segunda-feira, 13 de abril de 2015

DISCOGRAFIA COMENTADA-KISS

   Os monstros estão chegando, então nada mais justo que lembrarmos deles. Vamos falar um pouco de Kiss, fazendo uma viagem por sua discografia. A banda demorou a acontecer de verdade, mas quando conseguiu transportar a fúria de seus shows para o disco Alive!, o mundo conheceu a força de Paul Stanley, Gene Simmons, Ace Frehley e Peter Criss. A formação foi mudando com o passar dos anos, sempre com Paul e Gene a frente de tudo, assim como o estilo. Seja como for, o gigante mundial nos anos 70 atravessou 40 anos com uma história gloriosa, chegando em 2015 ainda lotando estádios ao redor do mundo. Vamos conhecer um pouco de algumas das grandiosas obras do Kiss. 

EXCELENTES


Destroyer (1976)

   A obra do Kiss é recheada de ótimos momentos, sendo difícil escolher o melhor, mas por muito pouco eu fico com Destroyer. Lançado depois de Alive!, momento de uma grande virada para a banda, aqui ela se firmou definitivamente entre os gigantes do estilo nos anos 70, dominado por bandas inglesas, mas tendo Aerosmith, Lynyrd Skynyrd e Kiss levantando com força a bandeira americana. Considero Destroyer um trabalho perfeito, sem demagogia, algo realmente raro. O Rock N'Roll simples e direto que ditava as regras na época eternizou momentos como Detroit Rock City, Shout It Out Loud e God of Thunder, verdadeiros hinos do Rock, além de maravilhas do porte de Do You Love Me?, Flaming Youth, Great Expectations e King of the Night Time World. Outro destaque, que gerou certa polêmica, foi a balada Beth, algo inimaginável para a época,  mas uma canção de beleza única. Bote no play sem pena, de Detroit Rock City a Do You Love Me?, é diversão garantida de um Kiss em seu auge. 

Creatures of the Night (1982)

   Ao menos por aqui, os fãs de Kiss se dividem quase que igualmente na hora de decidir entre Creatures e Destroyer como qual seria a obra-prima da banda. Para mim, honestamente, é empate técnico. A fase não era das melhores no inicio dos anos 80. Vindo de 3 trabalhos contestados e longe das vendagens de outrora, a banda precisava sair do abismo, mas nem lançando essa pérola foi possível. Creatures foi reconhecida com o tempo, mas as vendas iniciais não chamaram atenção, fazendo com que para o trabalho seguinte a banda passasse por grandes transformações sonoras, de formação e de imagem, abandonando a maquiagem famosa. Na bateria, já temos aqui o fantástico Eric Carr, mas Ace estava encerrando a sua era no Kiss, até a desastrosa reunião. Nisso tudo, o Brasil teve grande papel, abraçando o trabalho com vendagem recorde e eternizando as 3 históricas apresentações em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Musicalmente, é mais um trabalho impecável. I Love It Loud é o grande clássico, mas grandes momentos como a faixa-título, a belíssima I Still Love You, War Machine, Danger e Saint And Sinner, só para citar algumas, fazem de Creatures um trabalho único e magnífico. Mais um que podemos ouvir do inicio ao fim sem medo.

ÓTIMOS

Kiss (1974)

   Não foi um impacto imediato, mas ao longo dos anos o primeiro disco do Kiss se tornou um verdadeiro marco na história do Rock. O trabalho é mais uma obra impecável, repleto de clássicos e extremamente presente em todos os shows até hoje. O grande destaque para mim vem no encerramento, com a fantástica Black Diamond. Com a simplicidade característica do Kiss setentista, ela emociona até uma pedra quando vem arrebatadora nos shows. Obviamente não é só ela. Kiss traz clássicos como Strutter, Nothin' To Lose, Firehouse, Cold Gin, Deuce e Let Me Know. Isso basta para demonstrar a coleção de hits que o disco apresenta, e porque ele é uma obra indispensável para qualquer amante do estilo. 

Lick it Up (1983)

    Como já foi dito, o Kiss passava por um momento complicado no inicio da década de 80, fazendo com que grandes transformações ocorressem com a banda. A primeira, e obviamente mais evidente, foi o abandono das clássicas e marcantes maquiagens, uma jogada de marketing para quem tinha curiosidade de ver o Kiss de cara limpa. Outras mudanças aconteceram na formação. Eric Carr já vinha de dois trabalhos anteriores, mas aqui temos a estreia do fantástico Vinnie Vincent na guitarra, formando com Paul e Gene o novo Kiss. O som foi modernizado, mas com muito peso, que faltava nos breves flertes com a Disco music e o Pop que tanto mal fizeram a banda em trabalhos anteriores. Mesmo assim, ainda estava longe do rockão setentista, se aproximando do Hard Rock que marcou a década. Seja como for, em Lick it Up o resultado foi fantástico. Muitos criticam os trabalhos da "fase hard" do Kiss, como  Animalize, Asylum e Crazy Nights, ao meu ver um equivoco, já que considero todos estes obras fantásticas, mas Lick it Up ninguém ousa menosprezar. Ele já começa com a fantástica Exciter, e passa por momentos grandiosos como All Hell's Breakin' Loose, A Million To One e And On The 8th Day, um verdadeiro tributo ao Rock N'Roll, que encerra o trabalho. A faixa-título se tornou o hino definitivo do trabalho, sendo obrigatória até hoje no set e um dos maiores sucessos do Kiss. 

BONS

Love Gun (1977)

   Depois de dois lançamentos fantásticos em 76, o Kiss estava no topo do Rock no ano de 77, e Love Gun veio para comprovar isso. O novo trabalho se tornou um clássico imediato, tendo uma vendagem fantástica e momentos definitivos na história do Kiss. Um marco dele foi a participação de todos os integrantes cantando ao menos uma música. Ace, Peter, Paul e Gene estavam no auge, e o solo do Spaceman em Shock Me, clássico de sua autoria e voz, prova isso. Pergunte ao Vagner do Sarcófago a sua opinião sobre este momento para tirar qualquer dúvida. A faixa-título se tornou o clássico definitivo, sendo o voo de Paul nos shows para ficar mais próximo do público um verdadeiro marco. Momentos como Plaster Caster, Christine Sixteen, I Stole Your Love e Got Love For Sale também são espetaculares. Mais um clássico. 

Rock and Roll Over (1976)

   Se nos dias de hoje qualquer banda da época gasta rios de suor para lançar trabalhos no máximo razoáveis a cada 5 anos, incluindo o próprio Kiss, a realidade dos anos 70, quando ainda se vendia como água, era bem diferente. Em 76, o Kiss não estava satisfeito apenas com o clássico Destroyer, e ainda tirou da cartola o magnífico Rock and Roll Over. Ao meu ver, ele não chega ao nível fantástico do anterior, mas não fica longe, sendo mais um marco na discografia da banda. Não temos aqui um "grande hino", que se destaca dos demais, mas em compensação inúmeros clássicos que marcaram época e moram no coração de qualquer Kiss maníaco. As espetaculares I Want You, Take Me, Calling Dr. Love, Hard Luck Woman e Makin' Love não me deixam mentir. Rock and Roll Over é clássico, e não te deixa respirar. Mais um disco obrigatório. 

RUIM

Carnival of Souls: The Final Sessions (1997)

   Numa discografia tão longa e rica em momentos grandiosos como a do Kiss, é complicado falar num momento menos inspirado da banda. Obviamente, como todos os mortais, o Kiss já errou a mão, e em Carnival of Souls isso ficou mais evidente. O gás da retirada das maquiagens já não fazia efeito, e era hora de fazer algo novo. Depois de 5 anos de espera, essa nova tentativa de se reinventar não teve o efeito esperado, e o peso fora de medida influenciado bastante pelo Grunge que o Kiss tentou impor foi absolutamente ignorada pelos fãs. Prova disso foi a reunião da formação clássica e a volta das maquiagens no ano seguinte. Bruce Kulick  teve seu papel na banda, e Eric Singer em breve voltaria, estando lá até hoje, mas aqui foi tudo um inegável equivoco.



   Isso foi apenas uma pequena parte da história gloriosa do Kiss. Dos trabalhos não citados, podemos considerar Hotter Than Hell, Dressed to Kill, o injustiçado Music from "The Elder", Animalize, Asylum, Crazy Nights, Hot in the Shade, Revenge e Psycho Circus verdadeiros clássico, ou mesmo um pouco menos que isso, grandes trabalhos. Outros como Dynasty, Unmasked, Sonic Boom e Monster um pouco menos inspirados, mais ainda com bons momentos que merecem ser lembrados. O Kiss atual ainda é muito bom, e mesmo um pouco desgastado pelos anos e modificado na formação, nos oferece grandes shows e pontuais músicas novas interessantes. Se você tiver a oportunidade de ver a banda em ação na próxima tour, em especial no show do Monsters of Rock, não deixe de conferir. Você verá um gigante fazendo um verdadeiro espetáculo do Rock N'Roll. 



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