domingo, 29 de março de 2015

BLIND GUARDIAN-BEYOND THE RED MIRROR

   Poucas bandas dentro do Heavy Metal atual tem a força do Blind Guardian. Eles viveram o seu auge nos anos 90, quando lançaram seus discos mais relevantes, e são um dos poucos que sobreviveram ao desgaste do Power Metal com o passar dos anos, se mantendo muito fortes nos anos 2000 e ainda lançando coisas interessantes, sendo hoje de longe a banda mais importante do estilo. Já virou tradição uma certa demora dos alemães a cada lançamento, e o sucessor de At the Edge of Time chega 5 anos depois, fazendo valer cada minuto de espera. 
   Beyond the Red Mirror é seguramente um dos melhores trabalhos que ouvi recentemente, superando o antecessor, e mo mínimo, se igualando ao ótimo A Twist in the Myth. Ainda é cedo para compara-lo com os clássicos, mas não duvidaria que com o tempo isso aconteça, já que o BG ainda é uma banda nova que tem muito a oferecer. Com a ideia de continuar a história desenvolvida no clássico Imaginations from the Other Side, Beyond the Red Mirror abusa da parte orquestrada, com um coral gigantesco que da uma dinâmica única ao som já complexo da banda de cara na abertura, a ótima The Ninth Wave. Com 9 minutos, ela não é de fácil assimilação, mas com o tempo vai ficando interessantíssima. Depois já vem o que podemos chamar de um clássico imediato. Twilight Of The Gods foge da proposta do álbum, e é Blind Guardian puro, pronta para virar hit. Em certos momentos vemos muito de Mirror,Mirror e Valhalla, em em pouco tempo você já se vê urrando o seu refrão em shows como em todo bom clássico. Quem viver verá. Prophecies é outro momento magnífico. At The Edge Of Time, obviamente feita para o antecessor, mas só aparecendo agora, é outra que abusa dos arranjos orquestrados, que dão um tom épico à música. O resultado, novamente, é ótimo. Ashes Of Eternity começa com um riff fantástico, e performance ainda mais fantástica do batera Frederik Ehmke. Mais uma musica fenomenal do trabalho, que se destaca ainda mais pelo refrão cantado com perfeição pelo grande Hansi Kürsch. The Holy Grail repete a formula da anterior em sua introdução. Menos espetacular que outras presentes por aqui, mas ainda bem interessante. The Throne começa de maneira épica, e assim se mantém. Lá vem mais um baita refrão, belos arranjos, dentro de um trabalho inovador e de qualidade indiscutível. Sacred Mind e Miracle Machine, essa bem mais lenta que as demais, apenas abrem caminho para o encerramento fenomenal com o grande destaque do trabalho, ao lado de Twilight Of The Gods. Grand Parade é seguramente uma das músicas mais espetaculares da carreira da banda. Coma mesma ideia da que abre o trabalho, ela proporciona 9 minutos de uma verdadeira catarse musical. O refrão é uma das coisas mais lindas que existem. Magnífico encerramento para um belo trabalho.
   Agora Beyond the Red Mirror está entregue a nós, e veremos como ele vai passar pelo teste do tempo, mas pelo que entendo por Rock N'Roll, ele será lembrado como um belo momento na trajetória de uma banda que ainda tem muito a nos oferecer. Daqui, podemos tirar pelo menos dois clássicos, Grand Parade e Twilight Of The Gods. Tirem suas próprias conclusões, e vamos esperar ansiosamente outubro chegar. Por enquanto, apenas digo que o novo trabalho do Blind Guardian é o melhor que escuto em tempos! 


quinta-feira, 26 de março de 2015

SCORPIONS-RETURN TO FOREVER

   O Scorpions é o tipo de banda que já fez tudo, e mais um pouco, para ter seu nome eternizado na história do Rock N'Roll. Em casos assim, ainda mais chegando a chocantes 50 anos de carreira, naturalmente não devemos esperar por novos Blackouts ou Lovedrivers. Mesmo assim, sempre ouviremos coisas interessantes. Também não vamos esperar que uma banda consagrada se reinvente a essa altura, e assim sendo, cada novidade soa um pouco parecida com algo que já veio antes. O fato é que é sempre agradável escutar novas músicas do Scorpions, mesmo (ao meu ver) sem terem lançado nada de espetacular a mais de 20 anos (o último sendo o ótimo Crazy World), vivendo desde então de breves momentos de inspiração, todos distantes de momentos que consagraram a banda nos anos 70 e 80. 
   A banda já anunciou a parada e voltou atrás algumas vezes, e para mim essa é a melhor maneira de ser "enganado". Lá vem mais turnê, e de brinde, mais um disco inédito para suceder o bom Sting In The Tail. O trabalho começa com Going Out With a Bang, uma canção bem original e interessante, com forte influência setentista. Já We Built This House é igual a inúmeros momentos da banda. Não encanta, e você tem a clara sensação que ouviu isso em algum lugar, mas passa longe de ser ruim. Fica mais um daqueles refrões pegajosos e e bons de cantar junto num show. Rock My Car se apresenta mais pesada, com um andamento bem interessante. House Of Cards é para mim um dos melhores momentos. Mais uma bela balada, especialidade da banda desde os tempos de We'll Burn in the Sky até a eternidade. All For All é outra que se destaca pelo acertado refrão. Rock 'N' Roll Band é o momento mais glorioso do trabalho. Por ter sido escrita no auge da banda, se mostra num nível para lá de superior ao restante do trabalho. Hard N'Heavy oitentista do mais furioso. Catch Your Luck And Play começa com um riff furioso, e se arrasta no melhor estilo rockão. Bem legal, feita para cantar dirigindo com vento no rosto. Rollin' Home poderia ser facilmente descartada, totalmente equivocada. Hard Rockin' The Place sobe o nível consideravelmente, e mostra novamente a dupla dinâmica Rudolf Schenker/Matthias Jabs inspirada, com o sempre belo vocal de Maine. Eye Of The Storm é mais uma balada, menos inspirada que House Of Cards, mas também interessante. The Scratch não apresenta nada de especial, e  Gypsy Life encerra o trabalho muito bem, já que a fábrica de belas baladas nunca fecha. 
    Achei o disco legal, com ótimos momentos, e outros nem tanto. Valeu o registro, e os fãs de Scorpions tem mais umas 5 ou 6 músicas para lembrar com carinho da banda no futuro, junto com outras para serem esquecidas no túnel do tempo. Vale a audição, e uma tour seria para lá de bem vinda! 


quarta-feira, 25 de março de 2015

SHOW DO ROBERT PLANT-CITIBANK HALL-RIO DE JANEIRO

   Já na sua 4a edição, o famigerado festival Lollapalooza mantém a tradição de trazer inúmeras bandas de gosto duvidosíssimo e alguma grande banda. O peixão de vez é apenas uma das vozes definitivas do Rock N'Roll, a lenda viva Robert Plant, vocalista de um tal de Led Zeppelin. Depois de uma longa turnê em 2012, Plant retorna com a mesma banda, mas faz um show completamente diferente do que vimos daquela vez. Obviamente, a voz não é a mesma que faz chover em momentos como Communication Breakdown e The Song Remains the Same, e nem a pegada chega minimamente próxima a do Led, mas só em estarmos diante de uma lenda cantando alguns dos clássicos que o eternizaram já é emoção suficiente. 
   Mesmo com problemas para tanto, o público compareceu ao Citibank Hall em ótimo número. Já falei antes, mas não canso de repetir. A casa é a melhor da cidade com sobras. O show sempre começa numa caminhada pelo shopping Via Parque (a casa fica no subsolo) atrás de bebidas e comidas, e lá já vemos o tradicional desfile de camisas do Led. Com capacidade para 8 mil pessoas, calculo que tinha entre 6 e 7 mil tranquilamente. 
   Para a abertura, veio a ilustríssima  St. Vincent, um típico show Lollapalooza, de uma chatice e barulheira única da turma mais alternativa. Antes a senhorita tivesse ficado retida no Chile por causa do faniquito no camarim que lhe proporcionou um processo. Já falei demais, vamos ao que interessa. 
    Um clima intimista é criado no lugar, e o senhor Plant inicia o show simplesmente com No Quarter. Preciso falar algo mais? Da carreira solo dele, não conheço absolutamente nada, e nenhuma das canções me chamou grande atenção, mas para grande parte de quem tava ali, o negocio era ouvir clássicos do Led. Foram sete no total, todos extremamente celebrados pela plateia. A banda, que em 2012 botou tudo a perder com excessos de experimentalismos asiáticos/africanos,  dessa vez estava muito mais coesa. Com rodagem maior e uma pegada Rock N'Roll predominante, a coisa ficou bem melhor. As experiências mais "diferentes" ficaram por conta do sujeito tocando uma espécie de violino, com som mais parecido com uma cuíca, em certos momentos. Um deles foi na parte final de Black Dog, hino supremo numa versão diferente da original, mas muito mais interessante que a bizarrice que vimos na vinda anterior. Ainda tivemos Going to California, momento para lá de emocionante, a surpreendente e fantástica The Lemon Song, What Is And What Should Never Be, apresentada de maneira praticamente fiel a versão imortalizada no clássico Led Zeppelin II, e os hinos Whole Lotta Love, outra numa versão semelhante a original, ao menos no seu começo, e Rock and Roll, essa bem diferente, mas não menos fantástica. Essas somadas as solos, foram 12 no total. 
    Plant estava claramente feliz por estar ali, comunicativo com o seu público fiel. Sua voz está prejudicada, mas ainda bota muitas no bolso, e a figura de eterna lenda faz tudo ser muito mais especial. O Rio pode ver o único grande show do festival, e seguramente valeu por todo ele. Longa vida ao senhor Plant! 

segunda-feira, 23 de março de 2015

SHOW DO RAIMUNDOS+GANGRENA GASOSA-CIRCO VOADOR-RIO DE JANEIRO

   Se nos dias que antecederam o lançamento de Raimundos, o 1o disco, Digão e Canisso, os que continuam desde então na banda, pudessem imaginar os acontecimentos dos próximos 20 anos de vida, seguramente ficariam loucos. Uma história rica, com um sucesso meteórico e um recomeço quase do zero, de uma volta do mainstream ao underground do Rock, até uma forte retomada do sucesso de seus dias de gloria que é o presente da banda. Foi muito resumidamente assim a trajetória celebrada na noite do dia 21 de março de 2015, no Circo Voador.
    A banda que há tempos deixou aqueles anos de dúvidas quanto a sua existência e shows em lugares para lá de Underground, ainda colhe os frutos do ótimo disco novo e do público já conquistado no passado. Para a tour de 20 anos, os Raimundos disponibilizaram uma votação no seu site, estilo Metallica em 2014, e o set escolhido apareceria em todas as datas do giro. Como na experiência do Metallica, muitas das músicas escolhidas são as "de sempre", somadas a algumas ótimas novidades. O fato é que na hora, tudo saiu de maneira perfeita. A banda em dia inspirado, com o maior (e melhor) público em anos no Rio de Janeiro, é jogo ganho.
   Para a abertura, outra ótima escolha. O Gangrena Gasosa é velho conhecido na cena, sendo presença constante em aberturas de shows como as do Behemoth e Ratos de Porão, ali mesmo na lona sagrada. Os Raimundos são das bandas do chamado "Rock Nacional", a mais querida do público de Heavy Metal, com sobras. Por isso, vimos um desfile de camisas de Death e Thrash, e o show do Gangrena contou com participação ativa de muitos presentes. A experiência é sempre divertida, com tiradas ótimas do senhor Zé Pelintra, as letras tão boas quanto e toda a parafernália macumbeira. E tome moshpit ao som de Chuta Que É Macumba, Eu Não Entendi Matrix, Se Deus é 10, Satanás é 666 e Quem Gosta de Iron Maiden Também Gosta de KLB. Um show ótimo, abertura digna do espetáculo que viríamos em seguida.
   Depois de um curto intervalo, o Raimundos atual sobe ao palco para celebrar seus 20 anos, indo além do set votado e mostrando o melhor de cada época. Poucas bandas viveram metade do que eles neste tempo, e a felicidade pela boa fase é clara olhando para o palco. Canisso e Digão, que começaram tudo, estão juntos com os já de casa Marquin e Caio, que com todo respeito, não deixam ninguém sentir saudade do crentelho e do grande Fred. Já de cara, vimos que a noite seria surpreendente. O tradicional encerramento abriu os trabalhos. Puteiro em João Pessoa é a música que define o que é o Raimundos, apenas isso, e nada mais justo que começar a celebração com a música que abre o 1o disco. A lotação, se não era esgotada, era muito próxima disso, e o famoso mosh pit constânte que sempre toma conta de toda a pista do Circo nunca foi tão apertado. Com isso, a temperatura foi as alturas. A sequência inicial foi algo digno de nota. Be A Bá (com direito ao riff inicial de Raining Blood na metade) e Nega Jurêma, ambas também do disco de estreia, e mais Pintando no Kombão e Opa! Peraí, Caceta, do não menos espetacular Lavô Ta Novo, fizeram a coisa ficar realmente séria. Indescritivelmente fantástico. Então a banda sai do roteiro escolhido pelo público pela 1a vez, apresentando Baculejo, ótimo momento do disco novo. E tome mais clássico, com O Pão da Minha Prima. Infelizmente, vem o obrigatório momento de tocar as fm's que a turma mais coxinha tanto aprecia. Mulher de fases  e A Mais Pedida são as 1as a aparecer, esfriando as coisas. Gordelícia, mais nova música de trabalho, tem um ótimo efeito ao vivo, mas a coisa esfria de vez com a famigerada Reggae do Manero. O clima era tão fantástico que a força do Circo não diminuía, e a coisa explode de novo em Palhas do Coqueiro, com seu mosh tradicionalmente brutal. Então é hora de surpresas em sequência. Fique Fique vem para lembrar de Kavookavala, que segundo Digão não poderia ser deixado de fora da festa. Vamos voltar então para o magnífico Lapadas do Povo, nas duas escolhas mais acertadas dos eleitores. Baile Funky é dedicada ao "formigueiro", e me emocionou por demais, já que ela é uma das melhores da banda. Andar na Pedra não deixa por menos, sendo uma das mais cantadas da noite. Selim é uma das mais conhecidas da banda, mas muito raramente lembrada. Achei muito legal ouvi-la ao vivo, me sentindo novamente com 12, 13 anos, época que comecei a ouvir Raimundos. Papeau Nuky Doe estava fora do roteiro. Um verdadeiro lado b, c ou até d da banda foi uma sacada única do EP Cesta Básica. I Saw You Saying (That You Say That You Saw) interrompe as raridades, mas como é a que eu mais gosto entre as "de sempre", não afetou o seguimento das coisas. Importada do Interior é mais uma, a última, que lembra o disco mais novo. Ai vem a já cansativa Me Lambe, a ótima Deixa Eu Falar e a obvia para ocasião, 20 e Poucos Anos. Assim acaba a 1a parte do show, mas ainda teríamos mais. Repetindo o que foi feito no 1o show da turnê do Cantigas, Canisso canta Boca de Lata, e abre espaço para a magnífica Herbocinética. Para encerrar, vem a trinca de clássicos Esporrei na Manivela, Tora-Tora e Eu Quero é Ver o Oco.
   Já vi a banda por mais de 10 vezes, sendo que em uma delas o clássico Lavô ta Novo foi apresentado na íntegra. Seguramente, essa foi a melhor. O set foi distribuído com perfeição, e a banda estava em estado de graça. Essa celebração faz justiça a uma banda que passou por tudo que passou, tendo finalmente retornado a um ponto parecido com o que parou na mudança da formação clássica. O público só aumenta, e os anos que vem por ai ainda prometem muito mais. 

sexta-feira, 20 de março de 2015

MOTLEY CRUE, UM SONHO REALIZADO

   Passado o choque com a noticia dada ao término do Jornal Nacional de ontem, ainda é difícil encontrar palavras para descrever a minha felicidade. Nem o mais otimista dos fãs da banda poderia prever a apresentação do Motley Crue no maior festival de música do país. Na realidade, uma vinda ao Brasil é um eterno sonho de todos, algo que só veio a acontecer numa terça-feira de 2011, em São Paulo apenas, e tão somente nesta ocasião. Chega então a chamada Final Tour, inclusive com um último show já marcado para o final do ano, e as datas diminuindo, junto com as esperanças dos fãs de ver uma verdadeira lenda ao vivo. Ai um tal de Roberto Medina realiza mais um sonho dos brasileiros. 
   Bem, infelizmente o Crue não é aquela banda com peso de headline no Brasil, e o altíssimo cache, misturado com a estrutura faraônica do palco, dificultava muito uma turnê. Então o festival fez isso ser possível, colocando a banda como a 2a em importância numa noite com o Metallica. 
   Os estilos de ambas as bandas é bastante diferente, e muitos não gostam das duas ao mesmo tempo. Felizmente, outros tantos conseguem idolatrar as duas, como é o meu caso. Esse show seria impensável na América dos anos 80, onde você deveria escolher entre os "posers" e os 'thrashers", uma divisão que felizmente não existe mais e é considerada uma tremenda bobagem para os próprios membros das bandas da época. No Brasil dos anos 90, a divisão ainda era clara, fazendo o Skid Row no auge ser vaiado no Monsters of Rock de 1996, festival que seria fechado por um Iron Maiden numa fase pouco inspirada (ao meu ver pelo menos). Satisfeitos e insatisfeitos com a noticia foram vistos aos montes ontem a noite, mas é impossível negar a sábia escolha do festival por uma banda quase inédita por aqui. 
   No meu coração, a noticia foi recebida com uma alegria única, e meu maior sonho relacionado a música (ao lado de um show do AC/DC) será realidade na noite do dia 19 de setembro. Minhas esperanças de ver o Motley já eram escassas, até a noite de ontem. Minha única certeza é que, quem gosta, verá o último e praticamente único show de uma banda espetacular em terras brasileiras. 
   Outros anúncios foram feitos, como o Royal Blood, para a mesma noite. Deles eu não conheço absolutamente nada. Já para a abertura, no dia que o Queen encerra, foi chamado o famigerado One Republic, responsável por torrar o saco da galera. Ainda foi chamada a madame Rihanna, que vai poupar nossos bolsos em mais uma data de festival. Por enquanto é isso, vamos ver as cenas dos próximos capítulos. Apenas deixo o meu agradecimento ao senhor Medina por fazer do sonho de ver o Crue uma realidade para mim. 
   

segunda-feira, 16 de março de 2015

SHOW DO SLASH-FUNDIÇÃO PROGRESSO-RIO DE JANEIRO

  Desde que botei o pé perto da porta da Fundição Progresso, já percebi que a noite seria de gala. Uma multidão poucas vezes vista por ali se aquecia para um grande show de Rock N'Roll que estava para acontecer, vendo o famoso "Slash do garage" em ação e tomando uma gelada. Do lado de dentro, assim como na apresentação de 2012, lotação máxima e gente saindo pelo ladrão. É a prova da força que a banda montada por Slash tem no cenário musical atual. Como já disse por aqui, Guns N'Roses não é a maior banda do mundo, mas a sua importância é inegável na história do Rock N'Roll, e obviamente muito disso se deve ao grande guitarrista que imortalizou momentos únicos em seus trabalhos com a banda. Atualmente, ele promove seu 3o grande trabalho na chamada carreira solo, acrescentando músicas da banda que o consagrou e também do Velvet Revolver ao repertório. O show que vi provou que a tal banda está cada vez melhor, e Slash ainda tem muito a oferecer ao Rock N'Roll.
   Pela 2a vez, Slash vem com uma ótima atração de abertura para toda a turnê brasileira, mas exclui o Rio de Janeiro de tal privilégio (obviamente não ele, e sim a produção). Em 2012 foi o Edguy, e agora o também ex-Guns Gilby Clarke. Para completar, foi chamado o então absolutamente desconhecido DiAngelis, que honestamente não me agradou nem um pouco quando fui procurar para ouvir. Cheguei a Fundição em meio ao show deles, e com o som altíssimo do lado de fora vi que realmente foi um equívoco a escolha. Infelizmente, a questão é bastante nebulosa em shows deste tamanho, mas prefiro não perder muito tempo com isso e pular para o que interessa.
   Com uma pontualidade assustadora, exatamente às 21h30 o homem estava naquele famoso lado esquerdo do palco com sua cartola fazendo como poucos aquelas últimas 3 cordas de sua Les Paul chorar. A abertura foi com You're a Lie, ótimo momento do seu 2o disco solo, Apocalyptic Love. O som estava muito baixo e embolado na parte inicial da apresentação, melhorando com o tempo e chegando num nível bem aceitável. O público, ao menos próximo a mim, é que estava bastante frio, e assim ficou por todo o show, preferindo registrar com seus aparelhos tecnológicos o espetáculo e até usando o maldito pau de selfie (show do Coldplay ou David Guetta? Creio que não...). Mesmo assim, uma parte considerável conhecia muito bem o que estava acontecendo. Voltando ao show, vem o hino Nightrain, 1o clássico do Guns a dar as caras. Ela sempre causa uma certa comoção, sendo seguramente um dos pontos altos do magnífico Appetite For Destruction. Com o jogo mais que ganho, vem a 1a do ótimo disco novo. Avalon é a 1a das muitas lembradas ao longo da noite. Ghost, um dos pontos altos do 1o trabalho, quando a banda ainda se formava e o vocalista mudava a cada canção, vem em seguida. Back From Cali, que já pode ser chamada de hit, agita bastante. De volta ao novo trabalho, vem a ótima Wicked Stone e 30 Years to Life, que nem sempre aparece no set e chega a surpreender, mas considero ela facilmente substituível por No More Heroes e Starlight, por exemplo. Agora é a vez de uma pérola do GNR, a fantástica e pouco lembrada Double Talkin' Jive. Considero ela uma das poucas que se destacam muito mais pela performance de Slash do que pelo vocal de Axl Rose, e só por isso se apresenta como uma escolha para lá de acertada. Meus amigos, o solo que Slash sacou aqui foi seguramente o grande momento da apresentação. Um dos seus maiores momentos da carreira relembrado de maneira para lá de precisa já valeria qualquer ingresso. A partir daqui, a coisa sai do controle. O clássico You Could Be Mine vem em seguida. Ela dispensa apresentações, mas diria que, apesar da grande performance de Myles Kennedy durante todo o show, é bastante diferente ouvi-la sendo cantada por alguém que não é o senhor Rose, já que nela tenha sido talvez a sua performance mais espetacular em toda a carreira. Obviamente, Myles nem arriscou aquele famoso agudo que encerra a música. O ótimo baixista Todd Kerns se mostra também um vocalista dos bons, e assume Doctor Alibi, cantada por Lemmy no disco de estreia. Coube a ele também um dos hinos máximos do Guns, uma tal de Welcome to the Jungle. Sem palavras, uma apresentação realmente grandiosa. Myles retorna para cantar a nova The Dissident, talvez a melhor das novas. Beneath the Savage Sun é outro hit imediato, antecedendo o clássico Rocket Queen, seguramente no meu top 3 do Guns N'Roses. No meio dela, Slash realiza um solo fantástico, mas alongado ao extremo (calculo entre 15 e 20 minutos), algo que já fazia nos tempos de GNR, e também em shows da atual banda. Depois dele veio a sempre arrepiante parte final, a qual cantei com a alma. Vem então Battleground, um belíssimo momento do novo trabalho, seguido por sua faixa título World on Fire, um hit imediato cantado por todos. Anastasia é outra que já foi consagrada no seu 2o disco, sendo extremamente celebrada. Sweet Child O' Mine, o maior clássico do GNR, vem para fazer todos ouvirem um dos riffs mais famosos da história do Rock N'Roll. Slither é a única que lembra o Velvet Revolver (Fall To Pieces cairia muito bem), sendo o maior hit da banda. Assim acaba a 1a parte. Para o bis, Slash anuncia a surpresa maior da noite. Communication Breakdown companheiros, uma pérola do Led Zeppelin, que muitos ousavam desconhecer, numa ótima versão de uma banda redondinha. O encerramento mais tradicional para qualquer evento relacionado ao GNR veio, o hino Paradise City, seguido por uma chuva de papel picado. Assim acaba um vrdadeiro show de Rock N'Roll.
   Quanto mais o tempo passa, melhor a banda montada por Slash fica. Com três discos e três turnês nas costas, eles estão na ponta dos cascos, e num show de pouco mais de duas horas, se mostraram ainda melhores do que naquele mesmo palco há 2 anos e meio. O show que o guitarrista promove é um dos melhores da atualidade, e a presença em diversos festivais mostra isso. Vamos ver do que mais Slash e seus amigos ainda são capazes. Mesmo não precisando provar mais nada para ninguém, o cartola ainda está faminto! 

sexta-feira, 13 de março de 2015

SHOW DO ENTOMBED A.D.+KROW-TEATRO ODISSEIA-RIO DE JANEIRO

   Acho impossível arranjar palavras para descrever a grandiosidade do evento que foi realizado na noite do dia 12 de março, no Teatro Odisseia, mas tentarei a sorte. Falar da importância do Entombed, agora com um A.D a mais no nome, para a história do Death Metal e do Heavy Metal como um todo é chover no molhado. Mesmo com todos os problemas que levaram a saída do guitarrista Alex Hellid, aparentemente porque não estava mais a fim de nada, o Entombed novo lançou um disco que tirou o atraso de Serpent Saints - The Ten Amendments, lançado em 2007. Para promovê-lo, finalmente deu as caras no Rio de Janeiro. Um público razoavelmente bom, que não lotava o lugar mas estava longe de fazer feio, teve uma noite memorável. 
   Antes de mais nada, venho aqui destacar a força da abertura da noite. Não vi o show do Lastima, pois cheguei a casa pouco antes do show do Krow, mas a qualidade da dita banda realmente chama a atenção. Bandas escaladas para aberturas de shows atualmente dão muito o que falar, e por muitas vezes caem numa mesmice de nomes que passam despercebidos. Chamar o Krow para a turnê inteira foi uma decisão absolutamente louvável por parte da produtora, e a banda provou o que eu já sabia apenas ouvindo os discos. É um dos destaques da nova geração, com sobras, e mais uma vez Minas Gerais nos brinda com um grande nome. Thrash Metal com algo de Death visceral, num som limpo, mas um pouco acima do volume ideal, e uma apresentação perfeitamente caótica. Os que não conheciam estavam assustados com a qualidade elevadíssima da banda, e seguramente vão correr atrás. Mais uma prova que temos nomes de muita qualidade na cena atual, com boas possibilidades futuras. 
   Era hora então de ver a lenda Entombed. O público foi realmente fantástico, amava como poucos a banda que foram ver, e isso combinado com a performance perfeita da banda fez a coisa ser realmente memorável. A abertura veio com a nova  Pandemic Rage, mas a coisa esquentou mesmo na sequência, com I for an Eye, do ótimo Morning Star. Em Revel in Flesh então, um verdadeiro caos tomou conta do lugar, como aconteceu sempre que a pérola do Death Metal Left Hand Path era lembrada. Second to None volta ao presente da banda, seguida pelo clássico Eyemaster, cantado em uníssono. Stranger Aeons não deixou por menos, mostrando a força dos 3 primeiros trabalhos do Entombed. Living Dead foi possivelmente a mais celebrada da noite, e Out of Hand não ficou longe disso. O entombed renovado está realmente fantástico. Victor Brandt e Olle Dahlstedt formam uma cozinha corretíssima, e Nico Elgstrand tem uma atuação realmente memorável. O timbre de seu instrumento é absurdo, misturado ao som no volume correto e limpo (um dos melhores que vi). Não tinha erro, e sua guitarra por muitas vezes limpa é algo muito raro dentro do estilo, mas se encaixa perfeitamente. A lenda L-G dispensa qualquer comentário, e sua forma vocal é a mesma dos anos 90. Chaos Breed mantém a sequência de hinos dos clássicos trabalhos iniciais, algo que realmente levava a galera ao delírio. Wolverine Blues e Left Hand Path, faixas-título de dois dos discos mais marcantes do estilo encerram o set principal de maneira absurda. Para encerrar, vem Chief Rebel Angel, de Morning Star, o clássico Supposed to Rot, Damn Deal Done, lembrando do ótimo To Ride, Shoot Straight and Speak the Truth (1997) e Serpent Speech. Melhor setlist impossível.
   Bem, a apresentação foi indescritível. Banda e público em sintonia com um baita repertório de clássicos. A noite fechou para mim num encontro com a banda, antes previspo por um m&g que a compra da camisa daria direito, mas no final feito sem exigência alguma. Os músicos são as figuras mais simpáticas que conheci no meio. Atenciosos com todos, agradeciam a presença com muita gentileza e tudo mais. Ficou um registro com a lenda L-G e o batera Olle Dahlstedt, infelizmente cortado ao meio.