sábado, 19 de março de 2016

SHOW DO IRON MAIDEN + ANTHRAX - HSBC ARENA - RIO DE JANEIRO

     Passados 3 anos desde o maravilhoso show no Rock in Rio, o Iron Maiden retorna ao Rio de Janeiro com a aguardada apresentação que divulga o ótimo disco The Book of Souls. Para completar, o Maiden trouxe na bagagem simplesmente o Anthrax para fazer a luxuosa abertura. Tem como uma noite assim ser algo menos que épica? Não mesmo! 
      Uma chuva daquelas caiu sobre a cidade na "hora da ida", dificultando a chegada de muitos a para lá de distante HSBC Arena. Isso certamente explica o fato de muitos não terem chegado em tempo para a apresentação do Anthrax. Fazer shows em meio de semana por lá é um desafio a mais para o fiel público. Graças ao caos, não consegui chegar a tempo para ver o The Raven Age - banda do filho de Harris - muito bem falada. Uns 10 minutos antes do inicio do show do Anthrax, estava numa pista premium que permitia uma aproximação absurda do palco. Como muito raramente vejo shows desse setor, fiquei de queixo caído com tal situação.
      Lamentavelmente sem a presença do grande Charlie Benante - substituído com classe por Jon Dette - o Anthrax estava no palco para fazer um show absurdamente intenso. Com tempo reduzido devido a condição de banda de abertura, uma das referências máximas do Thrash Metal mundial tocou apenas 8 músicas - deixando de fora coisas como I Am The Law e Madhouse. Mesmo assim, o que vímos foi simplesmente impecável. A banda continua em grande forma, provando isso no lançamento de For All Kings. Dele foram duas, a já conhecida Evil Twin e Breathing Lightning - essa me causando ótima impressão! Fora elas, veio a já clássica Fight 'Em 'Til You Can't e os eternos hinos Caught in a Mosh, Got the Time, Antisocial, Medusa e Indians - algumas sacadas entre a coleção de clássicos da banda. Belladona agita como um louco, se divertindo naquele palco enorme - sendo acompanhado por grandes músicos. O público já ali me surpreendeu positivamente. Perto de mim só formou mosh em Indians - última música do show - mas ouvi relatos que os seguranças estavam reprimindo os que apareciam, mostrando total desconhecimento de tudo que envolve um show de Heavy Metal. De fato tinha uns deles espalhados pela pista, e na hora do Maiden, rolou quase uma conferência para explicar o que ia acontecer em seguida na parte mais agitada de Fear of the Dark. Simplesmente patético! Dito isso, vi muitos cantando e agitando com o Anthrax, curtindo o show intensamente, algo que realmente eu não esperava. Enfim, um belo show de uma grande banda, mesmo que tenha sido forçadamente curto.
        Agora chega a hora do Eddie subir diretamente do inferno para cair no palco da HSBC Arena. Cerca de 15 minutos depois da hora e com todo o público posicionado em cada buraco da lotada arena, é hora de ver o Iron Maiden em ação. Doctor Doctor no talo, todos já sabem o que está por vir, já cantando a clássica música do UFO. E a brincadeira já começa para lá de emocionante. If Eternity Should Fail tem sua magnífica introdução vocal cantada com perfeição por Bruce Dickinson no ponto mais elevado do palco, com uma espécie de caldeirão a sua frente. Melhor começo impossível. A música de Book of Souls feita para uma abertura cumpre com perfeição seu papel. Já nela a participação do público próximo é realmente notável, algo que se repetiria por toda a apresentação. Fã do Iron Maiden é de fato um ponto fora da curva. Já sentia que o mesmo estava endiabrado quando na entrada da pista o famoso "ôôô" de Heaven Can Hait era entoado por muitos. Speed of Light vem em seguida, num casamento lógico com a abertura.
    O som ainda vai se ajustando, estando um pouco embolado, mas a performance dos mestres Adrian Simith, Steve Harris, Dave Murray, Nicko McBrain e por que não Janick Gers em seus respectivos instrumentos impressiona. O que impressionou mais ainda foi o que Bruce Dickinson fez ao longo da noite. O que as 15 mil pessoas presentes se perguntavam sem parar era: O homem tava doente mesmo? Seja como for, o que o frontman fez em cada música era admirável, somado ao domínio absoluto do palco e do público. Até nas falas ele estava inspirado, com uma bandeira do Brasil nas mãos, falando em tom de brincadeira que andava vendo muito a mesma na CNN nos últimos tempos. Num discurso apartidário de um estrangeiro, que via tudo que vem acontecendo de fora, falou que espera que os "caras maus" se lasquem. Era impossível passar pelo caos politico que o país atravessa. O discurso antes de Blood Brothers também emociona no final, falando da união que existe numa noite como aquela, onde todos os problemas do mundo ficam de fora do lugar.
    De volta ao show, é hora do 1o clássico da noite, a maravilhosa Children of the Damned. Impossível descrever a emoção que os versos dessa pérola de Number of the Beast provoca. Depois do furacão, vem a magnífica nova Tears of a Clown - uma das mais inspiradas do novo trabalho. A enorme The Red and the Black cresce ao vivo no show a parte dos guitarristas. Um bom disco se prova no palco, com o efeito das novidades. The Book of Souls passa com louvor no teste. Agora era hora de voltar aos "golden years". A sempre presente The Trooper causa o tradicional pandemônio na pista da arena. Para quem já ta no 4o Iron Maiden, ela já pede espaço para outras - de preferência do sempre esquecido Piece of Mind - mas o espetáculo da bandeira nas mãos de Bruce e do público devem ser destacados. Em seguida vem o grande momento do show. Em apenas uma palavra, POWERSLAVE! O clima de agito felizmente permaneceu no lugar, com todos agitando nas galopadas de Harris pela clássica introdução. Eu não tenho adjetivos para explicar esse número, meu preferido da banda em sua trajetória. Entoar seu maravilhoso refrão foi para arrepiar e emocionar até uma pedra. Vinda toda a emoção, hora das últimas novidades. Death or Glory crece muito ao vivo, assim como a faixa-título - extremamente celebrada pelos presentes. Nela o Eddie da tour aparece, dessa vez com característica indígena na tradicional caminhada pelo palco - interagindo principalmente com o brincalhão Gers. Dickinson no final arranca seu coração e arremessa ao público. Sensacional! Bruce vem para anunciar que acabou as novidades, sendo hora dos clássicos na parte final. Então Hallowed Be Thy Name chega com um furacão de emoções sobre os emocionados rostos. Essa não pode nem em sonho ficar de fora da tour! Fear of the Dark é daquelas para gerar grandes discussões. Todo Maiden maníaco ama odia-la, mas é inegável o clima fantástico que ela cria a cada show. Eu substituiria facilmente até por outra do mesmo trabalho, mas que ela agita bastante....bem, é inegável. Nessa eu aproveitei a roda formada para me aproximar ainda mais do palco. Vendo em detalhe as performances, me impressionou como Harris sua sua camisa a cada show. Um homem de 60 de fato parece ter 30 quando está diante de seus fãs. Para fechar a parte "regulamentar", o grito de guerra Iron Maiden. Nela o Eddie da capa do novo disco surge imponente ao fundo do palco.
     O bis da tour é mais que especial. De cara vem o hino máximo The Number of the Beast, eternamente incansável e absurdamente emocionante. Um pequeno problema com os efeitos com fogo - presentes por toda a apresentação - chega a assustar agora. Poucos repararam, mas bem ao lado da bateria de Nicko, algo deu errado. O fogo permanece por um bom tempo, causando uma certa comoção na equipe. Uns 3 jatos de extintor depois, tudo resolvido. Mesmo assim, Nicko segue tocando toda a música como se estivesse tudo nos conformes. Ai vem a maravilhosa Blood Brothers, ponto máximo do ótimo Brave New World. Num fechamento diferente, o hino Wasted Years devasta o que sobrou dos corações dos fãs.
      Impecável e magnífico. Assim se explica a performance do Iron Maiden na turnê atual, Um set que se mostrou eficiente para um público fantástico tocado por uma banda que traduz com perfeição o que é o Heavy Metal. Longa vida ao Iron Maiden, e que venha muito mais por ai!

Palco pouco antes do show do Anthrax

Harris e Murray em ação! 

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