sexta-feira, 29 de maio de 2015

IRON MAIDEN-BRAVE NEW WORLD

   A década de 90 não foi lá muito produtiva para o Heavy Metal, e o Iron Maiden não foi exceção. Enquanto a década anterior proporcionou aos fãs uma sequência de lançamentos extraordinária, aqui a banda conviveu com problemas internos e duas baixas importantíssimas. Adrian Smith e Bruce Dickinson, esse ainda gravou  No Prayer for the Dying e o clássico Fear of the Dark, foram substituídos por Janick Gers e Blaze Bayley, que sejamos honestos, não são nomes a altura da dupla. No estúdio, o saldo foi o derradeiro Fear of the Dark, que mesmo sendo muito bom, está abaixo de Piece of Minds e Powerslaves da vida, e outros três trabalhos apenas medianos. O fraco Virtual XI foi a gota d'água para o retorno de Bruce e Adrian, e a deixa para a despedida de Blaze. 
   Assim como as voltas salvaram o Iron Maiden, Bruce e Adrian também não repetiram o sucesso sozinhos, fazendo com que o retorno fosse bom para todos. O agora sexteto, já que Jenick foi mantido para basicamente brincar com o Eddie e fazer caras e bocas nos shows, precisava mostrar serviço no estúdio e numa celebrada tour mundial, que teve o seu auge no fantástico show  do Rock in Rio 3, eternizado num DVD imperdível.
   O disco seria Brave New World, que ao meu ver é uma sequência natural para Fear of the Dark, um dos melhores lançamentos do novo século, e mesmo não estando aos pés dos clássicos, um play fundamental na história da banda. O nível é muito bom, e momentos como Ghost of the Navigator, a espetacular Blood Brothers e Dream of Mirrors, por exemplo, são Iron Maiden puro. Além dessas, The Wicker Man se transformou num verdadeiro clássico, e a faixa-título não fica muito distante disso. A grudenta The Mercenary, deliciosa para cantarmos junto, se mistura as já citadas como os grandes destaques do disco, fazendo dele de audição agradável e obrigatória. Entres outras, ainda temos  The Fallen Angel, The Nomad, Out of the Silent Planet e The Thin Line Between Love & Hate, que nunca me chamaram muita atenção, mas tem suas qualidades.
   O resultado foi muito bom, fazendo do retorno do Iron Maiden clássico algo único. Muitos esperavam por uma grande sequência, mas nada que veio depois chegou perto de Brave New World. Mesmo assim, a banda continua em forma, fazendo shows memoráveis ao redor do mundo, e ao que tudo indica seguirá assim por, pelo menos, mais 20 anos. 


sábado, 23 de maio de 2015

KIKO LOUREIRO:MESES DEPOIS, ALGO DE BOM SAINDO DE UMA NOITE DESASTROSA

   Bem, antes de mais nada, o boom da noticia de Kiko no Megadeth já passou faz tempo, mas nos últimos dias me dei conta de algo novo nessa história, lendo a Roadie Crew de maio, que acho válido compartilhar com vocês. Kiko cita que sua indicação para a banda partiu do baixista David Ellefson, e a dupla se conheceu (ao menos de forma oficial e séria) no fatídico show do Metal All Stars, em São Paulo, no mês de novembro passado. Bem, o resto é história, mas como estava lá, posso contar o que vi no palco aquele dia, que seguramente contribuiu bastante para sua entrada na banda liderada por Mustaine. 
   O show foi o maior desastre que já presenciei num palco. Fiz resenha na época, mas em poucas palavras, metade do time de estrelas cancelou na última hora, e quem ficou apresentou ao público um bailão metálico muito mal ensaiado. Surpreendentemente, Kiko apareceu por lá para cobrir as lacunas, e honestamente, fez um trabalho magnífico. Me chamou atenção como ele segurou a onda de um time perdido musicalmente em vários momentos, sendo de longe o maior destaque, provando ser um musico ótimo. Talvez a versatilidade apresentada por Kiko, que além de ser capaz de tocar diferentes estilos, fez tudo em cima da hora, tenha sido decisiva para a escolha no futuro.
   David viu tudo que aconteceu de perto, e seguramente guardou para ele as informações de um novo grande guitarrista que viu em ação. O processo de troca no Megadeth durou bastante tempo, com uma quase reunião da melhor formação da sua história, e um final surpreendente para muitos que não entenderam porque Kiko foi o escolhido.
   O velho companheiro de Mutaine foi consultado, e se lembrou daquela noite desastrosa no Brasil, salva pela inspiração de um guitarrista. Na época foi revoltante viajar para ver aquilo, mas o tempo fez sair algo de bom do tal Metal All Stars. A história acontece sem que possamos prever quase nada, e uma mudança tão radical na vida do musico era absolutamente impensável naquela data. Tinha algo de diferente na performance de Kiko ali, e no final, foi a história do Rock N'Roll sendo contada em tempo real. Vamos aguardar o resultado do tão esperado novo disco, e por enquanto, é isso. 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

NAPALM DEATH-APEX PREDATOR – EASY MEAT

   Quem conhece bem o Napalm Death sabe exatamente o que esperar da banda a cada lançamento, e é exatamente o que encontramos por aqui. Um delicioso caos sonoro que só a banda sabe fazer, e com maestria. A banda que é sinônimo de Grindcore, sendo o maior expoente do estilo, se mantém desde 1987 em atividade, lançando coisas ótimas constantemente, e depois de 3 anos do ótimo Utilitarian, da de presente para os fãs Apex Predator – Easy Meat.
  A banda sempre foi muito politizada, com uma visão das coisas bem semelhante as minhas inclusive, e isso é sempre posto em prova a cada entrevista, como também nas letras. As do novo play são inspiradas em num triste acontecimento em Bangladesh, que de acordo com o vocalista Barney foi logo esquecido pelos olhos do mundo, já que não era de grande interesse das grandes mídias. Um prédio em ruínas funcionava como local de trabalho escravo, e mesmo com estrutura condenada, veio a desabar matando mais de mil pessoas. O tema é realmente palpitante, e deu origem a ótimas letras. O titulo significa algo como "aquele que está no topo da cadeia alimentar de forma efetiva em qualquer ambiente", O termo Darwiniano se encontra com o tema do trabalho, já que para Barney, este topo seriam os chefes de grandes corporações, que permitem que seus empregados trabalhem em péssimas condições. 
   Musicalmente, vemos uma desgraceira sonora que é puro Napalm Death, com um som deliciosamente sujo, proporcionando aquele caos que marcou os primeiros trabalhos da banda. Depois da faixa-título, uma introdução experimental, o ouvinte se prepara para o que está por vir, em forma da bomba Smash a Single Digit. É só o começo, é dali para o pior. Shane Embury e Danny Herrera formam uma cozinha sempre matadora e competente, e o guitarrista Mitch Harris forma com Barney uma verdadeira dupla de ataque. Podemos destacar How the Years Condemn, para mim o clássico absoluto do trabalho, assim como Metaphorically Screw You e Timeless Flogging, mas o ouvinte não tem descanso, e do começo ao fim pode conferir um massacre sonoro típico de bandas como o Napalm. 
   Quem ouviu trabalhos recentes, e viu a banda em ação nos shows matadores do ano passado, sabia que vinha coisa boa. O trabalho não é o que podemos chamar de clássico, mas tem muita qualidade. Ele é o que o Napalm Death sabe fazer em seus melhores momentos, e seguramente será lembrado no futuro. Desde o final do "show de abertura" para o Hatebreed aqui no Rio, a banda promete um pronto "retorno exclusivo". É só esperar para ver as ótimas novidades em ação, ao lado dos velhos clássicos de uma das mais relevantes bandas da história do Metal Extremo. 


quinta-feira, 14 de maio de 2015

ANTHARES-O CAOS DA RAZÃO

   Qualquer um que acompanha de perto o que é feito em relação ao Heavy Metal no Brasil recebeu com empolgação a notícia de que, finalmente, o clássico absoluto No Limite da Força, lançado em 1987, nos tempos de ouro do Heavy Metal brasileiro, ganharia um sucessor. Fazendo história nos primórdios do Thrash Metal nacional, ao lado de bandas como MX, Korzus, Attomica, Taurus e Dorsal Atlântica, o Anthares se tornou uma lenda do estilo. A banda ultrapassou todas as famosas dificuldades enfrentadas por todos os contemporâneos ao longo dos anos, e em conjunto com muitos deles, mantém acesa a chama do metal cantado em português. 
   Daqueles tempos, a banda ainda conta com Evandro Junior (bateria) e Pardal Chimello (baixo). Completam o time Mauricio Amaral (guitarra),Eduardo Topperman (Guitarra) e Diego Nogueira (vocal). A formação está com tudo, comendo instrumentos com farofa e raça de sobra. Amigos, o que vemos por aqui poderia muito bem ter sido lançado em 1988. O tempo não passou, e o resultado é um novo clássico nacional. Aquele thrashão brazuca que marcou época na década de ouro está intocável, com letras magnificamente ácidas, em português,  vomitadas com classe por Diego, junto com o instrumental básico e clássico do estilo fará qualquer saudosista pirar no novo play. Considero o trabalho impecável, mas destaco a faixa-título, Mercador da Fé, Pesadelo Sul-Americano e Corporação do Terror, só para citar algumas, com destaque absoluto para o conteúdo ótimo das letras numa melodia perfeita. Sementes Perdidas, Ócio, No Poço do Obscuro, Dor Imortal, Sonho Negro e Canibal também merecem ser ouvidas com o som no talo. 
   Bem, isso basta para dizer que valeu a espera, e o Anthares lançou um disco para fazer bonito, ao lado do único No Limite da Força. As bandas pioneiras do Heavy Metal brasileiro recebem o justo reconhecimento atualmente, e a prova disso é o alvoroço causado pelo lançamento desse trabalho, que está entre os mais vendidos em muitas lojas especializadas. Parabéns aos envolvidos, e bom proveito! 


quinta-feira, 7 de maio de 2015

VENOM-FROM THE VERY DEPTHS

   A importância do Venom para, pelo menos, todas as bandas que se arriscaram no Thrash, Death e Black Metal, é imensurável. Sua influência é enorme e os fãs de Heavy Metal em geral tem uma adoração especial pela banda, e com isso vem a obrigação de parar para ouvir qualquer coisa nova que possa vir deles. É sempre especial e divertido quando uma banda assim lança algo novo, e o trabalho seguramente agrada quem acompanha a trajetória de Cronos e sua trupe ao longo dos últimos 30 e tantos anos. 
    De cara, não custa lembrar, que não temos aqui um novo clássico, nada comparado a Black Metal ou Welcome to Hell, mas mesmo assim coisas bem interessantes para quem é fã. Logo ao apertar play, vemos uma voz ainda em dia, mas irreconhecível do líder Cronos, que hoje forma a banda ao lado de Dante (bateria) e La Rage (guitarra). Ficou bem interessante, mas muito diferente de quem urrava Countess Bathory e Teacher's Pet no auge da banda. A produção é bem melhor do que nos tempos áureos, limpa, aproveitando os recursos atuais, mas a sonoridade está intacta. Crucified, por exemplo, é Venom puro, e não me espantaria vê-la no meio de um At War With Satan. Fora ela, que para mim é o grande destaque, a faixa-título,  Temptation, Evil Law, The Death of Rock'n'Roll e  Eruptus, mas pode dar play do começo ao fim.
   O Heavy Metal sempre agradece a nomes assim ainda estarem vivos e ativos, lançando coisas interessantes. Para quem ousa não conhecer, ou reconhecer, o trabalho desse gigante, sugiro que procure escutar o que nomes consagrados como Slayer, Metallica e Megadeth, só para citar 3, tem a dizer sobre o que o Venom significa para o estilo. Bom proveito de mais uma provinha de metal Venoniano.