terça-feira, 18 de outubro de 2016

SHOW DO SEBASTIAN BACH - CARIOCA CLUB - SÃO PAULO

     O último final de semana foi muito especial para os fãs de Hard Rock que estavam em São Paulo. Depois do show irrepreensível do Aerosmith no sábado, era a vez de conferir outra lenda em ação no domingo. Sebastian Bach é uma das maiores vozes da história do estilo e marcou uma geração estando a frente do Skid Row. Com uma carreira solo de respeito, o vocalista propõe algo diferente para a atual turnê. Skid Row, Skid Row e mais um pouco de Skid Row no setlist - completo com alguns covers. Do seu trabalho solo, apenas American Metalhead - cover consagrado por ele no disco Angel Down (2007). Para quem como eu não viveu o auge no grupo nos anos 90, foi algo incrível.
      O nosso amigo tião mudou muito desde então. Sua voz não é aquela perfeição dos tempos áureos, mas também não chega a ser um desastre, segurando minimamente os clássicos de sua banda. Em um dia absurdamente quente, um Carioca Club cheio - mas não lotado - ganha ares de qualquer clube da Sunset Strip em 1989. O grande DJ Edu Rox aquece o pessoal com clássicos na sequência explodindo os Pa's, até cerca de trinta minutos depois do horário marcado. Aqui começa um verdadeiro desfile de hits. 
      Acompanhado por Brent Woods (guitarra, violão e voz), Rob De Luca (baixo e voz) e Bobby Jarzombek (bateria), Bach começa o show com uma versão para Little Wing de Jimi Hendrix - consagrada pelo Skid Row. Dali para frente, uma sequência alucinante de clássicos da banda. Uma coisa é importante que seja dita. O som da casa não contribuiu em nada. O microfone simplesmente sumia em vários momentos, e pior, um estrondo extremamente irritante era constante ao longo das músicas. Os problemas inclusive interromperam o show por alguns instantes, enquanto um clássico do Aerosmith distraía os  presentes. 
     Apesar disso, o show era ótimo. A magnífica Breakin' Down, presente no derradeiro Subhuman Race, chega para emocionar todos. Então a coisa fica feia de vez com o hino 18 And Life. Nesse momento, o Carioca Club era formado por uma voz só. Bach não é aquele garotão mais, agora uma coisa não mudou nada. O carisma do vocalista lembra exatamente o garoto que destruía o Brasil durante o Hollywood Rock em 1992. Aquele mesmo discurso em português claro entre cada música mostrando o quanto a relação com o país é forte. Para quem presenciou aquela bizarrice no Monsters de 96, é sempre bom retornar nos braços do seu público. Ai Wasted Time arremata de vez o coração de quem ama Skid Row. Mesmo cantando razoavelmente bem, é bom lembrar que sua versão foi encurtada justamente no final, quando o nível de dificuldade vocal é altíssimo. O mesmo ocorreu no próximo clássico, a irresistível Quicksand Jesus. I Remember You vem para fechar uma sequência daquelas. Ai chega a hora do já citado ajuste sonoro. Depois do desfile de power ballads, Bach está disposto a mostrar a face mais pesada do Skid Row na volta. Tome uma sequência destruidora com Slave to the Grind, Sweet Little Sister, Big Guns, The Threat, a solo isolada American Metalhead e Piece of Me. Para fechar essa parte do show, hora do hino Monkey Business. 
     Com uma sequência dessas, não tinha um fã da banda que não estivesse visivelmente emocionado na pista do Carioca Club. Ai tião apresenta uma versão para Tom Sawyer do Rush, como introdução para Rattlesnake Shake. Já caminhando para o fim, Bach aponta para sua tatuagem com os dizeres Youth Gone Wild, acompanhado pelo público. A música que traduz o que significa Skid Row ficou marcada também por algo inusitado e amplamente divulgado. Um "fã" que segundo relatos saiu empurrando todo mundo para chegar na grade foi gentilmente expulso por Sebastian Bach do lugar, com direito a coro puxado pelo mesmo. Do lugar que eu estava, não vi a ocorrência, mas o evento ficou claro e contou com irrestrito apoio dos presentes. Para fechar a conta, TNT do AC/DC vem como uma deixa para o fim de festa em clima de celebração. 
      Sebastian Bach não tem a voz dos tempos de ouro, mas consegue ainda entregar um bom show. A proposta deixa claro suas declarações favoráveis ao retorno da formação clássica do Skid Row dadas recentemente. Atualmente ele roda o mundo celebrando o legado da banda que transformou seu nome em lenda do Rock N'Roll. Faz isso muito bem, e por uma hora e meia mata a sede dos que cresceram ouvindo o grupo. Vamos ver se a tal reunião sai do papel agora...

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