quarta-feira, 8 de abril de 2015

SHOW DO PAUL DI'ANNO+OBITUARY+PROJECT46

   A noite de domingo no Circo Voador, um tanto quanto estendida para os bravos trabalhadores presentes, foi um grande misto de emoções. Um público pequeno para a casa, que caberia perfeitamente no Teatro Odisseia, agitou o quanto pode, mas se mostrou cansado pelos atrasos, um tanto quanto disperso em vários momentos. Honestamente, não chegou a fazer feio, mas esperava bem mais, tendo em conta que são artistas fortes com públicos bem distintos (que lotaram suas últimas apresentações por aqui). Em poucas palavras, vimos um show bem maduro do Project46, mas ainda muito longe de figurar na elite do metal nacional (considero nomes como Krow, Lacerated And Carbonized e Violator bem a frente, para citar apenas alguns da nova geração), uma apresentação memorável do Obituary e um Paul Di'Anno visivelmente emocionado, em péssima forma, mas comandando tudo com o coração. Some-se a isso a sorte que tive de poder conhecer o Obituary no camarim, trocar uma boa ideia com os integrantes, e ter fotos, adesivos e autógrafos (fora a palheta que peguei no show) como recordação. Vamos destrinchar isso tudo então.
    A chuva vinha com vontade na hora que chegava a Lona. Um público reduzido estava por lá, e o M&G anunciado para a hora do show do Project46 foi adiado para o intervalo entre as atrações principais. Aparentemente, as lendas do Death Metal ainda não tinham chegado. Os brasileiros fizeram um show muito bom, bem melhor do que eu vi no fatídico Metal All Stars ano passado. Bons momentos do interessante Que Seja Feita A Nossa Vontade, coma energia contagiante e os excessos de "rebeldia" do líder bem mais controlados marcaram  a apresentação, com público menor do que o já pequeno e pouco participativo, mas com exceções que estavam curtindo intensamente. Como saldo, um bom show de abertura.
    Depois chega a hora o Obituary, com um atraso de cerca de meia hora. Todos estavam esperando a reedição da épica noite no Teatro Odisseia em 2014, e de fato isso não só aconteceu, como ao meu ver, foi ainda melhor. O set apresentou muita coisa do ótimo disco novo, Inked in Blood, além de clássicos basicamente presentes no "trio de ferro" (The End Complete, Slowly We Rot e Cause of Death). A banda vem ainda mais "rodada" para o show, levando em conta a tour e o lançamento de um ótimo trabalho. Cada integrante comia seu instrumento com farofa, e aquelas pausas constantes do ano anterior não aconteciam, já que um set bem mais ensaiado e dinâmico fez a coisa fluir melhor. De cara vem duas pedradas do novo trabalho, Centuries of Lies e Visions In My Head, que são Obituary (e naturalmente, Death Metal) puro. A coisa esquenta mesmo em Infected, fantástico momento da obra-prima Cause of Death. Em Intoxicated, um dos hinos máximos, o mosh pit sai do controle, e a boa quantidade de fãs da banda agita como nunca. Neste ponto vale a comparação. Obviamente, pelos estilos bem diferentes, teve muita gente que foi ver a "sua banda". Os fãs do Obituary ficaram extasiados do primeiro ao último minuto, participando intensamente do show, enquanto a turma de Di'Anno se dispersava, ao ponto do público ir minguando ao longo do show. Isso prova a diferença entre as duas apresentações. A noite teve ainda clássicos do nível de I'm In Pain, Don't Care (única que não faz parte dos 3 primeiros trabalhos, e nem do novo, uma grata surpresa. Verdadeiro clássico), Back to One, Dead Silence e o encerramento com o hino máximo Slowly We Rot, provocando um caos na lona. As novidades Inked In Blood, Back on Top e Violence também tiveram um resultado fantástico. Uma das mais importantes bandas da história do Death Metal fez um show digno do nome. Os fãs cariocas tiveram novamente o prazes de ver uma lenda em ação. Tomara que role mais, muito mais!
   No intervalo rolou o aguardado M&G, que consegui graças ao sorteio na página da produtora. Tive autografados meu vinil do Slowly We Rot e cd do The End Complete, fora a foto com toda a banda, adesivos e a interação. Algo realmente inesquecível, em pleno camarim do Circo Voador. Cheguei a ver a entidade Paul Di'Anno de perto, mas ele se concentrava para o show e preferi não atrapalhar, já que ele parecia cansado enquanto descansava numa cadeira, sua companheira durante toda noite devido ao acidente que sofreu. Tive a chance de conhece-lo na terça seguinte ao show, numa tarde de autógrafos na loja Joey Ramone Place, em Copacabana. Lá foi mais uma foto e itens autografados, tudo muito breve e sem grandes interações.
   Depois do encontro, veio o desfecho da noite. Paul Di'Anno sempre será lembrado pelo trabalho magnífico nos dois primeiros discos do Iron Maiden, dois clássicos obrigatórios na discografia de qualquer Headbanger. Sua carreira solo nunca decolou, mas não existe quem ouse desqualificar o status de lenda que o homem adquiriu. Muitos estavam lá para se curvar diante dele, e ouvir a voz original da donzela cantar o 1o disco na íntegra, assim como alguns destaques do espetacular Killers. O show começou com o segundo disco, que teve os clássicos The Ides of March, Wrathchild, Murders in the Rue Morgue e Killers lembrados. Sempre bom ver isso, mas tecnicamente falando, o show ficou devendo, e muito. Em certos momentos, a voz única de Paul aparecia, por mais que ele faça de tudo para estraga-la ao longo dos anos. Seu estado era realmente de dar pena, não só pelo acidente que o impedia de ficar de pé (algo que o entristecia profundamente, ficando claro nos lamentos por todo o show), mas pelo consumo excessivo de Cigarro e Whiskey, companheiros fies durante todo o show, e como já ouvi de muitos, Cocaína, ao longo dos anos. A cada música vinha um discurso, todos de um homem triste e desgostoso com a vida. A coisa era séria mesmo, e o papo sempre se alongava, indo a xingamentos a Dilma (!), Elton John no Rock in Rio (!!!), alfinetadas ao eterno desafeto Bruce Dickinson, comentários futebolisticos, lamentos em geral e declarações de amor ao Brasil. Em certos momentos, era sim muito emocionante, e o cara é um dos meus maiores ídolos, mas certas palavras emocionariam até uma pedra. Mesmo assim, não podemos chamar o show de bom, porque o papo sempre quebrava o andamento, e na prática, o homem falhava feio em certos momentos, e acertava em outros (sabe-se lá como). Entre o papo, Paul disse que sua voz poderia não ser a melhor, ele não era um "rockstar", mas sempre tenta fazer o melhor. Como já foi dito, o público diminuiu consideravelmente ao longo do show, e quem ficou foi a turma mais fiel possível. Pulando a parte solo do show, que desconheço totalmente, do 1o Maiden veio quase tudo, menos Strange World. Prowler e Remember Tomorrow, por exemplo, foram desconfiguradas, mas Phantom of the Opera ficou bem legal. Para encerrar, veio a veia Punk do homem, o estilo de vida e de som que Di'Anno sempre amou. Os hinos Blitzkrieg Bop (cantado pelo grande Monstro, que toca e canta em tributos ao Motorhead, Metallica, Ramones e AC/DC, por exemplo. Uma figura famosa e sensacional da nossa cena) e Anarchy In The UK.
    Assim foi a noite de domingo, com público menor do que o esperado, e shows de qualidade. Obituary se mostrando gigante, e Paul Di'Anno decadente, sejamos francos. Abaixo, as fotos que tirei com o Obituary, e o material que levo de lembrança.

Eu e a banda

Foto de celular. Obituary em ação

Palheta que peguei no show

Autógrafos e um dos adesivos. 

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