terça-feira, 8 de dezembro de 2015

SHOW DO ANGRA - FUNDIÇÃO PROGRESSO - RIO DE JANEIRO

   Durante pouco mais de um ano - intervalo entre o último show individual do Angra na cidade e o dia 6 de dezembro de 2015 - a banda passou por algumas mudanças significativas. Além do lançamento do ótimo Secret Garden, a formação sofreu relevantes modificações. Fora o fantástico convite para Kiko Loureiro entrar para o Megadeth - e consequência ausência pontual -, o grupo apresenta aos cariocas seu fantástico novo baterista, Bruno Valverde. Marcelo Barbosa faz as partes de Kiko, que anda em turnê com o Megadeth. Fora isso, o show trouxe uma novidade muito especial para os fãs. O ex-vocalista Edu Falaschi faz uma participação especial para celebrar seu legado ao lado da banda. 
   Essa salada toda seria o prato servido aos bangers que compareceram a Fundição na chuvosa noite de domingo.  A escolha pela enorme casa de espetáculos, que tem capacidade para cerca de 5 mil pessoas, foi bem ousada. O resultado foi bem interessante, o que mostra a força do Angra. O lugar não estava lotado, mas um público bem honesto de uns 2.500 fãs deixaram o clima extremamente agradável para um show de uma entidade do nosso Metal. Mesmo com uma formação bem diferente, a força do Angra é inegável. A noite contou com as aberturas do Devil Sin e do Republica. Cheguei no meio do show do Republica, que foi bem interessante e contou com Slither do Velvet Revolver em homenagem ao grande Scott Weiland.
   Por volta das 21;45, tinha inicio mais um show de uma grande banda brasileira passando por um momento digno de sua história. Ver o bom comparecimento num show nacional assim nos da muito orgulho. O fã do Angra é um dos mais fieis que eu conheço. São daqueles que realmente conhecem a obra da banda, e cantam junto qualquer coisa. Isso aconteceu com as músicas novas, todas muito celebradas, algo que raramente acontece, sendo assim realmente digno de nota.
   A abertura foi com Newborn Me, abertura de Secret Garden e representante de mais um renascimento da banda, agora com o já de casa Fabio Lione. O dito ótimo recebimento popular aconteceu já aqui, e explodiu de vez com o hino Nothing to Say. O som da Fundição, tradicionalmente ruim, não foi diferente agora. O volume era aceitável, mas estava tudo muito embolado, ao menos na para lá de avançada Pista Premium - de onde assisti ao show. Mesmo assim, não comprometeu a sempre excepcional performance do Angra. Barbosa é o nome certo para substituir Kiko, mas é inegável que olhar para o palco e não ver uma figura desse tamanho e relevância é, no mínimo, diferente. Não a toa, o cara vem recebendo efusivos elogios do novo chefe recentemente. Algo qiue precisamos nos acostumar na atual realidade da banda.
   O show segue com mais uma nova, a fantástica Final Light. Esse é mais um som novo que veio para ficar na história do grupo. Vem então uma magnífica novidade no set. Wings of Reality é para mim a música mais fantástica de Fireworks (1998), e ouvi-la ao vivo é um privilégio! A tradicional e maravilhosa Time vem para formar uma dobradinha com o melhor que o Angra pode produzir. De fato, a banda vem acertando em cheio no repertório depois da volta, aproveitando muito bem o caminhão de clássicos que tem a disposição. Storm of Emotions volta as atenções para o presente, sendo uma das mais originais e interessantes do novo trabalho, e recebida com a merecida empolgação dos fieis seguidores. Ai é hora da 1a música da "fase Edu" da noite, que por motivos óbvios foi muito bem explorada. Waiting Silence ainda foi cantada pelo atual vocalista, extremamente celebrada pelos presentes. Make Believe é daquelas maravilhas que sempre emocionam quando aparece, criando um clima único. Aproveitando o momento, Rafael Bitencourt - inegavelmente o dono da banda no atual momento - saca um violão e canta sozinho a melhor música de Secret Garden, Silent Call. Essa definitivamente já caiu nas graças dos fãs, que se emocionaram profundamente. Um dos momentos mais belos do show seguramente. Depois dela, Rafael apresenta o novo batera com o carinho merecido, e entrega o palco para ele mostrar a que veio numa performance individual. Bruno Valverde tm todos os olhares da Fundição enquanto apresenta seus predicados num solo de bateria irretocável. Uma banda como o Angra não chama um qualquer para fazer parte da trupe, e seu desempenho tanto ao vivo quanto no estúdio provam ser o nome correto.
   Hora do momento mais aguardado da noite. Edu Falaschi é ovacionado pelos fãs, ganhando o merecido reconhecimento pelo bom trabalho com a banda. Sua saída foi no momento certo, quando todos já apresentavam considerável desgaste com dois lançamentos fracos. Essa completa renovação que o Angra sofreu foi importante para o resgate do nome em grandes apresentações dignas de sua história, além da confirmação de tudo isso num disco ótimo. Mesmo assim, o convite foi muito válido para celebrar uma passagem importante do grupo, nesse momento tão especial de enorme projeção. A celebração de Rebirth/Tample Of Shadows começa com a maravilhosa Angels and Demons. Uma belíssima escolha para tal momento. Edu mostra seu tradicional senso de humor - de gosto duvidoso é verdade - e falta de jeito impagável em conversas com o público de um cara feliz e realizado naquela noite. Muito melhor assim do que quando o mesmo decide falar "sério". Vimos aquele mesmo Falaschi na figura de um frontman com grande performance vocal e trejeitos atrapalhados do DVD gravado na tour do Rebirth no saudoso Via Funchal em São Paulo.A épica Heroes of Sand mostra um pouco do irretocável disco de estreia dele na banda, seguida pela porrada maravilhosa Spread Your Fire. Foram três amostras preciosas que apresentaram toda a força daquela formação que marcou época. Edu deixa o palco num gesto de grandeza, prestigiando efusivamente o atual vocalista, para quem ele passou o microfone, sem apresentar nenhum tipo de briguinha e fazendo com que a noite fosse aproveitada por todos nos mínimos detalhes. O cover para o clássico do The Police Synchronicity II, presente na edição bônus do novo trabalho, vem em seguida. Versão para lá de interessante vale dizer. Holy Land é para mim uma das melhores da banda, e escuta-la ao vivo foi simplesmente de arrepiar. Obviamente, sua complexidade sonoro exigiu algumas bases pré-gravadas para acompanhar os músicos. Uma bela menção ao disco que é para mim o melhor da história do Angra.
   Encerrada a parte regulamentar, é hora do bis. O hino Carry On destrói o lugar, numa dobradinha com Nova Era, outro hino que se mostrou de igual relevância. Edu invade o palco nela e faz um dueto com Lione. Simplesmente de arrepiar. A dupla seguiu nesse esquema para outro clássico, que atende pelo nome de Rebrth. Essa é aquelas que mesmo batida sempre arrepia qualquer coração de pedra. A trilha dos Cavaleiros Do Zodiaco Pegasus Fantasy foi muito pedida, algo que sempre acontecia nos tempos de Edu na banda, e atendida pelos integrantes numa versão diferentona. Aquele era momento de festa para todos os presentes, encerrada ao som de Iron Maiden com o clássico The Number Of The Beast.
   Foi um show bem diferente do Angra, com dois vocalistas em estado de graça e grande forma.  A emoção de todos os presentes foi acima da média ao longo da noite, fazendo dessa renovada formação do Angra algo já presente nos corações dos fãs. Uma noite digna da banda, com um bom público presente numa casa enorme para celebrar o passado e o presente em constante encontro. 

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