domingo, 13 de agosto de 2017

SHOW DO RATOS DE PORÃO - CIRCO VOADOR - RIO DE JANEIRO

    O banger carioca já tá cansado de saber. Show do Ratos de Porão na lona sagrada é evento anual com garantia de satisfação. Com 35 anos nas costas, uma das maiores bandas da história do nosso Punk, Thrash, Metal, Crossover, Hardcore, Grind ou seja lá qual for seu rótulo preferido segue ativa e produtiva. A cada show por aqui, uma época é escolhida para ser celebrada. Dessa vez, a honraria ficou com Cada Dia Mais Sujo e Agressivo. O disco que solidificou o nome do Ratos, mergulhou de vez no Crossover/Thrash e deu inicio a época de ouro da banda sai do status de lado b para reinar absoluto num Circo com público apenas razoável, mas sedento por música boa. Era noite de lembrar dos tempos de união com o Sepultura, gravação em Minas na batuta da Cogumelo e deliciosas memórias do gênero. 
      Para aquecer, outra banda com muita história no Hardcore nacional. Era o Devotos, hoje formado por Cannibal (baixo e voz), o Neilton (guitarra) e o Celo Brown (bateria). Celebrando os 20 anos do clássico Agora Tá Valendo, o trio pernambucano fez a festa de muitos que tinham as letras na ponta da língua. Mesclando muita velocidade e cadência, foi um começo de noite bem interessante pelas mãos de um grupo de exímios instrumentistas. 
      Então o Ratos chega para botar fogo na lenha. "Cada Dia..." não seria tocado na íntegra, mas sim muito bem explorado. Logo de cara, sua sequência de quatro músicas iniciais foi apresentada. São elas Tattoo Maniac, Plano Furado, a sensacional Ignorância e Crise Geral - maior clássico do disco. Ai a mescla de material começa num pulo em Crucificados pelo Sistema com o clássico Morrer. Para quem  está acostumado com um show do Ratos, estava tudo nos conformes. Juninho, Boka e Jão engolindo seus instrumentos e João Gordo vomitando tijolo de tal forma que um fã menos atento nem nota sua música preferida passar. Gordo mostra seu enorme talento como comunicador para se dirigir ao público e dar seu recado. Mad Society é uma curiosa lembrança de Anarkophobia. Ai de Brasil, vem a traulitada Crianças Sem Futuro. Já deu para perceber que era um show para fã, e marinheiro de 1a viagem ficaria perdido nas escolhas. Já Ascensão e Queda mostra uma parte mais clássica da história do Ratos, estando sempre presente nos shows. Era a deixa para o hino definitivo  Beber Até Morrer botar fogo na pista. Seguindo no Brasil, vem a ótima Máquina Militar para manter o clima. Dos clássicos, é hora de voltar ao presente pelo trabalho mais recente. De Século Sinistro, a por vezes escondida Sangue & Bunda - com a letra mais que atual devidamente recitada pelo vocalista. Uma ótima lembrança para mostrar a qualidade do disco em questão. Ai temos uma breve passagem por Carniceria Tropical com Banha e Arranca Toca. Tudo isso numa sequência de coisas um pouco mais recentes e pouco usuais em shows. Exército de Zumbis - presente apenas em um split -, Expresso da Escravidão e a mais que rara Engrenagem - do lado c Onisciente Coletivo - mostram muitos predicados recentes do Ratos. Depois de toda essa viagem, é hora de voltar ao disco da noite. Pensamentos de Trincheira, Peste Sexual e Sentir Ódio e Nada Mais são outras pérolas resgatadas de "Cada Dia..". Ai o hino  Crucificados Pelo Sistema fecha a parte regular numa roda daquelas. Para fechar a conta com clássicos, nada melhor que as espetaculares Aids, Pop, Repressão e Igreja Universal - com lembrança de público e banda para o nobre prefeito da cidade do Rio de Janeiro.
       Numa noite de boas lembranças pouco presentes em shows recentes e clássicos indispensáveis a qualquer show do Ratos de Porão, quem foi ao Circo viu uma banda que segue na raça. Não é fácil tocar essas músicas na idade dos caras, e com tudo que eles já carregam dos anos de estrada. A experiência de ver essa lenda de perto sempre vale, e todos sabem, nunca será um show repetido. O Ratos de Porão não tem medo de passear por sua longa história. 

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