segunda-feira, 11 de agosto de 2014

SHOW DO IRA!/RIO DE JANEIRO/CIRCO VOADOR

   O retorno do Ira! foi uma verdadeira benção num enorme deserto que o Rock nacional da atualidade se tornou. Não tem para ninguem, quando o assunto é RockN'Roll puro e simples, no Brasil os nomes são Ira! e Titãs. Nasi e Edgard estavam brigados faz tempo, e a banda consequentemente parada. Com as pazes feitas, a dupla montou uma nova banda, sem Gaspa e Jung, e estão fazendo uma turnê nacional de enorme sucesso. Prova disso foram os ingressos esgotados dias antes do show, e um Circo Voador lotado. Um público que misturava jovens com camisas do Sepultura, Iron Maiden, Black Sabbath e Ramones e senhores que viveram intensamente os anos 80 acompanhados pela esposa, e as vezes filhos, transformava o ambiente na lona em algo único. Um revival para quem acompanha a banda há tempos, e uma grande aula de Rock N'Roll para os novatos, a pura magia do Rock.
   Eu vi a banda na época do acústico em três oportunidades, nos meus primeiros passos rockeiros, e assistir novamente a banda foi uma emoção indescritível. A abertura foi com o clássico Longe de Tudo, que também abre o 1o disco da banda, Mudança de Comportamento. Flerte Fatal, uma grande lembrança dos tempos de Acústico, vieram em seguida, também muito celebrada. A banda estava impecável, transbordando felicidade e contando com uma ótima participação do público. O problema era o som, extremamente baixo, só sendo solucionado depois de oito músicas. É Assim Que me Querem veio depois, música que considero uma das melhores que a banda já fez. Perdida no disco 7, causou uma grande comoção na plateia. Depois foi a vez do hino Dias de Luta, cantada em uníssono. Eram momentos indescritíveis, impulsionados por um setlist fenomenal. Tarde Vazia também foi muito bem recebida, já que ganhou uma grande popularidade na época do Acústico. No Universo Dos Seus Olhos foi um momento dispensável, mas o clássico Flores Em Você manteve o nível do show altíssimo. Gritos da Multidão é um verdadeiro hino, e escuta-la foi de arrepiar. Uma pena que o som ainda não estava a altura da apresentação. Na ótima nova ABCD, um Rockão bem anos 50 com uma forte pegada de blues, o som ficou no volume correto, o que engrandeceu a mesma. Veio então uma dobradinha espetacular, com as baladas Tolices e Mudanças de Comportamento emocionando profundamente o público. Nasi então lembra com muito carinho do disco Psicoacústica, dando a deixa para o clássico Rubro Zorro, com o palco em um vermelho especial para lembrar da origem da letra (o famoso bandido da luz vermelha). Quinze Anos foi de matar do coração. Cantada com o coração por Nasi, a enorme participação de todos emocionou mais ainda o gordinho. O clássico moderno Eu Quero Sempre Mais, tocado exaustivamente na época do acústico, fez vários adolescentes despertarem. Mesmo sendo um pouco manjada pelas MTVs e Rádios Cidades da vida, ela é uma grande música. Manhãs de Domingo foi uma surpresa para lá de agradável. Já O Bom e Velho Rock'N Roll é totalmente dispensável, com sua levada com toques fortíssimos de música eletrônica. Uma pena ter sido escolhida, para o sacrifício de músicas como Por Trás de Um Sorriso, Pobre Paulista e Coração. Os clássicos Envelheço na Cidade e Núcleo Base encerram a primeira parte, com participação mais forte do que nunca do público. O retorno para o bis veio com O Girassol, mais um grande clássico consagrado no Acústico MTV, que fica muito interessante ao vivo. Já Arrastão dispensa comentários. Maravilhosa, espetacular, e mais uma infinidade de adjetivos. Um Rock daqueles para ninguém botar defeito. A versão para Train In Vain do Clash (Pra Ficar Comigo) é interessante, mas sou radicalmente contra esse tipo de malabarismo. Preferi cantar a versão da banda inglesa. O cover ótimo de Foxy Lady, de Jimi Hendrix, foi muito bem feito. Edgard mostrou porque é o melhor guitarrista da história do Rock Nacional. Prisão das Ruas também é dispensável ao meu ver. O encerramento foi espetacular, com as ótimas Bebendoo Vinho e Nas Ruas. 
   O setlist foi ótimo, passando por diversas fases da banda e com destaque para os clássicos Vivendo e Não Aprendendo e Mudanças de Comportamento, inegavelmente os melhores discos do Ira!. Foi um retorno magnífico de uma grande banda, algo que arejou o nosso cenário. Agora é torcer para que o retorno seja definitivo, já que a banda ainda tem muito a oferecer, e grandes clássicos no currículo que ainda merecem ser tocados.
                                           Eu e o guitarrista Edgard Scandurra depois do show.

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