quinta-feira, 11 de maio de 2017

IRON MAIDEN - FEAR OF THE DARK

    A saída do genial guitarrista Adrian Smith, primeira troca de formação desde Piece of Mind, foi obviamente sentida de imediato. Não que Janick Gers fosse desprovido dos predicados necessários para o cargo, mas a questão é que tem trocas simplesmente impensáveis. Gers colabora em composições além de ser um grande músico, mas com  No Prayer for the Dying o que se viu foi algo muito abaixo dos clássicos irretocáveis que o antecederam. Então no próximo disco não havia chance para a falha. Steve Harris, Bruce Dickinson, Dave Murray, Nicko McBrain e Gers precisavam apresentar algo inovador. É bom lembrar também que o momento era de ascensão Grunge em 1992, e muitas bandas de Hard Rock e Heavy Metal estavam mal das pernas depois de viver seu auge na década anterior. Muitos fãs ferrenhos da donzela até hoje não suportam nem ver a capa de Fear Of The Dark na frente, mas numa avaliação mais equilibrada podemos encontrar momentos irretocáveis nele. 
      Mesmo com alguma rejeição, os resultados foram fantásticos para a banda. Em que pese a relação já muito desgastada com o vocalista Bruce Dickinson - que deixaria a banda logo depois da turnê - o Iron Maiden fez um de seus giros mais bem sucedidos de toda carreira. Teve passagem pelo Brasil, a 2a na história, além do memorável show no Monsters of Rock de 92 como ponto máximo. Para falar da música em si, é impossível não começar pela faixa-título. Muitos odeiam ela com todas as forças e imploram de joelhos para que Harris chute ela do setlist pra ontem. Sabe porquê o patrão consegue dar um jeito de enfiar Fear of the Dark até em tours temáticas de uma era anterior ao lançamento do disco? Porque cada vez que o riff mais conhecido (isso é inegável) do Maiden é tocado, qualquer estádio do planeta vem abaixo! Falando da minha opinião a respeito dela, é impossível negar que a música é inspirada e funciona muito bem num show. Isso não significa que ela já não cansou faz tempo para quem conhece profundamente a obra da banda e não tem o vigor renovador de uma Number Of The Beast a cada audição. Agora eu tenho certeza absoluta que se o famoso "ohohohohohohoho'' não rola numa possível turnê, muitos fãs vão ficar com aquele sentimento que tem algo faltando. Obviamente muitos vão sentir um belo alívio. O fato indiscutível é que ela se tornou um dos grandes hinos do Iron Maiden. 
       Isso dito, o restante do playlist não apresenta aquela sequência irretocável de Powerslave e Piece of Mind por exemplo, mas tem algumas músicas simplesmente fantásticas. A melhor no meu entendimento é Afraid to Shoot Strangers. Seu começo arrastado com contornos épicos e explosão numa porrada daquelas é de arrepiar. Quem viu isso no Rock in Rio de 2013 sabe do que eu estou falando. Já Wasting Love foi eternizada como o 2o hit do trabalho. A balada é outra com riff que em segundos já remete ao Iron Maiden. O trabalho da dupla de guitarristas é inspiração pura. Momentos mais velozes chegam na também clássica Be Quick or Be Dead e em Fear Is the Key. From Here to Eternity fecha com classe a trilogia que narra a história da senhorita Charlotte - as outras são Charlotte the Harlot e 22 Acacia Avenue. Fora isso, eu ainda consigo destacar Judas Be My Guide - com melodia inspirada - e Chains of Misery. As outras não chegam a me empolgar. 
      Se a resposta precisava ser dada, o Iron Maiden foi muito bem sucedido com esse lançamento. Mesmo assim, o clima de Bruce com o resto da banda foi insustentável e um ciclo importante da carreira da donzela fecha aqui. Fear of the Dark, 25 anos depois ainda amado e odiado em longos debates entre fãs, amadurece muito bem ao teste do tempo. Se não tem o brilho de lançamentos da era de ouro, podemos considera-lo um momento importante na história do Iron Maiden - e por consequência do Heavy Metal em geral. 


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