segunda-feira, 28 de julho de 2014

VOLTA REDONDA DO ROCK-26/07-SEPULTURA E PROJECT46

  A minha história com o Volta Redonda do Rock começou na última sexta-feira, dia 25 de julho. Em uma sexta chuvosa, a já caótica capital fluminense fica ainda mais problemática quando o assunto é o trânsito. Sai mais cedo do trabalho para pegar a estrada o quanto antes, porque minha ideia era assistir aos dois dias de festival. Infelizmente, com o engarrafamento monstruoso que tomou conta da cidade, a viagem durou cerca de sete horas, e acabei chegando tarde demais, perdendo assim as apresentações do Dr Sin, Tim Ripper Owens e Blaze Bayley. Lamentei, mas não cheguei a ficar inconsolável, digamos assim, porque o dia mais importante para mim era o 2o, que teriam os shows do Sepultura e Project46.
  A cidade de Volta Redonda é bastante calma, e não cheguei a ver uma grande movimentação pelas ruas durante todo o dia de sábado. A divulgação do evento era enorme, o que é sempre importante. Um amigo meu que também foi assistir ao festival chegou por lá as 7h da noite, e me contou que o movimento estava baixo. Com o passar das horas, felizmente isso mudou. Cheguei no lugar por volta das 11h, e o público já era muito bom. A estrutura montada para o festival era fenomenal. Com entrada franca, uma área bem ampla, com uma parte coberta, vários banheiros, opções variadas de alimentos e tendas vendendo produtos oficiais das bandas e também cds, camisas, dvds e tudo mais de vários artistas (nessa comprei o dvd do Dream Theater, gravado na Argentina na última turnê). Tudo que um bom festival precisa ter, fora a qualidade primorosa do som, três palcos para diminuir os intervalos e a ótima localização, com uma grande oferta de ônibus e taxi, além do estacionamento gratuito. Estava tudo impecável por parte da produção, e o público compareceu, mas não chegava a lotar o lugar.
  Em relação às bandas, o 1o ''headline'' Kiara Rocks já havia se apresentado quando eu cheguei. Fiz isso propositalmente, porque com todo respeito eu detesto a banda, muito por causa da apresentação ridícula deles no Rock in Rio. Como eles são muito bem empresariados, sempre conseguem ótimas apresentações, em lugares que muita banda boa com mais de 30 anos de história nunca vai chegar. Acontecia o show de uma banda que tocava uma enorme variedade de ritmos quando cheguei, e também não achei nem um pouco interessante.
  Finalmente, chegava a hora do Project46. A banda está se destacando bastante na cena, e divulga o elogiado Seja Feita a Nossa Vontade. A força da banda era visível, com uma quantidade considerável de fãs no festival. Eles dominam o palco como gente grande, e estão em grande forma. O som agrada ao público mais heterogêneo possível, desde os fãs de Thrash e Death Metal até os que preferem as ''modernidades'', o que é para poucos. O grande destaque da banda para mim são as letras, em português claro e ácido, bem no estilo do Ratos de Porão. O setlist foi baseado no cd mais recente, com músicas como a maravilhosa Erro 55, Foda-se e Caos Renomeado. Uma grande abertura para a maior banda da história do Brasil, que se apresentaria mais tarde.
  Depois de outra banda desnecessária, era a vez do Sepultura mostrar a cara. O público, que se dispersava pelo enorme lugar, foi todo para frente do palco, que tinha uma passarela bem no estilo Aerosmith, o que aproximava a banda do público. Derrick, Andreas, Eloy e Paulo entraram estourando The Vatican, ótima música do último disco da banda, que era responsável por abrir um setlist espetacular. Kairos, do cd de mesmo nome lançado em 2011 foi outra ótima escolha. Derrick então cumprimenta o público, usando bastante a passarela, e faz questão de falar que o Sepultura, está vivo, ali na hora, apesar dos que insistem em criticar a banda. Aproveitando a deixa, vale lembrar que a atual formação está impecável. Eloy é um monstro na bateria, Andreas e Paulo dispensam apresentações, e Derrick é atualmente um grande vocalista, domina muito bem o palco. O último trabalho prova que o Sepultura ainda tem muito a nos oferecer. Hora de tocar um clássico, a espetacular Propaganda, surpresa para lá de agradável, vinda diretamente de um tal de Chaos A.D. Então é hora de vermos mais novidades, com Impending Doom, outra grandiosidade do novo disco. Seguindo nele, Manipulation of Tragedy vem depois. O show era ótimo, e mostrava como as músicas mais recentes da banda são boas. Ainda na ''fase Derrick'', vem Convicted in Life. Então chega a hora de voltarmos no tempo, e ver as músicas de Roots para baixo. Dusted é uma surpresa daquelas, escolha espetacular de uma pérola escondida nas profundidades das ''raízes sangrentas''. Ainda no último álbum de Max na banda vem o clássico Attitude. O que falar disso, clássico é clássico, eternamente. A banda além de fazer um setlist primoroso, se apresentava com técnica para lá de apurada. Dead Embryonic Cells, só isso, vem em seguida, dessa vez sem a famosa dobradinha com Arise, que apareceria depois. Indo direto para o Chaos, Biotech Is Godzilla é outro resgate primoroso feito pela banda. Uma coisa já me chamava atenção. O público, em sua maioria, estava apático. Provavelmente, muitos ali não são o público que acompanha o Sepultura, e sim ''curiosos'' locais, que foram ao evento de Rock, raro na região. Espero que depois da aula de Heavy Metal dado pelos mestres, eles procurem conhecer melhor a banda. A ótima versão para Da Lama ao Caos, da Nação Zumbi, aparece, seguida por Inner Self, outro clássico do espetacular Benith The Remains. Territory, Arise e Refuse/Resist fecham a primeira parte do show com uma fúria descomunal. Infelizmente, grande parte do público continuou sem reação, mesmo com tantos clássicos. No bis, o encerramento ficou por conta de Ratamanhatta e Roots, essa finalmente sendo recebida como merecia.
  Com um setlist desses, mesclando muito bem todas as fases da banda, e uma performance igualmente impecável, o Sepultura fez um dos melhores show que já assisti. O festival foi um grande sucesso, valendo a viagem. Para quem insiste que o Sepa não existe mais, assistir a pelo menos 1 show da banda atualmente é obrigatório. Eloy e Derrick são os substitutos perfeitos para os Cavaleras, e já espero ansiosamente por um novo trabalho da banda.

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