segunda-feira, 27 de outubro de 2014

DISCOGRAFIA COMENTADA-IRON MAIDEN

   O Iron Maiden tem uma das mais ricas discografias da história do Rock N'Roll, com uma sequência de lançamentos absolutamente invejável nos anos 80. A banda que surgiu na chamada NWOBHM dispensa maiores apresentações, e acabou se transformando numa verdadeira entidade do Heavy Metal mundial, influenciando 100% das bandas que surgiram anos mais tarde. Na classificação estipulada na matéria feita com o Metallica recentemente, todos os discos lançados entre Iron Maiden e Seventh Son of a Seventh Son caberiam nos ''Excelentes", só para ter uma ideia de como é forte a banda em questão. Sem mais delongas, vamos a Discografia Comentada do Iron Maiden, e já adianto que álbuns fundamentais não serão citados.

EXCELENTES 

Powerslave (1984)
 
 Decidir qual é o melhor disco do Iron Maiden é uma tarefa quase impossível. Se uma enquete for feita, poderemos escutar as mais diferentes opiniões vinda dos fãs, mas não são poucos que consideram essa obra-prima chamada Powerslave o grande trabalho da donzela. Já sendo o terceiro álbum da banda com Bruce Dickinson nos vocais e o segundo com a formação mais clássica (Steve Harris – baixo, Bruce Dickinson – voz, Adrian Smith – guitarra, Dave Murray – guitarra e Nicko McBrain – bateria), o Iron Maiden foi com tudo grava-lo, mostrando estar em grande forma. Powerslave é impecável, sendo impossível não escuta-lo do começo ao fim. A abertura acontece com o clássico absoluto Aces High, e logo em seguida vem o hino matador 2 Minutes to Midnight. Como todo headbanger que se preze já escutou as duas músicas por pelo menos uma centena de vezes, pode acontecer de esquecermos como elas são marcantes, mas se tentarmos imaginar que está é a primeira audição, é certo que o queixo vai no chão. A obra nos revela outros grandes momentos, como Flash of the Blade por exemplo, mas ao meu ver o auge é o final. A faixa-título, galopante como só Steve Haris sabe fazer e com um refrão digno de arrancar lágrimas do fã mais ''durão" é na minha opinião a canção mais marcante da carreira da banda, sendo seguida de perto por Rime of the Ancient Mariner, que encerra o trabalho. O tema épico de 13 minutos e meio dispensa apresentações, sendo uma das maiores maravilhas musicais de todos os tempos. O álbum que foi seguido pela maior turnê já feita pelo Iron Maiden é um clássico absoluto, e merecedor do título de obra-prima da banda.

Piece of Mind (1983)

   As diferenças entre os trabalhos ''oitentistas'' do Iron Maiden é muito pequena, mas por uma margem mínima considero Piece of Mind o segundo melhor disco da banda, sendo então o nosso segundo "excelente". Depois de Number of the Beast, Bruce Dickinson não precisava provar nada para ninguém, e já um ano depois deu voz a uma obra magnífica. Aqui o baterista Nicko McBrain fez a sua estreia, substituindo o saudoso Clive Burr. A formação seria exatamente esta até o disco Seventh Son of a Seventh Son. Em Piece of Mind o Iron Maiden segue um perfil adotado em Number of the Beast, com letras e sonoridade ainda mais trabalhados. Um dos maiores hinos da banda, The Trooper é o grande hit. Outra já escutada a exaustão, mas sempre surpreendente. Infelizmente, ela é a única que costuma aparecer no setlist da banda recentemente, o que considero um desperdício sem tamanho. Músicas como Revelations, Flight of Icarus e Die With Your Boots On se tornaram grandes clássicos, e em conjunto com outras maravilhas ''menos exploradas'' como Still Life (esta para mim a melhor do trabalho), Sun and Steel e To Tame a Land formam um track list impecável e de obrigatória audição. Piece of Mind dispensa comentários, e merece ser mais lembrado pela banda, e também pelos fãs.

ÓTIMOS

The Number of the Beast (1982)

   Para muitos, The Number of the Beast é o melhor disco do Iron Maiden, sendo uma unanimidade entre os fãs. De fato estamos diante de outra obra-prima, e a classificação é meramente formal. Sem duvidas este aqui é o disco de maior sucesso da banda, fazendo ela alcançar um patamar ainda mais elevado no universo do Heavy Metal naquele ano de 1982. A estreia de Bruce Dickinson aconteceu aqui, algo muito contestado devido a adoração dos fãs pelo grande Paul Di'Anno, mas todos foram forçados a se curvar diante da força do novo trabalho, que acabou sendo o último com Clive Burr na bateria. Daqui podemos tirar os três maiores clássicos da banda ao meu ver. A magnífica faixa-título faz parte da minha vida desde que tenho doze anos, e a cada audição ela fica melhor. Desde a famosa abertura "Woe to you, oh, earth and sea..." até o clássico encerramento, é tudo perfeito. Run to the Hills e Hallowed Be Thy Name, que para mim entra facilmente num top 5 do Iron Maiden, fecham a trinca de hinos. Além destas, The Number of the Beast nos apresenta outras maravilhas, com destaque para Children of the Damned, The Prisoner e 22 Acacia Avenue. Mais uma vez, clássico e indispensável.

Killers (1981)

   O último disco com Paul Di'Anno nos vocais apresenta um salto em relação ao também maravilhoso disco de estreia, que tem o nome da banda. Adrian Smith começou aqui a sua grandiosa trajetória com o Iron Maiden, agregando um enorme valor a sonoridade. Killers é outra obra-prima para ser apreciada por completo, sendo possivelmente o trabalho mais pesado do Iron Maiden.  Wrathchild se transformou no maior clássico, mas maravilhas como a faixa-título,  Twilight Zone, Drifter, Another Life e Murders in the Rue Morgue impressionam. As diferenças entre os trabalhos da banda com Paul Di'Anno e Bruce Dickinson são bem claras, assim como acontece com os trabalhos do Black Sabbath com Dio e Ozzy por exemplo, mas o que foi feito em Killers é digno de eternas lembranças. 

BONS

Seventh Son of a Seventh Son (1988)

   Mais um trabalho digno dos "excelentes", mas como a concorrência é grande, a obra-prima Seventh Son of a Seventh Son acabou ficando entre os "bons". Depois do espetacular Somewere in Time, o Iron Maiden atacou com o que é o seu disco mais profundo em relação as letras e ao tema abordado, a lenda do  sétimo filho do sétimo filho, que seria uma enviada à terra para representar o bem ou o mal por aqui. As oito música apresentadas são espetaculares, cada uma a sua maneira. O maior clássico, que se perpetuou no setlist da banda dali para frente, é The Evil That Men Do. Ao meu ver, o momento mais grandioso é a épica faixa-título, com quase 10 minutos de duração. Moonchild, Can I Play Whith Madness, The Clairvoyant e Infinite Dreams também são de tirar o fôlego do ouvinte. Pois é amigos, outra verdadeira maravilha vinda diretamente dos gloriosos anos oitenta do Iron Maiden. Aprecie sem moderação. 

Somewhere In Time (1986)

   Depois da World Slavery Tour, a maior turnê da história do Iron Maiden, eles estavam esgotados fisicamente. A turnê que deu origem ao espetacular Live After Death, um dos maiores discos ao vivo de todos os tempos, levou a banda a todos os cantos do planeta, inclusive ao Brasil, e apesar de cansar fisicamente inspirou a donzela a fazer um dos seus trabalhos mais espetaculares, e por vezes subestimado. O Iron Maiden inovou a sua sonoridade, e usou sintetizadores, algo que deixou alguns de cabelo em pé. O que poderia ser um desastre funcionou muito bem, e Somewhere In Time é mais um trabalho espetacular. Seu maior hit é Wasted Years, que é para mim também o destaque. Todas as oito músicas são ótimas, desde as épicas Alexander the Great e Caught Somewhere in Time, até as mais conhecidas como Heaven Can Wait e Stranger in a Strange Land. Impecável. 

RUIM

Virtual XI (1998)

   Depois de Seventh Son of a Seventh Son, o Iron Maiden encerrou uma grande sequência de lançamentos e começou uma fase complicada da carreira. Primeiro saiu o guitarrista Adrian Smith, um dos grandes responsáveis pelos gloriosos anos 80, e sua ausência foi sentida de imediato no apenas razoável  No Prayer for the Dying. Depois a banda ainda lançou o clássico Fear of the Dark, ambos com Janick Gers na guitarra, mas o clima não estava bom durante a turnê que promovia o disco, o que ocasionou a saída do vocalista Bruce Dickinson. Para o seu lugar, foi chamado Blaze Bayley. Ele era esforçado, mas não havia comparação entre ele e seu antecessor, principalmente nas apresentações ao vivo de antigos clássicos. The X Factor, primeiro trabalho com Blaze nos vocais, tem até suas qualidades, mas em Virtual XI a coisa fica realmente feia. Os fãs não conseguiam ver a banda sem Adrian e Bruce, e com substitutos que não chegavam nem perto deles, e o desempenho do trabalho foi péssimo. As apresentações também caíram bastante, fazendo a popularidade da banda naqueles anos 90 despencar vertiginosamente. Com tudo isso, Virtual XI é para mim o pior trabalho da carreira da banda. Um destaque isolado para mim fica para The Clansman, mas "pérolas" como Como Estais Amigos são impensáveis numa discografia de uma banda como o Iron Maiden. Depois da turnê, os fãs foram agraciados com os retornos de Bruce Dickinson e Adrian Smith e o ótimo Brave New World, fazendo com que o Iron Maiden entrasse com tudo no novo milênio, mas sem repetir jamais a magia dos "anos dourados".


   Essa é a minha opinião sobre a grandiosa e magnífica discografia do Iron Maiden. Fora estes discos, a banda ainda lançou os ótimos Iron Maiden (1980), Fear Of The Dark (1992) e Brave New World (2000), além dos rezoáveis  No Prayer for the Dying (1990), The X Factor (1994), Dance of Death (2003), A Matter of Life and Death (2006), Final Frontier (2010), em 35 anos do mais puro Heavy Metal. Espero que tenham gostado, e não deixem de opinar, já que cada um de nós tem uma ideia diferente sobre esses trabalhos. 

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