sábado, 9 de julho de 2016

SHOW DO METALMORPHOSE - TEATRO LEONARDO ALVES - RIO DE JANEIRO

    Para quem conhece profundamente os primeiros dias do Heavy Metal nesse país, o nome Metalmorphose é sempre parte da conversa. A banda que ao lado do Dorsal Atlântica registrou o fundamental split Ultimatum segue firme e forte, promovendo lançamentos seguidos desde seu retorno. Com planos breves de colocar no mercado o sucessor de Fúria dos Elementos - lançado ano passado - a banda hoje formada por André Delacroix (bateria), Marcos Dantas (guitarra), PP Cavalcante (guitarra), Tavinho Dodoy (vocal) e Marcelo Val (baixo) - o último substituindo André Bighinzoli, no momento com projetos fora do país -, segue quebrando tudo por onde passa. A empreitada da vez foi no Teatro Leonardo Alves, dentro de uma galeria no bairro do Catete. 
       O local vale um destaque. Completamente novo para todos, fica ao lado da clássica loja Sempre Música do bairro. Ponto de encontro de muitos presentes, ela foi base para tudo ao longo da noite. Conversa pré e pós show, cerveja, novas aquisições para as vastas discografias. Era tudo lá. No acanhado espaço vizinho de porta, o público se acomoda no exato momento que a brincadeira começa. Muitos comentaram da sua semelhança com o lendário Caverna II, mas como não peguei esses tempos não cabe a mim tal observação. O fato é que lá era bem diferente dos locais que estamos acostumados. Uma sala de Teatro clássico, com cadeiras apertadas onde todos se acomodam como se estivessem prontos para a peça. Só que o espetáculo em nada tinha a ver com O Chapeuzinho Vermelho ou Branca de Neve, e sim com a história do Heavy Metal brasileiro.
      Seguindo a banda por um tempo, cada show traz a gostosa sensação de família reunida. O público é fiel, formado por rostos mais que ilustres da cena carioca, que invariavelmente se trombam por onde role cerveja e Metal na cidade. Com isso, é basicamente uma grande reunião de amigos. Tenho a felicidade de considerar os membros não só ídolos, mas amigos. Sendo assim, a noite para mim começa na casa de sucos ao lado do Teatro comendo um sanduba com André Delacroix e Marcelo Val, servindo como um belo aquecimento para o que estava por vir. Um clima indescritível que exemplos como esse servem para ilustrar. 
      A parte que interessa é especial. A banda veio para viajar por diferentes fases. Começando com a sensacional Va Pro Inferno, do trabalho mais recente, a trinca inicial com o hino Cavaleiro Negro e Máscara - ao meu ver ponto alto de Maquina dos Sentidos -, abre com perfeição a noite. A estrutura do Teatro não incluía o melhor equipamento de som, mas a banda dribla os problemas com maestria. Na parte instrumental, som redondinho e performance impecável de sempre. Só Tavinho que acabou sofrendo com seu microfone baixo em relação ao resto, fazendo com que a voz por vezes suma em meio ao som. Nada que comprometa por completo. A brincadeira segue com a nova e já clássica Corda Bamba e No Topo do Mundo, de Maquina dos Sentidos. Está cada vez mais claro que os dois lançamentos inéditos tiraram com classe o atraso de anos, deram um gás incrível para banda. Pelas Sombras é outra do disco lançado em 2012. Luta e Gloria abre caminho para a sensacional Correntes, single oitentista que foi relançado no Maldição em 2009 - sendo para mim uma das mais inspiradas da história da banda. Um verdadeiro retrato dos tempos de ouro do nosso Metal. A noite vai seguindo com muitas raridades no roteiro, e clássicos de todas as épocas. Destaque para as indispensáveis Porrada, Jamais Desista, Desejo Imortal e Maquina dos Sentidos, em parceria com coisas do porte de Metrópole, Puro Prazer e Passados Incompletos. Teve também a lembrança ao grande Marcos Dantas, e sua história com o Azul Limão na clássica Satã Clama Metal. Minha Droga É O metal vem para fechar com chave de ouro.
      A sensação de felicidades do grupo de amigos depois de mais um show impecável do Metalmorphose é única. A banda representa o espírito do underground carioca e brasileiro como poucos, seguindo com todas as dificuldades que o estilo impõe na raça que só o Headbanger de verdade tem. Vida longa a amizade, vida longa ao Metalmorphose! 

Um comentário:

  1. Fantástica resenha de uma noite muito legal, Marcello!
    Que mais desses venham!
    Obrigado pela presença e força de sempre!
    Abração
    Delacreiz

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