quinta-feira, 18 de maio de 2017

R.I.P CHRIS CORNELL

      A história do movimento grunge de Seatle começou com o peso da morte por auto destruição, que ao longo da história infelizmente foi um marco de seus gigantes. Uma banda chamada Mother Love Bone era apontada como a principal por todos. Seu líder, o genial Andrew Wood, era o grande líder de tudo que acontecia naquela cena e tido como o cara que tinha tudo para ser a maior estrela do Rock de sua geração. Aconteceu que sua morte mexeu pesado com toda aquela comunidade, mas deu ainda mais força para o estouro aquela altura já eminente. O ano da tragédia era 1990. O Soundgarden já tinha dois lançamentos razoavelmente aceitos, mas ainda longe do que estava por vir. Nirvana estava na mesma pegada - mesmo sendo uma banda que eu nunca curti, não tem como contar essa história sem cita-los. Já Alice In Chains e Pearl Jam estavam em vias de soltar ao mundo suas bombásticas estreias. Era questão de tempo de que, cada uma a sua maneira, conquistar o mundo num dos movimentos mais impactantes da história do Rock. 
       O Temple of the Dog juntou Pearl Jam e Soundgarden em homenagem a Wood num lançamento histórico e seminal. Lá pérolas como Say Hello to Heaven, Call Me A Dog e Hunger Strike foram eternizadas nos nossos corações. Este seminal trabalho foi lançado meses antes de Cornell e Vedder darem um passo importantíssimo em suas vidas, com Badmotorfinger e Ten respectivamente. O Soundgarden ganhava as arenas não só de Seatle, mas de todo mundo. 
       Badmotorfinger é um divisor de águas na carreira da banda. A entrada do baixista Ben Shepherd naquele momento foi algo que ajudou muito a arrumar a casa, ao lado do baterista Matt Cameron e do guitarrista Kim Thayil. Tava pronta a formação clássica. Pedradas como Rusty Cage, Outshined, Slaves and Bulldozes e Jesus Christ Pose são clássicos eternos do Rock N'Roll, numa das bandas de maior peso na sonoridade da época. Com o sucesso mundial, lá foram 3 anos para o sucessor chegar ao mercado. E que sucessor!
        Superunknown foi lançado em 1994, pouco tempo antes da morte de Kurt Cobain abalar as estruturas daquele cenário. Ainda assim, nada nesse mundo seria capaz de diminuir o impacto da obra-prima do Soundgarden. Superunknown mostra toda a influência do Black Sabbath no trabalho da banda, e apresenta mais um caminhão de hits. Black Hole Sun viu seu clipe psicodélico passar exaustivamente no auge da MTV. A balada espetacular é até hoje a música mais famosa e maior marco da obra de Chris Cornell. My Wave, a indescritível Fell on Black Days, Spoonman, The Day I Tried to Live (!!!), Like Suicide (que dia para pensar nela...) e a faixa-título são só alguns dos grandes momentos desse playlist irretocável de 15 músicas. 
       Depois da bomba que Superunknown representou, infelizmente a era clássica do Soundgarden chegaria ao fim. Down on the Upside foi o último e magistral registro dessa fase. Para variar, o trabalho obteve ótimo resultado com mais uma coleção de clássicos. Pretty Noose é o maior, mas Blow Up the Outside World, Burden in My Hand e Rhinosaur, por exemplo, não deixam por menos. 
      Ai veio a longa pausa da banda, e a deixa para a criação de outra grande banda que o homem eternizou. Como tudo que Cornell toca vira ouro, o Audioslave virou um dos maiores marcos do Rock nos anos 2000. Juntando ele ao baixo, bateria e guitarra do Rage Against The Machine, não tinha como dar errado. Para mim a banda não chega nem perto das que consagraram seus membros, mas deixou três ótimos discos e hits como Be Yourself, Doesn't Remind Me, Original Fire, Cochise e Like  A Stone. 
     Desde o fim do Audioslave, Cornell seguiu com sua carreira solo, que trouxe ao Brasil turnês acústicas e elétricas, e felizmente decidiu reunir o Soundgarden para lançar King Animal em 2012. Não teve a força dos clássicos, mas se trata de mais um grande disco com a marca da banda. Com isso, aconteceu o único show da banda no Brasil - que lamentavelmente eu não fui. Nos últimos anos de vida, Cornell se dividiu entre turnês acústicas, como a que tive o privilégio de ver no fim de 2016, e shows com o Soundgarden. Foi depois de um deles que uma das vozes mais marcantes da história do Rock se calou por conta própria. Cabe a nós respeitar sua decisão e agradecer de joelhos toda sua contribuição artística para o estilo que tanto amamos. Infelizmente a história de Wood, Cobain, Weiland e Staley se repete. Dos gigantes do Grunge, apenas Eddie Vedder continua de pé. Com a triste partida de Cornell, cabe a ele manter de pé tudo que essa turma genial conquistou!


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