quarta-feira, 29 de abril de 2015

MONSTERS OF ROCK- 1o E 2o DIA- ARENA ANHEMBI- SÃO PAULO

   Um festival que fez história nos anos 90 retorna, com um line up infinitamente melhor do que o de 2013. O que se viu em São Paulo nunca será esquecido pela legião de bangers que invadiu todos os caminhos que levavam a Arena Anhembi. Estive presente nos dois dias, e irei contar o que vi por lá a partir de agora.
 
COMEÇO 
   Para mim, o festival começou já no avião, onde encontrei por acaso amigos no mesmo voo, todos com o mesmo objetivo. No hotel que escolhi, ao lado do Anhembi, foi visto algo especialmente assustador. A invasão de bangers de todo o país no lugar, fazendo filas intermináveis no check-in, restaurante, elevadores e tudo mais, foi realmente emocionante. A cada metro, o assunto era único. O bom e velho Heavy Metal, e as atrações do festival. Quem escolheu ficar por lá se deu bem, porque o trânsito na saída era interminável, e quem ia para longe sofreu. Outra coisa peculiar era poder escutar todo tipo de ruído vindo do palco. Nessas, logo cedo no sábado, pude ouvir toda a intro de Orgasmatron na passagem de som. Naquele momento achei emocionante e surpreendente, mas ao final do dia aquilo faria todo sentido. A principio, era apenas um som aleatório para a passagem, ou talvez, um pequeno ensaio para mais tarde. 
   As horas passavam, a emoção aumentava, e lá fui eu para o Anhembi. A 1a impressão do Monsters of Rock foi uma fila interminável. Para ter uma ideia, dois amigos meus que chegaram 2 horas antes estavam ainda próximos à rua do hotel, onde tive que me infiltrar na dita fila junto de mais dois amigos paulistas e o filho de 12 anos de um deles para poder "ver o Motorhead". Muitos perderam todos os shows de mais cedo, e honestamente, eu simplesmente não tenho pernas para shows de meio-dia a meia-noite, então escolhi ir apenas na hora das bandas que queria ver alucinadamente.
   A coisa se arrastava, enquanto o famigerado Black Veil Bridges tocava. Bem, eu honestamente odeio essa banda, e não entendi sua escalação, mas fiquei com uma certa pena da vaia, das garrafas e do discurso dado pelo líder depois do ocorrido. Se lá estivesse, teria tomado a atitude que sempre tomo em festivais quando rola algo que eu não curto. Simplesmente dou uma volta, como, descanso, tomo uma breja e espero as bandas que valem a pena. O mais adequado seria isso, já que querendo ou não, eles tem seus fãs e estavam lá trabalhando. Mesmo assim, entendo a dureza para os que foram ver os headlines ter que aturar os "moderninhos". Que na próxima vez, em dias assim, a organização opte por novidades como Suicidal Angels e Municipal Waste, ou veteranas clássicas como Obituary, Testament, Sodom, entre tantos outros. Quanto ao que rolou antes, não ouvi maiores comentários destacando nenhum dos shows, talvez por causa da dificuldade para entrar.
 
1o DIA
   No intervalo entre os modernos e o Motorhead, entrei na arena, que estava assustadoramente cheia, como o movimento no entorno indicava. Então era hora de tomar lugar para o que era para mim o grande show do festival. Ai o que aconteceu a seguir foi um dos momentos mais tristes da minha vida relacionada ao Rock N'Roll.

MOTORHEAD
   Um sujeito da famigerada 89, trajando uma blusa do Artic Monkeys (acho que ele errou de festival...), veio dar a noticia que ninguém queria ouvir. Lemmy estava mal, e o show não poderia rolar como programado. Bem amigos, foi um soco na cara violento! Todos que acompanham a banda sabem que há tempos o homem não vai bem de saúde, e eu estava pronto para ver uma bela despedida do Motorhead do Brasil. Infelizmente, ele não está em condições, e naquele ambiente até se cogitava que a lenda poderia estar morrendo, já que não tínhamos a menor informação. O que eu sabia é que não era coisa simples. Esses caras são profissionais ao extremo, e não é qualquer febre que cancela show. Lembrei imediatamente de Steve Harris no dvd Flight 666 e de Geezer Butler no show do Sabbath no Rio. Ambos na merda, com febre alta, e fazendo o show normalmente. Ver um dos meus maiores heróis em tal situação me fez chorar copiosamente, a dor era muito mais do que a do simples show cancelado, e sim de sua vida. Bateu uma tristeza que infelizmente, não curou até o fim do 1o dia. Então a tal passagem de som com Orgasmatron, de 9h da manha, fazia total sentido, o que indicava que Lemmy já não estava legal, mas preferiram segurar até a última hora, na tentativa de uma melhora. Mikkey Dee e Phil Campbell se juntaram a Andreas, Paulo e Derrick, do Sepultura, para uma jam arrumada de última hora, um ato de força eterna do Rock N'Roll. Rolou as obrigatórias Overkill e Ace of Spades, hinos máximos do Motorhead, junto de Orgasmatron, a música do Motorhead eternizada pelo Sepultura em Arise, numa bela versão que une duas lendas do Heavy Metal. Bem, se alguém teve coragem de criticar, saibam que um show de Rock não se faz em um dia, e sim em intermináveis ensaios. Sabe-se que a qualidade dos músicos é indiscutível, mas sem as horas de ensaio necessárias, nada acontece. Para todo time de estrelas, é preciso horas de treino.
   Passado isso tudo, e com a emoção que a história viva do Rock N'Roll proporcionava a todos os presentes na 1a noite de festival, era hora de me recuperar. Até agora não tivemos grandes explicações, fora o vídeo comovente de desculpas de Lemmy confirmando os shows seguintes - um erro ao meu ver, mas torço por ele e por seus fãs que estão prontos para o que vier. Seja como for, Lemmy precisa dar um tempo na sua vida de 70 anos de agito.

JUDAS PRIEST
   O Judas Priest faria valer a letra do Queen em Show Must Go On, e com todos visivelmente emocionados e abalados, subiria ao palco para um show grandioso. Foi dito que ele seria "maior", mas apenas foi a apresentação do Rio, que já contei aqui, com a exclusão de duas músicas (Beyond the Realms of Death e March of the Damned), o que indica um tempo reduzido para o 2o headline da noite, um erro ao meu ver. A banda subiu disposta a compensar os fãs com uma apresentação digna da história que tem. A multidão estava lá para ver o trio de headlines, e o clima criado foi único e maravilhoso. O começo foi semelhante ao que ví dois dias antes, com a nova Dragonaut, que cumpre muito bem tal papel, e os hinos Metal Gods, Devil's Child e Victim of Changes, que ao vivo são impagáveis! Todos cantavam forte cada verso. Halls of Valhalla já caiu no gosto, mostrando que o novo trabalho é ótimo. Love Bites arrepia, e Turbo Lover é uma das mais celebradas. Redeemer of Souls se consagra como a nova definitiva, e Jawbreaker faz a velha-guarda ir ao delírio. O hino Breaking the Law é cantado em uníssono, assim como Hell Bent for Leather, que tem a clássica entrada da Harley do metal god. O show se encerra com o desfile de clássicos Electric Eye, You've Got Another Thing Comin', Painkiller e Living After Midnight. Um show épico, com qualidade sonora bem superior a vista numa casa fechada a partir da metade, algo que só se viu ali em todo o festival. Rob ainda se despede com uma comovente lembrança ao grande Lemmy, mostrando que a força do Heavy Metal é maior do que tudo.

OZZY OSBOURNE
    O show espetacular do Judas melhorou o clima de depressão que tomava conta do lugar. Agora era hora de ver mais uma lenda, o senhor Ozzy Osbourne. Quem conhece um pouquinho de Rock N'Roll sabe muito bem que esse não é um show de um ex qualquer coisa, com músicas solos que apenas servem para tentar fazer a coisa ser mais atual. Se formos ignorar o que esse senhor fez com o Black Sabbath, ainda seria o show clássico, com hinos eternos do Heavy Metal a perder de vista presentes em trabalhos obrigatórios como No More Tears, Bark on the Moon, Blizzard of Ozz e The Ultimate Sin, por exemplo. Assim sendo, todo show do Madman apresenta um cardápio farto de clássicos para serem apresentados, sendo uma verdadeira viagem pela história do Heavy Metal. Ozzy esteve reunido com o Sabbath nos últimos anos, e seu ultimo lançamento solo foi apenas em 2010. Depois da tour mundial com a sua banda de origem, fez apenas um show ano passado, fazendo da apresentação no Monsters algo totalmente imprevisível, sendo aguardada pelos fanáticos por Sabbath que lotavam o lugar. 
   O show foi "curto", nenhuma novidade, já que o homem faz isso há anos, até mesmo com o Sabbath. Mesmo assim, é o terceiro que vou, contando com o Sabbath, e todos foram fantásticos. Com a sempre competente banda, onde Gus G, Adam Wakeman, Rob Nicholson e Tommy Clufetos desfilam inspiração, Ozzy está em forma vocal, e mesmo com o peso natural da idade, ainda rende ao vivo. As brincadeiras com o público estão sempre presentes, principalmente nos banhos de espuma que ele tanto gosta. 
    O pontapé inicial foi com Bark At The Moon, mesma da última tour solo, que caiu muitíssimo bem. Em seguida, sem ninguém esperar, Mr. Crowley veio como um furacão, criando um clima fantástico e indescritível no lugar. Foi realmente de arrepiar, e o hino do disco de estreia de sua carreira solo fantástica entrou para a história do festival. I Don't Know foi uma grata surpresa. Outra de Blizzard, outro momento lindo. Ai Ozzy manda a 1a do Sabbath, algo que nem seria preciso, mas sempre cai muito bem. Fairies Wear Boots, assim como todas da banda que Ozzy costuma lembrar, são da obra-prima Paranoid. Nesse show realmente não tinha tempo para respirar, era só clássico.  Suicide Solution dispensa comentários, como tudo que aparece no 1o disco do Madman. Uma sacada genial. Road to Nowhere é para mim a melhor de toda a "carreira solo".  A balada fantástica e inspiradíssima presente no icônico No More Tears, talvez um dos discos que mais ouvi na vida, simplesmente me faz viajar em meio a tanta perfeição. Melhor do Ozzy foi, nada mais justo que de cara, vir a melhor do Sabbath. Não adianta amigos, War Pigs é irresistível, e mesmo ouvindo cada virgula que Iommi fez durante toda a sua vida, para mim nada supera esse hino. Gus fez um belo papel, mas ninguém sabe tocar Sabbath com o timbre fantástico de Iommi. A música emociona até uma pedra ao vivo, principalmente com o famoso ÔÔÔ entoado a plenos pulmões. Shot in the Dark foi outra escolha surpreendente e acertada, assim como Rat Salad, uma velha carta na manga do homem para um breve descanso durante os shows. Nesse momento uma breve chuva se faz presente, mas foi só começar o riff de Iron Man, um dos mais famosos da história, que parou tudo para todos reverenciarem mais um hino. I Don't Want to Change the World, mais um clássico, mostra sua força. Bem,Crazy Train e Paranoid dispensam qualquer tipo de apresentação, e falar que ambas devastaram o Anhembi é desnecessário. 
   Olha, épico é pouco para descrever o show que foi, ao meu ver, o melhor do festival. Com músicas assim, não tem erro, e só não digo que não poderia ser melhor porque inexplicavelmente Mama I'm Coming Home e Fire in the Sky sumiram do set divulgado pela produção. Fora isso, tudo impecável, e quem viu Ozzy Osbourne e sua banda em ação vai levar o show na memória para toda a vida. 

BALANÇO GERAL DO 1o DIA
    A já citada fila na entrada não se resumiu a isso. O grande público que compareceu ao evento enfrentou algo semelhante em banheiros e bares, mas se procurasse um pouco, poderia encontrar banheiros menos movimentados - o que fiz, achando um que estava dando vasão - e ambulantes vendendo batata frita, pipoca, cachorro-quente, cerveja e água, entre outros produtos, sem a necessidade de fichas, algo que facilitava bastante as coisas. O público foi maior neste dia, isso empurrado basicamente pelos 3 headlines gigantes, tendo uma enorme lacuna entre eles e as demais atrações. Isso prova que o Heavy Metal legítimo ainda leva muito público aos shows, e a força dos nomes Motorhead, Judas Priest e Ozzy Osbourne é enorme. O dia foi marcado pela tristeza que a ausência de Lemmy causou, mas também por shows épicos de Ozzy e Judas. A vaia ao Black Veil Bridges também marcou, e por mais que seja maldosa, ilustra como eles estavam sobrando no cast, e um nome nacional de peso cairia bem melhor. Foi assim, em poucas palavras, a abertura de um festival que abalou as estruturas da cidade, e foi um sucesso.



2o DIA

   O clima no hotel mais headbanger da cidade continuava quente. O assunto era o que aconteceu no 1o dia de evento, e as expectativas para quem ficou para o 2o. A maioria ficou, e a chegada de novos bangers diminuiu. O segundo dia apresentava atrações fortes desde cedo, mas novamente optei por chegar um pouco mais tarde. O show do Steel Panther foi muito elogiado por conhecidos, e no dia seguinte na galeria, e foi marcado pelo topless coletivo, marca do Hard oitentista. A banda é ótima, e tem potencial de sobra, mas um show rolando 1h da tarde quebra a firma pro meu lado. O grande Yngwie Malmsteen se apresentou depois, também forçando muitos a chegarem mais cedo, mas não ouvi muito a respeito de sua apresentação. A fila simplesmente sumiu, algo que me assustou, mas o público, mesmo menor que no 1o dia, estava longe de fazer feio. Diria que podemos ter tido algo como 5 mil a menos, mas ainda tinha muita gente. 
   Cheguei no meio do show do Unisonic, liderado pelo grande Kai Hansen. Nunca fui grande fã de Helloween, mas sempre respeitei imensamente o trabalho da banda, e por consequência, nunca acompanhei o projeto, mas o que vi foi um show bem interessante, com participação forte dos fãs. Destaque para o clássico I Want Out. 
   
ACCEPT
   Depois de uma visita pelos estandes da Roadie Crew e da loja Hellion Records, duas das muitas atrações para o bolso do banger que por lá passava, e ainda na luz do dia, era hora de pegar lugar para ver a lenda do mais puro e tradicional Heavy Metal alemão. Depois de um show fantástico abrindo para o Judas no Rio, a banda faria um show ainda mais grandioso no festival. Em grande forma, a banda repetiu quase tudo que foi visto no Rio em termos de setlist, apensa trocando Losers And Winners por London Leatherboys, ambos clássicos do grande registro Balls To the Wall. A participação do público foi o maior destaque, junto com a garra da banda, fazendo da apresentação uma das mais comentadas e celebradas em todo o festival. Hinos como Restless and Wild, Fast as a Shark, Princess of the Dawn, Metal Heart e Balls to the Wall foram os grandes momentos, assim como Teutonic Terror, de Blood of the Nations, que se afirma como um verdadeiro novo clássico do retorno da banda. As novas Final Journey e Stampede mostram seu poder de fogo, assim como Stalingrad e Pandemic, também da "nova fase". O show ao anoitecer foi simplesmente inesquecível, para não dizer fantástico, mostrando a grandeza do Accept.
    O show seguinte seria do Manowar, uma banda que respeito apenas pelo fato de possuir uma legião de fãs, alguns deles profundos conhecedores de Heavy Metal, mas honestamente eu detesto. Simplesmente eu não consigo levar a banda a sério, pela postura, letras, vestimentas e tudo mais que envolve os ditos "reis do Heavy Metal", autointitulados obviamente. Para ilustrar o que eu digo, basta conferir a patética entrevista da banda na Roadie Crew de abril, e o discurso de Joey Demaio, digno de uma criança de 10 anos de idade. Passei longe do palco, e pude ver o volume assustadoramente alto, outra marca registrada da banda. Não tem nada de oficial no que estou falando, mas surpreendentemente, depois do show os PA's nunca mais foram os mesmos, principalmente no show do Kiss. Algo me diz que algumas caixas podem ter estourado em meio a barulheira da banda. Em resumo, um belo momento para ir descansar, beber, comer e tudo mais, enquanto esperava pelos shows do Judas Priest e Kiss. Quem gosta, achou maravilhoso, diferente do que se viu no último show deles por aqui, com vaias e camisas queimadas por causa do fraco setlist apresentado, sem os clássicos. Sendo justo com eles, uma boa quantidade de pessoas estava com a camisa da banda.

JUDAS PRIEST
    Chega então ao fim a minha maratona Judas Priest, com o terceiro show em 4 dias. Um pouco mais curto do que o que vimos no dia anterior, foi mais um show fantástico, reforçando a força da marca. De novo, rolou a troca entre o clássico Love Bites e a nova March of the Damned, e a exclusão de You've Got Another Thing Comin'. De resto, mais um desfile de clássicos apresentados com a precisão de sempre. Painkiller, Electric Eye, Hell Bent for Leather, Breaking the Law, Turbo Lover e Metal Gods foram as mais celebradas, incluindo breves rodas formadas ao longo da pista. O público foi ao delírio com uma das entidades do Heavy Metal, que pelo segundo dia seguido, deu o seu recado no Monsters of Rock. 

KISS
   É chegada a hora do último show do festival, papel para uma das maiores bandas da história do Rock, que levou uma legião de caras-pintadas para o Anhembi. Celebrando os 40 anos de história na atual tour, a banda mostra um pouco da sua coleção de clássicos eternos do Rock N'Roll, junto a tradicional pirotecnia que transforma o show no maior espetáculo musical possível. Kiss ao vivo é sempre algo único, e meu segundo show foi simplesmente memorável. 
   A cortina cai, o tradicional grito introduz, e Paul Stanley, Gene Simmons, Tommy Thayer e Eric Singer sobem ao palco do festival ao som do hino Detroit Rock City, que também abre a obra-prima Destroyer. Arrepiante, com um público hipnotizado cantando cada verso. Depois vem a indescritível Creatures of the Night, que me emociona profundamente, já que ela é uma das minhas preferidas. O público responde, mesmo com um Paul mais econômico no agudo do refrão. Psycho Circus, a única marca positiva da tour de reunião com Ace e Peter, já pode ser chamada de clássico, sempre causando um efeito único nos shows. O hino I Love It Loud e a magnífica War Machine mostram mais um pouco de Creature, um disco simplesmente perfeito. Bem, já deu para ver que a coisa tava boa né? Gene cospe fogo ao final, e vem simplesmente Do You Love Me, uma pérola que encerra o Destroyer, momento mais emocionante do show para mim. Com todos os efeitos, a parte fora música que mais emociona para mim em todo o show foi aqui, quando o telão mostrou várias imagens do Kiss em todas as épocas, com a ajuda da letra, uma ode ao Rock N'Roll. Paul apresenta Deuce como ela pede, dizendo ser um clássico do 1o disco. Apensa isso. Já em Hell or Hallelujah, ele arranca alguns risos, falando que a próxima seria clássico no futuro. Monsters é um disco bom ao meu ver, e a música é interessante, merecendo ser lembrada. Calling Dr. Love nos transporta para Rock N'Roll Over, e o hino Lick It Up é cantado em uníssono. Hora de Gene cuspir sangue, e subir até o teto para cantar o clássico God of Thunder, não sem antes falar do "bubum das brasileiras", reforçando o sensacional discurso que Paul deu pouco antes. Parasite surpreende, sendo um momento sensacional. Hora de Paul voar, e chegar bem próximo do lugar que eu estava. Foi arrepiante ficar tão perto de um dos meus maiores ídolos, durante outro hino, Love Gun. Ele ainda introduz Black Diamond, talvez a minha preferida do Kiss, e honestamente quase percebo uma lágrima cair. Para encerrar, os hinos máximos Shout It Out Loud, I Was Made for Lovin' You e Rock and Roll All Nite, com a tradicional chuva de papel picado no final. 

FIM DE FESTA
  Lá se foi o Monsters of Rock, encerrado com um show magnífico do Kiss. God Gave Rock 'n' Roll to You, que rolou depois do show nos PA's, foi o final mais apropriado para essa verdadeira celebração do estilo, com fãs de todo o país, e até de países vizinhos. Mais uma prova que o legítimo Rock N'Roll da retorno sempre, mesmo em tempos de crise econômica, e uma boa organização faz as coisas funcionar. Quem esteve presente viu grandes shows, verdadeiramente inesquecíveis, fazendo mais um capítulo do festival no Brasil ser glorioso. A segunda era dia de cada um voltar a sua rotina, com um enorme sorriso no rosto, mas sempre com a triste lembrança do show cancelado do Motorhead, talvez o fato que mais marcou. 

sexta-feira, 24 de abril de 2015

SHOW DO JUDAS PRIEST + ACCEPT-VIVO RIO-RIO DE JANEIRO

   Para os cariocas, a noite de quinta-feira foi de uma pequena e gloriosa amostra do que será o festival Monsters of Rock. Para muitos, como eu, era um esquenta para a viagem e o festival. Para outros, que não poderão estar presentes, foi um sensacional prêmio de consolação. Em uma noite, duas das maiores representantes do Heavy Metal em sua mais pura, tradicional e magnífica essência. Judas Priest e Accept em grande forma, com a ótima abertura de Robertinho do Recife e sua Metal Mania.
    O público correspondeu, e chegou muito próximo de lotar o Vivo Rio, que tem capacidade para 4 mil pessoas. Quem chegou cedo pode conferir uma aula nas 6 cordas do grande Robertinho. O show foi basicamente instrumental, com uma espécie de "robô" com capacete cantando breves versos vez ou outra. Nele, vimos passagens de legítimos hinos de Ozzy, Sabbath, Purple e Maiden. Show de virtuose, e todos estavam devidamente aquecidos. 
    Antes de falar dos shows da noite, fica aqui, não posso deixar de registrar meu susto com os preços inflacionados em tudo que se refere a um show de grande porte nos dias de hoje. Já na chegada, o estacionamento de uma casa isolada em uma via expressa, que a ida de carro é quase que a única opção viável/segura para a região, custava assustadores 35 reais. Lá dentro, mesmo que dessa vez o ingresso tenha sido um pouco mais acessível, era cerveja por 9 reais, e camisas a 100 (Judas) e 80 (Accept) reais. Isso mostra como está tudo, absolutamente tudo, mega-inflacionado quando o assunto é um simples show de Rock, e como a ganância pode afastar cada vez mais o grande público dos mesmos.
   Vamos a parte boa. O Accept teve um retorno glorioso com a atual formação, que agora também conta com Uwe Lulis (guitarra) e  Christopher Williams (bateria). Três grandes trabalhos provam que os mesmos estão vivos, mais vivos do que nunca. O set foi breve, mesclando músicas dos citados 3 discos, e clássicos indispensáveis. De cara vem a ótima nova Stampede, e Stalingrad, faixa-título do ótimo trabalho lançado em 2012. Ai somos pegos de surpresa com um hino, Restless and Wild, que da nome ao disco mais espetacular da carreira da banda, ao meu ver. Vem então Losers and Winners, um momento glorioso do único e magnífico Balls to the Wall. Clássicos lembrados, voltamos ao presente, com Final Journey, talvez a melhor do grande Blind Rage. O que falar de Princess of the Dawn? Ela foi muito celebrada pelo público, que apreciou bastante a "abertura". Pandemic lembra o fantástico Blood of the Nations, o disco de retorno, e abre caminho para mais um hino, Fast as a Shark. Metal Heart não fica por menos, e Teutonic Terror mostra que o Accept já possui clássicos em sua nova era. Balls to the Wall é cantada com força, e encerra a breve, mas fantástica, apresentação do grupo alemão.
   Bem, só pelo que vimos pode-se dizer que já tinha valido a noite, mas ainda teria muito mais. O Judas Priest é uma entidade do Heavy Metal, incontestável e importantíssimo na história. Qualquer coisa será pouco para o que representa a banda para o estilo. Eles retornaram da aposentadoria, muito por causa do caldo que deu a nova formação, com Richie Faulkner na guitarra. O set veio sem grandes novidades, pelo que foi visto em toda tour, mas estava fantástico e para arrancar lágrimas dos fãs mais ardorosos. Dragonaut, do ótimo disco novo, abriu os trabalhos. Foi a deixa para um desfile de clássicos. Metal Gods, um dos hinos supremos do Heavy Metal, foi muito celebrada. O metal god continua cantando, e muito. Devil's Child foi uma sacada única, vinda diretamente do clássico Screaming for Vengeance. Victim of Changes foi talvez o grande momento da noite, simplesmente a coisa mais linda do mundo. Halls of Valhalla volta ao disco mais recente, e abre espaço para a única Love Bites, talvez o grande momento do clássico  Defenders of the Faith. March of the Damned é outra nova. Turbo Lover, do contestado Turbo, é uma das que se salvam, e anima bastante. Redeemer of Souls, que da nome ao novo disco, é a melhor do trabalho, e seguramente vai figurar entre os grandes clássicos da banda no futuro. Beyond the Realms of Death vem para matar os fãs old-school do coração, e inicia um desfile de clássicos até o final. Jawbreaker é mais uma escolha genial, que chega a arrepiar. Então é hora do hino máximo Breaking the Law, cantado pela banda, e não pelo público, mas de arrepiar. Hora da Harley de Rob invadir o palco, algo que é sempre marcante, e do hino Hell Bent for Leather. Uma breve pausa, e temos Electric Eye, simples assim. Show de bandas como o Judas é assim, vai e vem de clássicos, e ainda assim muita coisa boa de fora. You've Got Another Thing Comin', Painkiller, que causa um efeito devastador na pista, e Living After Midnight fecham com chave de diamantes um grande show de Heavy Metal.
   Um público interessante em números e em participação viu dois shows inesquecíveis do mais puro e tradicional Heavy Metal. O som era bem ruim, muito baixo no Accept e embolado em ambos, mas não ao ponto de comprometer um evento desse porte. Fora isso, todos sabemos que Judas Priest e Accept no palco é sempre jogo-ganho, garantia de satisfação para todos. Um baita esquenta para um festival que tem tudo para ser monstruoso! 

segunda-feira, 13 de abril de 2015

DISCOGRAFIA COMENTADA-KISS

   Os monstros estão chegando, então nada mais justo que lembrarmos deles. Vamos falar um pouco de Kiss, fazendo uma viagem por sua discografia. A banda demorou a acontecer de verdade, mas quando conseguiu transportar a fúria de seus shows para o disco Alive!, o mundo conheceu a força de Paul Stanley, Gene Simmons, Ace Frehley e Peter Criss. A formação foi mudando com o passar dos anos, sempre com Paul e Gene a frente de tudo, assim como o estilo. Seja como for, o gigante mundial nos anos 70 atravessou 40 anos com uma história gloriosa, chegando em 2015 ainda lotando estádios ao redor do mundo. Vamos conhecer um pouco de algumas das grandiosas obras do Kiss. 

EXCELENTES


Destroyer (1976)

   A obra do Kiss é recheada de ótimos momentos, sendo difícil escolher o melhor, mas por muito pouco eu fico com Destroyer. Lançado depois de Alive!, momento de uma grande virada para a banda, aqui ela se firmou definitivamente entre os gigantes do estilo nos anos 70, dominado por bandas inglesas, mas tendo Aerosmith, Lynyrd Skynyrd e Kiss levantando com força a bandeira americana. Considero Destroyer um trabalho perfeito, sem demagogia, algo realmente raro. O Rock N'Roll simples e direto que ditava as regras na época eternizou momentos como Detroit Rock City, Shout It Out Loud e God of Thunder, verdadeiros hinos do Rock, além de maravilhas do porte de Do You Love Me?, Flaming Youth, Great Expectations e King of the Night Time World. Outro destaque, que gerou certa polêmica, foi a balada Beth, algo inimaginável para a época,  mas uma canção de beleza única. Bote no play sem pena, de Detroit Rock City a Do You Love Me?, é diversão garantida de um Kiss em seu auge. 

Creatures of the Night (1982)

   Ao menos por aqui, os fãs de Kiss se dividem quase que igualmente na hora de decidir entre Creatures e Destroyer como qual seria a obra-prima da banda. Para mim, honestamente, é empate técnico. A fase não era das melhores no inicio dos anos 80. Vindo de 3 trabalhos contestados e longe das vendagens de outrora, a banda precisava sair do abismo, mas nem lançando essa pérola foi possível. Creatures foi reconhecida com o tempo, mas as vendas iniciais não chamaram atenção, fazendo com que para o trabalho seguinte a banda passasse por grandes transformações sonoras, de formação e de imagem, abandonando a maquiagem famosa. Na bateria, já temos aqui o fantástico Eric Carr, mas Ace estava encerrando a sua era no Kiss, até a desastrosa reunião. Nisso tudo, o Brasil teve grande papel, abraçando o trabalho com vendagem recorde e eternizando as 3 históricas apresentações em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Musicalmente, é mais um trabalho impecável. I Love It Loud é o grande clássico, mas grandes momentos como a faixa-título, a belíssima I Still Love You, War Machine, Danger e Saint And Sinner, só para citar algumas, fazem de Creatures um trabalho único e magnífico. Mais um que podemos ouvir do inicio ao fim sem medo.

ÓTIMOS

Kiss (1974)

   Não foi um impacto imediato, mas ao longo dos anos o primeiro disco do Kiss se tornou um verdadeiro marco na história do Rock. O trabalho é mais uma obra impecável, repleto de clássicos e extremamente presente em todos os shows até hoje. O grande destaque para mim vem no encerramento, com a fantástica Black Diamond. Com a simplicidade característica do Kiss setentista, ela emociona até uma pedra quando vem arrebatadora nos shows. Obviamente não é só ela. Kiss traz clássicos como Strutter, Nothin' To Lose, Firehouse, Cold Gin, Deuce e Let Me Know. Isso basta para demonstrar a coleção de hits que o disco apresenta, e porque ele é uma obra indispensável para qualquer amante do estilo. 

Lick it Up (1983)

    Como já foi dito, o Kiss passava por um momento complicado no inicio da década de 80, fazendo com que grandes transformações ocorressem com a banda. A primeira, e obviamente mais evidente, foi o abandono das clássicas e marcantes maquiagens, uma jogada de marketing para quem tinha curiosidade de ver o Kiss de cara limpa. Outras mudanças aconteceram na formação. Eric Carr já vinha de dois trabalhos anteriores, mas aqui temos a estreia do fantástico Vinnie Vincent na guitarra, formando com Paul e Gene o novo Kiss. O som foi modernizado, mas com muito peso, que faltava nos breves flertes com a Disco music e o Pop que tanto mal fizeram a banda em trabalhos anteriores. Mesmo assim, ainda estava longe do rockão setentista, se aproximando do Hard Rock que marcou a década. Seja como for, em Lick it Up o resultado foi fantástico. Muitos criticam os trabalhos da "fase hard" do Kiss, como  Animalize, Asylum e Crazy Nights, ao meu ver um equivoco, já que considero todos estes obras fantásticas, mas Lick it Up ninguém ousa menosprezar. Ele já começa com a fantástica Exciter, e passa por momentos grandiosos como All Hell's Breakin' Loose, A Million To One e And On The 8th Day, um verdadeiro tributo ao Rock N'Roll, que encerra o trabalho. A faixa-título se tornou o hino definitivo do trabalho, sendo obrigatória até hoje no set e um dos maiores sucessos do Kiss. 

BONS

Love Gun (1977)

   Depois de dois lançamentos fantásticos em 76, o Kiss estava no topo do Rock no ano de 77, e Love Gun veio para comprovar isso. O novo trabalho se tornou um clássico imediato, tendo uma vendagem fantástica e momentos definitivos na história do Kiss. Um marco dele foi a participação de todos os integrantes cantando ao menos uma música. Ace, Peter, Paul e Gene estavam no auge, e o solo do Spaceman em Shock Me, clássico de sua autoria e voz, prova isso. Pergunte ao Vagner do Sarcófago a sua opinião sobre este momento para tirar qualquer dúvida. A faixa-título se tornou o clássico definitivo, sendo o voo de Paul nos shows para ficar mais próximo do público um verdadeiro marco. Momentos como Plaster Caster, Christine Sixteen, I Stole Your Love e Got Love For Sale também são espetaculares. Mais um clássico. 

Rock and Roll Over (1976)

   Se nos dias de hoje qualquer banda da época gasta rios de suor para lançar trabalhos no máximo razoáveis a cada 5 anos, incluindo o próprio Kiss, a realidade dos anos 70, quando ainda se vendia como água, era bem diferente. Em 76, o Kiss não estava satisfeito apenas com o clássico Destroyer, e ainda tirou da cartola o magnífico Rock and Roll Over. Ao meu ver, ele não chega ao nível fantástico do anterior, mas não fica longe, sendo mais um marco na discografia da banda. Não temos aqui um "grande hino", que se destaca dos demais, mas em compensação inúmeros clássicos que marcaram época e moram no coração de qualquer Kiss maníaco. As espetaculares I Want You, Take Me, Calling Dr. Love, Hard Luck Woman e Makin' Love não me deixam mentir. Rock and Roll Over é clássico, e não te deixa respirar. Mais um disco obrigatório. 

RUIM

Carnival of Souls: The Final Sessions (1997)

   Numa discografia tão longa e rica em momentos grandiosos como a do Kiss, é complicado falar num momento menos inspirado da banda. Obviamente, como todos os mortais, o Kiss já errou a mão, e em Carnival of Souls isso ficou mais evidente. O gás da retirada das maquiagens já não fazia efeito, e era hora de fazer algo novo. Depois de 5 anos de espera, essa nova tentativa de se reinventar não teve o efeito esperado, e o peso fora de medida influenciado bastante pelo Grunge que o Kiss tentou impor foi absolutamente ignorada pelos fãs. Prova disso foi a reunião da formação clássica e a volta das maquiagens no ano seguinte. Bruce Kulick  teve seu papel na banda, e Eric Singer em breve voltaria, estando lá até hoje, mas aqui foi tudo um inegável equivoco.



   Isso foi apenas uma pequena parte da história gloriosa do Kiss. Dos trabalhos não citados, podemos considerar Hotter Than Hell, Dressed to Kill, o injustiçado Music from "The Elder", Animalize, Asylum, Crazy Nights, Hot in the Shade, Revenge e Psycho Circus verdadeiros clássico, ou mesmo um pouco menos que isso, grandes trabalhos. Outros como Dynasty, Unmasked, Sonic Boom e Monster um pouco menos inspirados, mais ainda com bons momentos que merecem ser lembrados. O Kiss atual ainda é muito bom, e mesmo um pouco desgastado pelos anos e modificado na formação, nos oferece grandes shows e pontuais músicas novas interessantes. Se você tiver a oportunidade de ver a banda em ação na próxima tour, em especial no show do Monsters of Rock, não deixe de conferir. Você verá um gigante fazendo um verdadeiro espetáculo do Rock N'Roll. 



quarta-feira, 8 de abril de 2015

SHOW DO PAUL DI'ANNO+OBITUARY+PROJECT46

   A noite de domingo no Circo Voador, um tanto quanto estendida para os bravos trabalhadores presentes, foi um grande misto de emoções. Um público pequeno para a casa, que caberia perfeitamente no Teatro Odisseia, agitou o quanto pode, mas se mostrou cansado pelos atrasos, um tanto quanto disperso em vários momentos. Honestamente, não chegou a fazer feio, mas esperava bem mais, tendo em conta que são artistas fortes com públicos bem distintos (que lotaram suas últimas apresentações por aqui). Em poucas palavras, vimos um show bem maduro do Project46, mas ainda muito longe de figurar na elite do metal nacional (considero nomes como Krow, Lacerated And Carbonized e Violator bem a frente, para citar apenas alguns da nova geração), uma apresentação memorável do Obituary e um Paul Di'Anno visivelmente emocionado, em péssima forma, mas comandando tudo com o coração. Some-se a isso a sorte que tive de poder conhecer o Obituary no camarim, trocar uma boa ideia com os integrantes, e ter fotos, adesivos e autógrafos (fora a palheta que peguei no show) como recordação. Vamos destrinchar isso tudo então.
    A chuva vinha com vontade na hora que chegava a Lona. Um público reduzido estava por lá, e o M&G anunciado para a hora do show do Project46 foi adiado para o intervalo entre as atrações principais. Aparentemente, as lendas do Death Metal ainda não tinham chegado. Os brasileiros fizeram um show muito bom, bem melhor do que eu vi no fatídico Metal All Stars ano passado. Bons momentos do interessante Que Seja Feita A Nossa Vontade, coma energia contagiante e os excessos de "rebeldia" do líder bem mais controlados marcaram  a apresentação, com público menor do que o já pequeno e pouco participativo, mas com exceções que estavam curtindo intensamente. Como saldo, um bom show de abertura.
    Depois chega a hora o Obituary, com um atraso de cerca de meia hora. Todos estavam esperando a reedição da épica noite no Teatro Odisseia em 2014, e de fato isso não só aconteceu, como ao meu ver, foi ainda melhor. O set apresentou muita coisa do ótimo disco novo, Inked in Blood, além de clássicos basicamente presentes no "trio de ferro" (The End Complete, Slowly We Rot e Cause of Death). A banda vem ainda mais "rodada" para o show, levando em conta a tour e o lançamento de um ótimo trabalho. Cada integrante comia seu instrumento com farofa, e aquelas pausas constantes do ano anterior não aconteciam, já que um set bem mais ensaiado e dinâmico fez a coisa fluir melhor. De cara vem duas pedradas do novo trabalho, Centuries of Lies e Visions In My Head, que são Obituary (e naturalmente, Death Metal) puro. A coisa esquenta mesmo em Infected, fantástico momento da obra-prima Cause of Death. Em Intoxicated, um dos hinos máximos, o mosh pit sai do controle, e a boa quantidade de fãs da banda agita como nunca. Neste ponto vale a comparação. Obviamente, pelos estilos bem diferentes, teve muita gente que foi ver a "sua banda". Os fãs do Obituary ficaram extasiados do primeiro ao último minuto, participando intensamente do show, enquanto a turma de Di'Anno se dispersava, ao ponto do público ir minguando ao longo do show. Isso prova a diferença entre as duas apresentações. A noite teve ainda clássicos do nível de I'm In Pain, Don't Care (única que não faz parte dos 3 primeiros trabalhos, e nem do novo, uma grata surpresa. Verdadeiro clássico), Back to One, Dead Silence e o encerramento com o hino máximo Slowly We Rot, provocando um caos na lona. As novidades Inked In Blood, Back on Top e Violence também tiveram um resultado fantástico. Uma das mais importantes bandas da história do Death Metal fez um show digno do nome. Os fãs cariocas tiveram novamente o prazes de ver uma lenda em ação. Tomara que role mais, muito mais!
   No intervalo rolou o aguardado M&G, que consegui graças ao sorteio na página da produtora. Tive autografados meu vinil do Slowly We Rot e cd do The End Complete, fora a foto com toda a banda, adesivos e a interação. Algo realmente inesquecível, em pleno camarim do Circo Voador. Cheguei a ver a entidade Paul Di'Anno de perto, mas ele se concentrava para o show e preferi não atrapalhar, já que ele parecia cansado enquanto descansava numa cadeira, sua companheira durante toda noite devido ao acidente que sofreu. Tive a chance de conhece-lo na terça seguinte ao show, numa tarde de autógrafos na loja Joey Ramone Place, em Copacabana. Lá foi mais uma foto e itens autografados, tudo muito breve e sem grandes interações.
   Depois do encontro, veio o desfecho da noite. Paul Di'Anno sempre será lembrado pelo trabalho magnífico nos dois primeiros discos do Iron Maiden, dois clássicos obrigatórios na discografia de qualquer Headbanger. Sua carreira solo nunca decolou, mas não existe quem ouse desqualificar o status de lenda que o homem adquiriu. Muitos estavam lá para se curvar diante dele, e ouvir a voz original da donzela cantar o 1o disco na íntegra, assim como alguns destaques do espetacular Killers. O show começou com o segundo disco, que teve os clássicos The Ides of March, Wrathchild, Murders in the Rue Morgue e Killers lembrados. Sempre bom ver isso, mas tecnicamente falando, o show ficou devendo, e muito. Em certos momentos, a voz única de Paul aparecia, por mais que ele faça de tudo para estraga-la ao longo dos anos. Seu estado era realmente de dar pena, não só pelo acidente que o impedia de ficar de pé (algo que o entristecia profundamente, ficando claro nos lamentos por todo o show), mas pelo consumo excessivo de Cigarro e Whiskey, companheiros fies durante todo o show, e como já ouvi de muitos, Cocaína, ao longo dos anos. A cada música vinha um discurso, todos de um homem triste e desgostoso com a vida. A coisa era séria mesmo, e o papo sempre se alongava, indo a xingamentos a Dilma (!), Elton John no Rock in Rio (!!!), alfinetadas ao eterno desafeto Bruce Dickinson, comentários futebolisticos, lamentos em geral e declarações de amor ao Brasil. Em certos momentos, era sim muito emocionante, e o cara é um dos meus maiores ídolos, mas certas palavras emocionariam até uma pedra. Mesmo assim, não podemos chamar o show de bom, porque o papo sempre quebrava o andamento, e na prática, o homem falhava feio em certos momentos, e acertava em outros (sabe-se lá como). Entre o papo, Paul disse que sua voz poderia não ser a melhor, ele não era um "rockstar", mas sempre tenta fazer o melhor. Como já foi dito, o público diminuiu consideravelmente ao longo do show, e quem ficou foi a turma mais fiel possível. Pulando a parte solo do show, que desconheço totalmente, do 1o Maiden veio quase tudo, menos Strange World. Prowler e Remember Tomorrow, por exemplo, foram desconfiguradas, mas Phantom of the Opera ficou bem legal. Para encerrar, veio a veia Punk do homem, o estilo de vida e de som que Di'Anno sempre amou. Os hinos Blitzkrieg Bop (cantado pelo grande Monstro, que toca e canta em tributos ao Motorhead, Metallica, Ramones e AC/DC, por exemplo. Uma figura famosa e sensacional da nossa cena) e Anarchy In The UK.
    Assim foi a noite de domingo, com público menor do que o esperado, e shows de qualidade. Obituary se mostrando gigante, e Paul Di'Anno decadente, sejamos francos. Abaixo, as fotos que tirei com o Obituary, e o material que levo de lembrança.

Eu e a banda

Foto de celular. Obituary em ação

Palheta que peguei no show

Autógrafos e um dos adesivos. 

sexta-feira, 3 de abril de 2015

HEAVY METAL BRASILEIRO REPRESENTADO NUMA DAS MAIORES BANDAS DO MUNDO

   Há tempos queria escrever aqui sobre a atual situação do Megadeth, apenas esperando o desfecho da novela que se tornou a saída de Broderick e Drover e suas respectivas substituições. A demora foi grande para tanto, e muito se especulou, sendo que o final foi totalmente imprevisível, e um tanto quanto positivo. Esse tipo de situação sempre é um mistério para o grande público, que nunca saberá na real o que motivou uma troca de integrantes de uma banda. O que sabemos é que muita coisa aconteceu nos bastidores, e a escolha de Chris Adler e Kiko Loureiro chocou o mundo do metal. 
   As decisões são palpitantes, e vários tópicos devem ser abordados. Uma coisa que me chamou atenção, não de hoje, foi a decisão por nomes já consagrados que atuam em bandas de sucesso para os postos. Tal escolha não foi novidade, e evidencia as mudanças no mercado atual. Ao menos que eu me lembre agora, isso é algo novo na música. O fato do mercado ter mudado muito com os downloads, fazendo com que os artistas do espetáculo ganhem quase que exclusivamente com shows, fez com que eles se reinventassem. Talvez o caso mais emblemático seja o da lenda Gary Holt, que atualmente se desdobra entre Exodus e Slayer, duas verdadeiras entidades do Thrash Metal. No próprio Exodus, vemos algo parecido com sua "dupla" Lee Altus, que ainda mantém o fundamental Heathen vivo. Agora outros dois nomes vão se desdobrar entre duas bandas de sucesso. 
   Por serem nomes consagrados, a desconfiança que poderia pairar no ar em caso de um novato cai por terra, e sabemos que o resultado pode ser positivo. O Angra, curiosamente, já vive tal situação com seu atual vocalista, o que poderá fazer com que a situação vivida pelo guitarrista, que sempre foi a alma da banda, seja mais facilmente contornada. 
   O resultado das entradas será visto na prática em breve, quando o novo trabalho sair, mas recebi com ótimos olhos a novidade. Chris Adler é um ótimo baterista, numa banda que representa muito bem a atual cena metálica mundial, sendo uma das mais importantes. Honestamente, o Lamb of God nunca foi uma banda que eu acompanhei de perto, mas sua força é inegável, o que mostra a escolha acertada. No outro caso, eu posso falar bem melhor.
   De fato, a escolha de Kiko Loureiro chocou o mundo, principalmente pelos estilos bem diferentes de Angra e Megadeth. Na prática, sabemos que o bom musico se adapta com facilidade as mudanças. Essa escolha, no entanto, é muito significativa para o Brasil. 
    O que mais impressiona é a força que o Heavy Metal brasileiro tem no cenário mundial. Quando veio a confirmação, voltei 22 anos no tempo, diretamente para 1993. Dez anos depois do Stress dar o pontapé inicial no estilo por aqui, sendo seguido por gente como Dorsal Atlântica, Salario Mínimo, Harppia, Metalmorphose, Azul Limão e tantos outros. A coisa aconteceu, e naquele ano o estilo vivia o seu auge, capitaneado pelo Sepultura, que já era uma das maiores bandas do mundo. Nomes como Sarcófago, Ratos de Porão e Vulcano também conquistavam um respeito mundial, e o Angra dava o seu 1o glorioso passo para tanto, o fenomenal Angels Cry. O choque pela qualidade diferenciada da banda foi enorme, e o mundo conheceria mais um gigante da nossa terra. O tempo passou, e esses nomes ganharam o reforço de Torture Squad, Krisiun e Angra, entre outros, e em 2015 o Brasil é ainda um país muito forte na música pesada. Prova disso é a escalação de Angra e Sepultura, bem diferentes daqueles de 93, mais ainda muito relevantes, para o Wacken de 2015. Muito por isso, o líder Mustaine viu em Kiko, com todos os méritos, o nome para assumir o posto de guitarrista do Megadeth, indiscutivelmente uma das maiores bandas da história do Heavy Metal. 
    O desdobramento, ao meu ver, será muito positivo para o Angra, e por consequência, para a cena como um todo. Com Angra e Sepultura em evidência, a coisa anda bem para nós, e um futuro glorioso para novas bandas como Lacerated And Carbonized e Violator fica cada vez mais verdadeiro. O Medadeth agora tem um grande guitarrista, e não vejo como o nosso tão amado Angra pode sair na pior dessa. Agora é dar tempo ao tempo, e ao menos para mim, comemorar muito essa noticia.