quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ROCK IN RIO 6-DIA 25

   Algumas considerações precisam ser feitas sobre o dia que fechou o meu Rock in Rio, e de grande parte dos bangers. A primeira, e mais importante, é que o público estava assustadoramente menor em relação ao que o evento está acostumado a receber. Assim como no dia do Iron Maiden em 2013 o público era claramente maior, fato que faz cair por terra a teoria de que a carga é exatamente igual em todos os dias. Nos demais, o público era sim muito semelhante, mas a diferença aqui era tão gritante que motivou matérias e pronunciamentos de Roberto Medina, por exemplo. Eu, sem ver tudo isso, notei a diferença em todo o caminho, e obviamente dentro da Cidade do Rock, onde até os vendedores de Cerveja comentaram que a diferença era grande. Isso tudo mostra como é complicado achar um headline com poder de fogo para um evento desse tamanho, ainda mais com a falta de grandes opções ativas e disponíveis. O Slipknot tem sim uma quantidade relevante de fãs, mas para tal desafio, sofreu um bocado. Eu mesmo não sou fã da banda, estava lá para assistir ao show do Faith No More, e como sai no meio do show do Slipknot para evitar a confusão na saída, devo registrar que o movimento era intenso nos ônibus. Isso posto, vamos ao último dia de Rock In Rio na jornada de 2015.
   Cheguei num horário muito semelhante ao do dia anterior, depois das apresentações do dito "Clássicos do Terror", que foi solenemente ignorado, e do elogiado show do Moonspell com a participação de Derrick Green. Logo de cara, era hora de correr pro Sunset para assistir ao Nightwish. Nunca fui grande fã desse estilo, mesmo de uns tempos para cá tendo começado a escutar Epica, mas estava bem curioso para ver a banda liderada pelo guitarrista Emppu Vuorinen e pelo tecladista Tuomas Holopainen, agora com Floor Jansen no posto de vocalista. A garota divide opiniões, e foi mais comentada por certos pitis nos bastidores do que por qualquer outra coisa, mas eu gostei muito de seu desempenho ao vivo. Como meu conhecimento em relação a banda se resume a um ou outro hit dos tempos de Tarja, não posso cometar muito sobre o set. O dito recebeu um caminhão de críticas dos fãs, mas para quem não conhecia muita coisa, ficou tudo muito legal. O show teve a participação de Tony Kakko, vocalista do Sonata Arctica. Com ele, a banda cantou The Islander e Last Ride Of The Day, ambas próprias, ao contrário de uma amostra da banda de Tony que muitos imaginavam que poderia acontecer. Do que vi, gostei muito, desde o ótimo som, até o desempenho irretocável de todos, passando pelo ótimo público que viu tudo e curtiu pra valer. Seguramente, foi um dos pontos fortes da noite.
   Hora de começar os trabalhos do palco mundo, com o show do De La Tierra. Agora o assunto público não pode passar em branco, novamente. A diferença do que se viu em dias anteriores em frente ao lugar mais disputado do festival era simplesmente assustadora. E não adianta falar que estavam no Sunset, ou passeando pela Rock Street, já que a realidade entre os dias não mudou nem um pouco, até porque o show do De La Tierra era bem mais interessante ao público em comparação ao CPM 22 por exemplo. Era possível chegar a lugares inimagináveis, onde um dia antes era necessário um grande esforço, sem maiores dificuldades. Mais tarde a coisa melhorou, mas fica o registro. Quanto ao som, a banda é um projeto, um chamado supergrupo, que reúne o nosso lendário Andreas Kisser, o baterista do famigerado Maná Alex González, o baixista argentino Sr. Flavio, do Los Fabulosos Cadillacs e o  vocalista e guitarrista argentino Andrés Gimenez, do A.N.I.M.A.L. A banda, já pela formação, parece uma grande bagunça sonora, e é mesmo. A ideia é mostrar a história latina que forma a banda na prática, em ritmo de Metal, mas honestamente é um projeto que nunca me chamou muita atenção. Ao vivo a mesma coisa, e vale o registro, mas a atração passou batida. Mesmo assim, é sempre bom ver Andreas em ação, algum proveito nós sempre tiramos.
   A função de fechar o Sunset roqueiro ficou por conta de Steve Vai, indiscutivelmente um dos maiores guitarrista que esse mundo já conheceu. O show foi em conjunto com a Camerata Florianópolis, uma orquestra completa, que fez aquela mistura de música erudita com guitarra que raramente da errada. E não seria aqui que daria. Um show que foi na verdade uma viagem instrumental, uma aula prática de riffs e solos com quem entende profundamente do assunto. Os virtuosos presentes foram ao delírio.
    Era hora de um dos shows mais esperados da noite. O Mastodon é um dos maiores nomes do Heavy Metal na atualidade, vê seu nome crescer assustadoramente, levando ao lugar uma quantidade considerável de fãs. A banda nunca chamou minha atenção, mas era mais um show chamativo no line-up, e a curiosidade foi recompensada com uma aula de Heavy Metal. Divulgando o ótimo Once More 'Round the Sun, a banda fez um set com 13 músicas que passam pelos 7 discos de estúdio lançados, causando a melhor impressão possível. Merecem estar onde estão.
   Chega então o show que é o motivo por eu estar lá, o Faith No More. A banda marcou seu retorno definitivo, ensaiado anos antes com uma tour mundial, lançando o ótimo Sol Invictus, o 1o de inéditas em 18 anos. Com o guitarrista Jon Hudson no papel de calouro, mesmo na banda desde 1997, o tecladista Roddy Bottum, baixista Billy Gould, o grande baterista Mike Bordin e o alucinado eterno Mike Patton retornam ao festival dispostos a lembrar do show histórico de 1991. Não chegamos a tanto, e muitos sentiram uma banda fria e séria, mas eu curti intensamente a apresentação.
    O set relativamente curto abre mão de vários hits, dando um espaço considerável aos experimentalismos deliciosos que a banda fez em Angel Dust e King for a Day... Fool for a Lifetime, fora doses cavalares no novo trabalho. É inegável que músicas como Edge of the World, Falling To Pieces (essa muito pedida pelo público) e Surprise! You're Dead! seriam devastadoras, mas ao menos ao meu redor, um número considerável de pessoas estavam curtindo intensamente o show. Num panorama geral, muitos reclamaram.
   A abertura veio com a nova Motherfucker, que vem como um refrão marcante, adequado para tanto. Logo depois vem o clássico From Out of Nowhere, que fãs os fãs pirarem na pura vibe noventista que a banda carrega. Em Caffeine, ótima representante do clássico Angel Dust, vem o momento mais inusitado e insano do show. Patton, num ato de "genialidade", da um stage diving equivocado, caindo direto na grade. Tanto as imagens quanto o ao vivo não deixaram claro o local da queda, fato que só fui descobrir de verdade já em casa. Na hora, vi ele caindo, e poucos segundos depois de volta ao palco e continuando normalmente o show, sem deixar grandes desconfianças da merda que deu. Bem, nada mais Patton do que esse tipo de acidente. Evidence segue as coisas, naquele clima dançante que só ela tem, Em seus versos vem aquele tradicional português que Patton sempre manda nessas terras. Então é hora do lássico maior, e melhor música da banda, a fantástica Epic. Essa foi cantada em uníssono, mas honestamente, ninguém faz seu solo igual ao grande Jim Martin. Jon Hudson fez seu papel, mas aqui confesso que senti uma falta danada do cabeludão. De qualquer jeito, foi um momento memorável, principalmente no famoso teclado final do "peixe morrendo" no mais que clássico clipe. Em seguida vem a nova Black Friday, muito interessante, mas o clima criado por Epic pedia um clássico para completar o combo. Falando em clássico, chega a magnífica Midlife Crisis, que infelizmente não teve o refrão urrado como de costume, uma das passagens mais marcantes do show da banda que vi no Citibank Hall em 2009. The Gentle Art of Making Enemies é uma das melhores de King for a Day... Fool for a Lifetime, uma das melhores da noite seguramente. Easy, um clássico que a banda tomou para si num sucesso estrondoso nos anos 90, foi muito celebrada por todos. Separation Anxiety volta a atenção ao presente. Ashes to Ashes, uma maravilha regatada no Album of the Year, recebe todo o calor que merece dos fãs. Fechando o set regular, vem a melhor nova, Superhero, que tem tudo para virar clássico, já que é Faith No More em sua essência. O bis é aberto no cover diferentão de I Started a Joke, um tanto quanto dispensável. Para celebrar os primórdios da banda, na época em que o vocalista era Chuck Mosley, vem o clássico We Care A Lot. Just A Man fecha a apresentação. A mesma passou longe do Faith No More no auge, mas ainda assim foi bem interessante e divertida.
   Essa acabou sendo a marca da minha noite de encerramento de Rock in Rio, num show bem interessante, mas distante da perfeição. Como o Slipknot numa me agradou, para dizer o mínimo, não tinha porque enfrentar as dificuldade da saída em final de noite. O show, algo que inegavelmente a banda sabe fazer muito bem, foi elogiado, mas foi quase unânime a superioridade do que foi apresentado naquele palco em 2011. O peso de fechar a noite foi demasiado para a banda, que mesmo assim tem méritos inegáveis. Esse foi para mim o maior festival de música desse país, e um dos maiores do mundo. Mais uma edição com grandes shows, estrutura, pontualidade e tudo mais. Parabéns aos responsáveis, e que venha 2017 e vários outros grandes shows!
 
   

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

ROCK IN RIO 6 - DIA 24

   E mais uma semana no tão falado Rock In Rio chegou, dessa vez começando numa absurdamente quente quinta-feira, que por ser dia útil, complicou demais a chegada de muitos ao festival. Uma grande marca do dia foi o altíssimo nível de muitos dos shows que aconteceram, sendo "comandados" pelo System Of A Down, que pelo que vimos, provou já ter potencial para andar ao lado dos gigantes do Heavy Metal, sendo a mais promissora no quesito arena para os anos que estão por vir. Um público absurdo tomou conta do lugar desde cedo para cada apresentação ser curtida intensamente. 
   Acabei chegando depois dos shows do Project46 com John Wayne, representantes do Metalcore brasileiro, e da boa Halestorm. Minha ideia original era chegar para ver a estreia do About2crash na Rock Street, banda formada pelos monstros sagrados Aquiles Prister e Luis Mariutti, mas o caos no trânsito e no terminal alvorada não permitiram. Ai cheguei bem na hora do Lamb Of God, correndo direto pro palco sunset.
    Infelizmente, meu celular foi furtado com cerca de 40 minutos de show, e obviamente tive que dar uma circulada pela Cidade do Rock para resolver as burocracias envolvidas em casos assim. Nunca acompanhei profundamente o trabalho da banda, mas o que vi me agradou bastante. Relativamente novos para os padrões musicais nossos, a escolha foi precisa. O chamado Groove Metal praticado por eles simplesmente incendiou a pista. Pena não poder acompanhar tudo, mas vi o suficiente para tirar o chapéu para um dos maiores nomes do Heavy Metal atual. Muitos fãs que conheço simplesmente piraram com a apresentação, e só isso já prova a força da mesma. 
   O show que viria abrindo o palco mundo foi do CPM 22. No meu começo no Rock, curtia muito a banda, mas obviamente com o tempo risquei ela da minha vida. A escolha destoava do restante da noite, já que eles são um dos primeiros a se arriscar no chamado Emocore por essas terras. Todos sabemos que depois a coisa foi dali para muito pior. Muitos cresceram ouvindo, e é inegável que a banda tem uma coleção de hits que muitos se vem cantando. Com isso, a reação foi inegavelmente positiva. Contudo, preferi dar aquela descansada no gramado, comer uma batata-frita, tomar umas geladas e esperar o tempo passar. Uma banda pouco interessante sempre cai bem num festival para esse tipo de coisa.
   Depois dei uma passada na apresentação do Eminence no palco da Rock Street, com público reduzido é verdade. A banda mostrou porque é tão falada no underground, praticando um Death com toques modernos digno do legado dos colegas mineiros. A apresentação teve direito também a participação do vocalista Bruno Paraguay na roda formada próximo ao palco, cantando no centro dela. Bem interessante em geral. Enquanto isso, acontecia no Palco Sunset o show do Deftones, uma banda que nunca me agradou. Por isso, preferi distância de lá, mas muitos foram conferir a apresentação, pelo nome forte da banda dentro do New Metal.

HOLLYWOOD VAMPIRES
   O show que veio a seguir esquentou de vez a noite. O Hollywood Vampires é um projeto, um chamado supergrupo, formado por monstros sagrados do Rock N'Roll. Tem como Alice Cooper, Joe Perry, Duff Mckagan e Matt Sorum se reunirem e não dar um belo resultado? Midiaticamente, a participação excelente do grande ator Johnny Depp nas guitarras transformou a banda em noticia. Bem, não se pode negar a sua fantástica participação e o nome que ele carrega, mas convenhamos, chamar o grupo de "banda do Johnny Deep" é um absurdo sem tamanho. Quando o assunto é música, ele deve pedir licença aos companheiros, e fim de papo! 
   Esse assunto da muito pano para manga, mas prefiro ir direto ao que interessa. O show da banda, praticamente estreante em todos os quesitos, foi na verdade uma jam que durou 1h, um passeio por parte da história do Rock em interpretações de nomes que estão diretamente ligados a capítulos importantes da mesma. Alice Cooper, a voz do grupo, apresentou dois dos seus clássicos eternos, os hinos School Out e Billion Dollar Babies. Train Kept A-Rollin', música do Tiny Bradshaw que o Aerosmith tomou pra si, fez menção ao lendário grupo de Perry. Destaque também para a participação do filhão de Ringo Star na bateria, o senhor  Zak Starkey, além de Andreas Kisser, por muitos chamado de arroz de festa, mas de uma festa assim, só os grandes participam. Raise the Dead foi a música realmente da banda em meio a todo esse jam, que passou por John Lennon, The Who, Led Zeppelin, Rolling Stones, Pink Floyd (na famosa menção a Another Brick In The Wall que Cooper faz em seus shows), T Rex, Jimi Hendrix e The Doors. Bem, só citando esses nomes, já podemos dar uma bela viagem não é?
   Para resumir, foi um baita show, que caiu como uma luva em um festival assim. Vimos um projeto de monstros sagrados do Rock levando um som de primeira, infelizmente, por muitas vezes ignorado pelo grande público. Uma sacada genial para esse dia de Rock In Rio.

QUEENS OF THE STONE AGE
   Agora a noite já tinha engrenado de vez. Era hora de ver então um aguardado e espetacular show de Rock N'Roll puro com toques de modernidade que o Queens Of The Stone Age, um dos poucos da atual geração ainda relevante, consegue proporcionar. Desde 2001, ainda pequeno e deslocado no mesmo Rock In Rio, a banda não aparecia na cidade, o que fez crescer a expectativa pelo show nessa noite. O número considerável de fãs que a banda tem no Brasil correspondeu, criando um clima fantástico que fez da sequência com o headline um dos fortes desse festival. A banda passou o ano de folga, fora de turnê, depois do muito bem sucedido giro para divulgar o bom  Like Clockwork, 6o disco de estúdio lançado em 2013. É provável que em breve possamos ver o seu sucessor, mas nessa noite, vimos uma banda de Rock de verdade dominando com facilidade o enorme palco do festival, sem cenário ou pirotecnia, somente música. O set teve 14 músicas, com boas escolhas cobrindo toda a carreira, e pé fincado com força nas músicas mais recentes. Num show assim, senti falta de pedradas do porte de The Lost Art of Keeping a Secret, Feel Good Hit of the Summer, First It Giveth, e da magnífica Mosquito Song, mas em geral, foi interessante. 
   Começar o show com a dupla que abre o seu melhor trabalho, Songs For The Deaf, não poderia ser um acerto maior. You Think I Ain't Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire e o hit maior No One Knows já incendiaram a pista do Rock In Rio, criando diversas rodas ao longo dela, um caos que só bandas de respeito conseguem armar. Nessa brincadeira, uma aparente briga próxima a mim, algo raro, abriu um clarão que me possibilitou uma enorme aproximação do palco, podendo assim assistir de perto toda a apresentação. A reação em No One Knows foi digna do status de clássico que ela já carrega. Josh Homme vai comandando sua trupe com precisão, e apresenta My God Is The Sun, uma das melhores do último disco, também muito bem recebida. Burn The Witch é a 1a a representar o ótimo Lullabies to Paralyze, com direito ao coro que o riff ótimo consegue puxar. Smooth Sailing volta ao presente, e é seguida pela clássica In My Head. Regular John vai direto para o 1o trabalho da banda, uma das escolhas mais acertadas possíveis. Sick, Sick, Sick bota mais fogo na apresentação. A sequência como a belíssima The Vampyre of Time and Memory e a inspirada If I Had a Tail mostram o orgulho que a banda tem do trabalho mais recente, não abrindo mão de várias dele nem num show de tamanha proporção. Nesse momento, o fogo não era o mesmo do começo, algo natural pelas escolhas mais recentes, mas é inegável que as músicas são interessantes. Little Sister recoloca o clima mais para cima possível, pelo enorme sucesso que fez no Brasil nos idos de 2005, quando sempre era tocada nas rádios. Nesse momento retornei aos meus primeiros passos dentro do Rock N'Roll. Fairweather Friends chega para totalizar 5 músicas do último disco. Essa poderia facilmente ser trocada por alguns dos clássicos ignorados. Para o encerramento, ficaram as bombas Go With the Flow e A Song for the Dead, que colocam fogo nas rodas, principalmente na última. 
   A impressão foi positiva, e o show foi indiscutivelmente muito bom. Por melhor que seja o trabalho mais recente, eu trocaria algumas novas por clássicos mais fortes em shows dessse tamanho, mas o saldo foi para lá de positivo. 

SYSTEM OF A DOWN
   A noite já seria muito interessante se acabasse ali, mas definitivamente o melhor ainda estava por vir. Muitos insistem em torcer o nariz, mas a apresentação do System Of A Down encerrando uma noite de Rock In Rio foi simplesmente destruidora, fantástica, espetacular, e mais um milhão de adjetivos positivos. A banda vive uma espécie de hiato em estúdio já tem 10 anos, curiosamente quando lançou o seu melhor álbum, Mezmerize, junto do também muito bom Hypnotize. Nesse ano, a banda voltou numa tour mundial, e em breve a espera por algo novo deve chegar ao fim. Para quem viria somente o 2o show por aqui, depois de 4 anos naquele mesmo palco, isso estava longe de ser um problema. A conexão de uma banda inspirada tocando para um público frenético fez do show algo realmente memorável. 
   O fogo do público, que vale lembrar, compareceu de maneira assustadoramente satisfatória ao lugar, já foi provado logo de cara. Um set divulgado no começo da tarde por meios de comunicação foi simplesmente rasgado, com algumas inclusões que há tempos não apareciam, o que mostra a disposição diferente da banda naquela noite. I.E.A.I.A.I.O simplesmente deu origem a rodas por todo o lugar, não tinha como escapar. Já nessa canção fantástica, percebia-se que o público era diferente do que se costuma ver em shows de arena, estando disposto a cantar tudo. A banda que entrou discretamente, e de cenário tem apenas um pano com seu logo, mostrou que basta a boa música para fazer um grande show para 85 mil pessoas. Um trecho de Suite-Pee vem em seguida, abrindo espaço para a porrada Attack, a bela abertura de Hypnotize, que não era tocada desde 2011. Que grata surpresa! Prison Song, algo como um clássico da banda na abertura da obra-prima Toxicity, botou fogo de vez no lugar. Hora de mais novidade, com a fantástica Know, uma das melhores do 1o disco da banda. Aerials faz tudo sair do controle, com a força de um clássico sem falso saudosismo. B.Y.O.B não fica para trás, sendo uma porrada daquelas para nem o mais extremo banger botar defeito. Soil e Dart fazem uma mostra da banda mais experimental, mas não menos impactante. Ai a belíssima Radio/Video chega para, seguindo as ordens de Daron Malakian, botar todos para dançar. Hypnotize segue com perfeição, num dos melhores momentos do show. Não tem como não comentar o quanto Daron estava inspirado naquela noite, transbordando carisma no papel de frontman e fazendo seus vocais complicados e riffs com maestria. Serj Tankian não deixa por menos, com suas indispensáveis caras e bocas, e voz totalmente em dia, coisa que alguns insistiam em criticar nas performances ao vivo da banda. A cozinha Shavo Odadjian/John Dolmayan também segura com precisão as pontas. Temper é mais uma nobre surpresa, representando o por vezes esquecido Steal This Album!. A participação até em raridades como essa do público é algo realmente notável, que sem comparação de valores das bandas, mas dos fãs em si, deveria ser copiado por alguns dos seguidores do Metallica e do Iron Maiden. CUBErt segue tal tendência. Needles já é uma espécie de hit, com seu refrão puxado por Daron no começo, caindo para uma participação épica da plateia cantando cada estrofe. Dear Dance, Brounce e Suggestion formam uma sequência simplesmente avassaladora. Daron saca então o refrão da pérola do pop oitentista Physical antes de tocar o porrada Psycho. Simplesmente hilário, e na música em questão, vimos uma pancadaria diferente de grande parte do show, com uma empolgação única. Ai Chop Suey!, outro clássico inegável, destrói de vez os pilhados fãs. Lonely Day, uma baladinha muito querida pela nova safra de rockeiros, emociona. Question! não deixa por menos.  Lost in Hollywood é minha peferida da banda, e sua apresentação foi simplesmente arrepiante, com braços para cima ao longo da Cidade do Rock. Vicinity of Obscenity é outra surpresa, sendo um lado b de Hypnotize. Tinha para todos os gostos nesse sábio setlist. Forest foi uma das mais sábias escolhas, um dos pontos fortes de Toxicity. Cigaro tem seus versos bizarros ironizados por Daron, como de costume, e seu peso descomunal causa a euforia imaginada. No clássico máximo Toxicity, o vocalista do Deftones é chamado para catar com a banda, e o público entra em transe. Daron incentiva rodas na sua reta final, e elas sairam de vez do controle causando um efeito fenomenal. Sugar vem em seguida, e fecha uma grande apresentação de Heavy Metal.
   O dia 24 do Rock in Rio teve seu auge no encerramento, num show digno de um gigante do Heavy Metal. Por mais nova que seja a banda, o efeito do seu show para um público enorme que sabe apreciar não pode nunca ser ignorado nem pelo mais tr00 banger. Uma apresentação simplesmente irretocável de um postulante a manter o legado de Iron Maiden, Metallica, Megadeth, Black Sabbath e tantos outros num futuro próximo. Um show digno de headline de um festival do tamanho do Rock In Rio. 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

ROCK IN RIO 6 - DIA 19

   Depois de chegar em casa por volta das 4h, e dormir por volta das 5h em decorrência da 1a noite do festival, era dia de levantar e curtir mais um dia, esse o chamado "Dia do Metal". Infelizmente, acabei acordando tarde demais para conseguir chegar a tempo de ver o grande show do Palco Sunset, a apresentação fantástica do Angra. Acabei vendo trechos pela tv mesmo, mas quem assistiu tudo garantiu que foi a melhor apresentação nacional do festival desde o clássico show do Sepultura em 1991. Rolou apresentação do novo guitarrista Marcelo Barbosa, choro de Kiko Loureiro, participações matadoras de Doro Pesch e Dee Snider e tudo mais. Uma verdadeira redenção para a apresentação que em 2011 marcou o fim da era Edu Falasch na banda, e o inicio de uma reformulação que muito bem fez a todos. Bem, infelizmente não pude ver tudo isso. 
   A apresentação do Angra era a única que me interessava antes do Motley Crue, e quando vi que nao teria como chegar, decidi ir calmamente para o evento. O industrial do Ministry nunca me interessou, apesar de respeitar tanto a banda como o estilo, assim como o trabalho do Noturnall, cercado de pormenores pouco atraentes a meu ver. Com profundas alterações no terminal alvorada, passagem obrigatória para quem não pagou o ônibus vip, as filas enormes do dia anterior encurtaram, e cheguei rapidamente ao entorno da Cidade do Rock. O entorno do lugar é um verdadeiro canteiro de obras diversas, forçando a improvisação do terminal de ônibus do retorno, e um longo caminho a pé por terra, areia e pedras para quem ia até o festival. Se chove, a coisa toda seria uma lama só.
 Cheguei durante a ótima apresentação do Gojira, um dos grandes nomes do Heavy Metal na atualidade, que foi seguramente um acerto e tanto da organização. A parte que vi, me agradou muito. Já na chegada pude perceber a enorme oferta de cerveja ao longo do gramado, em decorrência das dificuldades do dia anterior. Filas nos restaurantes também era menor. Nesse momento, uma quantidade considerável de pessoas ia até o Palco Sunset para assistir a apresentação do Korn. O show dividiu opiniões, mas para mim, a banda é uma das piores coisas que já surgiu na história do Heavy Metal, assim como 90% daquele movimento chamado New Metal. Por isso, passei longe do lugar, e fiquei tranquilamente bebendo no espaço esvaziado do palco mundo enquanto esperava pelos shows principais. Bem, fazendo justiça à banda, muita gente curtiu o peso e a intensidade do show, inegavelmente um dos mais fortes da noite. Era hora do totalmente desconhecido para o público dar as caras, a dupla Royal Blood. Honestamente, não estava disposto a assistir ao show, e o mesmo foi outro a dividir opiniões. A competência dos músicos é inegável, mas o som em si não chegou a me agradar, assim como a grande maioria dos presentes, por ser algo totalmente deslocado em relação aos headlines. Para mim naquele momento nada me chamaria atenção, porque era incalculável a ansiedade pela apresentação que viria a seguir. 
    O Motley Crue era para mim o show da noite. Além de ser uma das minhas bandas preferidas, um show no Brasil era algo quase utópico para os fãs, que só tiveram tal oportunidade numa terça ou quarta feira em São Paulo, em 2011, quando muitos (incluindo eu) não puderam estar presentes. Desde então, um show deles é uma obsessão para mim, e agora a turnê de despedida era a última chance. Pelos altos custos, era improvável um show no Brasil, mas o Rock in Rio fez isso ser possível, sendo assim a única apresentação na América do Sul. No mínimo, histórico. Muitos estavam desfilando suas camisas pelo lugar, e a partir das 10h30 da noite daquele dia 19 de setembro, estava tendo inicio um dos shows da minha vida.

MOTLEY CRUE

   Mesmo tendo uma quantidade considerável de fãs no lugar, eventos assim fazem com que esses fiquem dispersos em meio a multidão de 80 mil pessoas, fazendo com que o efeito concentrado de um show individual não aconteça, já que os fãs e curiosos se misturam. Assim sendo, a participação popular foi fraca para o que o show merecia. Um tanto quanto revoltado e pilhado por isso, sai abrindo espaço, e consegui ver muito bem um dos shows da minha vida, sem medo de errar. Sendo franco, esse é aquele tipo de show no qual a emoção pura e simples dita a regra, algo semelhante ao show do Black Sabbath, onde a força e improbabilidade da apresentação fizeram com que qualquer coisa vinda valeria a pena. Ou seja, durante pouco mais de 1h, eu simplesmente não fiquei avaliando tecnicamente nada, nem atento aos riffs e acordes certos ou errados, nem reclamando de uma ausência ou outra no set. Simplesmente, o que veio foi lucro, foi 1h de verdadeiro choque ao olhar para um palco e ver Tommy Lee, Vince Neil, Nikki Sixx e Mick Mars ali, quatro dos meus maiores heróis do Rock N'Roll. E tome lágrimas, voz perdida em cada nota berrada e reações de legítima emoção a cada solo ou riff. Vendo em casa, pude perceber que a voz de Vince não anda lá essas coisas, mesmo longe de passar vergonha. Na hora mesmo, isso era um detalhe. Fora isso, irretocável instrumental, e as dançarinas/becking vocals criaram aquele clima sexual que tanto combina com a banda e com o estilo. 
   A brincadeira começou com o hino  Girls, Girls, Girls, música mais conhecida da banda. Que porrada no coração foi escutar aquele riff, cantar cada verso de uma música que escuto desde que me entendo por gente. O som não estava dos melhores, mas repetindo, tudo ali era lucro total. Mesmo muitas vezes me vendo sozinho cantando, para mim era tudo um sonho. Wild Side chega para arrematar de vez, como ela é uma das melhores para um show desse porte, foi a que teve maior participação. Durante Primal Scream a ficha começava a cair, eu começava a ver que aquilo era verdade, e eu estava diante de um show do Motley Crue. Então a 1a representante da obra-prima Dr Feelgood resolve dar as caras, com o clássico Same Ol' Situation (S.O.S.), seguida pela arrebatadora power-ballad Don't Go Away Mad (Just Go Away). Emoção pura, cada segundo era parte de um sonho se tornando realidade.  Smokin' in the Boys' Room vem para agitar ainda mais, e Looks That Kill serve para me matar do coração. A pirotecnia estava presente também, apesar de ser dito não haver tais efeitos. Fogo queimando os presentes mais distantes, baixo de Sixx cuspindo fogo, e tudo que tem direito para completar o que já seria perfeito só pela música. Anarchy in the U.K., hino do Sex Pistols, agita os que pouco conhecem da banda.  Shout at the Devil é o auge da pirotecnia, onde cada fã urrava seu famoso refrão, que da nome ao 2o e fantástico disco da banda. Então Mars faz um belo solo, do alto da superação que é para ele cada apresentação, mesmo com a saúde um tanto quanto desgastada. Saints of Los Angeles apresenta a nova fase da banda, e cai muito bem, já que pode ser considerada um novo clássico. Live Wire da inicio a reta final da brincadeira. Os hinos supremos Dr. Feelgood e Kickstart My Heart encerram a 1a parte do show com brilhantismo e mais emoção. A organização, mal preparada, já mostrava o logo do festival no telão, e iniciava uma das propagandas, quando felizmente o Crue retorna com Tommy Lee tocando a introdução da arrebatadora Home Sweet Home no piano. Ai não teve jeito amigo, as lágrimas começaram a escorrer, e o sonho chegava ao seu final de maneira irretocável. Só poderia agradecer aos céus por aquilo ter acontecido diante dos meus olhos. Agora o show do Black Sabbath tem um companheiro quando o assunto é o show da minha vida. 

METALLICA

   Obviamente, ainda tinha um grande encerramento para aquela noite. O Metallica vem prolongando ao máximo a espera pelo sucessor de Death Magnetic, e suas constantes vindas vem tornando muita coisa repetitiva. Mesmo assim, nunca é ruim ver a banda ao vivo, é sempre algo gratificante. Com um tempinho para recuperar o fôlego e um grande acúmulo de gente em todas as direções que levavam ao palco, era hora de ver minha banda do coração em ação novamente. 
  A famosa abertura com o tema Ecstasy of Gold já estourava as caixas, quando o show começa com a dispensável Fuel, que sejamos justos, sempre agita os presentes. Deixa para o hino For Whom the Bell Tolls, que bota 80 mil para pular durante a clássica intro que eternizou a lenda Cliff Burton. Em seguida a thrasheira Battery, que abre o clássico Master Of Puppets, não deixa pedra sobre pedra no lugar. Uma das surpresas no set vem em seguida, com King Nothing, uma das ótimas músicas escondida no disco Load, que se for melhor explorado, vai apresentar bons momentos aos fãs. Bem interessante. 
   Em seguida vem o clássico Ride the Lightning, que vinha muito bem, mas já na sua reta final apresentou uma falha devastadora no som do festival. A banda continuou tocando ela até perceber o problema, e mesmo sem nada, dava para ecutar os murros que Lars Ulrich dava em seu kit. Amigos, esse tipo de situação é inédita para mim, não lembro de nada parecido nem em shows undergrounds, quanto mais em eventos desse porte.  Depois de uma paralisação para ajustes, o show segue normalmente. O curioso é que, exceção óbivia ao momento dito agora, o som durante todo o show foi um dos melhores que vi em apresentações ao ar livre. Alto, nítido, mais limpo impossível. Vai entender.
   Bem, The Unforgiven aparece depois da pausa como se nada tivesse acontecido, arrepiando os presentes numa das mais belas canções que a banda tem. Cyanide representa o disco mais recente. Ela é bem agradável ao vivo, mas acho que Death Magnetic tem canções mais interessantes para seguirem com a banda no futuro. O frontman James Hetfield se mostra, como sempre, o carisma em forma de gente, comandando com as palhetadas, riffs e voz irretocável a apresentação. Kirk e Rob seguram a onda com perfeição também, igredientes que fazem com que cada apresentação do Metallica seja especial. Wherever I May Roam e Sad But True, clássicos do aclamado Black Álbum, causam a catarse de sempre. Depois vem a melhor parte do show. Turn The Page, cover eternizada pela banda numa versão absurda é simplesmente arrepiante,e sem tempo para rspirar, vem simplesmente a raridade das raridades, a pérola The Frayed Ends of Sanity, escondida em algum lugar no meio do clássico ...And Justice For All. A apatia de grande parte do público é assustadora, e comprova que a nossa geração se limita às mesmas músicas de sempre das mesmas bandas. Até aquelas bandas poucas que recebem a atenção não tem suas obras exploradas como se deve. Durante a dita pérola, outro problema técnico acontece, dessa vez uma afinação equivocada na guitarra de James, que já no seu riff inicial se vê obrigado a começar do zero. Nada que atrapalhe o momento. Dali para frente, vem uma sequ~encia de hinos eternos do Heavy Metal que ao vivo são sempre arrebatadores. Tome One, Master Of Puppets, Fade To Black e Seek And Destroy. Ai estava o maior acerto de um set que considerei o melhor que já vi o Metallica apresentar. 
   Ali acabava o meu gás, e assisti ao bis mais de longe, degustando desesperadamente um copo de água. Whiskey In The Jar foi o acerto, curiosamente dedicada ao eterno baixista Cliff Burton. No mais, vamos ser francos. Nem o presidente do fã clube aguenta ouvir Nothing Else Matters e Enter Sandman mais. A essa hora, já me encontrava deitado no gramado, plenamente realizado por uma noite que considero a melhor da minha vida. 
   O show do Metallica talvez tenha sido o melhor que vi da banda, apesar dos problemas citados, que, a meu ver, não atrapalharam o conjunto da obra. O set foi fantástico, e a energia entregue pelos membros foi no padrão sempre oferecido pelos mesmos. Mesmo assim, fico com a apresentação arrepiante do Motley Crue como o show da noite. Já na volta, a facilidade para pegar o ônibus um dia antes foi por terra. Vimos um show de horrores no acesso ao terminal especial, com gente sendo jogada como gado nos disputadíssimos coletivos. Bem, esse foi o resumo de uma noite que ficou para a eternidade. O festival ainda não acabou, semana que vem conto para vocês o que vi nos shows dos dias 24 e 25 próximos. 


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

ROCK IN RIO 6 - DIA 18

   Amigos, alguém minimamente iniciado e interessado em Rock N'Roll consegue passar essa época do ano sem falar no assunto Rock In Rio? Desde que ele voltou em 2011 para ficar em edições bianuais, somos assunto no país inteiro, e só por isso, vale considerar a grandiosidade do festival. Muitos amam odiar e criticar line-up e coisas do gênero, mas é inegável  que em 6 edições o senhor Roberto Medina entregou aos roqueiros em geral shows inesquecíveis de bandas lendárias. O Rock in Rio nunca foi um festival de um ritmo só, mas alguém se atreveria a contar a história do Rock no Brasil sem citar os shows do Whitesnake, Scorpions, Queen, Iron Maiden, Judas Priest, Sepultura, Megadeth, Metallica, Guns N'Roses e tantos outros no festival? O mesmo mudou a forma como se brinca com shows em 85, transformou a coisa num profissionalismo invejável, sempre entregando ao consumidor exatamente o prometido, coisa que alguns festivais recentes chegaram longe de fazer. 
   Bem, para não me alongar muito, chegamos ao 3o Rock In Rio desde 2011, e no 6o em toda a história, e para variar, algumas bandas fantásticas foram escaladas para comandar a festa. Line-up perfeito não foi, longe disso, mas dentro das possibilidades, ficou bem legal. Comecei minha maratona no festival no 1o dia, comandado pelo Queen reformulado. Foi um dia bem desequilibrado, que contou com um show razoavelmente bom do Ira! bem mais cedo, mas que se perdeu nos convidados, e num mar de lixo até a hora da atração principal. Como não estava disposto a aturar isso, optei por chegar bem mais tarde, quando o famigerado Script fazia seu show Pop de gosto bem duvidoso. A assustadora movimentação no terminal de ônibus que dava acesso ao festival dava a noção de que muitos optaram pelo mesmo expediente. Antes disso, tivemos mais um dos muitos tributos a dispensável interprete Cassia Eller, que fez sua carreira com músicas compostas por grandes nomes da música brasileira, exatamente o que vemos em botecos por toda a cidade. Um bailão com participações de nomes que iam de Ivan Lins e Ivete Sangalo até Titãs e Andreas Kisser, passando por porcarias do porte de Blitz e Jota Quest e mais um milhão de outros nomes teve seus altos e baixos. De destaque, o figurino sensacional de Ney Matogrosso, o esporro do gênio Erasmo Carlos com 30 anos de atraso para a lamentável vaia recebida na ocasião, o rockão simples e eficiente de Paralamas e Barão Vermelho e a pitoresca participação de Dinho Ouro Preto cantando Sepultura. Bem, deu para ter o tom da bagunça né? Para ficar só no mundo, ainda tivemos antes da atração da noite, a única coisa que faria valer um dia inteiro de festival, uma tortura sonora que atende pelo nome de One Republic. Nossa mãe, perto daquilo, Codiprey chega a ser apenas ruim. A fila no bar dava a ideia do interesse que o espetáculo despertava. 
   Bem, finalmente, vamos ao que interessa. Antes de qualquer coisa, ninguém em sã consciência é capaz de comparar o tributo que Roger Taylor e Brian May fazem ao Queen atualmente com a banda que fez seu nome na galeria mais nobre da história do Rock N'Roll. John Deacon, que não participa de reunião, e obviamente, Freddie Mercury são insubstituíveis, e aquela banda que se apresentou há 30 anos num palco bem próximo dali simplesmente acabou. Dai achar que qualquer vocalista desse mundo, por melhor que seja, é capaz de substituir a voz definitiva do Rock N'Roll sem deixar nada a dever é loucura. O show seria uma oportunidade para vermos dois gênios em ação, tocando um repertório irretocável feito por eles, cantado para quem pela força do antigo comandante acabaria sendo o centro das atenções. Adam Lambert não é Freddie, nunca será, mas não reconhecer seu talento vocal em músicas que exigem isso é pura implicância. Muitos podem não gostar da figura dele, um tanto espalhafatosa é verdade, mas quem como eu não liga a mínima para tanto consegue enxergar o ótimo papel dele cantando algumas das músicas mais fantásticas feitas até hoje.
   Depois dessa introdução necessária devido aos pormenores envolvendo a apresentação da noite, vamos a ela em si. Como já foi dito, o dia foi escolhido sem muita precisão, fazendo o Queen brilhar absolutamente sozinho, algo bem diferente do que vimos 30 anos antes nas "aberturas" de Whitesnake e Iron Maiden. Isso, e mais o fato de não ser uma banda em si, e sim um grande tributo a sua história com metade da sua formação original, mostra a força do nome Queen, que inclusive foi um dos primeiros a esgotar as entradas. A brincadeira começou com clássicos em sequência, o que chega a ser redundante quando o assunto é Queen. One Vision já conquista qualquer fã, e vê a porrada Stone Cold Crazy chegar para dar sequência. Fãs de Metallica conhecem muito bem essa ai, uma das melhores de toda a carreira. Tal escolha mostra o capricho da dupla em mostrar os grandes hits, ao lado de outras pérolas escondidas em sua obra. Another One Bites the Dust é um hino definitivo, e agita os menos entendedores que constituíam uma parcela significativa do público. O mesmo se agitou mais na reta final, e na mais que trabalhada Love Of My Life. Fat Bottomed Girls representa com brilhantismo a obra-prima Jazz, e acabou sendo bastante celebrada por alguns. Bem, trabalhar com o repertório de bandas assim faz qualquer set ser a coisa mais perfeita do universo. In the Lap of the Gods... Revisited foi realmente de arrepiar, em meio a fumaça que tomava conta do palco. Ver o desempenho de May nessa pérola foi absurdo.  Seven Seas of Rhye nunca pode ficar de fora de nada relacionado ao Queen, e de fato é absurda ao vivo. Killer Queen chega para matar os fiscais de ódio com Lambert deitado em pose de legítima rainha enquanto canta. Seu papel, como disse, foi exatamente o esperado, ao cantar com correção cada uma das músicas, o que só ótimos vocalistas são capazes de fazer. O hino Don't Stop Me Now faz a cidade do Rock explodir, assim como a única I Want to Break Free. Em um dos poucos momentos de papo, Adam elogia a plateia e pergunta se alguém já encontrou o amor, e pediu ajuda para tanto. Deixa perfeita para Somebody to Love. Então é hora do dono da noite sacar seu violão e comandar 85 mil vozes em Love of My Life. Impossível não se emocionar. A banda vinha tocando regularmente a magnífica '39, mas lamentavelmente sacou a mesma do set. único ponto a lamentar na apresentação no meu ponto de vista. A Kind of Magic cativa, e abre espaço para Roger Taylor duelar  com seu filho  Rufus Tiger Taylor. Que momento belíssimo, onde Taylor pode brilhar e se mostrar em forma na função mais complexa do Rock. Mesmo com o som um pouco baixo durante todo o show, simplesmente não tinha o que falar até então. Under Pressure, que apresenta brilhantismo até no fraquíssimo Hot Space, serve para Adam mostrar seus predicados numa música consagrada no duelo de Freddie Mercury e David Bowie. Na sequência vem simplesmente Save Me, um dos pontos altos do incrível The Game. Brian pergunta se o garoto foi aprovado, com óbvia resposta positiva da audiência, e abre espaço para ele apresentar Ghost Town, música no máximo ouvível de sua carreira solo. Perto de tanta perfeição, ela fica devendo, como 99% dos mortais quando o assunto é a obra do Queen. Who Wants to Live Forever é surpreendentemente celebrada. Hora de May brilhar, mais do que já brilhava em toda apresentação. Um solo magnífico que só poderia ser apresentado por um mostro das seis cordas. Last Horizon aparece para coroar o momento. The Show Must Go On vem para emocionar qualquer coração de pedra, assim como a avassaladora I Want It All. Radio Ga Ga arrepia principalmente na clássica coreografia manual do público durante o refrão. Esse foi o momento em que o público ficou mais agitado, partindo para uma bela reta final. Crazy Little Thing Called Love  bota todo mundo para dançar, mas em seguida vem o momento da noite. Bohemian Rhapsody por si só já é matadora, sendo uma das maiores músicas da história, e com a aparição de Freddie cantando no telão fica a coisa mais linda do mundo. Num tributo a sua obra, tudo faz sentido. A dupla infalível We Will Rock You e We Are the Champions fecham a brincadeira com chave de ouro.
   Quem entendeu o espírito dessa apresentação do Queen viu um baita show, digno da força que apresentou. A primeira noite do Rock in Rio foi ótima. As filas no alvorada e certa tranquilidade na saída dos ônibus marcaram, coisa que aconteceu exatamente ao contrário no dia seguinte. Outra coisa que mudou foi a cerveja, que aparecia com facilidade no "dia do metal", e exigia uma batalha na noite de abertura. Fora isso, um som apenas aceitável e a estrutura de sempre marcaram a estreia do festival, marcado por um ótimo show de dois monstros sagrados e de um garoto talentoso que foi capaz de segurar a onda em canções fantásticas. 

domingo, 13 de setembro de 2015

IRON MAIDEN - THE BOOK OF SOULS

   A cada novo trabalho, dependendo da banda em questão, a nossa avaliação deve se adaptar ao momento. No caso do Iron Maiden, uma banda com papel definitivo na história do Rock, temos que ter a consciência de que nenhum dos trabalhos lançados na década de 80 será igualado. Assim sendo, a comparação cabível é sempre do fantástico Brave New World, que marca o retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith a banda, para cá. Por ser uma das minhas bandas preferidas, a emoção é sempre grande em momentos como esses, mas de cara podemos dizer que The Book Of Souls é um disco espetacular, que ao meu ver supera o bom The Final Frontier e o muito bom Dance Of Death. Toda a comoção gerada no universo do Rock pelo trabalho é plenamente justificada. 
    Depois do drama pessoal pelo qual o vocalista passou recentemente, a relevância dessas fantásticas 11 canções cresce ainda mais. A espera de 5 anos valeu, e como valeu. Trata-se de uma obra para lá de complexa, rica em arranjos, com uma forte pegada progressiva. Isso fez com que o disco tenha de ser duplo. Existe muita variedade, mas as marcas de uma banda para lá de clássica estão todas lá. Cavalgadas do mestre Steve Harris, coros prontos para estádios inteiros entoarem, duelos fantásticos nas seis cordas, entre outras tradições, farão com que o ouvinte viage pela história gloriosa do Iron Maiden.
   Desde que tivemos acesso ao track list, Empire of the Clouds já chamava atenção, e não tem como começar a falar das músicas sem citar essa obra-prima de 18 minutos. Diferente de tudo que a banda fez até então, o piano magnífico, e a complexidade sonora assustadora faz com que o Iron Maiden saia do lugar comum, algo surpreendente para uma banda com uma história tão rica e gloriosa. A própria banda já comentou que de tão complexa, será impossível apresentar a música na turnê. Pelo que notei, a quantidade de queixos caídos entre os fãs da banda por causa dessa maravilha impressiona. Só isso? Nem pensar, tem muito mais. Na abertura já temos uma ótima impressão com If Eternity Should Fail, que chega com um daqueles refrões bem Iron Maiden que grudam na sua mente pelo resto do dia. Speed of Light, que há um mês parou os headbangers ao redor do mundo em seu entorno, já é um clássico do Maiden agora. Muitos fãs já são capazes de canta-la de traz para frente. Ela é uma das mais simples e rápidas do trabalho. The Red and The Black é sem sombra de duvidas uma das melhores não só do disco, mas da banda nos últimos anos. O que Dave Murray, Adrian Smith e, vá lá, Jennick Gers fizeram aqui é algo digno de nota. Muito pelas guitarras espetaculares, é um dos grandes destaques do disco. Shadows of the Valley começa com um riff muito semelhante ao do hino Wasted Years, mas tem uma construção completamente diferente. Enquanto no citado clássico a coisa explode, agora a música vai crescendo aos poucos até perder o controle em dado momento. Simplesmente fenomenal. A faixa-título também chama atenção, agora pelo belo trabalho de Nicko McBrain em seu monstruoso kit. Bruce também se mostra em forma, com sua voz indefectível. Death or Glory, Tears of a Clown, inspirada no gênio Robin Williams, The Man of Sorrows, The Great Unknown e When the River Runs Deep não deixam por menos, mantendo assim o ótimo nível do disco.
    Me alegra muito ver uma banda que para mim é uma verdadeira religião nos brindando com um trabalho desse nível. The Book Of Souls já se apresenta como um dos mais grandiosos momentos do Iron Maiden no século 21, que se não teve a força do que foi feito nos anos dourados, nos brinda com ótimas músicas. Os anos que virão são um grande mistério, até mesmo se o disco em questão terá um sucessor. Seja como for, ainda é tempo de aproveitar os nossos gigantes do Rock ainda ativos. Longa vida a donzela de ferro, e Up The Irons!



quarta-feira, 9 de setembro de 2015

KRISIUN - FORGED IN FURY

   O Heavy Metal feito no Brasil é, e sempre foi, rico em bandas ótimas de variados estilos. Dentre elas, muitas alcançaram incrível prestígio internacional. Atualmente, é quase uma unanimidade que o Krisiun é a banda mais forte do estilo no Brasil. Não que bandas como Sepultura, Angra e Ratos De Porão não estejam fazendo algo relevante no momento, exatamente o contrário, mas os irmão gaúchos vivem o que considero o auge de sua criatividade musical. Discos como Black Force Domain e Conquerors of Armageddon são fundamentais, mas meus preferidos são justamente os 2 últimos,  Southern Storm e The Great Execution. Forged In Fury nada mais é que a sequência natural deles, que já podemos colocar como clássico nivelado aos anteriores, sem medo de errar. 
   O que vemos aqui são músicas trabalhadas, muitas com 5 ou 6 minutos de duração, técnica acima da média e o som mais limpo que uma banda de Death Metal pode produzir, isso obviamente sem perder a essência. Em meio ao Death característico, passagens de Heavy e Thrash podem ser notadas, formando uma combinação complexa, matadora e irrepreensível. A bateria por muitas vezes metrancada de Max Kolesne apresenta o seu auge criativo, sem demagogia. Obviamente, em passagens de músicas como Dogma of Submission ele não deixa de imprimir a sua marca característica. Nessa canção é um dos momentos onde o Krisiun apresenta um pouco daquele Death mais sujo do inicio de carreira, com sabedoria e precisão. O baixo de Alex Camargo também aparece claramente em vários momentos. Obviamente Moyses Kolesne não deixa por menos. Não é simples destrinchar uma obra tão complexa e, diria eu, perfeita no que ela se propõe a fazer, mas em resumo vemos em Forged In Fury um disco de Death Metal na mais perfeita forma que o estilo pode produzir na atualidade. Não tem uma música sequer que podemos dizer que a bola baixa, mas se é para destacar algo em um universo tão coeso, ficaria com as extraordinárias Scars of the Hatred, Strength Forged in Fury e Burning of the Heretic. As curiosidades ficam por conta do encerramento com Milonga de la Muerte, um solo de violão clássico em que Moyses mostra toda a sua técnica diferenciada. Temos também uma versão simplesmente matadora para Electric Funeral do Black Sabbath, onde a banda consegue imprimir a sua marca sem descaracterizar o clássico em questão. Mais uma para a coleção, que inclui Refuse/Resist do Sepultura, Black Metal do Venom, No Class do Motorhead, Nuclear Winter do Sodom e Total Death do Kreator, por exemplo. 
   Podemos dizer que o Krisiun entregou exatamente o que se esperava da banda. Uma sequência de The Great Execution, com a experiência acumulada durante o período de intervalo, marcado por uma longa tour mundial. Uma banda que nunca falhou cumpre seu papel com perfeição, entregando um clássico do Death Metal com toques sábios de modernidade e velharia na medida certa. Não deixe de comprar em hipótese alguma! 


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

SHOW DO GENOCÍDIO + ANTHARES + AS DRAMATIC HOMAGE- ROCK EXPERIENCE - RIO DE JANEIRO

   O show que aconteceu na noite do dia 5 de setembro foi mais um capitulo magnífico do Heavy Metal brasileiro. O evento foi um turbilhão de emoções, cujo único ponto negativo foi a dor no coração de ser o último na série de shows realizados pela Be Magic, em parceria com a Scelza produções. Para não dizer último, ainda teremos o beneficente de novembro pelo compromisso mais que nobre assumido, mas na prática é isso. Tal fato merece destaque pela guarra empregada no projeto pelos seus idealizadores, que por uma série de fatores foi obrigado a cancelar o show que o Taurus faria mês que vem, por exemplo, assim como os eventos que vinham sendo programados para dezembro e janeiro. Tal fato é triste, e evidencia a dificuldade que o Heavy Metal nacional enfrenta na cidade, causado por uma série de fatores que nem valem a pena serem citados. Contra tudo e todos, os produtores ofereceram aos cariocas shows que não aconteciam há tempos, e que ficaram na memória de quem apoiou o projeto e compareceu aos eventos, com bandas do porte de Vulcano, Dr Sin e MX a frente de tudo, e para essa última empreitada, as lendas vivas Genocídio e Anthares assumindo esse papel. Isso posto, vamos a mais uma noite memorável de metal brazuca no Rio Rock Blues, ou Rock Experience. 
   Felizmente, o público compareceu de maneira bem aceitável e com muita vontade de bangear. As bandas principais são um tanto quanto diferentes entre si, por isso muitos estavam mais dispostos a cada uma delas, mas mesmo assim a participação foi ativa durante todo o evento. Houve um certo atraso na abertura do portão, e na liberação do último andar, onde o show acontece. Com isso, o As Dramatic Homage começou seu show 2h depois do previsto. Fora isso, as trocas e apresentações aconteceram na mais perfeita ordem. Na famosa reunião de amigos que eventos assim proporcionam, o ótimo e tradicional papo culminou numa visita ao camarim, e naquele papo fantástico com integrantes das bandas, o que em casos assim é uma viagem na história do Metal brasileiro, do passado ao presente. Momento grandioso, que se estendeu por boa parte da apresentação do As Dramatic Homenage. O que vi me causou ótima impressão. A banda é muito influenciada pelo Opeth, fazendo um som ótimo e de difícil descrição. Os vocais de Alexandre Pontes misturam um gutural muito bem feito com vocais limpos, e o instrumental da banda é simplesmente impecável. Os fãs já estavam em peso na pista, e curtiram bastante o show. Certamente ainda ouviremos muito esse nome. 
   O Anthares era para muitos, incluindo eu, o grande show da noite. A banda finalmente fazia sua estreia na cidade, para mostrar o quanto fantástico é o trabalho dos produtores. Lançando O Caos Da Razão, que depois de quase 30 anos se apresenta como a sequência lógica do clássico No Limite da Força, o momento dessa lenda é fantástico. O que vimos foi uma belíssima mescla entre os dois trabalhos do Anthares, começando pelo mais recente. A abertura foi com a música que da inicio ao ótimo O Caos Da Razão, com um riff impecável, Sementes Perdidas chega matadora. A qualidade sonora da apresentação foi a melhor que eu vi em muito tempo. Volume ideal, som limpo e claro até não poder mais. Isso somado a uma banda entrosada e impecável em cima do palco, vemos uma apresentação tecnicamente perfeita. O Anthares hoje é formado por Diego Nogueira (vocal), Mauricio Amaral (guitarra), Topperman (Guitarra), Pardal (baixo) e Evandro Jr. (bateria). Antes de voltarmos a 1987, ainda ouvimos No Poço Do Obscuro e a faixa-título. O público já conhecia e curtia muito as novidades, mas a coisa saiu do controle mesmo quando No Limite da Força, um dos mais relevantes trabalhos do metal brasileiro, deu as caras. E foi quase tudo. Fúria, Paranoia Final, Vingança, Chacina, Prisioneiros do Sistema e a faixa-título, todos legítimos hinos do Heavy Metal brasileiro, foram cantados a cada verso por uma plateia fanática. Ainda sobrou tempo para Pesadelo Sul-Americano, Corporação do Terro, essa apresentada como merecia pelo frontman insano Diego, e Ócio. O show foi simplesmente perfeito, lavando a alma dos que tanto tempo esperaram por esse momento.
   Minha noite já estava maravilhosa ali, já que para mim o show do Anthares era o principal, mas ainda tinha mais. O Genocídio fez e faz história com seu Death Metal técnico quase indescritível, seguindo a linha do Hypocrisy por exemplo. Não sou um profundo conhecedor da obra da banda, mesmo já tendo escutado alguns dos trabalhos mais clássicos e apreciado os mesmos. Ninguém ousou arredar os pés, e ganhou uma apresentação igualmente perfeita de outro gigante do Heavy Metal Brasil. O som estava, como no Anthares, irretocável, e a banda formada por Murillo Leite (Vocal e Guitarra), Rafael Orsi (Guitarra), W.Perna (Baixo) e João Gobo (bateria) não errava nada. Vimos um desfile de clássicos pela longa discografia da banda. Músicas do porte de Kill Brazil, The Grave, Till Nothing Do Us Part, Fire Rain, Cloister, Depression e The Clan fizeram a noite dos Death's presentes. Em meio a tudo isso, um dos grandes momentos da noite, quando o produtor e batalhador Luis Carlinhos assumiu as baquetas que tão bem comandava no Statik Majik para ao lado do resto da banda fazer uma versão matadora do hino Countess Bathory do Venom. Simplesmente sensacional!
   O evento não poderia ser melhor, mais uma vez a iniciativa proporcionou ao Rio uma noite memorável de Heavy Metal brasileiro. Infelizmente e totalmente compreensivelmente, não teremos a sequência desejada pelo público e pela organização, algo que daria espaço para um texto completo, mas agora nem prefiro entrar em detalhes. É quase impossível trabalhar com Heavy Metal no Rio, e a coisa é pior quando falamos de bandas brasileiras. Em 2013 e 14 vimos bandas impensáveis por aqui, quase a totalidade das tours, mas infelizmente em 2015 a coisa esquentou, e já perdemos as tours de bandas como Machine Head, Opeth, Ozzy Osbourne, Kiss, e futuramente, Overkill, Tankard, Onslaught, UDO e David Gilmour, alguns dos nomes que consigo lembrar agora. De qualquer jeito, nunca esqueceremos as noites memoráveis vividas no Rock Experince, e só podemos lamentar quem não fez o menor esforço para comparecer. Parabéns aos envolvidos, e em nome da cena do Rio de Janeiro, um mito obrigado pelos shows do Vulcano, MX, Anthares, Dr Sin e Genocídio, velhos desejos nossos que viraram realidade num trabalho profissional!

Tirei alguma fotos, mas essa representa bem. Temos no centro o mestre Evandro Jr, batera do Anthares, e em baixo o produtor Luis Carlinhos, que fez tudo acontecer. 

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

JUDAS PRIEST - PAINKILLER

   Para muitos, foi nos anos 80 a década mais inspirada do Judas Priest. Para outros tantos os anos 70 são insuperáveis, mas o fato é que naquela década saíram clássicos indiscutíveis. No entanto, muitos torceram o nariz para o caminho trilhado pela banda nos últimos anos, principalmente em Turbo, mas também em  Ram It Down. Os sintetizadores e som um tanto quanto voltado para o chamado Hard Rock foram os principais pontos. Assim sendo, a banda precisaria se reinventar no trabalho seguinte. Essa brincadeira deu origem a sua obra-prima, quando muitos não esperavam mais nada do Judas Priest. Painkiller é o auge da fúria de um dos monstros do Heavy Metal mundial, e o fim da era mais gloriosa da banda numa surpreendente mudança de formação ao final da tour. 
   A partir da faixa-título, um legítimo hino do Heavy Metal, temos o começo na velocidade da luz de uma audição esplêndida de 10 maravilhas em forma de música. Rob Halford chega a notas inimagináveis no dito hino, que começa num dos riffs de bateria mais marcantes da história. Era a apresentação mais do que gloriosa de  Scott Travis. De resto, Rob Halford, Ian Hill e a dupla dinâmica Glenn Tipton/ K. K. Downing desfilam a classe que atravessou junta grande parte dos 40 anos de hitória da banda. Painkiller é daqueles discos que realmente não te da tempo para respirar, é tudo perfeito nos mínimos detalhes. O que falar de maravilhas como Hell Patrol, com um daqueles agudos realmente inesquecíveis do Metal God, do refrão único e inigualável de All Guns Blazing, da épica One Shot at Glory e da arrepiante A Touch of Evil? Isso só para citar algumas. Leather Rebel, a mais que clássica Night Crawler, Between the Hammer & the Anvil, uma das maiores aulas instrumentais que o Metal já viu e Metal Meltdown formam um playlist simplesmente irretocável. Não tem como não ouvir qualquer um desses riffs, refrões e solos sem agradecer aos deuses do Metal por essa dádiva. 
   Inexplicavelmente e infelizmente, esse foi o ponto final do Judas Priest clássico. Depois, viriam as trocas, o retorno de Halford com discos razoáveis, mas que não chegam aos pés de nada lançado entre Rocka Rolla e Painkiller. Seja como for, o que foi feito aqui é para ser lembrado por toda a eternidade, simplesmente um trabalho de uma grande banda no auge de sua criatividade. 



terça-feira, 1 de setembro de 2015

SAXON - STRONG ARM OF THE LAW

   No começo da década de 80, a música pesada britânica dava passos iniciais e de incalculável importância numa cena chamada New Wave of British Heavy Metal, onde uma quantidade enorme da bandas seguiam os passos dos pioneiros Black Sabbath, Judas Priest e Motorhead, aquela altura já nomes consagrados do Rock mundial. Essa explosão trazia nomes como Iron Maiden, Demon, Tygers of Pan Tang, Diamond Head, Blitzkrieg, Angel Witch, e até Venom e Def Leppard, que mesmo trilhando caminhos diferentes na tradicional sonoridade, surgiram nessa mesma leva. Tal movimento é um dos grandes responsáveis para muito do que viria a acontecer com o Heavy Metal nos anos seguintes, influenciando incontáveis bandas. Um caso de destaque óbvio é um tal garoto dinamarquês fanático pelas novas bandas britânicas, um tal de Lars Ulrich. O resto é história, mas tal introdução é indispensável para o assunto deste texto. 
   Nesse mar de bandas, um dos grandes destaques era o Saxon, talvez a que melhor sintetize o que é NWOBHM. Naquele ano de 1980, a banda havia acabado de estourar de vez com o clássico Wheels of Steel. Não satisfeita, meses depois entrega ao mundo a sua sequência natural, que o tempo trataria de classificar como clássico. Era o espetacular Strong Arm of the Law. O trabalho nos apresenta o que é o Heavy Metal no seu estado mais puro e tradicional. Os vocais limpos e fantásticos do frontman Biff Byford, a aula de riffs e solos precisos da dupla Graham Oliver/Paul Quinn, devidamente seguros com a precisa cozinha do baixista  Steve Dawson e do baterista Pete Gill emocionam até os dias de hoje.
   Strong Arm of the Law já abre de cara com um daqueles clássicos que faz qualquer headbanger sentir um frio na espinha. Tratasse de Heavy Metal Thunder, que é simplesmente incapaz de deixar qualquer pescoço parado nos shows da banda até hoje. Ela é seguramente o destaque do trabalho, mas assim como o antecessor, o equilíbrio predomina em cada um dos 8 petardos. Dallas 1 PM é outra que podemos chamar de clássico. Em To Hell And Back Again, vemos uma dos mais espetaculares riffs do Heavy metal, devidamente completo com a melodia sempre precisa. A faixa-título, que vai crescendo com o tempo, também merece destaque, com toques fortes de um Hard Rock setentista. 20,000 Ft é uma das mais agressivas já feita pela banda, numa combinação perfeita de peso e melodia, e também é presença constante em shows. Taking Your Chances, a maravilhosa Hungry Years e Sixth Form Girls também merecem, e muito, serem celebradas com um copo de cerveja para cima. 
   Como parte de uma sequência alucinante de discos do Saxon no começo dos anos 80, Strong Arm of the Law é até hoje um marco na história do Heavy Metal. A longevidade e destaque que a banda tem até hoje mostra como foi importante o trabalho feito naquele período, e o respeito de bandas consagradas que vieram depois é a maior prova disso. Saxon é e sempre será a síntese do que é o Heavy Metal na sua forma mais pura, especialmente em trabalhos como esse aqui.