sábado, 21 de novembro de 2015

SHOW DO CANNIBAL CORPSE + TESTAMENT - CIRCO VOADOR - RIO DE JANEIRO

   Amigo banger, você conhece algum camarada de som que não gosta de Death e Thrash Metal? Complicado não? Pois é, uma noite que reúne duas bandas do primeiro escalão de ambos os estilos é um prato cheio para fãs de Heavy Metal. O resultado da união de Testament e Cannibal Corpse em apenas um show foi uma verdadeira comoção na cena, desde que essa noite histórica foi anunciada. Na hora H, vimos um Circo Voador LOTADO, algo realmente notório. Uma breve volta pela Lapa já revelava um mar de camisas pretas, culminando na união de membros de várias bandas do nosso underground, figuras sempre presentes em shows e até alguns que não costumam levantar da cadeira em frente ao palco sagrado do Circo. Mais uma vez, ficou provado que público não falta em quantidade, apenas em regularidade. 
   Cheguei depois da abertura, por conta da banda Uzomi, não muito elogiada pelos poucos camaradas que viram. O primeiro gigante a subir no palco naquela noite histórica seria o Cannibal Corpse. A banda que ao lado do Death chegou ao mais alto escalão de popularidade dentro do Death Metal mundial volta a cidade depois de dois anos para divulgar o bom A Skeletal Domain, lançado ano passado. Uma grande quantidade de pessoas já estava lá dentro quando às 21.30, pontualmente, Paul Mazurkiewicz (bateria), Alex Webster (baixo), Rob Barrett e Pat O'Brien (guitarra) e George "Corpsegrinder" Fisher (vocal) começaram a carnificina. Era possível perceber que grande parte dos presentes tinha a dupla no coração, embora outros tantos tenham ido apenas por uma delas. De qualquer maneira, os dois shows contaram com um público numeroso e participativo. 
   A apresentação do Cannibal começou com a ótima Scourge of Iron, presente em Torture (2012). Demented Aggression é outra presente nesse trabalho, essa fazendo o mosh já tomar conta de toda a pista do Circo. Evisceration Plague, música que da nome ao disco lançado em 2009, mostra a ideia da banda em apresentar ótimos sons de toda a sua caminhada. Então é hora de clássico do Death Metal, com a maravilhosa Stripped, Raped and Strangled, uma das melhores de toda a noite. Difícil traduzir o que aconteceu nesse momento, onde cada verso dessa pérola foi cantado em uníssono por seus fieis seguidores. A dupla infalível Disposal of the Body/Sentenced to Burn mostra como Gallery of Suicide é uma grande obra. Depois de várias coisas de todas as fases, "Corpsegrinder" anuncia que é hora de músicas novas. Deixa para a ótima Kill or Become, para a também muito boa Sadistic Embodiment e Icepick Lobotomy.
   O set estava redondinho, com novidades e clássicos de vários trabalhos bem distribuidos. A banda está impecável ao vivo, com um som nítido e num volume perfeito. Fora o agito do grande frontman, a aula de baixo do monstro Alex Webster é o destaque. O que esse homem faz no seu instrumento é simplesmente assustador, algo que prendeu a minha atenção em quase todo o show. 
    Hora de voltar ao passeio histórico, com a faixa que da nome ao bom The Wretched Spawn (2004). Dormant Bodies Bursting, única representante do ótimo Gore Obsessed, abre espaço para o hino I Cum Blood, responsável por transformar a pista do Circo novamente num pandemônio. Unleashing The Bloodthirsty segue com a brincadeira, abrindo caminho para a fantástica Make Than Suffer. Daqui pra frente, é só clássico. A Skull Full Of Maggots e Hammer Smashed Face arrepiam qualquer fã de Death Metal, e ambas foram extremamente celebradas. Devoured by Vermin não ficou por menos, encerrando um show espetacular. 
   Só o que vimos até ali já faria valer uma grande noite, mas o melhor ainda estava por vir. Depois de longos oito anos longe do Rio de Janeiro, o Testament retorna para fazer um dos shows mais aguardados do ano. A banda é uma das minhas preferidas, referência máxima quando o assunto é Thrash Metal. Ainda divulgando a obra-prima Dark Roots of the Earth, a banda vem ao Brasil numa tour especial repleta de raridades no setlist. Assim como o Cannibal, o Testament foi extremamente pontual. Chuck Billy (vocal), Steve DiGiorgio(baixo), Gene Hoglan (bateria), Alex Skolnick e Eric Peterson (guitarra) apresentam uma das melhores formações da carreira da banda, e não a toa, começam o seu show debaixo de uma lona tomada por fãs que sabem se curvar diante de um gigante do Thrash. 
   A apresentação já começa com um hino, que atende pelo nome de Over The Wall, abertura do 1o disco desses senhores da bay area. Olhar para o palco e ver essa turma tocar tal clássico foi realmente de arrepiar. Infelizmente, uma das partes mais importantes do show deixou muito a desejar ao meu ver. O som estava simplesmente lamentável, ao menos na pista - ouvi relatos mais positivos de quem viu o show do segundo andar. Num volume acima do ideal e extremamente embolado, o que se escutava era um bolo instrumental, ficando a voz de Billy em 2o plano. Não tem como negar, isso compromete, mas a força de uma banda assim faz tudo continuar maravilhoso.
   O set tem sequência com a maravilhosa Rise Up, um dos destaques do trabalho mais recente. Seu efeito ao vivo é devastador. The Preacher fecha uma trinca sensacional de abertura, fazendo o mosh sair do controle e com o público cantando até o seu solo. Uma emoção realmente única. Em seguida, uma das maiores surpresas do set. Dog Faced Gods se esconde no por muitas vezes esquecido Low (1994), um trabalho bem interessante, fazendo da escolha algo surpreendente e positivo. Henchmen Ride é a primeira das muitas de Formation of Damnation (2008) a ser lembrada.  Native Blood, um novo clássico, é a última do disco mais recente a ser lembrada. Sua recepção mostra a enorme força que tem. A porrada Legions of the Dead e a espetacular True Believer mostram o ótimo The Gathering, o disco que veio a formar a base do set. Talvez seja essa a maior surpresa que a banda preparou no seu set, muito baseado nos trabalhos mais recentes. Eles tem todos os méritos, mas o que o Testament fez nos anos 80 é insuperável. A prova disso é o ponto alto do show que estava por vir. Into The Pit formou um mosh alucinante, que não parou mais nos hinos Practice What You Preach e The New Order. D.N.R. (Do Not Resuscitate) e 3 Days in Darkness - essa uma aula de bateria de Dave Lombardo no estúdio e por consequência de Gene Hoglan ao vivo - são mais duas de Gathering que dão as caras. O hino Disciples of the Watch emociona, e a aula de riffs More Than Meets the Eye numa dobradinha com The Formation Of Damnation  encerra o curto e bom set, com direito a wall of death. 
   O show foi muito bom sim, mas para ser perfeito faltou um som melhor. A qualidade prejudicou uma audição mais atenta a grande dupla de guitarristas, e ao monstro Steve DiGiorgio no baixo. No set em si, senti falta de clássicos, como os do esquecido Souls of Black, e mais coisas de Practice What You Preach e The Legacy - ambos com apenas uma representante. Mesmo assim, foi uma apresentação memorável de uma banda incrível. 
   A noite entregou o que prometeu. Foram dois shows inesquecíveis, felizmente para um público fantástico. Tudo isso fez da noite do dia 20 de novembro de 2015 uma celebração única da cena metálica carioca, que esperamos, não pare por aqui. 

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