terça-feira, 4 de julho de 2017

SHOW DO SEXTRASH - CASTLE OF VIBE - RIO DE JANEIRO

     O Heavy Metal brasileiro é um dos mais ricos do mundo. Nesse meio, a cena que considero a mais marcante é aquela mineira formada no entorno da Cogumelo - loja e selo marcante no final da década de 80 na capital. Bandas como Sepultura, Sarcófago, Chakal, Overdose, Mutilator e Holocausto foram de Belo Horizonte para o mundo com seu som extremo. Coisa de que cativou membros de bandas como Opeth, Behemoth e Gorgoroth apenas para citar alguns. Na noite desse sábado, dia 1 de julho de 2017, os cariocas tiveram uma amostra magnífica de tudo isso com a apresentação do Sextrash na cidade. A lenda mineira devastou o acanhado Castle of Vibe com bom público, mas não lotado. 
      Agora é impossível não falar de lá. O público um pouco abaixo da capacidade foi até bom, pois do contrário é impossível se locomover. O problema maior mesmo é estrutural para quem vai tocar. O palco é bem pequeno, o que obriga um verdadeiro malabarismo na montagem do equipamento e posicionamento da banda durante a apresentação. O som só se ajusta com o show em andamento. Ainda assim, tudo lá foi feito com extremo profissionalismo da organização e público. Infelizmente é fazer lá ou não ter show, já que os empecilhos de locais melhores praticamente impossibilita esse tipo de evento. 
      Tudo começou com duas ótimas aberturas. Em decorrência do temporal que caía pela Lapa, acabei não vendo o show do Vorgok. Acabei chegando apenas na última música, mas como já vi eles anteriormente, certamente o Thrash Metal de 1a da banda devastou o local. Já a 2a banda foi a mais grata surpresa da noite. Finalmente vi o Massive Fire em ação, e a banda desponta como uma das mais legais do cenário carioca. O Heavy Metal direto e tradicional da banda carrega dois discos no currículo, e alguns dos bons momentos deles foram apresentados com muita correção. O grupo é um power trio invocado, com o já consagrado  Thomas Martin espancando a bateria - como faz também no Hatefulmurder -,  Luiz Felipe Souza mais que preciso no baixo e o grande Pedro Soriano solando fácil sua guitarra e cantando com uma voz limpa e sensacional. Vimos um show de improviso e técnica apurada a cada número, e uma performance que fez jus a escalação num evento tão legal. E mais, qualquer um que consegue fazer um bom show num palco tão limitado prova ter enorme potencial!
        Já com a noite ganha, chega a hora de me curvar ao monstro Sextrash com o melhor do Black Metal mineiro. Com o já citado apertadíssimo palco arrumado minimamente para receber 4 pessoas, Luck Arnold (bateria), Marck Monthebar (guitarra), Rodrigo de Carya (vocal) e Tommy Krueger (baixo) chegaram para devastar um público sedento pelo legítimo Metal mineiro. Com um som oscilante e vocal baixo de começo, a brincadeira com Funeral Serenade - faixa que da nome ao disco lançado em 1992, e exceção feita a Rodrigo com a mesma formação que o Sextrash ostenta hoje. Suck Me deu um pulo em Rape from Hell, disco que marcou o retorno da banda. Jack The Ripper vai direto para os primórdios da banda, no histórico EP XXX. A roda comia solta e os bangers que compareceram ao Castle of Vibe para essa noite histórica curtiam bastante cada momento. A banda tocava com a precisão que o palco limitado permitia. Para se ter uma ideia, a bateria estava tão no limite que se Luck se empolga um pouco, corre risco dela vir parar no chão da pista. Com tudo isso, nada que uma banda que conhece como poucas o underground não tire de letra.  Possessed By Cruelty, Sweet Suffering e fuck in All vem representando novamente o ótimo Rape From Hell num bloco infernal. Depois, é hora de falar da época de ouro, com a fantástica Torment of a Suicide. Com ela o clima esquenta, mas quando o clássico supremo Sexual Carnage chega, fica tudo muito mais insano. A intro do disco já fez um efeito devastador, que com o hino Alcoholic Mosh foi multiplicado por três! Nada melhor que seguir nesse clima com Black Church. Wind Assassin da uma subida para Funeral Serenade, e a dobradinha do clássico disco de estreia Seduced by Evil/ Genital Tumor fecha a conta regular. De bônus, versões matadoras para Ace of Spades do Motorhead e uma arrepiante de Nightmare do Sarcófago para lembrar as origens da banda com DD Crazy na bateria. Com honras ao Metal mineiro, acabou uma noite de mais puro Heavy Metal.
      Mesmo com os limites impostos pelo local, quem compareceu viu grandes shows com uma organização séria. Horários razoáveis, som na medida do possível e tudo mais. A cena precisa crescer, driblar divisões e com união possibilitar empreitadas mais ousadas a produção do que uma casa tão complicada como o Castle of Vibe. Se somos capazes de lotar um Circo Voador em shows de Amon Amarth e Lamb of God com Carcass, não existe motivo para não fazer um papel ainda maior com uma banda de tanta história. Por enquanto, é o que da, e deu como resultado uma noite monstruosa de Heavy Metal!

Nenhum comentário:

Postar um comentário