sexta-feira, 8 de abril de 2016

SHOW DO SOULFLY + CLAUSTROFOBIA + CAPADOCIA - CIRCO VOADOR - RIO DE JANEIRO

    Desde 2012, quando Max Cavalera passou pelo país com o Soulfly e o Cavalera Conspiracy para vários shows, a maior figura da história do nosso Heavy Metal se tornou presença constante por aqui. Trabalhando como poucos em vários lançamentos seguidos com diversos projetos, dessa vez ele trouxe o Soulfly para apresentar no Brasil o ótimo Archangel, lançado ano passado. Para o Rio o evento foi mais que especial, e contou com as aberturas de Capadocia e do Claustrofobia - há tempos esperada na cidade. O público só apareceu de forma minimamente aceitável no show principal, mas ainda longe do ideal. Mesmo assim é bom destacar que o mesmo participou ativamente de todos os shows! 
     Quando cheguei no local ainda estava rolando o show do Capadocia. A banda liderada pelo grande Baffo Neto - que trabalha na equipe das bandas de Max e do Angra - fez um show bem interessante. Destaque para a boa versão do hino Blackened do Metallica, clara influência no som da banda e até na postura do líder no palco. O público ainda era reduzidíssimo, e melhorou um pouco na hora da segunda apresentação da noite.
     Quem estava dentro do Circo correu para frente do palco para ver o Claustrofobia finalmente estrear no Rio. Para muitos esse era o grande show da noite, vale ressaltar, e a participação de grande parte do público foi digna disso. O show foi simplesmente irretocável! Som no talo para um caos digno do nome que a banda carrega, numa legítima apresentação de Thrash. Caio D´Angelo (bateria), Daniel Bonfogo ( baixo), Douglas Prado (guitarra) e Marcus D´Angelo (vocal/guitarra) não deixaram pedra sobre pedra, com o frontman liderando os trabalhos com classe. Rolou uma versão magnífica para Repente dos Raimundos - aprende Digão, é disso que o povo gosta - e obviamente uma viagem pelos 20 anos de história da banda. Abrindo com a sensacional Bastardos do Brasil, o show teve ainda a pedrada  Pinu da Granada, War Stomp, Caosfera e a nova Paulada. Os fãs curtiram intensamente cada segundo com rodas e cantoria dignas de um headline, mas infelizmente a equipe do Soulfly deu uma apressada no encerramento do show - algo que a banda fez questão de deixar claro. Os fãs não se conformavam com a rapidez e proferiram até alguns xingamentos para os responsáveis. Ficou um gosto de quero mais indiscutível, mas o que vimos já estava muito legal. 
     Pouco depois das 10h, Max Cavalera sobe no palco do circo para liderar sua banda num show inesquecível. O fiel escudeiro Marc Rizzo é o único que consegue competir minimamente em termos de atenção com a estrela da noite, na sua sempre eficiente performance nas 6 cordas. Os novatos Mike Leon (baixo) e Kanky Lora (bateria) seguraram a onda na cozinha, mas confesso ter sentido a ausência de Tony Campos no baixo - única mudança considerável no line up da banda recentemente. Obviamente que não cabe lembrar do outro Cavalera. 
     Max estava bem melhor do que no seu último show na cidade - com o CC em 2014. Cantando com mais vigor e tocando sua guitarra mais ativamente, soube comandar a festa. É obvio que todas as atenções do Circo vão para ele, sua história impõe isso, e ver o cara num palco nunca deixa de emocionar e provocar no público uma adrenalina ainda maior. A abertura foi focada no novo trabalho, muito bem recebido pelo público presente, que cantou tudo com certa euforia. A trinca We Sold Our Souls to Metal, Archangel e Ishtar Rising passou com louvor pelo teste do palco, mostrando que de fato o homem vem acertando a mão nos trabalhos recentes. Blood Fire War Hate volta um pouco mais na história do Soulfly, até o bom Conquer de 2008, e segue com o ótimo clima. Obviamente não existe termos de comparação com a catarse vista em seguida com a dobradinha que abre o indescritível Chaos A.D. Refuse/Resist e Territory voltam aos tempos de ouro do Sepultura e emocionam profundamente cada um dos presentes. Depois do furacão, é hora de voltar para o presente de Max. Sodomites é mais uma nova, seguida por Master Of Savagery - representante de Savages no set. Então Rizzo tem seu momento de brilhar com um solo bem produzido, mostrando o respeito adquirido na história de 20 anos ao lado de Max. Prophecy pode ser considerado um clássico do Soulfly, e é recebida com euforia pelos presentes. O mesmo vale para Seek ‘N’ Strike e Babylon. Tribe da uma certa esfriada na turma que estava ligada no 220 desde o começo do show. O pandemônio logo voltaria a reinar com a dobradinha Arise/Dead Embryonic Cells. É obvio que quando rola Sepultura a reação do público é diferente, assim como no show da banda atual acontece no antes/depois de Roots. No Hope = No Fear abre espaço para a parte voz/guitarra de Max no show - que como ele disse foi feita para provar que ele também toca, coisa que muitos dizem não acontecer nos shows recentes. Para lembrar passagens consagradas do Sepultura, Max canta trechos de Orgasmatron - cover do Motorhead consagrado em Arise - /Escape to the Void e Desperate Cry. A deixa para a banda retornar e tocar o hino máximo Roots Bloody Roots. Muitos achavam que era o fim, mas ainda não.  Frontlines vem representando Dark Ages, o disco que deu uma guinada positiva na carreira da banda. Para o bis ficaram reservados a clássica Back to the Primitive, para em seguida ver um mosh tomar conta de toda a pista do Circo. Tome Troops of Doom, que o nome já fala por si. É a vez então de homenagear Lemmy, com Ace of Spades cantada em parceria com Marcos D'Angelo do Claustrofobia. Grande momento, que precedeu o encerramento na dobradinha  Jumpdafuckup/Eye for an Eye e na parte instrumental de The Trooper do Iron Maiden. 
    Discretamente a banda sai do palco, depois de um ótimo show. Senti falta de algo do espetacular Enslaved (2012) e talvez de uma ou duas a mais do Sepultura, mas o set foi bem sacado e sem dúvidas comoveu os presentes. Só a presença de Max serve para emocionar quem tem o Sepultura no coração, e melhor ainda é ver ele em boa forma - no palco e no estúdio. Sua próxima empreitada é uma turnê com o Cavalera Conspiracy tocando Roots na íntegra, algo que todos torcemos para ver em palcos brasileiros o mais breve possível! 

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