segunda-feira, 7 de setembro de 2015

SHOW DO GENOCÍDIO + ANTHARES + AS DRAMATIC HOMAGE- ROCK EXPERIENCE - RIO DE JANEIRO

   O show que aconteceu na noite do dia 5 de setembro foi mais um capitulo magnífico do Heavy Metal brasileiro. O evento foi um turbilhão de emoções, cujo único ponto negativo foi a dor no coração de ser o último na série de shows realizados pela Be Magic, em parceria com a Scelza produções. Para não dizer último, ainda teremos o beneficente de novembro pelo compromisso mais que nobre assumido, mas na prática é isso. Tal fato merece destaque pela guarra empregada no projeto pelos seus idealizadores, que por uma série de fatores foi obrigado a cancelar o show que o Taurus faria mês que vem, por exemplo, assim como os eventos que vinham sendo programados para dezembro e janeiro. Tal fato é triste, e evidencia a dificuldade que o Heavy Metal nacional enfrenta na cidade, causado por uma série de fatores que nem valem a pena serem citados. Contra tudo e todos, os produtores ofereceram aos cariocas shows que não aconteciam há tempos, e que ficaram na memória de quem apoiou o projeto e compareceu aos eventos, com bandas do porte de Vulcano, Dr Sin e MX a frente de tudo, e para essa última empreitada, as lendas vivas Genocídio e Anthares assumindo esse papel. Isso posto, vamos a mais uma noite memorável de metal brazuca no Rio Rock Blues, ou Rock Experience. 
   Felizmente, o público compareceu de maneira bem aceitável e com muita vontade de bangear. As bandas principais são um tanto quanto diferentes entre si, por isso muitos estavam mais dispostos a cada uma delas, mas mesmo assim a participação foi ativa durante todo o evento. Houve um certo atraso na abertura do portão, e na liberação do último andar, onde o show acontece. Com isso, o As Dramatic Homage começou seu show 2h depois do previsto. Fora isso, as trocas e apresentações aconteceram na mais perfeita ordem. Na famosa reunião de amigos que eventos assim proporcionam, o ótimo e tradicional papo culminou numa visita ao camarim, e naquele papo fantástico com integrantes das bandas, o que em casos assim é uma viagem na história do Metal brasileiro, do passado ao presente. Momento grandioso, que se estendeu por boa parte da apresentação do As Dramatic Homenage. O que vi me causou ótima impressão. A banda é muito influenciada pelo Opeth, fazendo um som ótimo e de difícil descrição. Os vocais de Alexandre Pontes misturam um gutural muito bem feito com vocais limpos, e o instrumental da banda é simplesmente impecável. Os fãs já estavam em peso na pista, e curtiram bastante o show. Certamente ainda ouviremos muito esse nome. 
   O Anthares era para muitos, incluindo eu, o grande show da noite. A banda finalmente fazia sua estreia na cidade, para mostrar o quanto fantástico é o trabalho dos produtores. Lançando O Caos Da Razão, que depois de quase 30 anos se apresenta como a sequência lógica do clássico No Limite da Força, o momento dessa lenda é fantástico. O que vimos foi uma belíssima mescla entre os dois trabalhos do Anthares, começando pelo mais recente. A abertura foi com a música que da inicio ao ótimo O Caos Da Razão, com um riff impecável, Sementes Perdidas chega matadora. A qualidade sonora da apresentação foi a melhor que eu vi em muito tempo. Volume ideal, som limpo e claro até não poder mais. Isso somado a uma banda entrosada e impecável em cima do palco, vemos uma apresentação tecnicamente perfeita. O Anthares hoje é formado por Diego Nogueira (vocal), Mauricio Amaral (guitarra), Topperman (Guitarra), Pardal (baixo) e Evandro Jr. (bateria). Antes de voltarmos a 1987, ainda ouvimos No Poço Do Obscuro e a faixa-título. O público já conhecia e curtia muito as novidades, mas a coisa saiu do controle mesmo quando No Limite da Força, um dos mais relevantes trabalhos do metal brasileiro, deu as caras. E foi quase tudo. Fúria, Paranoia Final, Vingança, Chacina, Prisioneiros do Sistema e a faixa-título, todos legítimos hinos do Heavy Metal brasileiro, foram cantados a cada verso por uma plateia fanática. Ainda sobrou tempo para Pesadelo Sul-Americano, Corporação do Terro, essa apresentada como merecia pelo frontman insano Diego, e Ócio. O show foi simplesmente perfeito, lavando a alma dos que tanto tempo esperaram por esse momento.
   Minha noite já estava maravilhosa ali, já que para mim o show do Anthares era o principal, mas ainda tinha mais. O Genocídio fez e faz história com seu Death Metal técnico quase indescritível, seguindo a linha do Hypocrisy por exemplo. Não sou um profundo conhecedor da obra da banda, mesmo já tendo escutado alguns dos trabalhos mais clássicos e apreciado os mesmos. Ninguém ousou arredar os pés, e ganhou uma apresentação igualmente perfeita de outro gigante do Heavy Metal Brasil. O som estava, como no Anthares, irretocável, e a banda formada por Murillo Leite (Vocal e Guitarra), Rafael Orsi (Guitarra), W.Perna (Baixo) e João Gobo (bateria) não errava nada. Vimos um desfile de clássicos pela longa discografia da banda. Músicas do porte de Kill Brazil, The Grave, Till Nothing Do Us Part, Fire Rain, Cloister, Depression e The Clan fizeram a noite dos Death's presentes. Em meio a tudo isso, um dos grandes momentos da noite, quando o produtor e batalhador Luis Carlinhos assumiu as baquetas que tão bem comandava no Statik Majik para ao lado do resto da banda fazer uma versão matadora do hino Countess Bathory do Venom. Simplesmente sensacional!
   O evento não poderia ser melhor, mais uma vez a iniciativa proporcionou ao Rio uma noite memorável de Heavy Metal brasileiro. Infelizmente e totalmente compreensivelmente, não teremos a sequência desejada pelo público e pela organização, algo que daria espaço para um texto completo, mas agora nem prefiro entrar em detalhes. É quase impossível trabalhar com Heavy Metal no Rio, e a coisa é pior quando falamos de bandas brasileiras. Em 2013 e 14 vimos bandas impensáveis por aqui, quase a totalidade das tours, mas infelizmente em 2015 a coisa esquentou, e já perdemos as tours de bandas como Machine Head, Opeth, Ozzy Osbourne, Kiss, e futuramente, Overkill, Tankard, Onslaught, UDO e David Gilmour, alguns dos nomes que consigo lembrar agora. De qualquer jeito, nunca esqueceremos as noites memoráveis vividas no Rock Experince, e só podemos lamentar quem não fez o menor esforço para comparecer. Parabéns aos envolvidos, e em nome da cena do Rio de Janeiro, um mito obrigado pelos shows do Vulcano, MX, Anthares, Dr Sin e Genocídio, velhos desejos nossos que viraram realidade num trabalho profissional!

Tirei alguma fotos, mas essa representa bem. Temos no centro o mestre Evandro Jr, batera do Anthares, e em baixo o produtor Luis Carlinhos, que fez tudo acontecer. 

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