sábado, 13 de setembro de 2014

SHOW DO CAVALERA CONSPIRACY E KRISIUN-CIRCO VOADOR-RIO DE JANEIRO

   Meus amigos, a noite do último dia 11 de setembro foi histórica para o Heavy Metal brasileiro.  Max Cavalera ficou muitos anos distante do Brasil, mas desde 2012 vem visitando o seu país com certa constância, seja com o Soulfly ou com o Cavalera Conspiracy. Agora ele veio acompanhado do irmão Iggor, e dos fieis escudeiros Marc Rizzo e Tony Campos, para a sua maior turnê no Brasil desde os tempos de Sepultura. A emoção de ver os irmãos em cima do palco é sempre única, e a noite se apresentava grandiosa. Para ficar ainda melhor, o Krisiun, banda mais representativa do Brasil na atualidade, acompanhou o CC, além dos ótimos Confronto e Test, grandes nomes da nova safra nacional.
   Infelizmente o show aconteceu numa quinta-feira, e por viver numa cidade de trânsito caótico, trabalhando num lugar bem distante do Circo Voador, acabei perdendo o show do Confronto, e chegando já na 4a música do show do Krisiun. Era possível escutar a espetacular The Will to Potency já fora da casa, e  dentro a banda mandava simplesmente Vicious Wrath. Já é o meu terceiro show do Krisiun em pouco menos de 1 ano, e é sempre uma experiência espetacular e surpreendente. A banda se encontra no auge, e ao vivo a sua música extrema soa ainda mais destruidora do que nos discos. Ravager, que abre o clássico Conquerors of Armageddon foi muito celebrada, seguida pela maravilhosa Descending Abomination, presente no último trabalho da banda, The Great Execution. Vengeance’s Revelation faz uma viagem direta para o segundo disco da banda, o espetacular Apocalyptic Revelation. Todos estão curtindo bastante, agitando e cantando junto, além da forte participação no mosh. O público é bom, e vai aumentando ao longo da apresentação com a chegada das ''vitimas'' da cidade grande e seus transtornos. Mesmo assim, a lona só ficou realmente cheia na hora do Cavalera. Blood Of Lions é mais uma do último lançamento, sendo uma das mais impactantes da carreira da banda ao meu ver, mostrando a força de The Great Execution. Bloodcraft é outra que apresenta uma força descomunal. Conquerors of Armageddon faz todos baterem cabeça como se não houvesse amanha, e o show se encerra com o clássico Black Force Domain, sempre muito pedida. Mais uma vez, os gaúchos mostraram a sua força descomunal, fazendo um show devastador que sozinho já valeria a noite.
   Enquanto os equipamentos de Krisiun e Cavalera Conspiracy eram trocados, o show do Test aconteceu como a banda está acostumada a fazer. Para quem não sabe, os paulistas se apresentam tradicionalmente na porta da sua kombi, de graça, nas portas dos principais shows de Heavy Metal que acontecem na cidade. A banda vem ganhando muita notoriedade, abrindo apresentações de ente como Ratos de Porão e Krisiun com uma certa constância. A famosa kombi estava parada na área externa da lona sagrada. Para quem não conhece o Circo Voador, a área que o público tem acesso depois de passar pelas catracas inclui a lona, aonde acontecem os shows, e uma ampla área ao ar livre. Nessa área ficam os banheiros, bares e lugares aonde as bandas vendem o seu famoso merchandising. Grande parte do público fica por lá botando o papo em dia e tomando uma gelada até o inicio das apresentações. A dupla Test, que tem apenas um guitarrista/vocalista e um baterista manda um som de muita qualidade, mas carece de um baixista para alçar voos maiores.
   Em pouco tempo, os irmão mais importantes da história da nossa música estavam no palco. Metade da formação mais clássica do Sepultura estava ali, tocando para um público fanático e que já comparecia em ótimo número. O show começa com a ótima Inflikted, que da nome ao primeiro e grandioso trabalho da banda, lançado em 2008. Muitos dos presentes conheciam, e agitaram bastante. A empolgação era notável, algo que a presença da dupla Max/Iggor faz ser muito maior do que nas apresentações do Soufly. O show segue com Warlord e Torture, sequência que abre o segundo disco Blunt Force Trauma. As três empolgaram bastante, mas é inegável que a coisa pega mesmo quando vem os clássicos do Sepultura. Assim que a clássica introdução de Beneath The Remains, faixa-titulo do trabalho que colocou o Sepa no topo do mundo do Heavy Metal mundial, aconteceu uma verdadeira catarse. Uma roda devastadora surgiu, e a emoção de todos ao ver tal maravilha ao vivo era gritante. Para fechar o chamado medley, vieram as também marcantes Desperate Cry e Troops Of Doom, escolhas simplesmente perfeitas. Quem sobreviveu a sequência de hinos do Sepultura pode conferir a ótima sequência do 1o disco da banda, com Sanctuary, Terrorize e The Doom Of all Fires. O Nailbomb, breve projeto de Max, também foi lembrado, com Wasting Away. Babylonian Pandemonium, faixa-titulo do próximo disco do Cavalera, que será lançado em breve, foi apresentada em primeira mão aos fãs brasileiros ao longo da turnê, e apresenta uma força que deve ser o tom. Ao que tudo indica, será um trabalho bem interessante. Era hora de mais Sepa para os fieis fãs. Arise e Dead Embryonic Cells, que dispensam qualquer tipo de apresentação, fariam a mais que clássica sequência, botando fogo na lona. Killing Inside, com um refrão grudento e repetido por todos a pedido de Max, abre o caminho para o hino Refuse/Resist. A banda sabiamente faz a mesma sequencia registrada na obra-prima Chaos A.D, com Territory. A sequencia funciona automaticamente, com os tambores que abrem Territory sempre se encaixando perfeitamente com o final de Refuse/Resist. Depois disso tudo,  Black Ark passou quase despercebida, mesmo sendo bem interessante. Banzai Kamakazi era outra novidade apresentada ao público, tão boa quanto a primeira. Os hinos Inner Self e Attitude, essa com uma roda que chamava atenção, encerraram de maneira espetacular a  1a parte da apresentação. No bis a banda surpreende com a cover de Orgasmatron do Motorhead, já clássico no repertório do Sepultura e registrado em Arise. O hino máximo Roots Bloody Roots encerra o show com participação espetacular de todos.
   Novamente os irmãos fazem um grande show no Circo Voador. Marc Rizzo e Tony Campos fazem um excelente papel, assim como Iggor, cada vez mais parecido com aquele baterista que deixou o mundo de queixo caído naqueles maravilhosos dias de Chaos nos anos 90. Max já cantou melhor. Seu microfone parece propositadamente mais baixo, e em certos momentos ele para de cantar, mas a força da voz continua, e a sua presença a frente da banda é sempre marcante. Considero impossível um amante de Sepultura não se emocionar ao se deparar com  esse senhor cantando coisas como Troops Of Doom e Attitude. Lembrando também que ele teve o auxilio de João Kombi, do Test, em Arise, e do enteado Richie Cavalera em Black Ark. A empolgação das músicas do Sepultura é completamente diferente do restante do show, assim como acontece nas apresentações da banda hoje em dia na famosa divisão Derrick/Max do repertório. Ambos fazem coisas muito interessantes hoje em dia, e o Sepultura se encontra em grande fase com uma ótima formação, mas nada se compara a magia que aconteceu na época em que a banda era formada por Paulo, Andreas, Max e Iggor. 
   Depois de dois shows inesquecíveis, ainda tive o prazer de encontrar todos os integrantes do Krisiun do lado de fora do Circo. Impossível descrever a humildade deles. Os três simplesmente se desculparam pela demora para descer (!), trouxeram palhetas e ficaram batendo papo por cerca de 15 minutos com os fãs. Isso já descreve a grandiosidade do momento, e o quanto a banda é merecedora do devastador sucesso mundial que faz. Um encerramento único para uma grande noite de Heavy Metal brasileiro. 


Algumas lembranças da noite.

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