segunda-feira, 4 de agosto de 2014

RATOS DE PORÃO-CIRCO VOADOR-RIO DE JANEIRO

  O que se pode esperar de uma grande banda em grande fase, com a formação totalmente acertada, lançando um dos melhores discos do ano em um show para um público fanático e numeroso? O óbvio resultado dessa soma de fatores foi uma noite inesquecível no Circo Voador. O público compareceu em grande número, superior ao show que a banda fez no mesmo Circo Voador no começo do ano (tocando o clássico Crussificados Pelo Sistema na íntegra com a formação que gravou ele, o que resultará em um dvd). Com o magnífico Século Sinistro em mãos, um dos maiores representantes da música extrema nacional tinha tudo para reviver seus tempos de glória, em um dos seus palcos preferidos. De fato a banda não faz um show com tamanha perfeição há muitos anos por aqui. O setlist foi impecável, mesmo com algumas inevitáveis ausências, já que estamos falando de uma banda com 30 anos de história. Uma verdadeira viagem no tempo.
  Para começar os trabalhos, a abertura do novo disco, a já clássico Conflito Violento. A música já é conhecida por todos, e empolga. Uma quantidade considerável de garotos com um visual Punk, das roupas ao moicano tradicional era de dar orgulho, assi como o bom numero de mulheres em pleno mosh pit. Em seguida vem mais uma do Século Sinistro, a ótima Viciado Digital. O vocalista João Gordo então se dirige pela primeira vez ao público, falando da felicidade em ter lançado um disco novo e visivelmente satisfeito com o público. Logo depois, com seu tradicional carisma, diz que não vai ficar enchendo o saco com música novo, e o negócio era velharia. Bobagem Gordo, pode encher a vontade! Alguns artistas poderiam pensar igualmente, e em vez de tocar várias novidades descartáveis, optar por clássicos. A maravilhosa Ascensão E Queda, clássico da obra-prima Anarkophobia, começa o passeio pela história da banda. Sem ter tempo para respirar, vem o achado Vivendo Cada Dia Mais Sujo E Agressivo, uma porrada de 40 segundos do terceiro trabalho da banda. Depois a sequência é matadora, com o hino Crucificados Pelo Sistema, a muito cantada e celebrada Anarkophobia e Vida Animal, que é cantada com força, mostrando o vasto conhecimento do público em relação a obra da banda. Gordo então debocha da derrota do Brasil na copa, perguntando quem ali tinha chorado e o que a vitória da seleção traria de bom para eles. Os punks presentes foram ao delírio. Foi a deixa para a nova Grande Bosta, que critica as pessoas que acham que o mundo se limita ao futebol, e mostra alguns dos muitos problemas do país da copa com o tradicional português claro e ácido da banda. Depois João lembra do grande Fausto Fanti, integrante do grupo Hermes e Renato que nos deixou nessa semana. Ele tem o nome gritado pelo público, num momento emocionante que mostra a força do humor do grupo na juventude. João dedica o show todo, em especial a próxima música a ele. Diretamente do Crucificados, o clássico Morrer, seguida por Não Me Importo, do mesmo disco de estreia. Cérebros Atômicos, abertura do segundo e contestado disco da banda Descanse Em Paz é um achado, e acaba sendo muito bem recebida. Ali o Ratos começou a transformar o seu som em algo mais Hardcore/Thrash Metal/ Crossover, desagradando os fãs mais radicais. O ótimo Carniceria Tropical é lembrado com o petardo Difícil de Entender. Citado por muitos como um dos melhores discos, a ótima recepção da música foi de se esperar. Ainda no Carniceria, Arranca Toco e seus imensos 50 segundos fazem o Circo tremer, assim como Atitude Zero. No meio ao caos, uma garota da plateia sobe ao palco, e de repente abaixa a blusa mostrando os peitos para o Gordo, e depois para a plateia, que reage como se fosse um gol. Nada num show desses é previsível. Voltando então para o presente, temos a ótima Stress Pós Traumático. João fala de preconceitos em geral, e levanta a bandeira da ''classe'' dos gordinhos, abrindo espaço para a maravilha Diet Paranoia, uma escolha pra lá de correta. Crocodila volta as atenções para o Carniceria Tropical, e abre uma sequência matadora. Igreja Universal, Beber Até Morrer e Aids, Pop, Repressão, três dos maiores clássicos do Ratos de Porão instauram o caos no Circo Voador. Seguindo no clássico Brasil, ainda tivemos Plano Furado II, Amazônia Nunca Mais e Terra do Carnaval, encerrando a primeira parte do show. O público queria mais, e a banda retorna com Sentir ódio e Nada Mais eCrise Geral, duas pérolas do disco Cada Dia Mais Sujo e Agressivo, encerrando uma apresentação irretocável.
  A formação Gordo, Jão, Boka e Juninho está pra la de acertada, em grande forma, e prova isso com um show matador, que lança no Rio de Janeiro um dos discos mais espetaculares da carreira da banda. O momento do Ratos de Porão não poderia ser melhor, e a apresentação foi daquelas para ser lembrada por anos, uma noite mágica no Circo Voador.

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