domingo, 25 de setembro de 2016

SHOW DO VIOLATOR - TEATRO ODISSEIA - RIO DE JANEIRO

    Eu poderia usar muitas palavras para descrever a noite de 24 de outubro de 2016 no Teatro Odisseia. Entre todas elas, a mais adequada é esperança. Sim, quem esteve lá saiu com esse sentimento. Os motivos? Uma banda underground até a alma, nova e sem nenhum grande tipo de apoio levou ao Odisseia um dos maiores públicos que já vi no lugar. Não que seja um orgulho as bandas que vou citar "perderem", mas a lista inclui nomes como Krisiun, Entombed, Napalm Death, DRI com Ratos de Porão, Nuclear Assault e Hypocrisy. Enfim amigos, foi uma noite para provar que da para chegar longe mesmo com todos os nossos problemas de cena. 
      Alguns fatores contribuíram para isso. A produção magnífica, o grande line up do evento, o preço acessível e principalmente a estreia do Violator no Rio de Janeiro. Muitos esperam há tempos a melhor banda que surgiu nesse país nos anos 2000 aparecer. Ela agrada em cheio fãs de Thrash Metal oitentista, sendo assim adotada de imediato por grande parte deles. Passando pelos mesmos problemas dos que ralam para tocar de vez em nunca em botecos vazios, podemos dizer que o Violator chegou numa posição maravilhosa no cenário nacional. 
      Antes porém, é impossível não citar as outras grandes bandas que se apresentaram na noite. O Vingador fez um show digno de uma das melhores bandas da cena carioca. Ainda muito cedo e com a cada enchendo no decorrer da apresentação, os cariocas mostraram um pouco do mais puro Thrash Metal que seria o ritmo de toda noite. Já surgiu um belo mosh pit, algo que raramente acontece em aberturas. Isso se explica pelo prestígio que a banda já tem na cena. Sons do porte de Yellow Crew, Dead Nazi Poem, Hellstorm, Whata Fuck Is This?! e Morrendo de Paz já garantem a diversão de quem conseguiu chegar às 5 da tarde no lugar. Os quatro saem do palco com um sorriso no rosto que nem uma rocha despencando na cabeça seria capaz de tirar. No resto da noite, foram presença constante no mosh pit.
     Seguindo com a rigidez nos horários, agora era vez de outra banda consagrada do underground carioca - mais uma sábia escolha. Farscape chega com o Odisseia já lotado disposto a dar sequência ao baile com mais Thrash Metal dos bons. Esse show eu já vi um pouco mais ao fundo da casa, onde o som já dava uma certa embolada. Mesmo assim, a banda fez exatamente o que se esperava deles. O mosh já é digno de show principal, e a banda mostra todo seu poder de fogo para um público que já a adotou como uma das preferidas da nova safra. Com muita variação, tome sons sensacionais como Wild Rocker, Demon’s Massacre, Thrash Until You Drop e Carrasco do Metal. Com dois shows desse tamanho, a noite já tava ganha por todos antes mesmo da atração principal. 
     Como se estivesse num eventinho underground para 30 pessoas em Brasilia, o Violator ajeita tudo no palco e agradece aos presentes antes mesmo do 1o acorde. A banda ainda apresenta seu 3o disco, o já não tão novo assim Scenarios of Brutality. É dele que sai a abertura da brincadeira com Death Descends (Upon This World). Não precisa mais que isso para um mosh daqueles tomar conta do lugar, assim ficando até a banda deixar o palco. Pedro "Poney" Arcanjo (Baixo e Vocal), Pedro "Capaça" Augusto (Guitarra), Marcio "Cambito" (Guitarra) e David "Batera" Araya (Bateria) vão a cada número mostrando o porque de tanto prestígio. Endless Tyrannies e Echoes of Silence fecham uma trinca  inicial de respeito. É bom lembrar que a forte veia política da banda se fez presente nos discursos sensacionais do grande Poney. A banda esteve em evidencia dividindo opiniões por simplesmente criticar um político. Independente de posições, quando uma crítica a seu politico de estimação gera uma revolta contra uma das nossas melhores bandas, percebemos como os tempos são complicados. Vale lembrar que xingamentos a esse senhor também foram bem constantes ao longo da noite. Bem, nosso assunto aqui é outro. 
     Voltando a parte boa, Deadly Sadistic Experiments apresenta Annihilation Process aos presentes. A banda se caracteriza por uma pancadaria Thrash sem uma única pisada no freio. Isso se transforma num exercício daqueles dos apaixonados thrasheiros que bangueiam sem parar no mosh. Respect Existence or Expect Resistance, com seu título maravilhoso, retorna ao disco mais recente com seu refrão sendo cantado por todos. Em meio ao caos, aparecem celular e escova de dentes perdidos no palco, em um dos momentos mais hilários da noite. Futurephobia, de Annihilation Process, soa quase como uma premonição. A música já é um dos maiores clássicos do Violator, e agita como poucas o mosh. Ai finalmente é hora do melhor disco da banda dar as caras. Ordered to Thrash mostra todo o poder de fogo que Chemical Assault tem. Um dos grandes discos da história do Metal nacional é um marco, e o maior responsável por esse público presente no lugar. Atomic Nightmare destroi o pouco que sobro depois de tanta porrada na orelha. O disco que é uma verdadeira ode ao Thrash Metal se mostra diferenciado. Então tome Brainwash Possession, Toxic Death e Thrash Maniacs - essa do ep Violent Mosh. Destined To Die e o hino UxFxTx fecham a noite com uma invasão ao palco - eu incluso nessa. Tem algo mais Thrash de raiz que isso?  
        Espero ter traduzido um pouco do que foi uma das maiores noites do underground carioca que pude presenciar. Pessoal, ela nos mostrou ser possível. Da para lotar uma casa consagrada, ter uma legião de fãs e tudo mais fazendo um som sem frescura. Um verdadeiro sopro de esperança tomou conta do Teatro Odisseia numa matinê para não ser esquecida tão cedo! 

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