segunda-feira, 24 de agosto de 2015

SHOW DO TITÃS - CIRCO VOADOR - RIO DE JANEIRO

   Poucas horas depois do ótimo show do Glenn Hughes no Teatro Odisseia, já reabastecido de comida e cerveja, era hora de aparecer no vizinho Circo Voador para assistir a mais um show dos Titãs, banda que ao lado de Raimundos e Ira! eu considero a mais relevante do chamado Rock Nacional. Não foram poucos os que fizeram a mesma escolha minha, e camisas do Deep Purple apareciam aos montes por lá. Com o ótimo Nheengatu, a banda recuperou a boa forma, e vem mais uma vez divulga-lo na cidade, ao lado do DVD que está para lançar. O público, como de costume, encheu a tradicional casa de shows. O mesmo vem acompanhando a força roqueira que a banda apresenta no momento, em detrimento as trilhas de novela que marcaram os últimos anos. Ao lado de casais de meia-idade com roupas mais formais, vimos vários jovens e senhores com camisas de bandas clássicas, e os insistentes pedidos por músicas como Porrada e Estado Violência evidenciam isso. Mais uma vez, apesar de algumas baladinhas desnecessárias, os cariocas viram uma banda com sangue nos olhos e feliz com o momento, tocando com muita vontade músicas do mais legítimo Rock N'Roll.
   Reforçando a força do disco mais recente, muitas músicas dele continuam no set, e cada vez mais são cantadas pelo público. Isso mais que prova que Nheengatu já é um marco na vasta história da banda. Falando no assunto, o show começa com a já clássica Fardado, ou Policia II para alguns. O efeito é imediato. Em seguida vem a melhor do disco novo, empatada com Mensageiro da Desgraça, a fantástica Cadáver Sobre Cadáver. Ela ao vivo é uma bomba prestes a explodir, no auge de inspiração da banda. Ainda nas novas, vem a também muito boa Chegada Ao Brasil (Terra à Vista). Do presente para os primórdios da banda, na magnífica Massacre. Que surpresa fantástica foi essa. O Titãs atual vai se remendando sem substituir quase nenhum dos antigos membros, exceção óbvia feita ao baterista Charles Galvan, que viu Mario Fabre assumir o posto na condição de músico contratado. De resto, é Paulo Miklos tocando guitarra, Sergio Brito e Branco Melo se revezando no baixo, e os três cantando, enquant Tony Bellotto toca guitarra com a classe de sempre. Vem então o clássico Lugar Nenhum, e o cover de Aluga-se de Raul Seixas, já tradicional no set na banda, sendo sempre muito bem recebido. Indo para o clássico cabeça Dinossauro, vem a porrada sempre presente AA-UU. Depois Diversão causa o impacto habitual, com seu riff mais que clássico entoado ao longo de toda a apresentação. Depois a banda resgata um verdadeiro lado C, a boa Pela Paz, presente no muitas vezes esquecido Domingo, um disco mediano que deu inicio a fase acústicos sem fim e trilhas de novelas da banda. Nessa fase, A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana é uma das que se salvam, e mesmo longe dos clássicos, é muito legal de ser ouvida ao vivo. Depois a coisa fica ainda melhor na fantástica O Pulso, para variar, muito cantada no melhor estilo Arnaldo Antunes no Titãs. Voltando ao disco mais recente, depois de um discurso de Sergio exaltando o mesmo, vem a ótima Republica dos Bananas. O hino oitentista Sonífera Ilha vem depois, seguida pela boa Comida, que seguramente você já deu de cara em alguma prova de Português da escola. Encerrando a participação do novo disco, vem a fantástica Mensageiro da Desgraça e a apenas interessante Fala, Renata, ao meu ver pior do que outras presentes no trabalho. Então vem mais uma bela surpresa, no resgate da faixa-título do espetacular Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas. Seguindo assim, vem Cabeça Dinossauro, que formou uma roda de responsa na pista do Circo Voador, assustando alguns arrumadinhos, enquanto camisas do Pantera, Black Sabbath e afins agitavam como nunca. Infelizmente, veio uma breve sussegada no set, com as razoáveis Go Back e Marvin. Na clássica Televisão a roda volta, ficando presente na matadora sequencia com Homem Primata, Policia e Bichos Escrotos, que encerram com classe a primeira parte do show. A banda retorna para o 1o bis com a sua melhor música ao meu ver, a fantástica Desordem. Com um breve e sábio discurso de Paulo Miklos, salientando que a corrupção no Brasil é independente de partido e de ideologia, vem o clássico moderno Vossa Excelência. Para os que soltaram o verbo depois da crítica ao coro "Fora Dilma", que dessa vez foi puxado por apenas uma pessoa (!), a música foi feita em 2005, homenagem ao mensalão. Bem, saindo desse assunto desagradável, a banda encerra com Flores mais um bis. Bem, mais um porque a felicidade estava na cara dos integrantes e do público, todos de alma lavada, fazendo com que role mais algumas canções. Infelizmente, esse último bis foi muito mal aproveitado. A maravilhosa Igreja fez valer o retorno, mas as totalmente desnecessárias Epitáfio, Família e Pra Dizer Adeus torraram a paciência dos que entoavam a letra de Estado Violência, na esperança de ouvi-la.
   Bem, isso não foi absolutamente nada no contexto geral de mais um grande show de Rock proporcionado por uma banda que entende do assunto como poucas no Brasil. O Titãs vive um momento realmente especial, que parece ter tudo para ser a realidade dos anos que estão por vir nessa trajetória para lá de vitoriosa da banda. Quem venham mais noites como essa!   

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