo trabalho de Tom Hunting na bateria já coloca fogo no play. Zetro já entra rasgando com sua voz única. A faixa-título foi também a primeira a ser apresentada aos fãs, semanas antes do lançamento. Logo quando escutei foi um soco direto no estômago. Já tive a certeza que o trabalho prometia, e que a entrada de Zetro na banda tinha sido mais do que acertada. Nela o vocalista já entra de cara, junto com um instrumental violento que remete diretamente ao ultimo disco dele, o ótimo Tempo of the Damned. Em Collateral Damage as guitarras de Altus e  Holt são o grande destaque, sendo seguidas com precisão pelo grande batera Tom Hunting. Outro momento grandioso.  Além de ser outra pedrada daquelas, Salt the Wound conta com a participação para lá de especial de Kirk Hammet, guitarrista do Metallica. Todos sabem que ele fez parte da banda em seus primórdios, e antes mesmo do lançamento do 1o trabalho fez a famosa troca para o Metallica, substituindo o então guitarrista Dave Mustaine e gravando o Kill em All com os novos companheiros. Assim sendo, depois de muitos anos, finalmente Kirk Hammet participou de um disco do Exodus, fazendo o solo nesta música. Body Harvest já entra violentíssima, com um instrumental impecável. Seguindo a mesma linha da anterior, é um dos muitos ótimos momentos do trabalho. BTK vem com outra participação especial, o grande vocalista do Testament Chuck Billy. A longa introdução é bem interessante, trazendo fortes referências a sonoridade da banda do convidado. A participação é discreta, podendo ser melhor explorada, mas extremamente violenta. Wrapped in the Arms of Rage tem como destaque as guitarras inspiradíssimas no decorrer da música, e novamente uma ótima participação de Steve Zetro Souza. Talvez essa seja a melhor música de todo o trabalho, apresentando um estilo único de Thrash Metal by Exodus. My Last Nerve apresenta um riff cadenciado e muito bem trabalhado, no ponto para fazer o fã bater cabeça, e bem típico dos trabalhos com o novo/velho vocalista. Numb já se apresenta como um dos destaques do disco, sendo um Thrash feroz e magnífico. Holt proporciona um grande show, e a intervenção de  Jack Gibson com seu baixo é precisa. Honor Killings já entra com uma velocidade acima do normal, sendo talvez a mais pesada do disco e mais um dos grandes momentos. Pronta para comandar um mosh pit dos mais insanos ao vivo. Prova que o Exodus não está para brincadeira, maravilhosa é pouco. Food For The Worms encerra o trabalho de forma brilhante, na mesma pegada Thrash da anterior.
   Em linhas gerais, Blood in, Blood Out é um grande trabalho de Thrash Metal, digno do Exodus, um dos seus maiores representantes. A banda se encontrou totalmente, e está encaixada com a atual formação. Ouça sem medo, e bata-cabeça como se não houvesse amanha!