quinta-feira, 1 de outubro de 2015

MOTORHEAD - BAD MAGIC

   A análise a ser feita em cima do novo disco do Motorhead deve levar em conta, antes de mais nada, a carga emocional envolvida nele. Um novo trabalho da banda nessa altura do campeonato é antes de mais nada uma prova de amor ao estilo de música e vida ao qual Lemmy se dedicou desde que botou os pés nesse mundo. Todos sabem que a saúde do líder do Motorhead vem cobrando a conta pelos anos e anos de excessos, resultando em cancelamentos sucessivos de apresentações, incluindo a mais recente por aqui no festival Monsters of Rock. Eu mesmo podia jurar que a despedida tinha sido em 2013, com o bom Aftershock, mas o Motorhead nos surpreende novamente, num trabalho consideravelmente superior ao anterior. Alguém ousa garantir que não virá um próximo?
   Musicalmente falando, ninguém espera que uma banda com a identidade do Motorhead faça algo completamente inovador nessas condições, e a sequência daquele rockão básico que só eles sabem fazer já é certa antes mesmo da audição. Também ninguém é louco de esperar um outro Ace of Spades, Overkill ou Bomber, algo que sempre é bom lembrar. Isso posto, ao meu ver esse é o melhor trabalho da banda desde o fantástico Motörizer, lançado em 2008, inclusive fazendo frente ao mesmo. 
   Não tem como começar a falar das músicas sem citar a incrível Til The End. Num começo como aquelas baladas com clima pesado que a banda fez vez ou outra, caso de Love Me Forever e Don't Let Daddy Kiss Me, para citar duas, a coisa ganha um peso descumunal num arranjo excepcional. Isso já basta, mas a letra é simplesmente de arrepiar, onde qualquer fã consegue identificar o recado de Lemmy através de arte sobre tudo que vem passando. O desempenho de Phil Campbell também é digno de nota. O trio, fechado como o magistral batera Mikkey Dee, nas outras apresenta aquela metralhadora afinada com baixo forte, guitarra e bateria em cima e voz destruidora. Nesse emaranhado para amante do Rock N'Roll nenhum botar defeito, temos o auge nas ótimas Teach The How To Bleed, Shoot Out All Of Your Lights, Victory Or Die e Evil Eye. Vale citar também a gloriosa participação do mestre Brian May em The Devil, outra que não deixa por menos em comparação as já citadas. O cover de  Sympathy For The Devil também ficou fenomenal, para dizer o mínimo, tão boa quanto ao clássico definitivo dos Stones, sendo uma daquelas músicas aparentemente feitas para a voz devastadora de Lemmy. 
    Não vemos aqui a fúria de Lemmy nos dias de gloria, em função das óbvias limitações que a vida impôs a ele, mas dentro das possibilidades, é um registro para lá de digno. Se será o último, só o tempo dirá, mas enquanto der o homem vai tentar, e Bad Magic é a prova disso. Sendo como for, os 40 anos de uma das maiores bandas da história foram celebrados a altura. 



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