segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

SHOW DOS ROLLING STONES + TITÃS - MORUMBI - SÃO PAULO - DIA 27

    Na noite do dia 27 de fevereiro, os Stones encerraram sua passagem por São Paulo na atual turnê com um show que ficará eternizado na memória dos felizardos que lotaram cada centímetro do Morumbi. Foi o segundo show da turnê que tive a oportunidade de assistir, sendo o 1o o do Rio de Janeiro. Em comum, a forma física e musical impecáveis desses senhores, que por duas horas encantaram os presentes. Entretanto, o que o público paulista viu foi ao meu ver algo ainda mais grandioso, graças a aparições do nível de She's A Rainbow (escolhida em votação popular), All Down the Line e Wild Horses, por exemplo.
    Não poderia começar a falar dos shows em si sem citar a magnífica abertura da noite. Se tem uma banda de Rock nesse país digna de abrir um show dos Rolling Stones, essa banda é o Titãs. A história dela fala por si, e nos 50 minutos disponíveis a banda fez uma bela seleção de clássicos. Tome Bichos Escrotos, AA UU, Policia, Desordem, Cabeça Dinossauro, Diversão e Lugar Nenhum, entre outras. O público recebeu muito bem a apresentação, cantando e aplaudindo o tempo todo, acompanhando a performance excelente de Paulo Miklos (vocal e guitarra), Branco Melo (vocal e baixo), Sergio Britto (vocal e teclado), Tony Belloto e Mario Fabre (bateria). Uma abertura de manual, com todos devidamente aquecidos para o momento máximo da noite.
    Com uma pontualidade absurda, Mick Jagger, Charlie Watts, Ronnie Wood e Keith Richards estavam precisamente às 21h em cima do palco do Morumbi. A abertura foi trocada em relação ao 1o show de São Paulo e do Rio, ficando a cargo do hino Jumpin' Jack Flash tão nobre posto. Assim como no Rio, senti o público um pouco frio para a força da apresentação, mas nada que comprometa absurdamente. Nos maiores clássicos se via um certo agito, principalmente mais para o fim da noite. O que continua impressionando é a performance, que foi simplesmente impecável. Todos ali estão na plenitude da forma, e não se permitem errar. O som também estava divino, com a mesma qualidade absurda vista no Maracanã, algo que facilita em muito o trabalho dos músicos. It's Only Rock 'n' Roll (But I Like It) e Tumbling Dice formam uma trinca brilhante para o começo, fazendo qualquer pedra se emocionar profundamente. Out Of Control cai bem demais também, provando que Bridges to Babylon passou com louvor pelo teste implacável do tempo. Agora é chegada a parte do set destinada as inovações, que varia noite após noite. A seleção feita para esse segundo show de São Paulo foi irretocável. All Down The Line, épico momento de Exile on Main St., dispensa comentários. O público paulista votou com sabedoria, e escolheu simplesmente She's a Rainbow, de Their Satanic Majesties Request, momento mais psicodélico da história da banda. A maravilhosa balada Wild Horses chega para arrematar corações. Som levemente aumentado, é hora de Keith estremecer o Morumbi com o riff de Paint It Black, uma dádiva da banda no atual set. Então o mesmo Keith mostra sua afinação em sol aberto, sua marca, proporcionando em Honky Tonk Women um estrondo único e maravilhoso. A música que segundo relatos surgiu numa casa escondida em Matão, interior do estado, foi mais um momento glorioso da noite de sábado.
      Jagger apresenta a banda com a irreverência de sempre. Destaques para o "Rogério Ceni do Rock" Ronnie Wood e "a rainha da Bossa Nova" Charlie Watts. Simplesmente impagável. Jagger sempre se prova um dos grandes frontman's que conhecemos, esbanjando presença de palco e carisma nas falas em português com o público. Hora dele passar a bola para Richards, que canta os próximos dois números da noite. As escolhidas foram Slipping Away - pérola escondida em Slipping Away - e Before They Make Me Run. Sábias escolhas, já que ambas não apareceram no 1o show. Eu acabei dando o azar de não escutar Happy nos dois shows que fui, mas não posso reclamar de forma alguma das escolhas. 
     Midnight Rambler chega para o show de Blues e improvisação tradicional em sua versão de 12 minutos dos shows. Miss You tem seu riff cantado pelo estádio todo, precendendo a absurdamente emocionante e maravilhosa  Gimme Shelter. Com ela vem a chuva, mas ninguém da a mínima para ela. Jagger continua andando pela passarela como se nada estivesse acontecendo, e a competentíssima e carismática Sasha Allen o acompanha, dando seu show vocal tradicional. A tal chuva continua sem ninguém dar atenção durante o agito de Start Me Up - verdadeiro hino do Rock. Ai a matadora Sympathy for the Devil chega, sempre crescendo ainda mais ao vivo. O show de efeitos demoníacos no palco em meio a narração histórica em 1a pessoa do coisa ruim criam um clima único, que faz a chuva se borrar de medo. A mesma se foi para não voltar mais, ficando claro que ali não era o seu lugar. Brown Sugar chega para encerrar o set regular num show de interpretação da banda. 
     Para o bis, vem You Can't Always Get What You Want, cantada como no disco Let It Bleed, o que exige um coral de verdade. O papel em São Paulo coube ao !Sampa Coral", criando com a banda algo sensacional. O hino definitivo Satisfection ao vivo é uma verdadeira celebração ao Rock. O show fecha com uma legítima festa para 70 mil convidados. 
       Assim acaba a passagem dos Rolling Stones pela capital paulista, num show maravilhoso e emocionante. Me sinto um privilegiado de ter visto talvez pela última vez uma das maiores bandas da história em ação no Brasil - isso tudo mais de 50 anos depois de seus primeiros passos no Rock. O show paulista foi ainda melhor no setlist, e contou com a mesma performance impecável dos quatro que vi no Maracanã. Pelo que percebemos, a banda ainda tem muita lenha pra queimar, disposição de sobra para muito mais Rock N'Roll. 

Duas imagens amadoras que fiz com o celular, quando cheguei no Morumbi e no final do show:


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