segunda-feira, 29 de setembro de 2014

SHOW DO NAPALM DEATH E HATEBREED-CIRCO VOADOR-RIO DE JANEIRO

   A noite de sexta-feira, dia 26 de setembro de 2014, se apresentava como algo histórico para os amantes da música pesada na cidade do Rio de Janeiro. Dois grandes representantes de estilos diferentes somariam forças para proporcionar ao público o melhor espetáculo possível no Circo Voador. O comparecimento foi bom e heterogêneo, já que existem claras diferenças entre os apreciadores de Napalm Death e Hatebreed, além dos muitos que curtem as duas bandas. Quem viu o mosh de cada apresentação tinha a nítida impressão que houve uma ''troca''. 
   O Napalm Death faria para mim o grande show da noite. Achei uma injustiça sem tamanho com a história da banda vê-la colocada como banda de abertura do Hatebreed. A segunda é muito boa sim, mas infelizmente eu não consigo entender a ordem. O dito ''lado comercial'', ou ''público maior'' atraído pelo Hatebreed na hora se viu uma grande mentira, já que os apreciadores de ambas as bandas dividiam quase que igualmente o espaço. Se fosse algo apenas burocrático, já que o Hatebreed passa um grande momento e o Napalm Death é uma entidade, tudo bem, mas houve claramente um tratamento de banda de abertura dado ao Napalm Death. Eles tiveram um som menos potente a disposição, além de tempo cronometrado para o show. Mark “Barney” fez questão de falar ao termino da apresentação que eles queriam tocar por um tempo maior, mas não seria possível dessa vez, ainda prometendo um retorno solitário no próximo ano. Ainda assim, foi do Napalm Death o grande show da noite, e na minha opinião eles engoliram com muita brutalidade o Hatebreed. 
   A banda que é a definição de Grindcore deu as caras com a, digamos assim, introdução Multinational Corporations, responsável por abrir o clássico Scum. Logo em seguida a banda pula para 2005, com a ótima Silence Is Deafening, que abre o disco The Code Is Red...Long Live the Code. Um mosh insano já tomava conta de todo o Circo Voador. Os fãs do Napalm Death estavam em transe, e proporcionaram uma das maiores destruições que já presenciei em apresentações ao vivo. De Utilitarian, último álbum da banda lançado em 2011, veio a ótima Everyday Pox, e a tão boa quanto The Wolf I Feed, cantada pelo guitarrista Mitch Harris. Em  Unchallenged Hate, que apresentou o clássico From Enslavement to Obliteration, a coisa realmente saiu do controle. A destruição proporcionada pela troca entre banda e público traziam uma energia sensacional ao espetáculo. Vem então Suffer The Children, talvez o maior clássico da banda. Impossível descrever o momento, quem conhece essa pérola sabe como é, absolutamente inesquecível. When All Is Said and Done já mostra uma fase mais recente na carreira do Napalm Death, no disco Smear Campaign. Uma ótima lembrança. Errors in the Signals retoma as atenções para o disco mais recente, enquanto Human Garbage e Success? mostram o clássico Scum para todos. O show era irrepreensível por parte da banda, com um setlist muito bem escolhido.  On the Brink of Extinction foi tirada de Time Waits for No Slave, lançado em 2009, e se mostrou muito bem acertada, mesclando fases diferentes do Napalm Death. Em seguida chega o clássico Social Sterility, um dos grandes momentos do espetacular From Enslavement to Obliteration. Protection Racket retorna ao presente da banda, seguida pela pérola Mass Appeal Madness. O hino maior Scum, a bomba Life?, a ainda mais veloz Deceiver, The Kill, do alto dos seus 20 segundos e a sensacional You Scum, com 3 SEGUNDOS DE DURAÇÃO, mostram a essência do Grindcore praticado pelos professores do Napalm Death no icônico Scum. O show estava chegando ao fim. O cover de  Nazi Punks Fuck Off do Dead Kennedys destruiu a lona e o encerramento veio com o clássico Siege of Power. Só acabou por aqui porque não tinha mais tempo para nada. Um show inesquecível proporcionado pelo Napalm Death, longe das melhores condições, mas capaz de tomar o título de headline do Hatebreed.
   Depois veio o Hatebreed. A diferença de som era brutal. Além de muito mais alto do que na apresentação do Napalm Death, o som era limpo, totalmente nítido. Assisti ao show mais contido, no fundo da lona e sem grandes expectativas, já que estava destruído depois do Napalm Death e plenamente satisfeito. O Hatebreed é sem dúvidas uma das grandes bandas do momento no Hardcore mundial. Eles fazem uma apresentação incendiária, muito bem comandada pelo grande frontman Jamey Jasta. O show teve ótimos momentos, como In Ashes They Shall Reap, This Is Now, As Diehard as They Come, Live For This e I Will Be Heard. Como disse antes, o público era bem diferente. Muitos que partciparam ativamente do show do Napalm Death preferiram ficar mais contidos, ou até circulando pelo Circo Voador na sua área externa. O mosh foi tomado por fãs do Hatebreed, que por sua vez também não participaram muito do show do Napalm Death. Uma apresentação grandiosa de uma baita banda, mas que na minha opinião não foi capaz nem de fazer cócegas ao show anterior. Um dos grandes destaques foi o covr para Ghosts Of War, do Slayer, que foi extremamente bem escolhido. A festa acabou com a melhor música da banda, a ótima Destroy Everything.
   O saldo da noite foi positivo. As duas bandas mostraram o seu poder de fogo e proporcionaram para os bangers cariocas uma grande noite de brutalidade. O Napalm Death merecia melhores condições, e mesmo assim fez uma das apresentações mais espetaculares que já assisti. O Hatebreed merece a atenção que recebe no momento. Espero ansiosamente pelo retorno individual prometido pelo Napalm Death, já contando os dias para o Exodus.

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