domingo, 27 de março de 2016

DREAM THEATER - THE ASTONISHING

    Para conseguirmos alguma base para entender o mais que desafiador novo disco do Dream Theater, acho importante começar o texto com a explicação do guitarrista John Petrucci para ele na recente entrevista para a revista Roadie Crew: "A história acontece em aproximadamente 300 anos no futuro e nele algo contribuiu para o esfacelamento da sociedade. É um futuro distópico em que as coisas deram muito errado. Há o retorno dos impérios e reinados e as pessoas vivem na pobreza (...). A razão para isso acontecer foi as pessoas pararem de criar música. Música e arte passaram a ser criadas somente por maquinas. No meio disso, nasce Gabriel, uma pessoa com o dom mágico para a música. As pessoas olham para ele como o salvador. Com isso, uma revolução começa envolvendo as pessoas do império." 
     Mesmo utópica, é inegável que a história base para o trabalho tem um fundo de realidade, sendo um tema de sábia escolha. A ideia é ótima, e o disco tem uma qualidade musical muito acima da média. Tratasse do melhor trabalho do Dream Theater na fase pós-Portnoy, superando os já muito interessantes antecessores, mas é inegável certo exagero no que tange o tamanho da obra. Um disco com 34 músicas inéditas divididas em 2 horas e 10 minutos é simplesmente uma loucura até para fãs acostumados com músicas de 15, 20, 25 e até 42 minutos. Tudo na banda sempre foi explorado até o limite, mas algo novo de tal magnitude confunde profundamente o ouvinte. 
     Mesmo ultrapassando todos os limites do aceitável, The Astonishing tem momentos fantásticos que lembram o auge musical da banda. É inegável o trabalho fenomenal desenvolvido por cada membro, mas o seu tamanho é tão grande que o ouvinte facilmente se vê perdido ao longo da audição. Seja como for, a reação de qualquer fã do Dream Theater ao escutar When Your Time Has Come, Act of Faythe e The Grift of Music por exemplo é de extrema felicidade. Isso faz de um trabalho extremamente exagerado algo fantástico. Quem quiser se arriscar ao longo da obra deve ter uma noção básica da história e prestar bastante atenção na letra. Se não for esse o caso, nem tente a sorte. 
     O saldo final é positivo, sendo mais uma prova da capacidade ilimitada da banda em criar grandes obras. Aos que não acompanham tão de perto seu trabalho e pretende ver algum show do Dream Theater na nova tour - que fatalmente vai passar pelo Brasil em algum momento - o novo show da banda é feito apenas com músicas do novo trabalho, fazendo um show-história para auxiliar a contar ao público o que a banda pretende com um disco tão ousado. Mais um exagero ao meu ver, mas assim como o disco em sí, de inegável qualidade. 


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