quarta-feira, 7 de setembro de 2016

DISCOGRAFIA COMENTADA - SCORPIONS

    Em mais uma turnê pelo Brasil, o Scorpions celebra sua carreira magnífica de inacreditáveis 50 anos. A banda tem diversas fases, com brilhantismo indiscutível nos anos 70 e uma mudança de direcionamento considerável e muito bem sucedida nos anos 80 - muito motivado pela saída do guitarrista Uli Roth e entrada de Matthias Jabs para atuar ao lado de Rudolf Schenker. Tem quem prefira o trabalho setentista, oitentista ou ambos igualmente, sendo nesse período inegavelmente o ouro em estado puro dos alemães. Mesmo com discos muito abaixo dos clássicos nos últimos 20 anos, a discografia tem maravilhas suficientes para eternizar o nome do Scorpions entre os mais importantes da história do Hard Rock. É nesse universo amplo que vamos mergulhar agora, classificando alguns de seus trabalhos entre "excelente", "muito bom", "bom" e "ruim". 

EXCELENTES 

Lovedrive (1979)

     Aqui ainda estamos nos anos 70, mas Lovedrive pode ser considerado o 1o disco da era oitentista do Scorpions. Com uma formação de três guitarristas - Matthias Jabs e Michael Schenker estreando ao lado do veterano Rudolf Schenker -, a banda dava um direcionamento completamente diferente ao seu som. Aqui começou a ser feito o Hard Rock que tornou-se a marca da banda. Uli não estava satisfeito com o direcionamento quando decidiu sair, mas comercialmente ele se configurou o auge - sem desmerecer de maneira alguma pérolas como In Trance, Virgin Killer e  Taken by Force. É uma decisão difícil, mas Lovedrive é para mim o melhor disco que o Scorpions gravou em toda sua trajetória. Tudo está aqui. Tem as baladas de tirar o fôlego Holiday e Aways Somewhere, sendo essa última para mim a melhor que a banda já fez. Tem Coast to Coast, uma das faixas instrumentais mais inspiradas da história do Rock. Tem as pancadas Loving You Sunday Morning - uma aula de riffs -, Can't Get Enough, Another Piece of Meat e Lovedrive. Tem até um flerte muito inspirado com o Reggae em Is There Anybody There?. Ou seja, tem um playlist impecável e diversificado.


Love At The First Sting (1984)

     Depois de Blackout destruir o cenário musical em 1982 com um Hard Rock feroz comandado pela garganta recém-operada de Klaus Meine, o Scorpions estava no auge. Lá estando, não deixou por menos ao lançar um sucessor tão bom quanto, ou até um pouco melhor. Para começar, Love At The First Sting tem os dois maiores hits da carreira da banda. Curiosamente, são dois hits que apresentam os extremos do Scorpions, ambos feitos com muita classe e competência. Still Loving You é a balada mais marcante já feita por eles, de incrível acerto. Já Rock You Like a Hurricane é uma porrada Hard Rock digna dos alemães, obrigatória em qualquer festa do estilo e encerramento obrigatório de qualquer show. A dupla já mostra a força absurda do disco, mas o playlist é impecável. Nessa mistura de baladas extremamente acertadas e rockões, vemos maravilhas do porte de Bad Boys Running Wild, I'm Leaving You, Coming Home e As Soon as the Good Times Roll. Numa brincadeira, quase citei todo o playlist, mas todas elas estão entre as músicas mais inspiradas da carreira. Outro hit gigante é a magnífica Big City Nights - que para mim é a mais marcante do trabalho. Enfim, aqui está um legítimo apanhado de hits do Scorpions. Trabalho indispensável! 

ÓTIMOS

Blackout (1982)

     Para muitos a situação de Klaus Meine com a garganta representava um possível entrave a tudo que a banda conquistou nos anos anteriores. Isso se o Rock não tivesse seus milagres divinos, porque na tal operação o homem parece ter colocado cordas de aço. O resultado não poderia ser melhor, em um dos discos mais importantes da carreira do Scorpions. Blackout é mais um clássico oitentista de uma banda já muito bem adaptada a dupla Jabs/Schenker na guitarra, Francis Buchholz no baixo e Herman Rarebell na bateria. De música, tome clássico! A faixa-título destrói o que vê pela frente. No One Like You tem um ritmo contagiante, assim como a não menos clássica Dynamite. Fora essas, destaque absoluto para a inspiradíssima power ballad When the Smoke Is Going Down, e as pancadas Can't Live Without You e You Give Me All I Need, entre outras. Mais uma obra magnífica e indispensável! 

Taken by Force (1977)                                                               

     Voltando ao começo do Scorpions, encontramos trabalhos preciosos. Entre esses, o que me chama mais atenção é justamente o que encerra esse ciclo. Uli se despede do Scorpions por aqui, deixando sua marca na história da banda. Já flertando com o Hard N'Heavy, Taken By Force não deixava de ter sua marca progressiva. Ele antecipa tendencias sem deixar de ser extremamente justo com o som da sua época.  We'll Burn the Sky é o auge, sendo seguramente uma das cinco melhores músicas da história da banda. Não deixe de procurar pelo épico registro dela no sensacional show da banda no Wacken de 2006, em dvd com a participação de Uli nela e em mais algumas músicas dessa época. Além dela, temos a não menos impactante Steamrock Fever, presente no medley setentista da atual turnê com tudo para ser o auge do show. Com um refrão para ser cantado por dias e estrutura complexa no restante do andamento, é Scorpions setentista puro sem deixar de mostrar o que seria a banda nos anos seguintes. Outro destaque vai para a épica Born to Touch Your Feelings, de tamanha perfeição que é capaz de emocionar até uma pedra nos contornos magníficos de seu andamento. Só as três já fazem de Taken By Force um dos melhores discos de uma lenda do Rock. Se você passou por esses anos iniciais, volte imediatamente no tempo e procure escutar tudo nos mínimos detalhes. 

BONS

Virgin Killer (1976)

       Conhece o ditado popular "não julgue o livro pela capa"? Pois é, aqui ele se aplica perfeitamente. A capa de péssimo - e bota péssimo nisso - gosto de Virgin Killer não retrata de forma alguma a obra magnífica escondida no interior do disco. Com a óbvia e justa censura, o trabalho é quase uma coleção de capas - 3 no total. Na parte que interessa, vemos menos experimentalismo e mais Hard Rock. A banda ainda com Uli na guitarra é feroz e cortante com a voz de Klaus Meine. Olha a faixa-título e tire essa conclusão. O que mais chama atenção é o começo, com a aula de riffs e solos de Pictured Life, uma das músicas mais inspiradas da carreira do Scorpions. A sequência com Catch Your Train não deixa por menos, em um som absurdamente pesado para a época. Óbvio que uma balada arrebatadora não pode faltar, e aqui In Your Park reina absoluta. Resumindo, mais uma obra-prima setentista by Scorpions. 

Crazy World (1990)

      Até o mais fanático seguidor do Scorpions deve concordar que esse aqui foi o último momento glorioso da banda. Para uma banda com história tão fantástica, não era preciso nada além disso. Crazy World tem em seus dois maiores sucessos duas baladas - Wind of Change e Send Me an Angel. Tem quem não curta ambas, mas considero elas irretocáveis. Além dessas, o disco apresenta outros grandes momentos. Tease Me Please Me, Don't Believe Her, To Be with You in Heaven, Hit Between the Eyes e a faixa-título são músicas que transbordam tudo que o Scorpions tem de melhor. Disco que fecha muito bem os anos de ouro dos alemães. 

RUIM
Eye II Eye (1999)

     A verdade é que depois de Crazy World, pouquíssimas músicas produzidas pelo Scorpions podem se comparar com os muitos clássicos que consagraram a banda. Não que seja tudo intragável, mas para uma banda assim o nível de exigência é simplesmente enorme. Um disco que representa bem essa era pouco inspirada é Eye II Eye. Aqui predomina um som mais Pop, deixando para longe o Hard Rock imposto pela banda no auge. Honestamente, me dediquei muito pouco aos últimos discos do Scorpions. Esse não é a única opção para o posto, mas pelo ódio gerado na base de fãs quando foi lançado, representa muito bem tudo isso. Não é intragável, mas uma banda assim pode bem mais. 


    É isso por hoje pessoal. De clássicos não citados, temos Lonesome Crow (1972), Fly to the Rainbow (1974), In Trance (1975), Animal Magnetism (1980) e Savage Amusement (1988). Entre a fase mais recente, podemos destacar Humanity: Hour I (2007), com boa vontade Sting in the Tail (2010) e alguns momentos de Return to Forever (2015). Completam a discografia Face the Heat (1993), Pure Instinct (1996) e Unbreakable (2004). Bom show para quem não é de São Paulo, nos vemos sábado no Metropolitan! 





























                                                                           


Nenhum comentário:

Postar um comentário