terça-feira, 25 de abril de 2017

SHOW DO RAIMUNDOS - CIRCO VOADOR - RIO DE JANEIRO

     Assistir show do Raimundos no Circo Voador é quase uma tradição rockeira no Rio de Janeiro. A banda que há mais de 20 anos faz história no Hardcore com peculiar toque de Forró do país, marca presença na lona sagrada pelo menos 2x por ano desde que voltou a se estabelecer com a nova formação no cenário. Assim sendo, e levando em conta que Cantigas de Roda já foi lançado há três anos, é fundamental inovar no show para motivar o sempre fiel público. Isso não vinha acontecendo nos últimos shows. Dono de uma discografia rica em ótimos momentos, Digão, Canisso, Caio e Marquim vinham fazendo praticamente um  "ctrl c ctrl v" desde a comemoração de 20 anos em 2015. Reflexo disso era um Circo ainda cheio, mas um pouco menos do que em jornadas mais recentes. Felizmente uma mudança forte no setlist aconteceu, com sábias inclusões de verdadeiras pérolas da carreira da banda. O resultado foi uma das melhores apresentações do Raimundos desde que voltou com força total ao mercado. 
       O aquecimento foi uma ótima sacada. Hey Ho, Let's Go, uma trupe de instrumentistas de sopro e percussão, tiraram alguns clássicos eternos do Rock num instrumental super original. O resultado foi diversão geral. Para completar, em meio ao show eles foram para a pista do Circo, e ai que pegou de vez. Todas entoavam as letras de coisas como Smoke On The Water, Paranoid e Highway To Hell se divertindo, e para completar, com o palco já se adiantando para a atração principal da noite. 
    Lá pela 1h da madrugada, o Raimundos estava no palco do Circo encontrando o cenário tradicional. Aquela roda firme comendo solta do início ao fim da noite. O início parecia mais uma repetição. Ainda assim, uma repetição das boas. Sempre é agradável ouvir Puteiro em João Pessoa, Bê a Bá  com leve toque de Slayer e a pedrada Nêga Jurema - todas diretamente do 1o grande disco da banda. Ai veio a 1a mudança de script. Simplesmente Bonita senhores, um dos grandes momentos do sensacional Lapadas do Povo. Para fechar um começo de show irretocável, nada melhor que dar um pulo no Lavô ta Novo com Opa! Peraí, Caceta. O ingresso estava pago! Então a banda decide voltar para o trabalho mais recente. Baculejo é um dos ótimos momentos do Cantigas, e já está no coração dos fãs. Obviamente nada comparado ao hino O Pão da Minha Prima, que sempre coloca os presentes para pular no seu ritmo único. Com um som simplesmente perfeito para proporcionar ao mais que entrosado quarteto uma performance sempre correta, é hora do grande momento da noite. A espetacular Sereia da Pedreira, raríssima nos shows da atual fase, mata qualquer verdadeiro fã da banda do coração. Para aqueles de ocasião, vem a mais que manjada Mulher de Fases, seguida da igualmente batida A Mais Pedida. O legal é que dessa vez a banda decidiu dar um certo intervalo naquelas 5 ou 6 mais "calmas" que costumam vir em sequência. Com isso, Gordelicia vai se estabelecendo como a principal do trabalho mais recente. A insuportável Reggae do Manero acaba compensada com o que vimos até ali, sendo mais um momento para merecido descanso do formigueiro.
     Ai a coisa esquenta novamente com a maravilhosa Esporrei na Manivela - precedida de uma lembrança para o aniversário do baterista Caio. Ai mais uma novidade da as caras, dessa vez a pedrada Rapante - mais uma do 1o disco da banda tocada com sangue nos olhos. Com a 5a marcha engrenada, Palhas do Coqueiro promove um wall of death de respeito na pista do Circo Voador. Vida Inteira chega com uma importante lembrança de Digão. A música é uma versão inspiradíssima para o clássico samba de Arlindo Cruz, que se encontra internado por problemas cardíacos. Digão lembrou sua gentileza, que além de liberar a música, permitiu até porcentagens para a banda. É sempre bom lembrar que a boa música não se limita ao nosso seguimento, tendo em outros estilos verdadeiros gênios. Além disso, roqueiro trevoso que deseja morte de um artista de outro estilo se achando superior é um ser humano digno de pena. Lembra quando disse que Sereia da Pedreira foi o grande momento da noite? Então esse próximo número pode dividir com honras o posto. Cintura Fina é tocada pela banda pela 1a vez na cidade em toda essa sequência de shows. A letra genial num Hardcore daqueles presente no lado c da estreia deixa qualquer fã incrédulo! Então as batidas  I Saw You Saying (That You Say That You Saw), para mim a melhor dessa leva, e Me Lambe ficam até de bom tamanho. O clássico cover para 20 e Poucos Anos de Fabio Jr sempre causa grande efeito. A tradicional e indispensável Deixa Eu Falar encerra o tempo regulamentar.
     Para o bis, Canisso sobe sozinho para o rap genial Boca de Lata. Ai um Raimundos em dia inspirado fecha a conta com os clássicos Tora Tora e Eu Quero Ver O Oco - a maior roda da noite. Foi um show surpreendentemente magnífico como há tempos o Raimundos não proporcionava. Prestes a divulgar no palco do Brasil todo seu novo DVD acústico, o show do Circo foi anunciado como despedida temporária das guitarras. Obviamente não poderia ser diferente da apresentação irretocável apresentada aos cariocas. É possível sim agradar a turma mais mainstream com sons batidos e fazer a festa da turma do hardcore - esses sim os que não perdem um show - com uma discografia da grandiosidade daquela apresentada pelo Raimundos. O Circo Voador viu mais uma grande noite, num casamento sempre perfeito. 

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