quarta-feira, 26 de agosto de 2015

SHOW DO NUCLEAR ASSAULT + TRATOR BR + FORKILL - TEATRO ODISSEIA - RIO DE JANEIRO

   Se formos juntar depoimentos de Headbangers do Rio de Janeiro a respeito de shows que os mesmos pretendiam ver antes de morrer, uma banda seguramente muito citada seria o Nuclear Assault. A banda em questão tem lugar cativo no coração de qualquer fã de Thrash Metal que se preze, e mesmo afastada da cena nos últimos anos, em função da enorme quantidade de compromissos dos seus membros, esse status continua intacto. Com o anúncio de uma tour final, houve uma verdadeira comoção, resultando numa ampla turnê brasileira que na última terça-feira, dia 25 de agosto, passou pelo Rio de Janeiro. A oportunidade de ver a banda pela 1a e única vez mexeu, e muito, com os nossos corações, e o clima criado nos arredores do Teatro Odisseia num dia atípico era de muita animação. Lá dentro vimos um ótimo público, que se não chegou a lotar a casa, compareceu em número muito satisfatório. Todos os envolvidos saíram de lá com a alma lavada.
    Um fato que merece destaque no evento como um todo foi a pontualidade, fazendo com que por volta das 11 todos pudessem voltar para suas casas em tempo de descansar para o dia de trabalho que estava por vir. Entretanto, quem saiu perdendo para que o horário fosse cumprido foi a 1a banda de abertura, o já consagrado na cena carioca Forkill. Um dos nomes mais adequados para abrir tal evento, a banda já vem com bagagem suficiente para dar conta do recado. Porém, a abertura dos portões demorou. Eu mesmo dei de cara com o cadeado no portão da casa, assim me dirigindo ao bar próximo enquanto a casa não abria. Cerca de meia hora depois entrei, achando que o show não teria nem começado. Surpreendentemente, o mesmo já estava na última música, e muitos relataram que a apresentação foi curta, tendo inicio imediatamente depois da abertura dos portões, com muita gente ainda na fila para entrar. Enfim, vida que segue, mas achei o caso o único ponto negativo de um evento grande. 
   A segunda banda era nova para muitos ali, inclusive para mim. Nunca tinha parado para ouvir os dois trabalhos do Trator BR, Verde Amarelo Azul e Preto de 2008 e o recém lançado Floresta Armada. De fato, o som me impressionou positivamente. O instrumental era impecável, numa pegada Death Metal totalmente influenciado por nomes como Morbid Angel e Suffocation, por exemplo, e o vocal chamava atenção. A fúria de Satã BR, que honrou o apelido, era descontrolada, tanto na performance em si quanto na técnica. O som extrapolava o limite do aceitável em relação ao volume, mas era nítido na medida do possível, fazendo dessa abertura algo digno do grande show que viria em seguida. 
   O Nuclear Assault vem com a formação praticamente original, exceção feita ao ótimo guitarrista Scott Harrington. Além dele, as verdadeiras lendas Glenn Evans - bateria, John Connelly - vocal & guitarra e o incrível Dan Lilker - baixo, vocal, estavam no palco do Odisseia, esbanjando boa forma e prontos para realizar o sonho dos presentes. O que se viu dali em diante foi um show de Thrash, Crossover, Speed Metal ou seja lá qual for sua descrição para o som único da banda legítimo, com um mosh pit simplesmente matador transbordando fúria e felicidade a cada clássico apresentado. De cara já vem Rise From the Ashes, presente no espetacular Survive, segundo disco da banda. Ainda nele, vemos na sequência a estupenda Brainwashed, que põe fogo na pista de vez. Então é hora da obra-prima Handle With Care dar as caras, com New Song, que já no seu riff incrível matou os presentes do coração. Para seguir na mesma toada, vem o clássico maior da banda, Critical Mass. A música marcou especialmente uma geração inteira com seu clipe igualmente marcante. Honestamente, se a apresentação acabasse por ali ninguém sairia reclamando. Na instrumental Game Over, faixa-título do que para mim o melhor trabalho da banda, vimos a técnica apurada dos integrantes. O som não estava impecável, por vezes um pouco embolado, mas muito longe de comprometer. Butt Fuck, feita para qualquer mosh pit perder o controle, criou um verdadeiro tumulto na pista. A música ultrapassa o limite da insanidade que a banda pode proporcionar. Sem tempo para respirar, vem a maravilhosa Sin, que é para mim a melhor da banda. Lembro como se fosse hoje a 1a vez que coloquei Game Over para rodar, imediatamente dando de cara com ela. Meu queixo foi parar no chão, e essa virou de cara a minha favorita. Betrayal não deixa por menos, e essa sequência foi para mim o grande momento da apresentação. Died in Your Arms e Analogue Man in a Digital World apresentam Pounder, o novo EP lançado pela banda. A escolha foi justificada pelo baterista Glenn Evans, que disse que costuma-se aproveitar no máximo 4 músicas por trabalho, e por isso foi feita a escolha por algo mais enxuto e menos trabalhoso de ser feito. De qualquer maneira, as escolhidas são Nuclear Assault puro. F# (Wake Up) e When Freedom Dies retornam ao desfile de clássicos. Dan assume o vocal principal num desfile de pedradas de menos de um minuto, nas músicas do Nuclear no melhor estilo Napalm Death/Ratos de Porão. My America, Hang The Pope e Lesbians vem como um furação. Cabe então as fantásticas Trail of Tears e Technology o fechamento do set regular. No bis, a escolha é pelo hino Justice, lembrando o incrível The Plague.
   O show foi rápido, mas o passeio pelos principais trabalhos da banda, com duas do novo, fez das escolhas para lá de acertadas. A ótima forma vocal de John chama atenção, e reproduz com perfeição o que vimos em estúdio. A força da banda e do público fez desse show exatamente o esperado, um evento inesquecível. Se de fato esse é o fim do Nuclear Assault, a apresentação ficará na memória de quem estava no Odisseia para a eternidade, como uma doce lembrança de uma banda fantástica. 

Meu encontro com Dan Lilker na saída do show


Também com o grande John Connelly

Uma amadora da apresentação

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