segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

SHOW DO FOO FIGHTERS-MARACANÃ-RIO DE JANEIRO

   Surgido das cinzas do Nirvana, banda que abomino, o Foo Fighters veio ao mundo fazer justiça ao único talento presente na dita banda. Dave Grohl se vira em diversas funções dentro de uma banda, e com o tempo se tornou referência numa das poucas, se não únicas, bandas de arena dos nossos tempos. A paixão de Dave pelo Rock N'Roll fica clara em momentos como o desfile de clássicos do Rush, Kiss e Queen em meio as músicas próprias, além do respeito adquirido entre gente do porte de Paul Stanley, Lemmy, Slash e Zakk Wylde, alguns de seus convidados na festa de aniversário recente. Fora isso, ele fala com propriedade sobre o Sepultura, banda que diz ter mudado a sua vida na biografia de Max Cavalera. Bem, isso tudo serve para lembrar que o Foo Fighters não é uma bandinha qualquer, como muitos lixos contemporâneos, por mais que alguns mais extremistas não suportem nem escutar tal nome.
   Isso posto, vamos ao show. A banda divulga o ótimo Sonic Highways na primeira grande turnê do ano que começa, e no Rio de Janeiro o local reservado para a celebração foi simplesmente o Maracanã, templo sagrado do esporte e palco de shows memoráveis. Infelizmente, os tempos modernos apresentaram uma organização despreparada. Os bares, com preços astronômicos, eram escassos na pista comum, e a água acabou durante a apresentação, que aconteceu no auge do verão carioca. Fora isso, todo o tipo de objeto inofensivo era barrado na porta por uma equipe completamente despreparada para eventos de Rock. Fui uma das vítimas, e meu cinto de metal, daqueles que todo Headbanger tem, foi a ameaça da vez. Fico imaginando um show do Motorhead ali, Lemmy passaria por problemas com seu tradicional cinto de bala. 
   Com uma blusa amarrada na calça e cinto escondido num canteiro próximo, entrei no estádio, infelizmente já com o show dos Raimundos encerrado. Quem me acompanha sabe que sou um grande fã, mas infelizmente o padrão fifa me complicou desta vez. A atração seguinte para mim não existiu, mais uma banda abominável da nova safra alternativa. 
   Com pontualidade britânica, o Foo Fighters sobe ao palco do templo sagrado para 45 mil fãs apaixonados. Num calor descomunal que chegou a impressionar Dave, e que vitimaria inúmeros fãs ao longo do show, a banda sobe calmamente e começa a apresentação com a nova, e já muito conhecida, Something For Nothing. A banda vem com um disco bem mais experimental e trabalhado, muito diferente dos lançamentos anteriores, e essa música é a prova disso. A coisa esquenta de vez no desfile de hits que viria em seguida. Como banda atual que é, o Foo Fighters bota o estádio para cantar uma música lançada em 2007, no bom Echoes, Silence, Patience & Grace. O que complica, e muito, as coisas é a péssima qualidade do som, o pior que já presenciei. Durante o show melhorou um pouco, muito pouco na verdade, e algo tão importante num show deste porte quase coloca tudo a perder. Mesmo assim, o público ignorou o problema, e cantou a plenos pulmões os clássicos Learn to Fly e Breakout. Arlendria, não tão conhecida assim, foi muito cantada, mostrando a devoção do público, assim como a força dos últimos discos da banda. Big Me, presente no 1o trabalho, foi uma grata surpresa, em versão guitarra/voz com um show de luzes da plateia. Em sequência veio a ótima nova Congregation, muito agradável ao vivo, e a já clássica Walk. Cold Day In The Sun representa o ótimo In Your Honor, sendo uma escolha sábia por parte da banda. Depois veio a nova In The Clear, seguida pela magnífica surpresa This Is A Call. Seguindo com os hits, veio a fantástica Monkey Wrench, para variar muito celebrada. Então tem inicio o alongado set acústico, com Skin and Bones, Wheels e o clássico Times Like These, para chegar então um verdadeiro desfile de hinos do Rock N'Roll, provando o amor que a banda tem pelo estilo. Detroit Rock City, do Kiss, ganha uma bela e fiel versão. Em seguida vem Tom Sawyer, do Rush. Neste exato momento não tinha como eu não pensar no show histórico que a banda fez naquele lugar, registrado no dvd Rush in Rio. Infelizmente eu era muito novo em 2002, mas valeu muito a lembrança. Under Pressure, hino do Queen com magnífica participação de David Bowie foi muito cantado, obrigação dos presentes diante de tamanha força. Para encerrar veio o grande momento do show. All My Life colocou fogo no Maracanã, e enormes rodas se formaram no mesmo instante. Para arrematar, veio as espetaculares Best of You e Everlong, o trio de ferro que fechou a noite no Rio de Janeiro.
   Numa noite aonde se via desmaios constantes causado pelo calor desumao e falta de distribuição adequada de água aos que pagam tão caro, vimos um grande show. Único pecado da banda, ao meu ver, foi o excesso de firulas e enrolação em geral. O set caberia mais músicas no tempo usado para tanto, algo que deixou o ritmo lento. Contudo, quando estava realmente em ação, a banda fez muito bem o seu papel. O público, dividido entre o pessoal da moda desfilando com camisas de marca e os fãs de Rock N'Roll legítimos, com camisas do AC/DC, Black Sabbath, Iron Maiden, Megadeth, e até Toxic Holocaust e Death, foi extremamente participativo. O Foo Fighters representa muito bem uma geração dentro do Rock.

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