segunda-feira, 24 de março de 2014

METALLICA EM SÃO PAULO

  Passados 3 meses da espetacular apresentação do Kreator no Carioca Club, eu estava de volta a São Paulo. O show da vez era o da minha banda preferida, o Metallica. O lugar seria o mesmo do primeiro show dos cinco que vi da banda, o estádio do Morumbi. Depois do tradicional passeio na Galeria Do Rock para encher um pouco mais a minha prateleira de discos, era hora de partir para o estádio. O trânsito estava até legal, levando em conta o enorme público que se faria presente no estádio naquela noite. Descendo uma das muitas ladeiras, recheadas de casas de luxo, estava em frente ao Morumbi. Tinha ''camisa preta'' para todo lado, mas a fila estava andando bem e entrei rapidamente no estádio, já lotado.
  Em pouco tempo, teria inicio a apresentação do Raven. O público presente não parecia muito interessado no show, mas eu não cheguei a ouvir as ditas ''vaias''. Não sou um grande conhecedor da obra da banda, mas reconheço a sua importância e achei o show muito bom. O que prejudicou, E MUITO, foi a péssima qualidade do som. De onde eu estava, lado esquerdo da pista comum, não se escutava absolutamente nada, som extremamente embolado. Até mesmo no show principal, o som não estava muito bom. O set foi curto, com passagens dos clássicos War Pigs e Symptom Of The Universe, vocês sabem muito bem de quem, e sete músicas no total. A banda fez o possível, mas com aquela qualidade sonora sofrível ficava realmente difícil mostrar o seu trabalho. Uma pena, porque como o próprio Hetfield citou no final, as bandas já estiveram em situação contrária há 30 anos, quando o Metallica apenas começava a sua trajetória. Só a música pode proporcionar momentos como este, uma banda fortalece a outra, e todos saem ganhando. O Morumbi já transbordava Heavy Metal, e uma convidada nada especial deu as caras. Uma chuva até certo ponto controlada se fez presente por quase toda a apresentação. Ela atrapalha, mas nada neste mundo é capaz de tirar o brilho de um show do Metallica.
  Em poucos minutos, o Metallica sobe no palco do Morumbi, para brindar os 65 mil fãs fiéis, vindos de todos os cantos do país ( no aeroporto Domingo só se via camisa do Metallica, só no meu voo foram uns 20). Estes mesmos apaixonados  foram responsáveis pela escolha do setlist que a banda ia apresentar, a proposta da nova turnê do Metallica. Já comentei aqui os muitos equívocos nesta escolha, com poucas novidades sendo apresentadas. Mesmo assim, não faltaram clássicos, que sempre emocionam quando tocados ao vivo. A abertura, com a chuva mais do que presente, ficou por conta de Battery, petardo que também abre o clássico absoluto Master Of Puppets. Isso já foi o suficiente para botar fogo na pista, e o delírio total veio na música seguinte, o hino Master Of Puppets. A música que resume a banda causou a tradicional catarse. Todos os presentes cantavam cada verso, pulavam, e curtiam este momento único. Ainda no melhor disco da banda, é a vez de Welcome Home (Sanitarium). A épica semi-balada foi cantada a plenos pulmões pelos já encharcados presentes. Agora vem a absolutamete dispensável Fuel, que anima, é legalzinha, mas bem fraca se comparada a maravilhas do porte de Disposable Heroes, My Friend Of Misery e Escape, algumas das muitas grandes músicas do Metallica que não foram lembradas pelos ''eleitores''. A conhecidíssima, e raramente lembrada, The Unforgiven foi a próxima. Essa foi uma das músicas que me apresentou a banda, sendo uma das minhas preferidas desde que me entendo por gente. Escutar tal maravilha ao vivo foi um momento de grande emoção para mim, já que se trata de uma balada de altíssimo nível, também uma das especialidades do Metallica. Chegou a hora de vermos a música nova  Lords of Summer ser apresentada a todos ao vivo. Achei o seu riff extremamente interessante, o andamento ótimo e a letra bem legal. Ao vivo fiquei gostando ainda mais dela, e dessa maneira ela engrandece. Wherever I May Roam, outra ótima escolha, veio em seguida. Este é um dos grandes momentos do Black Album, e o público vibrou intensamente junto com ela, cantando cada verso com Hetfield. Sad But True é um clássico da banda, mas numa apresentação como essa poderia muito bem ser trocada por uma raridade. Ela é amada pela maioria, que festejou e balançou a cabeça do começo ao fim enquanto a banda tocava. Fade To Black é a minha música preferida, e fica impossível não me emocionar ouvindo ela. Como a banda que inventou o Thrash Metal ousou fazer uma balada já no seu segundo disco? E ousou acertando em cheio, porque o resultado foi o mais perfeito possível. O instrumental no final da música é de matar qualquer um do coração, coisa que o Metallica faz como ninguém em músicas como Welcome Home, One e The Day That Never Comes por exemplo. ...And Justice For All foi o destaque do show. A música que da nome ao disco mais ''progressivo'' da banda é uma obra-prima. Cada segundo é de uma perfeição única, totalizando 9 minutos de um verdadeiro orgasmo musical. Ouvir Fade To Black e Justice coladas foi um teste para o meu coração. Para completar, a próxima seria One. Por mais ''manjada'' que ela seja, ela nunca cansa. As explosôes que apresentam as desgraças das guerras, a letra e as guitarras insanas da dupla Hetfield/Hammet sempre causam estrago. Como de costume, o publico cantou junto cada verso, assim como na próxima, For Whom the Bell Tolls. A introdução que Cliff Burton tirou da cartola bota o estádio para pular e cantar. Creeping Death, a tradicional abertura, vem agora. O público participa intensamente, principalmente na hora do tradicional die!. A dobradinha Nothing Else Matters e Enter Sandman, os dois maiores hits da banda, foi muito festejada, como sempre. Assim acaba a primeira parte do show. No bis vem a versão para Whiskey In The Jar, do Thin Lizzy, que o Metallica tomou pra si. Mesmo sendo extremamente popular por aqui, a música é lembrada em raríssimas ocasiões. O público festejou bastante, cantando efusivamente cada verso e riff. A ''música extra'' escolhida pelo público foi The Day That Never Comes, que mesmo eu sendo muito fã, achei um insulto ter sido escolhida no lugar do clássico Ride The Lightning. Muitos gritaram pelo seu nome, infelizmente em vão. Eu realmente queria saber como votaram nela, já que desde que eu entrei no estádio, foi IMPOSSÍVEL usar o celular. Acesso a internet, sms e ligações eram luxo, sendo o sms a ''urna'' escolhida para a escolha da música. Mesmo com tudo isso, é sempre agradável ouvir The Day. Para mim ela é a melhor do Death Magnetic, com um solo final espetacular. Foi a deixa para o sempre épico encerramento com Seek And Destroy, com moshs surgindo por todos os cantos, e a letra cantada por todos como se não houvesse amanha.
  O show foi, como sempre, espetacular. O Metallica no palco é sempre garantia de diversão para todo mundo, já que a energia da banda é invejável. A chuva não deu trégua, encharcando público e banda, como ficou claro na própria cara de Hetfield e embaixo da bateria de Lars, encharcada como o telão mostrou. Isso fica muito longe de atrapalhar um espetáculo deste porte. O som não estava no volume ideal, mas era possível ouvir claramente os instrumentos. Como o Morumbi é num local distante, com poucos ônibus e sem estação de metrô nas proximidades, o transporte fica por conta dos carros e taxis. Como tradicionalmente acontece, os taxis somem quando chove. Assim sendo, os poucos que apareciam eram disputados a tapa. Eu tive que andar muito numa chuva bem forte para conseguir voltar para o hotel. Final de uma grande noite de Heavy Metal, com tudo o que ela tem direito.

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