terça-feira, 29 de dezembro de 2015

R.I.P LEMMY

     É pessoal, assunto para falar desse cara não falta, mas em momentos assim é complicado escrever qualquer coisa. Falar na representatividade de Lemmy - a personificação de uma das maiores e mais importantes bandas de Rock N'Roll da história - nada mais é do que repetir o que todos nós sabemos. Seu tamanho está representado na comoção gerada com sua morte nessa triste noite do dia 28 de dezembro, no apagar das luzes de 2015. Imaginar um mundo sem ele é pensar em mudanças radicais em tudo que vimos depois. O certo que que a sua legião de discípulos ainda está incrédula pela perda de seu Deus.
    Difícil também é traduzir o que o Motorhead representa na minha vida. Banda que amo desde meus primeiros passos neste maravilhoso universo, que fez de discos como Bastards, 1916, Overkill, Bomber, Ace of Spades, Iron First e tantos outros uma trilha sonora da minha vida. Olhar e ver que essa banda daqui para frente encerrou suas atividades eternamente é de partir o coração. 
    Lemmy é a ersonificação do Rock N'Roll, do que o estilo de música e vida representa. Sua vida girava em torno dele. Era gravar um clássico disco, sair em turnê e na folga ficar tomando umas no mais que clássico Rainbow Bar, na cidade de Los Angeles. Ele simplesmente não conhecia o sentido da vida diferente desse dia-dia, tanto que até o último dia não aceitou a aposentadoria. Vem enfrentando problemas de saúde há tempos, mas insistiu em tocar com a sua banda e gravar discos. Aftershock de 2013 já saiu no sacrifício, e o recente Bad Magic é simplesmente um fenômeno só pelo fato de existir. Nele, a maravilhosa Till The End representa exatamente o seu momento, e fica com uma última mensagem de uma lenda aos seus fãs.
    Em todos esses anos, talvez minha experiência mais forte com a banda tenha acontecido no Monsters of Rock deste ano. Desde o anúncio, a apresentação da banda já era uma dádiva, um milagre, e todos encararam ela como a despedida de uma grande banda. Infelizmente, Lemmy não conseguiu tocar, e o clima criado no lugar é de difícil explicação. Não contive a emoção, já que para mim ele poderia até mesmo estar morrendo nos bastidores. Infelizmente, não tivemos chance de ver esse milagre em forma de show, diferente dos nossos amigos que moram em Curitiba e Porto Alegre. Ainda assim, os deuses do Rock me permitiram ver o Motorhead em ação no Rock in Rio de 2011, oportunidade pela qual sou eternamente grato.
    O certo é que um dos capítulos mais gloriosos da história do Rock chegou ao fim. Com a morte de Lemmy, vimos uma grande banda viver a partir de hoje somente na nossa memória, e isso não tem tamanho. Aos poucos, nosso estilo querido vai envelhecendo, e as bandas vão dando adeus ao mundo. Lemmy nos ensinou a classificar o Rock como uma coisa só, o que é o certo. Existe muita diferença, mas o espírito Rock N'Roll une todas as bandas que honestamente se dedicam a ele. Prova é que sua banda preferida atende pelo nome de Beatles. Essa mesma banda aparece ao lado do Belphegor na minha discografia. Isso é tudo que eu tenho para falar sobre essa lenda que é imortal em nossos corações!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

10 MELHORES DISCOS INTERNACIONAIS DE 2015

   O ano de 2015 viu gigantes do Heavy Metal/Hard Rock mundial em ação no estúdio. Talvez o número de lançamentos tenha sido até maior em anos anteriores, mas todos acertaram a mão - ou pelo menos não erram feio. Exceção feita ao Bon Jovi, que desde 1995 vem jogando sua história no lixo e botou no mercado mais um trabalho péssimo, o saldo foi para lá de positivo. Vamos aos que eu considero os 10 melhores discos internacionais do ano.

10 - The Winery Dogs - Hot Streak
    Depois de lançar um dos melhores discos que escutei recentemente, o Winery Dogs foi quase que obrigado a dar sequência ao trabalho. O 2o não tem o mesmo brilho da estreia, mas quando gente do nível de Richie Kotzen, Billy Sheehan e Mike Portnoy juntam forças, é garantia de ótimos momentos para o ouvinte. Entre excessos de virtuosismo pontuais e um Hard Rock bem elaborado, momentos como Fire,  Devil You Know, Oblivion e Captain Love são de pura expiração, e faz de Hot Streak um disco digno da citação na lista. 


09 - Ghost - Meliora
    Honestamente, até pouco tempo eu não era nem um pouco fã de Ghost. Pelo aspecto visual da banda, sentia uma obrigação de escutar algo mais extremo vindo deles. Bem, como estou sempre disposto a novidades e a entender fenômenos assim, fui ouvir o mais novo trabalho da banda, também por causa de repercussão extremamente positiva que ele teve. Devo dizer que ele me conquistou! É seguramente o melhor trabalho da banda, um disco simplesmente irretocável de um estilo de Rock um tanto quanto original. A qualidade entregue em cada momento mostra uma banda realmente inspirada, fazendo minha opinião mudar em relação a eles, mesmo ainda não me considerando um verdadeiro fã. Mesmo que você não goste, é impossível não citar Meliora entre os melhores discos do ano. 


08 - David Gilmour - Rattle That Lock
   A carreira solo de David Gilmour não é das mais numerosas que se tem noticia, fazendo de seu 4o lançamento de estúdio um verdadeiro fato para a legião de fãs do Pink Floyd. Nós ainda tivemos a dádiva de poder conferir o homem em ação por aqui recentemente, fazendo a devida promoção de seu novo trabalho. Ao meu ver, o disco tem ótimos momentos, entre outros de menor inspiração, mas em geral é muito bom. Músicas como Today, a fantástica In Any Tongue e Faces of Stone fazem valer com sobras a audição. 


07 - Napalm Death -  Apex Predator - Easy Meat
   Um dos poucos gigantes do Metal Extremo mundial a lançar algo novo esse ano, o Napalm Death manteve a tradição - entregando exatamente o que se espera dele. Um caos sonoro para causar destruição por onde passa, mantendo a regularidade. Apex Predator - Easy Meat também apresenta o sempre ácido conteúdo politico nas letras, e seguramente passou com sobras entre os melhores lançamentos do Heavy Metal em 2015. 


06 - Motorhead - Bad Magic
   Só de se recusar a parar, fazendo questão de colocar lançamentos frequentes no mercado, o Motorhead merece todo o crédito. Mesmo para lá de debilitado, Lemmy e sua trupe entregaram aos seus seguidores um belíssimo disco de Rock N'Roll, se destacando entre os lançamentos recentes. Bad Magic inclusive supera seu antecessor, e convenhamos, só por existir já é um baita fato - concebido por alguém que ama o que faz e se recusa a morrer. Emocionante é o mínimo para descreve-lo, ainda mais vendo letras como a de Till the End.


05- Slayer - Repentless
    Depois de inúmeros problemas, que passam da morte de um gênio até a demissão de outro gigante, o Slayer finalmente conseguiu estabilidade suficiente para colocar o sucessor de World Painted Blood no mercado. E o disco não decepciona, como é de praxe quando falamos da banda. Mesmo sem o brilho dos trabalhos anteriores e com alguma faixas desnecessárias, a destruição de sempre é entregue pela ótima formação achada. You Against You e Repentless se destacam, entre outras, como as novas pérolas do Slayer, num dos melhores lançamentos do ano. No mínimo digno do nome gigante que está escrito na capa. 


04 - Faith No More - Sol Invictus
    Depois de anos afastado dos estúdios, o Faith No More chegou em 2015 pronto para reafirmar a sua importância para o Rock N'Roll mundial. Com Sol Invictus, ele se mostrou imprescindível na cena, causando a movimentação esperada de um dos poucos que se destacaram na década de noventa. Superhero,  Motherfucker e  Separation Anxiety são FNM puro, e o disco é a sequência natural para Album of the Year, mesmo com 18 anos de atraso. 


03 - Saxon - Battering Ram
   Como foi incrível colocar play no novo e maravilhoso disco do Saxon para conferir o resultado! A banda que é referência máxima dentro do Heavy Metal mais puro e tradicional lançou mais uma pérola para sua vasta e rica discografia. Transbordando peso e melodia na medida certa, os ingleses provam sua regularidade aqui, e o fato do tempo não ter passado. Impossível não citar com destaque essa maravilha entre os melhores discos do ano!


02- Blind Guardian - Beyond the Red Mirror
    A mais nova maravilha da discografia doa alemães chegou a dividir opiniões. Eu seguramente estou entre os que amaram cada capítulo desse trabalho para lá de inspirado da banda. Beyond the Red Mirror mantém a impressionante regularidade de uma banda que nunca falhou por completo, e entrega aos fãs de Power Metal mais uma saraivada de ótimas músicas. Twilight of the Gods é um clássico, o tempo vai provar, e outras como a épica e sensacional Grand Parade, The Ninth Wave, Prophecies e a espetacular Ashes of Eternity não deixam por menos. Disco realmente muito bom, e de quebra, tivemos a oportunidade de ver a banda em ação por aqui numa apresentação memorável!


01- Iron Maiden - The Book of Souls
   Impossível não colocar essa maravilha no topo do pódio do ano. O Iron Maiden superou todas as expectativas com o maravilhoso The Book of Souls. Tendo como referência Brave New World, escolha óbvia para a comparação de qualquer fã sensato, o disco no mínimo se iguala a ele, superando com sobras seus antecessores. The Empire of the Clouds é  destaque absoluto, seguida pelas também espetaculares If Eternity Should Fail, Speed of Light, Tears of a Clown e The Man of Sorrows. O Iron Maiden colocou no mercado algo digno de seu nome de grandiosidade incalculável! 


Que venha muito mais em 2016 amigos! 

sábado, 26 de dezembro de 2015

SAXON - BATTERING RAM

   O que mais uma banda que lançou seu 1o disco há 36 anos pode oferecer? Bem, quando a banda em questão é o Saxon - daquelas que transborda regularidade -o caso é de um disco simplesmente magnífico! Sim, não existe outro termo para definir a obra-prima que um dos pilares da NWOBHM colocou em nossas mãos recentemente. A enorme discografia dos cavaleiros britânicos agora ganha mais uma peça preciosa, com 10 músicas de qualidade incontestável. 
   Os lançamentos recentes são de fato muito bons, e Battering Ram é uma sequência ao Heavy Metal mais puro e tradicional que consagrou a banda, alcançando na voz de Biff Byford uma identidade. Mesmo sem reinventar a roda, os ingleses não deixam a formula cansativa, mesmo depois de tanto tempo. Quando botamos para jogo o play, sentimos a força de uma banda iniciante que precisa mostrar serviço, algo raro de se ver em suas bandas contemporâneas - todas com suas trajetórias já definida há tempos. 
   A faixa-título abre o trabalho da melhor maneira possível, numa aula coletiva instrumental. Quando Biff entra em jogo, você se vê imediatamente ao seu lado celebrando cada verso, como nos tempos de  Wheels of Steel e Strong Arm of the Law. E o ritmo não cai em momento algum daqui para frente. The Devil's Footprint, como uma narrativa em seu inicio para criar aquele clima, só mostra o fogo nos olhos da banda, com destaque para a dupla infalível  Paul Quinn/Doug Scaratt, assim como um renovado Nigel Glockler espancando seu kit sem dó! Bate-cabeça garantido. Bem, poderia destacar cada segundo, mas para ficar em alguns nomes, não deixe de ouvir a porrada  Destroyer, e o encerramento mais que épico com as maravilhosas To The End e Kingdom Of The Cross, que de tão espetaculares não cabem maiores descrições. Escute e veja isso na prática.
    Mesmo com uma posição privilegiada na história do estilo, o Saxon não aceita o passar dos anos, e segue lançando coisas interessantíssimas. Uma banda que raramente falha deixa sempre uma certa expectativa a cada novidade, mas quando vemos o maravilhoso resultado é sempre gratificante. Sem dúvidas um dos melhore do ano!


sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

10 MELHORES DISCOS NACIONAIS DE 2015

   O rico e farto Heavy Metal nacional mais uma vez não decepcionou. Como é de lei, nossas amadas bandas BR nos brindaram com uma série invejável de grandes lançamentos. De veteranos consagrados a garotos com sangue nos olhos, cheguei a esses 10 nomes, que acredite, poderia ser muito mais!

10 - Syren - Motordevil
     O Syren é uma das bandas mais relevantes da cena carioca faz tempo, fazendo um som puxado para o Metal tradicional e com forte influência do Iron Maiden - com inegável semelhança vocal. O mais novo trabalho prova isso novamente. Para quem não viu o ótimo show deles com o Hibria recentemente, ou ainda não conhece, vale e muito a audição. Seguramente um dos melhores discos nacionais do ano.

9- Fúria Louca - On The Croup of the Sinner part II
     Não é de hoje que a cena maranhense vai muito bem, e algumas de suas bandas vem ganhando projeção nacional. Uma das mais interessantes é o Fúria Louca, um dos maiores expoentes dessa nova leva de ótimas bandas de Hard Rock oitentista que vem surgindo. Esse já é o seu segundo trabalho, que continua na linha do primeiro, e sua incontestável qualidade vem rendendo bons frutos a mais uma de nossas revelações. 


8- Crossrock - Come on Baby
    Ainda na linha Hard, outra ótima novidade é o Crossrock. Esse puxando ainda mais para o Glam, com fortes influências de banda como Poison, Cinderella e Bon Jovi, ela traz um som ótimo para iniciados na cena de Los Angeles. Quem não suporta esse tipo de som, é melhor não passar nem perto, mas para quem gosto o Crossrock é uma gratíssima novidade.  

7- Chaos Synopsis - Seasons of Red
   Indo diretamente para o outro extremo, o Chaos Synopsis lançou uma verdadeira obra-prima do Death Metal. A banda me causou ótima impressão em 2013, quando abriu um show do Krisiun que estive presente, e desde então fico atento ao seu trabalho de Death irretocável. Seasons of Red foi lançado numa campanha de financiamento coletivo, da qual tive a honra de colaborar. Nessas recebi um exemplar do trabalho e uma cachaça da banda - devidamente saboreada. Para quem não conhece e curte um bom metal da morte, a audição é indispensável!  


6- Metalmorphose - Furia dos Elementos
    Desde o retorno, o Metalmorphose estava disposto a recuperar o tempo perdido. A musicalidade floresceu na banda carioca de maneira espetacular desde então, culminando no ótimo Maquina dos Sentidos e no igualmente fantástico Fúria dos Elementos, lançado esse ano. O que a banda vem fazendo em favor do legado das bandas oitentistas pioneiras - cenário no qual aparece com total destaque -, também é espetacular.  O retorno dessa entidade do Metal BR está mais que consolidado, e com dois novos clássicos para a coleção. Recentemente tive a maravilhosa oportunidade de comparecer ao ensaio aberto realizado pela banda, uma experiência que me causou profunda felicidade e emoção! 


5- Jackdevil - Evil Strikes Again
     Se na estreia o Jackdevil era uma promessa, com seu segundo petardo magnífico o Jackdevil é realidade que só cego não quer ver. O Thrash com preciosas pitadas de tradicional dessa bandaça maranhense chegou no auge em Evil Strikes Again. O disco é uma paulada das boas para zé coletinho nenhum botar defeito. A banda está com o nome mais que afirmado entre as revelações nacionais!


4- Anthares - O Caos da Razão
    Da novidade, vamos pular para a tradição do Thrash Metal nacional. O Anthares é um dos pioneiros do estilo no Brasil, e fez história nos anos 80 com o clássico No Limite da Força. Em 2015, esse disco maravilhoso ganhou um sucessor digno, uma especie de sequência natural. O Caos da Razão é audição indispensável para qualquer apaixonado por Thrash Metal. 


3- Soulfly -  Archangel
   Max Cavalera vem se empanhando bastante em lançamentos recentes, colocando nas lojas discos em sequência com seus diferentes projetos. Desde que se aproximou do Iggor e criou o Cavalera Conspiracy, o homem voltou com tudo para o Thrash/Death que o consagrou, lançando coisas ótimas. Em Archamgel, o cara chega ao melhor lançamento que o Solfly já teve. O disco é de uma regularidade absurda, proporcionando aos fãs de longa data um bate-cabeça daqueles! 


2- Angra - Secret Garden
   A história do Angra sempre foi baseada em ciclos. Recentemente veio mais uma grande mudança de formação, com as entradas de Bruno Valverde na bateria e de Fabio Lione nos vocais, e a prova de um novo renascimento teria que vir em estúdio. E veio, na forma do maravilhoso Secret Garden, o mais novo clássico de um dos pilares do Metal nacional. No show recente, a qualidade incontestável dos novos sons foram postos a prova, com o seu público cantando cada verso. O Angra renasceu de novo! 


1- Krisiun - Forged in Fury
   Não tem conversa amigo, no atual cenário da música pesada no país o Krisiun está no ponto máximo. O que esses gaúchos infernais vem fazendo, lançamento após lançamento, só solidifica o trabalho único desenvolvido em 20 anos de história e conquistas absurdas. Viva o Krisiun, nosso orgulho nacional, e o disco do ano é de vocês! 

    Ao ano que está chegando, sempre sobram dúvidas, mas uma certeza absoluta é que o nosso Metal nunca vai falhar. Seguramente teremos outros grandes discos para celebrar no ano que está chegando! 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

DEF LEPPARD - DEF LEPPARD

    Exceção feita a alguns momentos de Euphoria, a inspiração de uma das referências do Hard Rock mundial caiu consideravelmente após a morte do grande guitarrista Steve Clark. Mesmo tendo sido lançado oficialmente sem ele, Animalize ainda contou com sua valorosa contribuição, e foi o último disco realmente espetacular da banda. Desde então o nível caiu consideravelmente, e honestamente, não esperava que seria agora que veríamos um novo Hysteria ou High 'n' Dry - algo padrão para bandas com mais de 30 anos de história, é bom lembrar.  
   Isso dito, uma audição atenta revela aos fãs da banda um disco com momentos bem interessantes. Da prometida volta aos anos 80, a que entrega isso de fato é Let’s Go, com uma marca total das clássicas músicas do leopardo surdo. Outra que remete a tal década é Man Enough, mas quando o assunto é o Queen. Mais precisamente, Another One Bites de Dust, com Rick Savage seguindo uma linha de baixo extremamente semelhante ao que John Deacon imortalizou no clássico. Para mim, o som dispensável do play, muito dançante para a banda em questão, e mesmo com tal "inspiração", não faz cócegas ao hino do Queen. Dangerous chega com o melhor riff em muito tempo, empolgando o ouvinte. O refrão também merece atenção, mais típico Hard oitentista. Forever Young, Last Dance e  Blind Faith são os outros momentos inspirados. 
   No geral, apesar de algumas coisas dispensáveis, o disco que leva o nome da banda cumpre um papel interessante, e depois de um tempo considerável entrega algo novo para os fãs. Não é o clássico prometido, e ninguém com o mínimo de sanidade mental esperava por tanto, mas Def Leppard é um disco minimamente digno de constar na gloriosa discografia da banda. 


10 MELHORES SHOWS QUE VI EM 2015

   Se tem uma coisa que o ano que está se encerrando nos reservou foram shows. Num 2015 com direito a Monsters Of Rock e Rock in Rio - fora as tours individuais -, fazer tal lista não é uma tarefa simples. Chegar em apenas 10 nomes me forçou a cometer injustiças com shows fantásticos, fazendo do ranking quase um empate técnico. Seja como for, o meu top 10 de 2015 em matéria de shows é esse aqui:


10: Accept - São Paulo/Monsters of Rock - 26/04
      Em grande forma desde que retornou a ativa com nova voz, a banda vem fazendo apresentações memoráveis com uma constância absurda. Divulgando Blind Rage, seu 3o discão da nova fase, o Accept foi escalado para ser a 4a atração principal do 2o dia do Monsters of Rock. Se apresentando antes de Kiss, Judas Priest e do desnecessário (ao meu ver) Manowar, a apresentação aconteceu num maravilhoso pôr do sol paulista, e em nada deixou a dever em relação aos monstros que viriam em seguida. Com o público forte presente, ficou um inegável clima de Wacken no ar, e a banda respondeu com uma apresentação irrepreensível. Mesclando novidades como Final Journey, Stampede e a já clássica Teutonic Terror e hinos do porte de Restless and Wild, Metal Heart e Balls to the Wall, os fãs viram um show digno do nome da banda. Além desse, também vi o show deles no Rio de Janeiro, ao lado do Judas Priest, que foi igualmente magnífico. Por todo o clima de euforia criado naquele final de tarde em São Paulo, fico com esse show como o melhor. 


09: Pearl Jam - Rio de Janeiro/Maracanã - 22/11
     O Pearl Jam se tornou um gigante, arrebatador de multidões mundo afora com discos incríveis, mas principalmente por causa de suas apresentações bombásticas. Desde sua estreia no país em 205, a banda liderada por Eddie Vedder vive um caso de amor com o país, intensificado a cada retorno com shows lotados por onde passa. Sempre com um repertório completamente imprevisível, a banda desfilou por 3h num Maracanã lotado clássicos e lados b arrebatadores, numa apresentação com alma digna do tamanho que alcançou. Quem foi está emocionado até agora por ouvir pérolas do porte de Oceans, Jeremy,  Corduroy, Why Go, Porch, Spin the Black Circle, Present Tense e tantas outras cantadas por uma banda endiabrada. 


08: Blind Guardian - Rio de Janeiro/Vivo Rio - 09/10
   O Blind Guardian nunca deixa de passar pelo país a cada novo lançamento, e com o ótimo Beyond the Red Mirror não seria diferente. Se apresentando no Rio de Janeiro para um Vivo Rio com um público bem honesto, os alemães entregaram uma apresentação arrebatadora de presente. Com um dos públicos mais fanáticos e fiel que o Heavy Metal dispõe, não tinha como sair algo diferente de épico da brincadeira. Pérolas do porte de Mirror Mirror, The Last Candle, Sacred Worlds e Nightfall foram entoados em uníssono, deixando mais um show dos bardos no Rio na memória de seus seguidores.

  
07: System of a Down - Rio de Janeiro/Rock In Rio - 24/09
    A apresentação devastadora do System of a Down no Rock in Rio poderia muito bem aparecer no topo da lista. O que as 85 mil pessoas que tomaram de assalto a Cidade do Rock fizeram durante cada minuto das 28 músicas apresentas foi digno de nota. A banda também estava inspirada no calor carioca, e vimos um Daron Malakian endiabrado como poucas vezes tive noticia. Mosh por todo canto e a inspiração criativa da melhor banda de arena do século marcaram mais um show digno da celebração de 30 anos do festival que se confunde com a história da música no país.


06: Judas Priest - São Paulo/Monsters of Rock - 25/04
   Obviamente, um simples show desse monstro sagrado já vale a citação, mas nesse caso específico é bom contextualizar. No 1o dia do Monsters, o Motorhead estava escalado para fazer seu show logo antes do Judas Priest. Lamentavelmente, Lemmy se sentiu mal e a banda foi forçada a cancelar o show - fato anunciado para o público cerca de 20 minutos antes da hora programada. Naquela situação toda - como já era sabida a fragilidade física que Lemmy vem apresentando - a comoção gerada no lugar foi enorme. Na falta de informação, muitos pensaram que ele poderia até estar morrendo no backstage. Com isso tudo, o clima de festa ficou um pouco pesado, cabendo ao Judas lavar as 35 mil almas headbanger's. E os Metal Gods deram conta com fúria nos olhos, num show arrepiante com o melhor do estilo. Apresentação para colocar o tradicional sorriso novamente naqueles rostos preocupados.  A banda fez outros dois shows que eu pude ver, no Rio (esse com o set completo da tour, coisa que não aconteceu no festival) e no último dia do festival, mas com tudo que cercava a apresentação, fico com o show redentor no 1o dia do Monsters.


05: Kiss - São Paulo/Monsters of Rock - 26/04
   Desde sempre, um show do Kiss é um dos maiores espetáculos da terra. Como previsto, a apresentação que encerrou um grandioso festival foi arrebatadora. Na tour que celebra 40 anos de uma história gloriosa, o set fez um belo passeio por uma das mais significativas discografias que temos noticia. Um desfile de hinos ao lado de toda a pirotecnia e efeitos em geral fez da 2a apresentação do Kiss que pude ver algo realmente memorável, mesmo com a voz do mestre Paul Stanley longe do ideal. 


04: Ozzy Osbourne - São Paulo/Monsters of Rock - 25/04
    Todos sabem que poder ver esse senhor ainda na ativa é um verdadeiro milagre. Isso dito, pouco interessa se sua voz está longe daquela que o consagrou, ou se o repertório é basicamente o mesmo da última apresentação "solo" por aqui. Ouvir os hinos do Black Sabbath e de sua carreira solo - uma das poucas com vida própria capaz de segurar um show sozinha - tocados por sua sempre impecável banda  e cantados por uma lenda faz qualquer noite ultrapassar as barreiras do que conhecemos por épico. Por pontos, o show do Monster of Rock de 2015 é do senhor Ozzy Osbourne, ao menos para mim. 


03: Metallica - Rio de Janeiro/Rock in Rio - 19/09
   Ao que parece, para 2016 vem novidade por ai, mas é notório que a preguiça vem imperando pelos lados do Metallica. A demora para um novo lançamento e shows caça níquel com repertório pouco alterado nesse meio tempo já chegaram no limite. Mesmo assim, quando a entidade do Thrash Metal sobe em qualquer palco, seus 85 mil fieis seguidores invariavelmente se curvam para bater-cabeça insanamente enquanto uma banda que cresce ao vivo entoa seus hinos eternos. Para mostrar algo diferente, o Metallica incluiu no set algumas raridades, e para cá o destaque absoluto foi Frayed Ends of Sanity. O set foi um dos mais inspirados que vi da banda em todos os 6 shows que assisti, e a disposição padrão no palco fez da apresentação no Rock in Rio 2015 algo memorável. 


02: David Gilmour - São Paulo/Allianz Parque - 12/12
    O show que David Gilmour fez em São Paulo no último dia 12 é daqueles desafiadores para qualquer um achar qualquer tipo de descrição. Além de ser a sua estreia por aqui, o homem é uma das maiores lendas do Rock, obrigatoriamente presente em qualquer top 10 de guitarristas que formos arriscar, e seu timbre único hipnotizou as 50 mil pessoas que lotaram o estádio do Palmeiras naquela maravilhosa noite. Ótimos sons solos misturados a números Floydianos do porte de Time e Shine on You Crazy Diamond ainda arrebata corações, mesmo depois de alguns dias. Seguramente um dos shows da minha vida, empatado com o 1o colocado da lista, e a colocação é uma mera formalidade.


01: Motley Crue - Rio de Janeiro/Rock in Rio - 19/09
   A palavra para descrever o show do Motley Crue no Rock in Rio - na sua tour de despedida e estreia na cidade - é emoção. A mais legítima e fanática emoção de ver uma lenda fazer um show para lá de esperado e improvável. Foi pouco mais de uma hora, já que ainda teríamos outro show, mas nese caso o que viesse era muito lucro. Ouvir músicas que sempre sonhei ao vivo com uma banda ainda em forma, a que pese a voz desgastada de Vince Neil, fez dessa apresentação um dos shows da minha vida e o primeiro lugar na listinha de fim de ano.


   É isso ai, foi complicado, mas meu top 10 é basicamente esse ai. Pela riqueza do ano, faltou muito show bom, mas é isso. Que venha um 2016 de Exodus, Rolling Stones, Anthrax, Iron Maiden, Avantasia, Megadeth, Viper e muito mais!

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

THE WINERY DOGS - HOT STREAK

   O Winery Dogs surgiu como um "simples" projeto em 2013. A questão é que esse tal projeto contava simplesmente com Mike Portnoy (bateria),  Billy Sheehan (baixo) e Richie Kotzen (guitarra, vocais). Como era de se esperar em uma reunião com figuras assim, o resultado veio em forma de um dos discos mais espetaculares lançados na década. O patamar da banda se elevou absurdamente, e o trio deu sequência ao trabalho iniciado com brilhantismo apenas dois anos depois. O disco tem bons e razoáveis momentos, não repete a estreia, mas faz valer a audição em pontuais acertos. 
   O Hard potente visto em Winery Dogs é incrementado com certa dose de experimentalismo e maior influência do Dream Theater, banda de óbvias ligações com o trio. De qualquer forma, vemos a identidade conquistada no 1o trabalho se perder em alguns momentos. A virtuose as vezes exagerada põe tudo em risco, mas não chega a se configurar um problema. 
   A abertura vem com a boa  Oblivion, que é a com maior toque de Dream Theater e virtuosismo, mas se mostra razoávelmente boa. Dali para frente, me empolgo com a balada inspiradíssima Fire, que se destaca pela maravilhosa performance de Kotzen no violão, e na pancada das boas Devil You Know. Empire também tem qualidades incontestáveis, assim como Ghost Town - com uma aula de baixo do monstro Billy Sheehan.
    Mesmo assim, o resultado se distancia consideravelmente do 1o trabalho, talvez porque a qualidade do mesmo seja muito acima da média, fazendo a exigência para a sequência aumentar em proporção equivalente. O disco é bom sim, mais encorpado e diferentão da estreia, mas uma sensação de que poderia ser mais é inegavel. De qualquer maneira, em Hot Streak temos mais algumas amostras inspiradas de três monstros sagrados do Rock N'Roll, algo que sempre vale a pena escutar. 


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

SHOW DO DAVID GILMOUR - ALLIANZ PARQUE - SÃO PAULO

   Por mais que eu tenha nascido tarde demais para ver certos Ramones e Pantera's em ação, posso me considerar um privilegiado em matéria de shows, já que pude assistir apresentações realmente memoráveis de muitos dos meus heróis. Dito isso, por vezes chego a um assustador empate de uns bons 5 shows na matéria "show da minha vida". Agora vai mais um para essa lista, e seguramente para a de todos que entraram em transe por quase 3h, atordoados com a guitarra/voz de uma das maiores bandas de Rock que existe em ação, ao vivo e a cores.
   Finalmente o senhor Gilmour apareceu por aqui, trazendo na bagagem o bom Rattle That Lock, 4o trabalho de estúdio de sua carreira solo. O mesmo foi bem explorado (até demais, penso eu), assim como On an Island (2006), mas é inegável que as 50 mil pessoas que lotaram o novo estádio do Palmeiras naquela noite queriam mesmo era ouvir Pink Floyd. A cada pérola sacada da vasta discografia da banda, uma hipnose coletiva era vista a cada canto do lugar. Algo mais que natural pelo brilhantismo inigualável da obra.
   O local não poderia ser melhor. Nada é perfeito quando falamos de eventos assim no Brasil, e as ruas no entorno simplesmente não fluíam, mas no geral o estádio é o melhor que já estive para shows. Um entorno para lá de agradável, boa visão da pista, som absurdo proporcionado pela acústica impecável do lugar e toda a qualidade de quem cuida do que mais importa no espetáculo, entrada simples e sem filas... Bem, poderia falar muito mais. O tempo ajudou, e muito. A forte chuva parou assim que deixei o hotel nas proximidades do estádio, e respeitou a nobre ocasião, sem se manifestar pelo restante da noite. Com a pista assustadoramente cheia de apaixonados pelo Pink Floyd prontos para se curvarem diante de um Deus do Rock, que comece o espetáculo.
    Com um insignificante atraso de 10 minutos, o senhor de quase 70 anos fincava os pés no palco, diante de 50 mil pessoas que nutrem por ele o mais legítimo e saudável fanatismo. Com a instrumental 5 A.M. apenas no som mecânico, a coisa teve inicio com a razoável Rattle That Lock, faixa-título do trabalho mais recente. Quando o homem tocou o 1o acorde com o seu timbre único, foi uma verdadeira loucura! A adoração de todos era realmente impressionante. A boa Faces of Stone, uma das melhores do trabalho, veio em seguida. As solos são boas, algumas ótimas, mas 99% do estádio estava lá para ouvir Floyd, e a 1a da banda veio na forma do hino supremo Wish You Were Here. O que aconteceu aqui foi realmente indescritível. O que essa música significa para todos os fãs da banda não cabe em palavras. Aquele dedilhado único que comanda tudo nos belos versos me proporcionaram uma das maiores emoções que já senti ao vivo. Só isso já vale todo o sacrifício financeiro. Emoção passada, a sequência vem com a nova A Boat Lies Waiting e The Blue, de On an Island. Ai é hora de voltar para o Pink Floyd, com mais um hino inconfundível do Rock N'Roll, uma tal de Money. Depois do inconfundível e magnífico riff de baixo criado por Roger Waters, chega a hora do estádio todo entoar cada verso em uníssino. Ainda em The Dark Side of the Moon, vem a icônica e maravilhosa Us and Them. Mais um caminhão de emoções derramada sem dó em cima dos presentes. In Any Tongue, que é ao meu ver de longe a melhor do novo trabalho, fica arrebatadora ao vivo. Essa é talvez a música com maior toque de Pink Floyd presente nele, se encaixando muito bem em qualquer disco da banda. Ponte perfeita para mais uma bomba Floydiana, a maravilhosa High Hopes. Essa foi a única representante do magnífico The Division Bell, o trabalho mais marcante da banda sem Waters, e um dos melhores da carreira como um todo também.
   Chega a hora do intervalo, algo muito comum em shows progressivos. Momento para tomar um ar de tanta emoção vista na primeira parte de um show espetacular. De defeito até então, apenas a "imagem". Vi tudo da pista comum, setor já relativamente distante do palco. A iniciativa de repetir o tradicionalismo telão circular imortalizado em Pulse foi genial. O problema é que ele era o único. O mesmo intercalava imagens de clipes e ilustrações com tomadas da banda - leia-se 90 % do tempo focada no dono da festa. Com isso, quem viu de longe não conseguia enxergar a performance da banda como um todo, sendo isso um detalhe a ser pensado em shows de arena. Mesmo assim, o estádio permitia que Gilmour fosse visto mesmo de uma distância considerável, mas algo longe do ideal. O show de luzes que era a base do show também dificultava, mas a qualidade irretocável do som fazia isso tudo passar quase despercebido. Dito isso, vamos ao retorno.
   Gilmour surpreende com a fantástica lembrança de Astronomy Domine, maior clássico de The Piper At The Gates Of Dawn, o 1o disco da banda. A faixa serve como tributo a Syd Barrett, o gênio criativo que dava voz a banda em seus primórdios, até entrar numa viagem sem fim com base no ácido. Gilmour não gravou o disco, o que faz da escolha ainda mais diferente. A música é aquela chapação maravilhosa, e cai como um enorme estrondo em cima de um som alto e nítido. As luzes acompanham o ritmo alucinante que a música pede, fazendo até o mais sóbrio ali se sentir numa viagem by LSD daquelas.  Depois vem ao meu ver o grande momento. Shine On You Crazy Diamond (Parts I-V) faz todos entrarem em transe, um efeito que só ela pode proporcionar. Se quer ver isso na prática, basta dar uma olhada no breve vídeo postado na página oficial do homem. A emoção nos mais de 10 minutos de uma das maiores performances de guitarristas que eu consigo me lembrar, misturadas a versos prontos para arrebatarem sua alma, fez com que quem viu isso leve a experiência para o túmulo. Como se só isso já não bastasse, Gilmour manda simplesmente a lindíssima Fat Old Sun em seguida. Numa tendência de lembrar hits consagrados do Floyd em meio a canções por vezes escondida na discografia da banda, ele saca essa pérola de  Atom Heart Mother. Depois da sequência Floydiana, Gilmour volta as atenções para a carreira solo, na boa On an Island, e as novas The Girl in the Yellow Dress e Today. A última principalmente é muito boa, mas é inegável que a emoção proporcionada pelos clássicos do Pink Floyd não se compara com as músicas da carreira solo. Daqui para frente, só vem porrada. Sorrow foi mais uma sábia escolha em meio ao por vezes esquecido  A Momentary Lapse Of Reason, primeiro disco da banda sem Waters. A música é magnífica, uma escolha e tanto. Em seguida, é hora de The Wall dar as caras, no clássico Run Like Hell. Esse foi um dos momentos que o perfeito poderia ser ainda mais perfeito com Waters ali do lado, com a linha de baixo magnífica da música, mas a emoção já era garantida com o Mr Gilmour, nessa ai em especial trajando um sensacional óculos de sol. A multidão simplesmente enlouquece. Vem o falso encerramento, e uma dupla de hinos infalíveis para o verdadeiro final. O que falar de Time e Comfortably Numb? Não existem palavras para traduzir a emoção proporcionada na audição de maravilhas assim. Obviamente, o solo de Gilmour na última é obrigatório em qualquer top 10 da história do Rock, a o que qualquer um ali sente ao ouvir isso ao vivo é algo para realmente testar os corações floydianos.
   Não tenho palavras para expressar a emoção de ver um cara como David Gilmour em ação. Com quase 70 anos, esse senhor ainda tem voz de sobra, e sola como garoto os hinos que definem uma das mais brilhantes carreiras que se tem noticia. Esse é aquele tipo de show para parar o mundo durante alguns minutos, um acontecimento verdadeiro para fazer qualquer um ir às lágrimas. Um dos shows da minha vida indiscutivelmente, e tenho certeza, esse é daqueles para contar para os meus netos, num triste dia futurista onde Pink Floyd só existirá em forma dos Dark Side of the Moon's, The Wall's e Animals arquivados pela sua legião de fãs. Me sinto um privilegiado podendo ver enquanto ainda era tempo uma lenda em ação. 
    

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

SHOW DO ANGRA - FUNDIÇÃO PROGRESSO - RIO DE JANEIRO

   Durante pouco mais de um ano - intervalo entre o último show individual do Angra na cidade e o dia 6 de dezembro de 2015 - a banda passou por algumas mudanças significativas. Além do lançamento do ótimo Secret Garden, a formação sofreu relevantes modificações. Fora o fantástico convite para Kiko Loureiro entrar para o Megadeth - e consequência ausência pontual -, o grupo apresenta aos cariocas seu fantástico novo baterista, Bruno Valverde. Marcelo Barbosa faz as partes de Kiko, que anda em turnê com o Megadeth. Fora isso, o show trouxe uma novidade muito especial para os fãs. O ex-vocalista Edu Falaschi faz uma participação especial para celebrar seu legado ao lado da banda. 
   Essa salada toda seria o prato servido aos bangers que compareceram a Fundição na chuvosa noite de domingo.  A escolha pela enorme casa de espetáculos, que tem capacidade para cerca de 5 mil pessoas, foi bem ousada. O resultado foi bem interessante, o que mostra a força do Angra. O lugar não estava lotado, mas um público bem honesto de uns 2.500 fãs deixaram o clima extremamente agradável para um show de uma entidade do nosso Metal. Mesmo com uma formação bem diferente, a força do Angra é inegável. A noite contou com as aberturas do Devil Sin e do Republica. Cheguei no meio do show do Republica, que foi bem interessante e contou com Slither do Velvet Revolver em homenagem ao grande Scott Weiland.
   Por volta das 21;45, tinha inicio mais um show de uma grande banda brasileira passando por um momento digno de sua história. Ver o bom comparecimento num show nacional assim nos da muito orgulho. O fã do Angra é um dos mais fieis que eu conheço. São daqueles que realmente conhecem a obra da banda, e cantam junto qualquer coisa. Isso aconteceu com as músicas novas, todas muito celebradas, algo que raramente acontece, sendo assim realmente digno de nota.
   A abertura foi com Newborn Me, abertura de Secret Garden e representante de mais um renascimento da banda, agora com o já de casa Fabio Lione. O dito ótimo recebimento popular aconteceu já aqui, e explodiu de vez com o hino Nothing to Say. O som da Fundição, tradicionalmente ruim, não foi diferente agora. O volume era aceitável, mas estava tudo muito embolado, ao menos na para lá de avançada Pista Premium - de onde assisti ao show. Mesmo assim, não comprometeu a sempre excepcional performance do Angra. Barbosa é o nome certo para substituir Kiko, mas é inegável que olhar para o palco e não ver uma figura desse tamanho e relevância é, no mínimo, diferente. Não a toa, o cara vem recebendo efusivos elogios do novo chefe recentemente. Algo qiue precisamos nos acostumar na atual realidade da banda.
   O show segue com mais uma nova, a fantástica Final Light. Esse é mais um som novo que veio para ficar na história do grupo. Vem então uma magnífica novidade no set. Wings of Reality é para mim a música mais fantástica de Fireworks (1998), e ouvi-la ao vivo é um privilégio! A tradicional e maravilhosa Time vem para formar uma dobradinha com o melhor que o Angra pode produzir. De fato, a banda vem acertando em cheio no repertório depois da volta, aproveitando muito bem o caminhão de clássicos que tem a disposição. Storm of Emotions volta as atenções para o presente, sendo uma das mais originais e interessantes do novo trabalho, e recebida com a merecida empolgação dos fieis seguidores. Ai é hora da 1a música da "fase Edu" da noite, que por motivos óbvios foi muito bem explorada. Waiting Silence ainda foi cantada pelo atual vocalista, extremamente celebrada pelos presentes. Make Believe é daquelas maravilhas que sempre emocionam quando aparece, criando um clima único. Aproveitando o momento, Rafael Bitencourt - inegavelmente o dono da banda no atual momento - saca um violão e canta sozinho a melhor música de Secret Garden, Silent Call. Essa definitivamente já caiu nas graças dos fãs, que se emocionaram profundamente. Um dos momentos mais belos do show seguramente. Depois dela, Rafael apresenta o novo batera com o carinho merecido, e entrega o palco para ele mostrar a que veio numa performance individual. Bruno Valverde tm todos os olhares da Fundição enquanto apresenta seus predicados num solo de bateria irretocável. Uma banda como o Angra não chama um qualquer para fazer parte da trupe, e seu desempenho tanto ao vivo quanto no estúdio provam ser o nome correto.
   Hora do momento mais aguardado da noite. Edu Falaschi é ovacionado pelos fãs, ganhando o merecido reconhecimento pelo bom trabalho com a banda. Sua saída foi no momento certo, quando todos já apresentavam considerável desgaste com dois lançamentos fracos. Essa completa renovação que o Angra sofreu foi importante para o resgate do nome em grandes apresentações dignas de sua história, além da confirmação de tudo isso num disco ótimo. Mesmo assim, o convite foi muito válido para celebrar uma passagem importante do grupo, nesse momento tão especial de enorme projeção. A celebração de Rebirth/Tample Of Shadows começa com a maravilhosa Angels and Demons. Uma belíssima escolha para tal momento. Edu mostra seu tradicional senso de humor - de gosto duvidoso é verdade - e falta de jeito impagável em conversas com o público de um cara feliz e realizado naquela noite. Muito melhor assim do que quando o mesmo decide falar "sério". Vimos aquele mesmo Falaschi na figura de um frontman com grande performance vocal e trejeitos atrapalhados do DVD gravado na tour do Rebirth no saudoso Via Funchal em São Paulo.A épica Heroes of Sand mostra um pouco do irretocável disco de estreia dele na banda, seguida pela porrada maravilhosa Spread Your Fire. Foram três amostras preciosas que apresentaram toda a força daquela formação que marcou época. Edu deixa o palco num gesto de grandeza, prestigiando efusivamente o atual vocalista, para quem ele passou o microfone, sem apresentar nenhum tipo de briguinha e fazendo com que a noite fosse aproveitada por todos nos mínimos detalhes. O cover para o clássico do The Police Synchronicity II, presente na edição bônus do novo trabalho, vem em seguida. Versão para lá de interessante vale dizer. Holy Land é para mim uma das melhores da banda, e escuta-la ao vivo foi simplesmente de arrepiar. Obviamente, sua complexidade sonoro exigiu algumas bases pré-gravadas para acompanhar os músicos. Uma bela menção ao disco que é para mim o melhor da história do Angra.
   Encerrada a parte regulamentar, é hora do bis. O hino Carry On destrói o lugar, numa dobradinha com Nova Era, outro hino que se mostrou de igual relevância. Edu invade o palco nela e faz um dueto com Lione. Simplesmente de arrepiar. A dupla seguiu nesse esquema para outro clássico, que atende pelo nome de Rebrth. Essa é aquelas que mesmo batida sempre arrepia qualquer coração de pedra. A trilha dos Cavaleiros Do Zodiaco Pegasus Fantasy foi muito pedida, algo que sempre acontecia nos tempos de Edu na banda, e atendida pelos integrantes numa versão diferentona. Aquele era momento de festa para todos os presentes, encerrada ao som de Iron Maiden com o clássico The Number Of The Beast.
   Foi um show bem diferente do Angra, com dois vocalistas em estado de graça e grande forma.  A emoção de todos os presentes foi acima da média ao longo da noite, fazendo dessa renovada formação do Angra algo já presente nos corações dos fãs. Uma noite digna da banda, com um bom público presente numa casa enorme para celebrar o passado e o presente em constante encontro. 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

R.I.P SCOTT WEILAND

   Em sete dias, iria completar 5 anos da apresentação irretocável do Stone Temple Pilots num Circo Voador com ingressos esgotados. Acabei indo na última hora, comprando meu ingresso com um cambista, e vendo um show memorável. Naqueles tempos, Scott Weiland - a alma da banda - parecia estar numa situação bem melhor, e tudo apontava para um encerramento de carreira ao lado do grupo que o consagrou. Nesse meio tempo não foi bem isso que aconteceu. Scott foi demitido da banda em 2013 - por motivos incertos até hoje - e viu a lamentável entrada do vocalista do Linkin Park em seu lugar. Já ali, eu imaginava que a triste noticia que recebemos hoje seria cada vez mais questão de tempo. Vale lembrar também uma performance realmente lamentável do cara em um dos seus clássicos - Vasoline - durante um show, onde a magnífica canção foi desconfigurada por um homem visivelmente alterado. Bem, nada disso apaga o brilho de um frontman que marcou positivamente a música noventista com clássicos em escala industrial entregues aos fãs. 
   Com um resumão dos 5 anos entre um dos grandes shows que assisti e sua morte - nesse meio tempo rolou também mais um ótimo show no Brasil, pelo SWU de 2011 - vamos voltar para a década de ouro do Stone Temple Pilots. No ano de 1992, auge do chamado grunge, o STP colocou no mercado seu disco de estreia e melhor trabalho, o irretocável Core. Por gosto pessoal fazendo excessão ao Nirvana, era mais uma banda ótima surgindo fazendo aquele rockão simples e marcante que marcou a década. Eles não são de Seatle, e sim da California, mas a musicalidade muito se assemelhava a nomes como Alice in Chains e Soundgarden. Core é uma verdadeira coletânea, com hits a perder de vista. O mais famoso da carreira, Plush, sem dúvidas é o mais marcante, carregando nele aquele refrão que você certamente já cantou junto alguma vez. Em meio a maravilhas do porte de Wicked Garden, Sex Type Thing, Crackerman, Sin, Dead & Bloated e a arrepiante balada Creep, Plush acaba sendo apenas um igrediente do molho final. 
   Core é um trabalho definitivo para a banda. Seu som, como o da maioria de seus colegas, é marcado pela voz forte de Scott, como acontece com o Pearl Jam, Soundgarden e Alice in Chains também, em meio ao instrumental simples direto e para lá de acertado. Infelizmente, o vocalista seguia os rumos de muitos dos amigos rumo ao burado das drogas.
   Em 94, o segundo trabalho deu sequência a Core de maneira muito satisfatória. Purple não iguala a estreia, mas é também um grande disco. Com ele, vem mais hits noventistas, tais como Vasoline, Interstate Love Song e Big Empty. Mesmo com o sucesso, Scott se afundava com gosto, e via a situação na banda ficar complicada. 
   Tiny Music... Songs From The Vatican Gift Shop até foi lançado em 96, mas ele não aguenta entrar em turnê. Ele apresenta mais hits, com destaque para a fantástica Trippin' on a Hole in a Paper Heart e a também muito boa Big Bang Baby. Três anos de pausa foram precisos para o lançamento do sucessor, simplesmente "4". O disco não vendeu tanto e passou longe dos antecessores. Ainda sobra a boa Down, mas definitivamente o STP estava se afetando com os problemas do líder. Tome prisões, clinicas e tudo mais, que antecederam  Shangri-La Dee Da, outro disco sem grande destaque. 
   Os problemas acabaram com a banda naquele momento. Scott se juntou ao supergrupo Velvet Revolver com Slash, Duff e Matt do Guns N'Roses. Com essa galera reunida, não tinha erro. A banda lançou o fantástico Contraband em 2004, com destaque absoluto para os já clássicos Fall To Pieces e Slither. A performance em todo o trabalho foi matadora, e a recepção ótima. Em 2007 foi lançado Libertad, seu sucessor, que apesar da qualidade não teve a força do 1o disco. Nesse ano a banda se apresentou por aqui. Eles vieram para abrir o show do Aerosmith no Morumbi, em São Paulo, e aproveitaram para tocar também no Rio de Janeiro, onde eu estava presente. O show foi realmente matador, num Citibak Hall não lotado, mas com um público bem honesto girando em torno de 4/5 mil pessoas.
   Pouco tempo depois, Weiland acumulou mais uma saída no currículo, e até hoje o projeto está com seu futuro incerto. Foi a deixa para seu retorno ao Stone Temple Pilots, que sem seu líder não era nada. O bom "Stone Temple Pilots" foi lançado em 2010, ano em que assisti ao show memorável da banda no maior público que já vi num show do Circo Voador. Cheguei em cima da hora, com ingresso comprado com cambista, e o melhor lugar que arrumei era do lado de fora da lona. O show fez um belíssimo apanhado nos hits da banda, chegando no auge quando Weiland interrompeu o hino Plush para que o público carioca urrasse seu refrão em uníssono. Essa foi a minha grande lembrança desse monstro sagrado do Rock N'Roll.
   Infelizmente sua carreira desandou nesses últimos 5 anos, e na última noite viu sua vida chegar ao fim. O legado desse grande vocalista está ai para quem quiser ver e curtir. O dia de hoje é para soltarmos play em alguns dos melhores trabalhos do Rock nos anos 90. O legado do Stone Temple Pilots é eterno!  

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

THE BEATLES - RUBBER SOUL

   O que faz uma obra musical continuar impressionando mesmo depois de 50 anos de lançamento? Na certa não é fruto do acaso. Ainda contextualizando tudo, em 3 de dezembro de 1965, a banda referência máxima e mais influente da história da música estava lançando o que seria o seu sexto disco. Tal feito ganha contornos assustadores quando pensamos no fato de o 1o ter saído em 63. Média impensável para os dias de hoje não é mesmo? Bem, isso tudo é apenas um detalhe em meio a uma obra tão complexa. Curiosamente depois da lendária morte e substituição de Paul McCartney - uma das mais hilárias lendas da história do Rock -, o quarteto de Liverpool dava um passo definitivo em sua trajetória. 
   Depois de acertar a mão de jeito em Help!, a banda decidiu enriquecer sua sonoridade, transformando a coisa toda numa complexidade sonora única e inexplicável até hoje. Seria essa a marca nos 3 trabalhos seguintes. São eles os magníficos e definitivos Revolver e   Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, além do disco em questão no texto. A história comprovaria que a ousadia de Paul, Lennon, George e Ringo deu muito certo. Além da parceria sempre certeira Lennon/McCartney, Rubber Soul também conta com a mão de George em duas composições brilhantes - Think for Yourself e If I Needed Someone. Como de praxe, quando o homem resolve compor, é maravilha na certa, e seguramente If I Needed Someone não somente é uma das mais marcantes do disco como também é capaz de ganhar destaque em meio a toda a legião de pérolas da banda. 
   Fora essas, RS apresenta um tracklist de 14 petardos certeiros. Temos rockões do porte de Drive My Car misturados as maravilhas melódicas que marcam a carreira dos Beatles, como Michelle, Nowhere Man, I'm Looking Through You. Só uma pedra não sente um arrepio ouvindo coisas assim. In My Life é uma das letras mais certeiras da banda, e talvez seja o maior clássico do disco. Honestamentye, poderia passar horas tecendo ardorosos elogios a cada música dessa obra, que apresenta num total uma das melhores na equilibradíssima discografia dos ingleses. Melhor nem tentar a sorte, mas não custa lembrar que se trata de um trabalho único e indispensável. 
   Rubber Soul mostra um Beatles muito além da simplicidade perfeita dos primeiros trabalhos, sendo um divisor de águas na carreira. A genialidade vista aqui ia muito além do que se poderia pensar para a época. Paul, Ringo, John e George mais uma vez se superaram.