sábado, 1 de outubro de 2016

SHOW DO RATOS DE PORÃO - CIRCO VOADOR - RIO DE JANEIRO

     Se tem uma coisa que eu já desisti é tentar classificar o som do Ratos. Punk ali, Crossover aqui, Thrash acola, Grindcore e Hardcore num olhar mais atento.... Melhor parar por aqui, mas o certo é que com essa mistura toda a banda é uma das mais importantes da nossa história. Essa história tem um glorioso capítulo no ano de 1991, com o lançamento de Anarkophobia. O disco que é na minha opinião o melhor já lançado pela banda foi celebrado numa noite indescritível de Circo Voador com um bom público. Me arrisco a dizer, o melhor show do Ratos dos muitos que já vi. 
      Antes, tivemos duas aberturas. O Enterro fez um show com Death/Black Metal ao melhor estilo Behemoth para ninguém botar defeito! Ainda com um público bem discreto, quem viu aprovou. Infelizmente eu não posso dizer o mesmo do sofrível "McRAD". Com um vocal indescritivelmente ruim, nem o reforço de Juninho no baixo deu jeito. Um Punk/Pop/Indie para lá de duvidoso tava lá fazendo sabe-se lá o que. Antes tivéssemos ficado com o ótimo show do Enterro na cabeça. 
     Indo ao que interessa, uma lona seca pela lenda Ratos de Porão explode nos primeiros acordes de Contando os Mortos. A abertura do disco mais Thrash Metal da banda é de duração incalculável para os padrões da banda. Ela é uma das minhas preferidas, e simplesmente era difícil acreditar naquilo ao vivo a a cores. Não é novidade que João Gordo, Jão, Boka e Juninho estão na ponta dos cascos. Com um set especial assim tão bem tocado, simplesmente não sobra pedra sobre pedra. Morte ao Rei - com um trecho político sensacional no lugar dos "xingamentos" registrados em disco" - e Sofrer, duas outras pérolas dessa obra-prima, mostram como seria um show do Ratos no auge. Quem estava lá sabia disso.  Ascensão e Queda relata o auge e decadência de uma banda de Rock numa letra inspirada. Felizmente não é o caso do Ratos de Porão, que depois de 35 anos ainda tem um nome para lá de pesado. Mad society e Ódio 3 dão sequência ao retorno no tempo. Nessa última Jão faz sua bela e diferentona introdução na guitarra quebrando totalmente a toada "normal" do show - de maneira fantástica é bom lembrar. A faixa-título veio com mais um toque mais que preciso de Gordo sobre o nosso momento político antes da brincadeira. Igreja Universal segue sendo a melhor letra de uma banda brasileira, retratando um câncer que depois de 25 anos segue sendo exatamente o mesmo de sempre. Cantar seus versos ao vivo é sempre de lavar a alma. Ai o cover de Commando do Ramones e a escondida Escravo da Tv encerram essa volta aos tempos de ouro de Anarkophobia. 
     Se a banda fosse pra casa agora, a noite já teria valido a pena. Vimos um dos grandes discos da história do Heavy Metal brasileiro completinho. Ainda assim, a turma ainda tinha mais cartas na manga pelos outros grandes discos registrados. E que seleção! A 1a é a melhor de Século Sinistro e já clássica Conflito Violento. Ai voltamos diretamente para Crucificados Pelo Sistema em forma do hino Morrer. A indescritivelmente suja Crocodila vem para não deixar Carniceria Tropical passar em branco. O público segue agitando como se não houvesse amanhã. Ai Crucificados Pelo Sistema destrói o que ainda existe de carcaça em meio ao insano Mosh Pit. Ai é hora de dar um pulinho em Brasil, com Amazônia Nunca Mais e Maquina Militar - duas sacadas preciosas. Paranoia Nuclear de Descanse Em Paz e  Realidades Da Guerra são gratas surpresas dos velhos tempos. 
     O encerramento vem com três clássicos indispensáveis. Tome Aids, Pop, Repressão, Beber Até Morrer e Crise Geral. Assim se encerra uma noite absolutamente memorável no Circo Voador. Volto a falar, o melhor show que o Ratos de Porão fez em muito tempo! 

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