quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ROCK IN RIO 6-DIA 25

   Algumas considerações precisam ser feitas sobre o dia que fechou o meu Rock in Rio, e de grande parte dos bangers. A primeira, e mais importante, é que o público estava assustadoramente menor em relação ao que o evento está acostumado a receber. Assim como no dia do Iron Maiden em 2013 o público era claramente maior, fato que faz cair por terra a teoria de que a carga é exatamente igual em todos os dias. Nos demais, o público era sim muito semelhante, mas a diferença aqui era tão gritante que motivou matérias e pronunciamentos de Roberto Medina, por exemplo. Eu, sem ver tudo isso, notei a diferença em todo o caminho, e obviamente dentro da Cidade do Rock, onde até os vendedores de Cerveja comentaram que a diferença era grande. Isso tudo mostra como é complicado achar um headline com poder de fogo para um evento desse tamanho, ainda mais com a falta de grandes opções ativas e disponíveis. O Slipknot tem sim uma quantidade relevante de fãs, mas para tal desafio, sofreu um bocado. Eu mesmo não sou fã da banda, estava lá para assistir ao show do Faith No More, e como sai no meio do show do Slipknot para evitar a confusão na saída, devo registrar que o movimento era intenso nos ônibus. Isso posto, vamos ao último dia de Rock In Rio na jornada de 2015.
   Cheguei num horário muito semelhante ao do dia anterior, depois das apresentações do dito "Clássicos do Terror", que foi solenemente ignorado, e do elogiado show do Moonspell com a participação de Derrick Green. Logo de cara, era hora de correr pro Sunset para assistir ao Nightwish. Nunca fui grande fã desse estilo, mesmo de uns tempos para cá tendo começado a escutar Epica, mas estava bem curioso para ver a banda liderada pelo guitarrista Emppu Vuorinen e pelo tecladista Tuomas Holopainen, agora com Floor Jansen no posto de vocalista. A garota divide opiniões, e foi mais comentada por certos pitis nos bastidores do que por qualquer outra coisa, mas eu gostei muito de seu desempenho ao vivo. Como meu conhecimento em relação a banda se resume a um ou outro hit dos tempos de Tarja, não posso cometar muito sobre o set. O dito recebeu um caminhão de críticas dos fãs, mas para quem não conhecia muita coisa, ficou tudo muito legal. O show teve a participação de Tony Kakko, vocalista do Sonata Arctica. Com ele, a banda cantou The Islander e Last Ride Of The Day, ambas próprias, ao contrário de uma amostra da banda de Tony que muitos imaginavam que poderia acontecer. Do que vi, gostei muito, desde o ótimo som, até o desempenho irretocável de todos, passando pelo ótimo público que viu tudo e curtiu pra valer. Seguramente, foi um dos pontos fortes da noite.
   Hora de começar os trabalhos do palco mundo, com o show do De La Tierra. Agora o assunto público não pode passar em branco, novamente. A diferença do que se viu em dias anteriores em frente ao lugar mais disputado do festival era simplesmente assustadora. E não adianta falar que estavam no Sunset, ou passeando pela Rock Street, já que a realidade entre os dias não mudou nem um pouco, até porque o show do De La Tierra era bem mais interessante ao público em comparação ao CPM 22 por exemplo. Era possível chegar a lugares inimagináveis, onde um dia antes era necessário um grande esforço, sem maiores dificuldades. Mais tarde a coisa melhorou, mas fica o registro. Quanto ao som, a banda é um projeto, um chamado supergrupo, que reúne o nosso lendário Andreas Kisser, o baterista do famigerado Maná Alex González, o baixista argentino Sr. Flavio, do Los Fabulosos Cadillacs e o  vocalista e guitarrista argentino Andrés Gimenez, do A.N.I.M.A.L. A banda, já pela formação, parece uma grande bagunça sonora, e é mesmo. A ideia é mostrar a história latina que forma a banda na prática, em ritmo de Metal, mas honestamente é um projeto que nunca me chamou muita atenção. Ao vivo a mesma coisa, e vale o registro, mas a atração passou batida. Mesmo assim, é sempre bom ver Andreas em ação, algum proveito nós sempre tiramos.
   A função de fechar o Sunset roqueiro ficou por conta de Steve Vai, indiscutivelmente um dos maiores guitarrista que esse mundo já conheceu. O show foi em conjunto com a Camerata Florianópolis, uma orquestra completa, que fez aquela mistura de música erudita com guitarra que raramente da errada. E não seria aqui que daria. Um show que foi na verdade uma viagem instrumental, uma aula prática de riffs e solos com quem entende profundamente do assunto. Os virtuosos presentes foram ao delírio.
    Era hora de um dos shows mais esperados da noite. O Mastodon é um dos maiores nomes do Heavy Metal na atualidade, vê seu nome crescer assustadoramente, levando ao lugar uma quantidade considerável de fãs. A banda nunca chamou minha atenção, mas era mais um show chamativo no line-up, e a curiosidade foi recompensada com uma aula de Heavy Metal. Divulgando o ótimo Once More 'Round the Sun, a banda fez um set com 13 músicas que passam pelos 7 discos de estúdio lançados, causando a melhor impressão possível. Merecem estar onde estão.
   Chega então o show que é o motivo por eu estar lá, o Faith No More. A banda marcou seu retorno definitivo, ensaiado anos antes com uma tour mundial, lançando o ótimo Sol Invictus, o 1o de inéditas em 18 anos. Com o guitarrista Jon Hudson no papel de calouro, mesmo na banda desde 1997, o tecladista Roddy Bottum, baixista Billy Gould, o grande baterista Mike Bordin e o alucinado eterno Mike Patton retornam ao festival dispostos a lembrar do show histórico de 1991. Não chegamos a tanto, e muitos sentiram uma banda fria e séria, mas eu curti intensamente a apresentação.
    O set relativamente curto abre mão de vários hits, dando um espaço considerável aos experimentalismos deliciosos que a banda fez em Angel Dust e King for a Day... Fool for a Lifetime, fora doses cavalares no novo trabalho. É inegável que músicas como Edge of the World, Falling To Pieces (essa muito pedida pelo público) e Surprise! You're Dead! seriam devastadoras, mas ao menos ao meu redor, um número considerável de pessoas estavam curtindo intensamente o show. Num panorama geral, muitos reclamaram.
   A abertura veio com a nova Motherfucker, que vem como um refrão marcante, adequado para tanto. Logo depois vem o clássico From Out of Nowhere, que fãs os fãs pirarem na pura vibe noventista que a banda carrega. Em Caffeine, ótima representante do clássico Angel Dust, vem o momento mais inusitado e insano do show. Patton, num ato de "genialidade", da um stage diving equivocado, caindo direto na grade. Tanto as imagens quanto o ao vivo não deixaram claro o local da queda, fato que só fui descobrir de verdade já em casa. Na hora, vi ele caindo, e poucos segundos depois de volta ao palco e continuando normalmente o show, sem deixar grandes desconfianças da merda que deu. Bem, nada mais Patton do que esse tipo de acidente. Evidence segue as coisas, naquele clima dançante que só ela tem, Em seus versos vem aquele tradicional português que Patton sempre manda nessas terras. Então é hora do lássico maior, e melhor música da banda, a fantástica Epic. Essa foi cantada em uníssono, mas honestamente, ninguém faz seu solo igual ao grande Jim Martin. Jon Hudson fez seu papel, mas aqui confesso que senti uma falta danada do cabeludão. De qualquer jeito, foi um momento memorável, principalmente no famoso teclado final do "peixe morrendo" no mais que clássico clipe. Em seguida vem a nova Black Friday, muito interessante, mas o clima criado por Epic pedia um clássico para completar o combo. Falando em clássico, chega a magnífica Midlife Crisis, que infelizmente não teve o refrão urrado como de costume, uma das passagens mais marcantes do show da banda que vi no Citibank Hall em 2009. The Gentle Art of Making Enemies é uma das melhores de King for a Day... Fool for a Lifetime, uma das melhores da noite seguramente. Easy, um clássico que a banda tomou para si num sucesso estrondoso nos anos 90, foi muito celebrada por todos. Separation Anxiety volta a atenção ao presente. Ashes to Ashes, uma maravilha regatada no Album of the Year, recebe todo o calor que merece dos fãs. Fechando o set regular, vem a melhor nova, Superhero, que tem tudo para virar clássico, já que é Faith No More em sua essência. O bis é aberto no cover diferentão de I Started a Joke, um tanto quanto dispensável. Para celebrar os primórdios da banda, na época em que o vocalista era Chuck Mosley, vem o clássico We Care A Lot. Just A Man fecha a apresentação. A mesma passou longe do Faith No More no auge, mas ainda assim foi bem interessante e divertida.
   Essa acabou sendo a marca da minha noite de encerramento de Rock in Rio, num show bem interessante, mas distante da perfeição. Como o Slipknot numa me agradou, para dizer o mínimo, não tinha porque enfrentar as dificuldade da saída em final de noite. O show, algo que inegavelmente a banda sabe fazer muito bem, foi elogiado, mas foi quase unânime a superioridade do que foi apresentado naquele palco em 2011. O peso de fechar a noite foi demasiado para a banda, que mesmo assim tem méritos inegáveis. Esse foi para mim o maior festival de música desse país, e um dos maiores do mundo. Mais uma edição com grandes shows, estrutura, pontualidade e tudo mais. Parabéns aos responsáveis, e que venha 2017 e vários outros grandes shows!
 
   

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