quarta-feira, 26 de agosto de 2015

SHOW DO NUCLEAR ASSAULT + TRATOR BR + FORKILL - TEATRO ODISSEIA - RIO DE JANEIRO

   Se formos juntar depoimentos de Headbangers do Rio de Janeiro a respeito de shows que os mesmos pretendiam ver antes de morrer, uma banda seguramente muito citada seria o Nuclear Assault. A banda em questão tem lugar cativo no coração de qualquer fã de Thrash Metal que se preze, e mesmo afastada da cena nos últimos anos, em função da enorme quantidade de compromissos dos seus membros, esse status continua intacto. Com o anúncio de uma tour final, houve uma verdadeira comoção, resultando numa ampla turnê brasileira que na última terça-feira, dia 25 de agosto, passou pelo Rio de Janeiro. A oportunidade de ver a banda pela 1a e única vez mexeu, e muito, com os nossos corações, e o clima criado nos arredores do Teatro Odisseia num dia atípico era de muita animação. Lá dentro vimos um ótimo público, que se não chegou a lotar a casa, compareceu em número muito satisfatório. Todos os envolvidos saíram de lá com a alma lavada.
    Um fato que merece destaque no evento como um todo foi a pontualidade, fazendo com que por volta das 11 todos pudessem voltar para suas casas em tempo de descansar para o dia de trabalho que estava por vir. Entretanto, quem saiu perdendo para que o horário fosse cumprido foi a 1a banda de abertura, o já consagrado na cena carioca Forkill. Um dos nomes mais adequados para abrir tal evento, a banda já vem com bagagem suficiente para dar conta do recado. Porém, a abertura dos portões demorou. Eu mesmo dei de cara com o cadeado no portão da casa, assim me dirigindo ao bar próximo enquanto a casa não abria. Cerca de meia hora depois entrei, achando que o show não teria nem começado. Surpreendentemente, o mesmo já estava na última música, e muitos relataram que a apresentação foi curta, tendo inicio imediatamente depois da abertura dos portões, com muita gente ainda na fila para entrar. Enfim, vida que segue, mas achei o caso o único ponto negativo de um evento grande. 
   A segunda banda era nova para muitos ali, inclusive para mim. Nunca tinha parado para ouvir os dois trabalhos do Trator BR, Verde Amarelo Azul e Preto de 2008 e o recém lançado Floresta Armada. De fato, o som me impressionou positivamente. O instrumental era impecável, numa pegada Death Metal totalmente influenciado por nomes como Morbid Angel e Suffocation, por exemplo, e o vocal chamava atenção. A fúria de Satã BR, que honrou o apelido, era descontrolada, tanto na performance em si quanto na técnica. O som extrapolava o limite do aceitável em relação ao volume, mas era nítido na medida do possível, fazendo dessa abertura algo digno do grande show que viria em seguida. 
   O Nuclear Assault vem com a formação praticamente original, exceção feita ao ótimo guitarrista Scott Harrington. Além dele, as verdadeiras lendas Glenn Evans - bateria, John Connelly - vocal & guitarra e o incrível Dan Lilker - baixo, vocal, estavam no palco do Odisseia, esbanjando boa forma e prontos para realizar o sonho dos presentes. O que se viu dali em diante foi um show de Thrash, Crossover, Speed Metal ou seja lá qual for sua descrição para o som único da banda legítimo, com um mosh pit simplesmente matador transbordando fúria e felicidade a cada clássico apresentado. De cara já vem Rise From the Ashes, presente no espetacular Survive, segundo disco da banda. Ainda nele, vemos na sequência a estupenda Brainwashed, que põe fogo na pista de vez. Então é hora da obra-prima Handle With Care dar as caras, com New Song, que já no seu riff incrível matou os presentes do coração. Para seguir na mesma toada, vem o clássico maior da banda, Critical Mass. A música marcou especialmente uma geração inteira com seu clipe igualmente marcante. Honestamente, se a apresentação acabasse por ali ninguém sairia reclamando. Na instrumental Game Over, faixa-título do que para mim o melhor trabalho da banda, vimos a técnica apurada dos integrantes. O som não estava impecável, por vezes um pouco embolado, mas muito longe de comprometer. Butt Fuck, feita para qualquer mosh pit perder o controle, criou um verdadeiro tumulto na pista. A música ultrapassa o limite da insanidade que a banda pode proporcionar. Sem tempo para respirar, vem a maravilhosa Sin, que é para mim a melhor da banda. Lembro como se fosse hoje a 1a vez que coloquei Game Over para rodar, imediatamente dando de cara com ela. Meu queixo foi parar no chão, e essa virou de cara a minha favorita. Betrayal não deixa por menos, e essa sequência foi para mim o grande momento da apresentação. Died in Your Arms e Analogue Man in a Digital World apresentam Pounder, o novo EP lançado pela banda. A escolha foi justificada pelo baterista Glenn Evans, que disse que costuma-se aproveitar no máximo 4 músicas por trabalho, e por isso foi feita a escolha por algo mais enxuto e menos trabalhoso de ser feito. De qualquer maneira, as escolhidas são Nuclear Assault puro. F# (Wake Up) e When Freedom Dies retornam ao desfile de clássicos. Dan assume o vocal principal num desfile de pedradas de menos de um minuto, nas músicas do Nuclear no melhor estilo Napalm Death/Ratos de Porão. My America, Hang The Pope e Lesbians vem como um furação. Cabe então as fantásticas Trail of Tears e Technology o fechamento do set regular. No bis, a escolha é pelo hino Justice, lembrando o incrível The Plague.
   O show foi rápido, mas o passeio pelos principais trabalhos da banda, com duas do novo, fez das escolhas para lá de acertadas. A ótima forma vocal de John chama atenção, e reproduz com perfeição o que vimos em estúdio. A força da banda e do público fez desse show exatamente o esperado, um evento inesquecível. Se de fato esse é o fim do Nuclear Assault, a apresentação ficará na memória de quem estava no Odisseia para a eternidade, como uma doce lembrança de uma banda fantástica. 

Meu encontro com Dan Lilker na saída do show


Também com o grande John Connelly

Uma amadora da apresentação

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

SHOW DO TITÃS - CIRCO VOADOR - RIO DE JANEIRO

   Poucas horas depois do ótimo show do Glenn Hughes no Teatro Odisseia, já reabastecido de comida e cerveja, era hora de aparecer no vizinho Circo Voador para assistir a mais um show dos Titãs, banda que ao lado de Raimundos e Ira! eu considero a mais relevante do chamado Rock Nacional. Não foram poucos os que fizeram a mesma escolha minha, e camisas do Deep Purple apareciam aos montes por lá. Com o ótimo Nheengatu, a banda recuperou a boa forma, e vem mais uma vez divulga-lo na cidade, ao lado do DVD que está para lançar. O público, como de costume, encheu a tradicional casa de shows. O mesmo vem acompanhando a força roqueira que a banda apresenta no momento, em detrimento as trilhas de novela que marcaram os últimos anos. Ao lado de casais de meia-idade com roupas mais formais, vimos vários jovens e senhores com camisas de bandas clássicas, e os insistentes pedidos por músicas como Porrada e Estado Violência evidenciam isso. Mais uma vez, apesar de algumas baladinhas desnecessárias, os cariocas viram uma banda com sangue nos olhos e feliz com o momento, tocando com muita vontade músicas do mais legítimo Rock N'Roll.
   Reforçando a força do disco mais recente, muitas músicas dele continuam no set, e cada vez mais são cantadas pelo público. Isso mais que prova que Nheengatu já é um marco na vasta história da banda. Falando no assunto, o show começa com a já clássica Fardado, ou Policia II para alguns. O efeito é imediato. Em seguida vem a melhor do disco novo, empatada com Mensageiro da Desgraça, a fantástica Cadáver Sobre Cadáver. Ela ao vivo é uma bomba prestes a explodir, no auge de inspiração da banda. Ainda nas novas, vem a também muito boa Chegada Ao Brasil (Terra à Vista). Do presente para os primórdios da banda, na magnífica Massacre. Que surpresa fantástica foi essa. O Titãs atual vai se remendando sem substituir quase nenhum dos antigos membros, exceção óbvia feita ao baterista Charles Galvan, que viu Mario Fabre assumir o posto na condição de músico contratado. De resto, é Paulo Miklos tocando guitarra, Sergio Brito e Branco Melo se revezando no baixo, e os três cantando, enquant Tony Bellotto toca guitarra com a classe de sempre. Vem então o clássico Lugar Nenhum, e o cover de Aluga-se de Raul Seixas, já tradicional no set na banda, sendo sempre muito bem recebido. Indo para o clássico cabeça Dinossauro, vem a porrada sempre presente AA-UU. Depois Diversão causa o impacto habitual, com seu riff mais que clássico entoado ao longo de toda a apresentação. Depois a banda resgata um verdadeiro lado C, a boa Pela Paz, presente no muitas vezes esquecido Domingo, um disco mediano que deu inicio a fase acústicos sem fim e trilhas de novelas da banda. Nessa fase, A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana é uma das que se salvam, e mesmo longe dos clássicos, é muito legal de ser ouvida ao vivo. Depois a coisa fica ainda melhor na fantástica O Pulso, para variar, muito cantada no melhor estilo Arnaldo Antunes no Titãs. Voltando ao disco mais recente, depois de um discurso de Sergio exaltando o mesmo, vem a ótima Republica dos Bananas. O hino oitentista Sonífera Ilha vem depois, seguida pela boa Comida, que seguramente você já deu de cara em alguma prova de Português da escola. Encerrando a participação do novo disco, vem a fantástica Mensageiro da Desgraça e a apenas interessante Fala, Renata, ao meu ver pior do que outras presentes no trabalho. Então vem mais uma bela surpresa, no resgate da faixa-título do espetacular Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas. Seguindo assim, vem Cabeça Dinossauro, que formou uma roda de responsa na pista do Circo Voador, assustando alguns arrumadinhos, enquanto camisas do Pantera, Black Sabbath e afins agitavam como nunca. Infelizmente, veio uma breve sussegada no set, com as razoáveis Go Back e Marvin. Na clássica Televisão a roda volta, ficando presente na matadora sequencia com Homem Primata, Policia e Bichos Escrotos, que encerram com classe a primeira parte do show. A banda retorna para o 1o bis com a sua melhor música ao meu ver, a fantástica Desordem. Com um breve e sábio discurso de Paulo Miklos, salientando que a corrupção no Brasil é independente de partido e de ideologia, vem o clássico moderno Vossa Excelência. Para os que soltaram o verbo depois da crítica ao coro "Fora Dilma", que dessa vez foi puxado por apenas uma pessoa (!), a música foi feita em 2005, homenagem ao mensalão. Bem, saindo desse assunto desagradável, a banda encerra com Flores mais um bis. Bem, mais um porque a felicidade estava na cara dos integrantes e do público, todos de alma lavada, fazendo com que role mais algumas canções. Infelizmente, esse último bis foi muito mal aproveitado. A maravilhosa Igreja fez valer o retorno, mas as totalmente desnecessárias Epitáfio, Família e Pra Dizer Adeus torraram a paciência dos que entoavam a letra de Estado Violência, na esperança de ouvi-la.
   Bem, isso não foi absolutamente nada no contexto geral de mais um grande show de Rock proporcionado por uma banda que entende do assunto como poucas no Brasil. O Titãs vive um momento realmente especial, que parece ter tudo para ser a realidade dos anos que estão por vir nessa trajetória para lá de vitoriosa da banda. Quem venham mais noites como essa!   

domingo, 23 de agosto de 2015

SHOW DO GLENN HUGHES - TEATRO ODISSEIA - RIO DE JANEIRO

   No melhor estilo Carioca Club, no nosso Teatro Odisseia, aos sábados, os shows acontecem mais cedo que o habitual, já que a casa recebe eventos posteriores. Enquanto na famosa casa paulista o que se vê são shows de "pagofunk", aqui são as festas indie/alternativa. Por isso, no inicio da noite um mar de camisas pretas tomou conta do entorno da casa. O perfil dele era bem diferente do habitual, com muitos senhores e jovens juntos indo celebrar uma das grandes lendas do Rock N'Roll ainda vivas, o grande Glenn Hughes, muito bem acompanhado pelo incrível Doug Aldrich na guitarra. Junto a eles, o não menos fenomenal baterista Pontus Engborg completa um power trio daqueles. Prova da importância da apresentação foram os ingressos esgotados uma semana antes, e gente disputando qualquer buraco dentro do abarrotado Teatro, nem que fosse na escada do segundo andar. Com tais características, não tinha como a apresentação dar errado não é mesmo? 
    A festa teve início pouco depois do horário marcado, às 19h, enquanto alguns ainda entravam devido as enormes filas formadas na porta. Como o palco da casa é improvisado, já que ela não foi feita pensando em shows, e vem sendo adaptada com o tempo, quem ficava mais distante tinha dificuldades para ver o baixo palco. Fora isso, estava tudo impecável em relação ao som, a estrala do espetáculo. Assim sendo, não temos grandes transtornos. O show começa logo com um hino, a magnífica Stormbringer, faixa-título do segundo trabalho de Glenn no Deep Purple, um disco daqueles obrigatórios na coleção de qualquer amante de Rock N'Roll neste planeta. O refrão ecoou pela casa, emocionando todos os presentes. Já impressionava como a voz do dono da noite está ótima. Isso impressiona mesmo numa inevitável comparação com companheiros de geração que hoje em dia sofrem diante do microfone. Depois vem Orion, essa da longa e excelente carreira solo de Hughes, mostrando a tendência do set em passear por toda a carreira do músico. Agora era hora de mostrar a banda que consagrou Hughes, o Trapeze. Way Back to the Bone, em todo o seu Rock Funkeado que marcou a trajetória de Glenn, faz os velhinhos pirarem. Sua levada ao vivo é realmente única. Então é a vez de ouvir Purple, com a magnífica Sail Away, que muito agita os presentes. É evidente que a massa ali simplesmente venera o Deep Purple, e a cada mostra dos clássicos da banda o ambiente fica incrível. Então voltamos ao Trapeze, com Touch My Life. One Last Soul apresenta o que Hughes fez no Black Country Communion, projeto do músico com Joe Bonamassa, Jason Bonham e Derek Sherinian. Muitos curtiram muito esse momento, e a performance da banda nela em especial foi realmente incrível. Hughes então faz as honras ao seu atual braço direito, o grande guitarrista Doug Aldrich. O cara, que arrancou elogios de David Coverdale, e ficou 10 anos no Whitesnake, mostra porque é um dos grandes guitarristas da atualidade. Entre outras bandas, o homem já integrou a banda de Dio. Já é suficiente não? Solo feito, era hora do grande momento para mim, a épica Mistreated, ponto alto do espetacular Burn. Numa versão alongada e belíssima, ela teve até seus solos cantados pelos presentes. Em mais uma lembrança ao guitarrista, Glenn faz questão de incluir no repertório Good To Be Bad, faixa-título do excelente trabalho lançado por Doug no Whitesnake, mostrando mais uma vez a enorme importância dele para a banda. Doug não esquece do aniversário do chefe, e puxa um belo parabéns pra você entoado pelos presentes, que visivelmente emociona o feliz e falante frontman da noite. Can't Stop the Flood é mais uma música solo, seguida por um longo solo de guitarra/bateria, e depois de bateria isolado, onde Pontus pode mostrar todo o seu potencial. Soul Mover, uma das melhores de Glenn na carreira solo, fecha com classe a primeira parte do show. No bis, o hino máximo de sua carreira, a indispensável Burn, um daqueles hinos definitivos da história do Rock N'Roll.
   Assim fechou um grande show de Rock N'Roll na sua forma mais pura. O estilo da apresentação é totalmente anos 70, com muito improviso, versão alongada de músicas e solos intermináveis, como era a regra naqueles tempos. O público que como poucos sabe apreciar o Rock feito dessa maneira pirou durante a longa apresentação, que mesmo com um set curto e com músicas a menos em relação a shows recentes, entregou exatamente o que se esperava do power trio. Glenn comandou a festa muito bem, e viu em Doug um grande coadjuvante, capaz muitas vezes de roubar a cena. Enfim, uma matinê de Rock N'Roll legítimo.
   Para muitos a noite não acabava ali, e o horário permitiu que com uma certa folga, muitos coroas partissem rumo ao vizinho Circo Voador mais tarde, para assistir ao show dos Titãs, sobre o qual falarei em breve.

Breve registro totalmente amador que fiz, mas da para ver a lotação e como o palco estava pequeno para quem viu o show de longe...

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

ALICE IN CHAINS - FACELIFT

   O assunto Grunge até hoje causa uma certa polêmica entre os Headbangers. Responsável por uma mudança grande no direcionamento do mercado no começo dos anos 90, afetando assim muitas das bandas que se consagraram nos anos 80, alguns não aceitam nem ouvir tal nome. Quanto a mim, tirando a banda mais famosa do movimento, aquela cujo o vocalista e matou, considero o movimento mais que válido musicalmente, com muita coisa boa dando um novo gás ao nosso querido Rock. Pearl Jam, Soundgarden, Stone Temple Pilots, e a melhor delas, que é o assunto desse texto, Alice in Chains, transbordam qualidade em seus sons que misturam peso a um clima sombrio e tenso na medida certa. A banda que ao meu ver melhor representa esse estilo é justamente o grupo formado inicialmente por Layne Staley - vocal, Jerry Cantrell - guitarra, Mike Starr - baixo e Sean Kinney - bateria. Há exatos 25 anos, saia o seu disco de estreia, que também é um dos melhores trabalhos de uma banda que hoje pode ser chamada de clássica. 
    Facelift estourou antes mesmo de Pearl Jam e daquela outra banda, que lançarem seus discos mais populares anos depois, trazendo aquela sonoridade que mais tarde seria chamada de grunge. Man in the Box se tornou o hino definitivo da banda, com aquele riff que qualquer iniciado em Rock N'Roll reconhece em segundos. Fora ele, temos tudo de melhor que a banda apresentou em sua trajetória relâmpago, e agora nos dois trabalhos de seu retorno, em 12 petardos. A estupenda Love, Hate, Love é ao meu ver o destaque máximo do trabalho, em sua levada lenta e densa de 7 minutos de orgasmo musical, algo totalmente diferente de quase tudo visto até então. Vale lembrar ainda a performance fantástica de Cantrell. Tem louco com coragem de dizer que isso não tem um peso absurdo? Destaco também as clássicas We Die Young, que abre o trabalho e tragicamente no seu título mostra o que viria a acontecer com dois dos gênios que registraram esse trabalho, a grunge pura Sea of Sorrow e a não menos espetacular It Ain't Like That. Além dessas obrigatórias, Bleed the Freak e seu refrão marcante, I Can't Remember, Confusion (na linha de Love, Hate, Love, tão épica quanto) e Sunshine também merecem toda atenção, mas não vemos uma música sequer depois que possamos chamar de ruim. 
   Infelizmente, a formação mais clássica, que mais tarde teria a baixa de Mike Star, registrou apenas mais dois discos e um ep marcante. O estilo de vida dos membros encurtou em muito a gloriosa história de uma banda que em pouco tempo se perpetuou na calçada da fama do Rock N'Roll. O que foi feito nesse primeiro trabalho foi algo realmente ótimo, e felizmente a banda retornou recentemente, obviamente reformulada, ainda fazendo shows fenomenais. 


sábado, 15 de agosto de 2015

JACKDEVIL - EVIL STRIKES AGAIN

   São muitas as bandas de Thrash Metal que vem surgindo no Brasil nos últimos anos. Entre elas, sem falar na já muito cultuada Violator, a que vem tendo o maior destaque é o Jackdevil. A banda vinda do Maranhão, centro distante das cidades acostumadas a receber grandes eventos no Brasil, apresenta no seu 2o trabalho uma obra primorosa, ainda superior a ótima estreia. Evil Strikes Again, já sugestivo desde o nome, é um álbum de Thrash Metal com identidade, sem cair em repetições cansativas, transformando o Jackdevil numa banda única, e não numa simples cópia. Vemos um toque forte de NWOBHM, numa combinação perfeita de velocidade e cadência. Em resumo, a banda que já tem um público forte e muito respeito na cena tem tudo para dar o passo definitivo com o 2o disco.
   Após a intro Abaddon, a faixa-título já chega abalando as estruturas com uma thrasheira pra ninguém botar defeito, num toque categórico de Destruction.  Não faltam destaques em todo trabalho, mas vale a pena citar Nightcrawler, Bestial Warlust, Devil Awaits, com aula de Mr Speedwolf numa bela introdução de baixo, Death By Red Lights e Cangaço, que representam toda a complexidade que a banda alcançou neste trabalho singular de Thrash Metal, bem no estilo Metallica em tempos de Kill Em All. André Nadler lidera a banda com categoria, com vocais limpos e furiosos ao mesmo tempo. Filipe Stress (impossível não olhar o nome e pensar na história do Stress e do próprio Jackdevil, com ambas vindas de centros distantes dispostas a fazer história no Heavy Metal brasileiro) na bateria e Ric Mukura na guitarra também cumprem com perfeição o que se espera deles. Vale a pena conferir do começo ao fim esse belíssimo trabalho.
   Evil Strikes Again reforça o nome já muito forte do Jackdevil no cenário nacional, e já da a banda uma bagagem respeitável para encarar os inúmeros desafios dos anos que estão por vir, já que ela ainda tem muito a crescer. Continua assim garotada maranhense!



Recomendo o vídeo, onde a banda comenta rapidamente faixa por faixa:



quinta-feira, 13 de agosto de 2015

RUSH PROVANDO QUE O TEMPO É IMPLACÁVEL

   Na mais recente edição da Roadie Crew, temos acesso a uma ótima entrevista com o Rush, uma das bandas mais importantes da história, que passa por um momento de inúmeras dúvidas em relação ao futuro. Com isso, podemos chegar a conclusão que o tempo é implacável, e como é complicado termos como referência tantas bandas que apareceram há 30, 40 anos em sua grande maioria. Atualmente, inúmeras razões que merecem um texto inteiro complicam bastante o surgimento de novos Led Zeppelins, Rolling Stones, Deep Purples ou Rushs, mas isso é assunto para depois. O fato é que, pode não parecer, mas todos somos humanos, e o tempo costuma ser implacável para nós. 
   O Rush é um fenômeno em diferentes aspectos, que já começa no fato de ficar com uma formação intacta desde o 2o trabalho, com base na amizade. A única mudança foi a fundamental entrada do maior baterista de todos os tempos e grande compositor Neil Peart no lugar de John Rutsey, que gravou o ótimo Rush. Isso é algo que merece ser citado, ainda mais numa banda que se manteve em atividade durante quase todo tempo, tirando o luto pelas tragédias pessoais do baterista, sempre lançando discos excelentes. Fora tudo isso, os shows nunca foram enganações, e sim espetáculos de 3h de duração com canções complicadas, o que gera um enorme desgaste em qualquer um. 
   O tal desgaste chegou agora, com o guitarrista Alex Lifeson sofrendo com uma artrite quase insuportável, e Neil também sentindo fortes dores para fuzilar seu enorme kit. O mesmo hoje da muito valor a família nova que formou, algo que não condiz com a rotina de uma banda mundialmente famosa. O único bem de saúde e disposto/motivado para grandes tours é o vocalista/baixista Geddy Lee, o que vem gerando longos debates desde que a tour do disco Clockwork Angels chegou ao fim e começou a mais recente turnê americana para celebrar os 40 anos em shows para lá de especiais. 
   Hoje ninguém sabe o que será do futuro de uma das nossas referências, já muito desgastada por 40 anos de Rock N'Roll, e isso é muito ruim para o nosso estilo tão amado. Muitos companheiros de geração já sofrem pelo desgaste de tantos anos, basta ver a voz de Paul Stanley e Ian Gillan atualmente. Isso tudo mostra como precisamos de uma renovação urgente, e os próximos anos provavelmente serão marcados por tristes despedidas. Vamos ver o que está por vir...

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

SHOW DO VULCANO + FORKILL + CEIFFADOR - RIO ROCK BLUES - RIO DE JANEIRO

   Na noite do dia 7 de agosto, uma sexta-feira, mais um grande evento com bandas clássicas do Heavy Metal brasileiro chega ao Rio de Janeiro pelas mãos da Be Magic produtora, que vem desenvolvendo um trabalho realmente incrível. Recentemente, vimos uma vergonha incalculável protagonizada pelo público, ou pela falta dele na verdade, no show do MX, e algo bem mais satisfatório no Salario Mínimo com Metalmorphose, mas longe de se considerar algo bom. Nessa nova jornada, capitaneada pela mais que clássica Vulcano, viria a redenção do público da cidade, que finalmente encheu a casa para assistir a um grande show de Heavy Metal brasileiro, participando intensamente com um mosh insano que durou boa parte do show. Bem amigos, para quem ama a música feita por aqui, foi muito emocionante ver o que aconteceu dessa vez! 
   O Vulcano é respeitado em todo o planeta, influência para diversas bandas e é sempre citado por figurões do Heavy Metal mundial quando o assunto é metal brasileiro. Por aqui, no bom e velho underground de onde nunca saíram e se orgulham de viver, o nome Vulcano sempre desperta extremo respeito por parte de todos. Isso somado ao Forkill, nome já muito forte do cenário metálico carioca, e com o inicio promissor do Ceiffador, foi possível ver a turma levantar do computador e ir para a noite curtir um grande evento. Isso posto, vamos aos shows em si. 
   Cheguei ao lugar durante a 1a apresentação da noite, o ótimo show do Ceiffador. A banda faz um som mais voltado pro Thrash Metal, com letras em bom, claro e ácido português, numa pegada bem interessante. A banda ainda não tem um disco, e fez um show para um ótimo público, tendo a chance de literalmente se apresentar para muitos ali. A impressão deixada foi totalmente positiva, num ótimo aquecimento para os bangers presentes no local. 
   Agora era a hora do Forkill. A banda já tem um nome fortíssimo, sendo conhecida por qualquer um que frequenta a cena carioca. A base de fãs dos thrashers Joe Neto (vocal e guitarra), Ronnie Giehl (guitarra), Gus "Guzzy" Nascimento (baixo) e Alexandre Fersan é respeitável, e como sempre marcava presença, curtindo intensamente as músicas da banda. O ótimo Breathing Hate foi explorado com a classe de sempre, e o recado foi dado. Os cariocas tem encontro marcado com a banda já no próximo dia 25, na abertura para o histórico show que o Nuclear Assault vai realizar na cidade.
   Tudo devidamente quente, era hora de assistir ao show de uma verdadeira lenda do Metal Extremo brasileiro. Estavam todos ali num clima magnífico, prontos para bater cabeça insanamente. A apreseentação teve início com a ótima The Man, The Key , The Beast, faixa-título do ótimo trabalho lançado pela banda em 2013. Church At A Crossroad, presente no mesmo disco, vem na sequência. The Tenth Writing, de Wholly Wicked, o último trabalho da banda, mostra como a fase atravessada pela banda nos últimos anos é fenomenal. Então é hora de clássico, e Prisoner from Beyond bota a casa abaixo, para lembrar o glorioso Live, que apresentou para todo o Brasil a fúria vulcânica ao vivo, nos primeiros passos do Heavy Metal no Brasil. O 1o registro da banda ser um ao vivo é um dos fatos mais curiosos de sua trajetória, sendo uma estratégia diferente que funcionou perfeitamente naquele momento. Falando em clássico, tal classificação é injusta para a grandiosidade de Fallen Angels, uma das mais importantes na história da banda, sendo o ponto alto do mais que clássico disco Anthropophagy, um daqueles discos de Heavy Metal obrigatórios para quem curte o estilo no Brasil. Clássico oitentista celebrado, hora de voltar ao passado mais recente, com  Awash in Blood, abertura do ótimo Drowning in Blood. Ainda nele, temos Devil´s force. Em momentos assim, vemos que os presentes amam tudo que a banda fez, estando lá de corpo e alma.
   Zhema Rodero, o único da formação original no atual Vulcano, comanda a banda com categoria. O batera Arthur Von Barbarian merece todo o destaque, proporcionando um show de fúria numa verdadeira destruição de seu maldito kit, numa empolgação difícil de se ver. Numa breve conversa pós-show, o mesmo diz que isso é a vida dele, o que faz tudo valer a pena, o que se mostra totalmente sincero na sua performance. Ivan The Darkestt é preciso no baixo, e Luiz Carlos Louzada também faz chover com uma voz impecável e presença de palco, numa aula de como dar voz a uma banda de metal extremo. Em poucas palavras, o atual Vulcano está realmente destruidor. 
   Gates of Iron, que abre o retorno da banda no fantástico Tales From the Black Book, da sequência ao show infernal, e They Sold Their Soul não deixa por menos. Agora é hora de lembrar o disco mais clássico do Vulcano ao meu ver, o irrepreensível  Bloody Vengeance, com o hino Dominios of Death. o mosh que tomava conta da pista do Rio Rock Blues, algo obrigatório em shows assim, perde o controle de vez, e a emoção no rosto de fãs que não viam a banda na cidade desde 1987 (!) era evidente.  The Signals vai para a turma old-school, diretamente do icônico Live. Death Metal, a minha preferida, é simplesmente de arrepiar, numa fúria poucas vezes vistas antes. From the Black Metal Book  vem potente, abrindo caminho para a piração dos coroas ao som da oitentista Legiões Satânicas. Witches Sabbath é mais uma dos primórdios, e na dobradinha Total Destruição e Guerreiros de Satã, dois hinos do Heavy Metal Brasil, o que vimos é o encerramento perfeito numa catarse dos presentes capaz de abalar as estruturas da casa!
    O evento foi o maior do gênero que já assisti, e foi para emocionar qualquer um que levanta a bandeira do Heavy Metal feito no Brasil. Os cariocas já passaram vexames recentemente, mas felizmente fizeram a diferença dessa vez, em bom número em todas as três apresentações. O Vulcano dispensa comentários, e fez um show simplesmente irretocável, mas num show o público faz uma diferença brutal, e ele estando em bom número e participativo, a verdadeira magia do Rock N'Roll acontece. No mais, parabéns aos grandes Rodrigo Scelza e Luis Carlinhos, que vem fazendo um trabalho simplesmente fenomenal, trazendo shows mensais de bandas clássicas do Heavy Metal brasileiro para o Rio de Janeiro, com uma produção impecável, numa casa acessível e de estrutura fantástica. Que esse dia 7 de agosto sirva de exemplo, porque quem estava lá vai lembrar com carinho para toda a eternidade!

Momentos breves da noite registrados:

Meu encontro com a banda no camarim pós-show

Reunião de amigos sempre presentes na cena

Essa aqui com o guitarrista Ronnie, do Forkill, uma baita figura


Registro oficial do show publicado no evento, feito pela fotógrafa Luciana Pires
   
   

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

CROSSROCK - COME ON BABY

   Se o chamado Glam Metal, ou Hard oitentista, não é a sua praia, eu recomendo distância da banda que é o assunto dessa resenha. Se você curte uma boa farofa, daquelas bem farofas mesmo, não tem erro, e o Crossrock vai fazer a sua cabeça logo na primeira audição desse ótimo trabalho. A banda é influenciada totalmente por gente como Poison, Cinderella, Skid Row e Bon Jovi velho, e faz um som que remete diretamente ao auge do estilo nas ruas da Sunset Strip, neste que é o seu primeiro disco. 
   O Hard Rock oitentista nunca foi muito explorado por aqui, algo que joga muito a favor da banda. A que talvez tenha chegado mais próximo disso é a mais que clássica Salario Mínimo, mas com um som muito mais voltado para um Hard N'Heavy tipo Scorpions do que para a farofa em si. Mesmo num cenário mundial, são poucos os que investem no Hard atualmente, mas nomes como Steel Phanter, Crazy Lixx e Crashdiet seguem mantendo a chama farofeira sempre acesa. 
   No trabalho vemos um clássico disco de Glam Metal, com as ótimas baladas Without Love e When Love Goes Away, indispensáveis em qualquer banda que se propõe a se aventurar nesse som, e porradas como Tonight, Call You e It's All I Need, destaques do disco. Em Any Road não tem como não lembrarmos do clássico Ride The Wind do Poison, sendo talvez a melhor. 
 Em resumo, trata-se de uma banda no começo de uma trajetória promissora, com um disco muito interessante de um estilo pouco explorado no Brasil. Algo que me chamou muita atenção foi na hora de comprar o disco. Na famosa loja Diehard da Galeria do Rock, ele já não se encontrava, pois todas as cópias foram vendidas, e fui encontra-lo aqui no Rio de Janeiro, na livraria Saraiva, uma magastore que não é especializada apenas em Rock N'Roll, e nem sempre vende bandas Underground. Um sinal de que as coisas vão bem. Eles fazem o som que acreditam e curtem, sem ligar para preconceitos bobos, e estão no caminho certo. O que talvez mais chame a atenção é a ótima voz de Rane Cross, mas é tudo bem legal. Ouça sem medo!