quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

MAX & IGGOR RETORN TO ROOTS - IMPERATOR - RIO DE JANEIRO

      A noite de 14 de dezembro de 2016 foi projetada para celebrar tudo que aconteceu com o Sepultura 20 anos antes. Max e Iggor Cavalera iriam tocar o clássico e derradeiro disco Roots por completo - acompanhados pelos fieis escudeiros Tony Campos (baixo) e Marc Rizzo (guitarra). Para completar o tom saudosista, o local escolhido foi o mesmo do último show do Sepultura no Brasil com a formação clássica. Há exatos 20 anos, a casa de rica história tinha uma de suas noites mais memoráveis. No mesmo lugar, só que menor, o Imperator que reabriu recentemente estava cheio de fieis seguidores da maior banda de Heavy Metal da nossa história. Não tinha como dar errado, e de fato tudo que foi prometido saiu como esperado. 
       A abertura ficou por conta da banda Incite, do enteado de Max Richie Cavalera. Cheguei com a apresentação já caminhando para o seu final, e a enorme fila da cerveja acabou tomando todo meu tempo antes do show principal. Ainda assim, pelo que escutei, parecia algo interessante, com fortes influências do Pantera. 
        Com um breve intervalo e todos já na pista, começa a celebração da história do Sepultura. O próprio anúncio com nome diferente de Cavalera Conspiracy - mesmo com sua formação completa - deixa claro que a noite não vai apresentar nada dos novos tempos de Max e Iggor. Quem lá estava pouco se importava com isso. O hino máximo Roots Bloody Roots começa os trabalhos com a esperada comoção na pista que já transborda em moshs. Então a magnífica Attitude é urrada em uníssono por todo o Imperator - com direito ao berimbau da intro tocado por Max, da mesma forma que era feito na turnê original. A participação de todos é enorme a cada número, provando total conhecimento dessa obra seminal. Cut-Throat segue o embalo, sendo mais uma das grandes músicas de Roots. Max interage muito ao longo das músicas, inflamando o público, mas não tanto nos intervalos. Quando fala, demonstra a enorme felicidade por promover esse show. Assim ele apresenta Ratamahatta. Aqui ele mostra o efeito do tempo em sua voz, infelizmente incapaz de reproduzir a complexidade desta pérola. Então cabe ao irmão brilhar intensamente na forte percussão. Por mais que pareça um tanto quanto aéreo, a performance de Iggor melhora muito, sendo claramente mais intensa em comparação a shows recentes da banda no Brasil. O Roots se caracteriza por ter um começo muito forte com seus maiores hits, e mesmo com ótimas músicas ao longo da audição, a resposta popular não costuma ser a mesma. Isso historicamente, mas no show, estava tudo na ponta da língua de verdadeiros fanáticos pelo Sepultura - algo raro e sensacional.        
     Breed Apart é outra com brilho absoluto de Iggor, e um Max ai sim fazendo um papel digno na parte técnica. Sempre incitando o público, não teve trabalho ao ver uma resposta imediata. Essa é uma das partes de Roots com maior influência no Heavy metal moderno, ou em outras palavras, New Metal, com ênfase na repetição do refrão. Straighthate mostra mais da característica sonoridade da banda em 1996, em um dos melhores momentos de todo o disco. Spit é anunciada como o momento mais Punk Rock por Max, e não podemos negar que faz certo sentido. A música é mais uma pérola escondida em Roots que tivemos o privilégio de escutar nessa noite. Lookaway, que na gravação original tem participações de  Jonathan Davis (Korn), Mike Patton (Faith No More) e DJ Lethal (Limp Bizkit), não chega a empolgar. Reação exatamente oposta acontece na magnífica Dusted. Born Stubborn também não deixa por menos. Sua letra e melodia única causa uma enorme comoção na pista. Ai chega hora de Itsári, música gravada com a tribo Xavante, momento que Max faz questão de lembrar como o mais marcante de todo o processo criativo de Roots. O público se supera, tendo a manha de cantar e brincar na pista da mesma forma que os índios na gravação. Simplesmente épico! Com Ambush a coisa volta ao normal. Endangered Species e Dictatorshit fecham a conta de Roots com chave de ouro. Essa última teve os versos "Tortura nunca mais" repetidos com força por Max, algo fundamental para os dias que vivemos. Enquanto isso, o Sepultura atual...... melhor parar por aqui.
      No fim da parte regular, fica evidente a felicidade do líder da turma nessa noite. Com a mãe vendo tudo do lado do palco, até chega a imitar o pessoal no mosh bangeando, lembrando os tempos de garoto. A parte do bis é exatamente nessa linha. Com uma breve jam para relembrar os bons tempos de Sepultura, vem  Desperate Cry, Innerself e Escape to the Void, além dos consagrados covers para Polícia (Titãs) e Orgasmatron (Motorhead). Black Sabbath e Celtic Forest também tem alguns de seus clássicos celebrados, como influências eternas de Max e Iggor Cavalera. Uma versão acelerada de Roots Bloody Roots fecha a conta, com direito a um "wall of death" puxado por um Max Cavalera em estado de graça.
      Em que pese certas limitações vocais, uma ordem de músicas que não foi projetada para shows e nenhuma citação ao presente, os irmãos Cavalera proporcionaram aos seguidores uma noite para lembrar o auge do Sepultura. Em cada detalhe, era esse o objetivo. Se Roots não é o melhor disco da banda, seguramente é um grande trabalho. Sua relevância há 20 anos é enorme, mas infelizmente tudo acabou muito antes da hora. O presente fica para próxima, já que essa noite no Imperator foi uma verdadeira homenagem a história do Sepultura, e por que não, a história da casa que recebeu o Sepultura de outrora pela última vez no seu país, para 20 anos depois dar início a tour brasileira. Missão cumprida!


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