quarta-feira, 18 de maio de 2016

SHOW DO WINERY DOGS - IMPERATOR - RIO DE JANEIRO

    Certamente você já brincou mesmo que sozinho de montar aquela banda dos sonhos. Juntar gente de diferentes bandas na cabeça e imaginar como seria isso na prática. O Winery Dogs surge exatamente assim. Uma banda com três músicos consagrados, com currículos invejáveis - e principalmente -, com um nível técnico muito acima da média. Mike Portnoy, Billy Sheehan e Richie Kotzen fazem da arte de tocar bateria, baixo, guitarra e cantar algo simples. Já com dois discos ótimos na bagagem, é possível fazer um show esgotado numa casa para mil e tantas pessoas sem recorrer ao passado glorioso de cada um deles - isso sem deixar ninguém reclamar. Na noite de Terça no Imperator, o Winery Dogs provou de vez a sua força como banda. 
     Graças ao trânsito da cidade, não cheguei em tempo para ver o S.O.T.O.  Depois de ter alguns problemas com a cerveja em estoque reduzido da casa, o trio de ferro sobe ao palco de uma casa que tinha gente até na rampa de acesso com pontualidade. Todos prontos para se curvar diante da excelência técnica em músicas e solos fantásticos. Fora o repertório, num show com essas características os solos individuais são indispensáveis. Além de ouvir as ótimas músicas, todos estão ali para ver Kotzen Sheehan e Portnoy tocar pura e simplesmente. E os três não economizaram. Billy e Portnoy tiveram os seus momentos individuais numa aula prática para qualquer baixista ou baterista. Portnoy endiabrado tocou com baqueta no bumbo, chão e até no baixo de Billy. O homem tava numa noite de gala. Seu kit era bem maior do que o utilizado na 1a turnê, que passou pela cidade num dos primeiros shows da banda diante de um Teatro Rival igualmente lotado. Kotzen brincava com sua guitarra o tempo todo, cada hora inovando mais - mostrando como é um guitarrista que carece de atenção ainda maior. Gênio é pouco para descrever cada um deles. 
     Show de técnica a parte, o setlist cobriu com perfeição os dois discos da banda. Um som no volume ideal e absurdamente limpo - óbvio que ele não poderia falhar diante de um trio tão inspirado -, proporcionou aos grandes músicos a melhor performance que poderiam entregar. Oblivion, um dos destaques do novo disco, abriu o show por cima. A música que melhora a cada audição é um show de virtuose, dando o tom do que estava por vir. A sequência do disco foi respeitada com Captain Love. Kotzen da um show vocal no começo digno de destaque. Poucos nomes conseguem cantar e tocar guitarra com tamanha perfeição, algo que realmente chama atenção. We Are One retorna ao 1o e magnífico disco. Billy chama para si o palco, e proporciona um verdadeiro workshop de baixo para os aventureiros na plateia. A música é uma das melhores da banda, com uma melodia acertadíssima. A dançante e experimental Hot Streak, que da nome ao disco novo, cresce bastante no palco. How Long cresce muito no refrão, deixando para o resto um certo experimentalismo virtuose. Time Machine retorna a estreia, abrindo caminho para a nova Empire - com seu refrão matador. Sua sequência no disco foi cumprida com a maravilhosa balada Fire. Essa ficou por conta de um Richie Kotzen sozinho com seu violão, no momento mais belo do show. A música que no disco é feita a base de muito solo no violão é ligeiramente simplificada ao vivo, ficando interessantíssima. Kotzen basicamente tocou ela no acorde por acorde, simplificando os solos. Depois vê seu nome berrado pelo público. Think it Over volta ao esquema normal, ainda num clima mais calmo. Hora de Portnoy fazer o já citado solo endemoniado. O que sobrou de sua bateria deu sequência ao show com a já clássica The Other Side. Depois dela é a vez de Billy mostrar seus predicados. Ghost Town encerra a participação do disco novo. O encerramento fica por conta de quatro pérolas do disco de estreia - com o famoso intervalo para o bis no meio. I’m No Angel, Elevate, Regret e Desire devastam a pista do Imperator num encerramento perfeito para uma aula de Hard Rock clássico com três gigantes no palco.
    Ao final vemos um Mike Portnoy - para mim o dono da noite - erguendo seu assento como uma criança visivelmente feliz depois de uma noite de gloria, e por fim arremessando o mesmo no kit. Num show daqueles que nós nos perdemos nos olhares para quem está no palco, isso é digno de nota. Todo o elogio para os três ainda é pouco para o tamanho do feito. Se em 2013 nós vimos o começo de um projeto que entre suas músicas mesclava clássicos que o trio desenvolveu antes dele, agora vimos uma banda firme. Winery Dogs é definitivamente a banda de Mike Portnoy, Billy Sheehan e Richie Kotzen. O repertório tem corpo, lota shows e proporciona aos monstros citados desfilarem sua técnica diferenciada. O Imperator assiste a mais um grande show em 2016, consolidando cada vez mais seu retorno ao circuito. Parabéns ao público e a banda, que deram ao Rio de Janeiro mais uma grande noite de Rock N'Roll. Só faltou a casa comprar cerveja suficiente para matar a nossa sede, mas isso é apenas um detalhe...

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