sábado, 20 de junho de 2015

SHOW DO SEPULTURA-CIRCO VOADOR-RIO DE JANEIRO

   A noite do dia 19 de junho se apresentava histórica para os cariocas. A maior e melhor banda que esse país já viu faria um show de 30 anos, depois de muito tempo sem se apresentar "sozinha" na cidade. O Sepultura passa por uma fase fantástica, com uma formação simplesmente destruidora, algo colocado a prova no show do ano passado na cidade de Volta Redonda. Aqui seria ainda melhor, com um setlist fantástico e um público ligado no 220, participando intensamente de diversos momentos. O mesmo compareceu de maneira razoavelmente boa, dentro de um certo padrão encontrado nos shows de Metal no Circo Voador. Vou contar agora o que vi, nessa noite que como prometido, entrou para a história. 
   A cidade estava num dia caótico, com chuva desde cedo e trânsito em todos os caminhos que levavam ao Circo Voador, o que atrasou o show em meia hora para que todos chegassem. Meu compromisso era um pouco mais cedo, já que tive a sorte de vencer um sorteio que dava direito a encontrar meus ídolos. Graças ao dito trânsito, por pouco não perdi essa oportunidade, chegando já com todos os sorteados lá dentro, com fila formada e a banda atendendo. Foi rápido, mas o suficiente para ver que os caras são gente fina até dizer chega, agradecer aos mesmos pelos serviços prestados na trilha sonora da minha vida e autografar os dois itens permitidos, que dentro da minha coleção, escolhi o vinil do Schizophrenia e o cd mais recente, o ótimo The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart. Agora era só esperar o tempo passar, e o show histórico começar. 
   A galera ainda vai se posicionando, e a apresentação tem inicio com a ótima The Vatican, a única presente no disco mais recente a ser apresentada, algo surpreendente. Ela serviu para aquecer os ouvidos e dar inicio ao mosh pit destruidor que tomou conta da pista ao longo da noite. Em seguida vem a já consagrada Kairos, mostrando como o lançamento é relevante e já marcante para os fãs da banda. Presente apresentado, banda já aquecida e desfilando categoria, era hora de voltar no tempo e começar um desfile de clássicos. Propaganda, uma das melhores do clássico Chaos A.D, como também  um dos pontos altos da carreira da banda, coloca a lona abaixo, com destaque para o seu refrão fantástico, que convida o público a urrar junto com o grande Derrick. 
   Falando no homem, é notável a sua forma vocal, que não falha durante todo show e impõe uma força descomunal ao repertório. Eloy Casagrande é o maior batera do Metal brasileiro atualmente, e simplesmente destroi seu kit com muita categoria. Paulo e Andreas não precisa nem falar, e o show do guitarrista e líder da atual formação foi de um legítimo Guitar Hero que é. 
   A pancadaria tem sequência na primeira surpresa da noite, o hino Inner Self, que é cantado em uníssono pelos presentes, fazendo o obrigatório  Beneath the Remains não passar em branco numa noite tão especial. Breed Apart é a 1a das cinco pérolas sacadas de Roots, o disco mais lembrado. A escolha é acertada, e como nem sempre aparece nos shows, foi capaz de emocionar bastante. Então vamos ao icônico Arise, e Dead Embryonic Cells aparece como surpresa aos cariocas, sendo muito celebrada. Depois dessa viagem pelos clássicos, a era Derrick, já grandiosa e digna de respeito tinha a obrigação de ser lembrada num show especial de 30 anos. Choke é muito cantada, o que prova que as viúvas dos Cavaleras não estavam ali, representando o por vezes esquecido Against, 1o disco com o novo vocalista. Convicted in Life já é um clássico da nova era, e o mosh cresce nesse momento. Então é hora de hino, com a espetacular Attitude, obviamente causadora de uma catarse coletiva na lona. O resultado foi espetacular, mas amigos, nada se compara ao que vem depois, com simplesmente Troops of Doom. O que aconteceu nesse momento é impossível explicar, algo de encher os olhos, com o riff cantado, assim  como cada verso, e a pancadaria tomando conta de cada metro do lugar. Algo que só um show de uma banda como o Sepultura proporciona. Sepulnation vem depois, sendo um verdadeiro marco na atual formação. Agora foi o momento mais espetacular ao meu ver. From the Past Comes the Storms amigos, apenas isso. Schizophrenia na área, para arrepiar a turma old-school presente no lugar. Esse momento eu apenas olhava boquiaberto para o palco, lembrando o quanto esse trabalho e essa música representam para os fãs. Que momento lindo. É chegada a hora de Territory, um hino, que proporciona o maior mosh da noite, algo realmente grandioso e emocionante. Policia, que há tempos não aparece, mantém a pegada, mostrando como os Titãs capricharam em um clássico desse porte. Orgasmatron, mais uma cover consagrada pela banda nos tempos de Arise, da as caras. Os hinos máximos Arise e Refuse/Resist encerram o set normal. 
   Estava tudo fantástico, mas o bis veio para fechar com classe um show simplesmente perfeito. Bestial Devastation, não encontro adjetivos para descrever o que foi isso. Os primórdios da banda apresentados trinta anos depois em forma da faixa título do famoso split com o grande Overdose. Ai Andreas lembra da votação que rolou na internet, e três das mais votadas foram apresentadas agora. Apes of God surpreende, apresentando o esquecido e ótimo Roorback ao público. Como se Bestial já não bastasse, vem Necromancer, mais uma maravilha do primeiro trabalho. Isso foi um show feito para matar velhinho do coração, com doses cavalares de músicas dos primeiros dias de Sepultura.  Cut-Throat, a mais lembrada por quem votou, mostra um dos melhores momentos de Roots aos presentes, já cansados, mas dispostos a gastar o último gás. Sepultura Under My Skin, a música mais recente, vem para que todos tomassem um ar diante da bela letra. Agora vem o momento "by request". Biotech Is Godzilla foi pedida por todos com força, e a banda atende, causando um verdadeiro alvoroço na pista. Mais um belo momento, provando que naquela noite o Sepultura estava lá disposto a lavar a alma dos fãs. O hino Ratamahatta, transformando a pista do Circo numa legítima roda de capoeira, e a clássica e indispensável Roots Bloody Roots vem para encerrar o show com chave de diamante. 
   É dificil descrever um show como esse, mas em poucas palavras, foi tecnicamente e emocionalmente perfeito. Uma banda simplesmente impecável, com um som e estrutura ótimos oferecidos pela ótima casa, junto com um público disposto a dar a vida na apresentação fizeram dessa noite de sexta-feira um acontecimento histórico, que ficará presente na memoria dos cariocas. Um show digno de 30 anos do Sepultura, banda mais viva do que nunca, e pronta para os anos que se apresentam pela frente! 

Lembrança da noite

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