quinta-feira, 6 de novembro de 2014

DISCOGRAFIA COMENTADA-BLACK SABBATH

   O terceiro "discografia comentada" nosso será dos mestres do Heavy Metal, um tal de Black Sabbath. Todos que tem um mínimo de conhecimento no assunto está cansado de saber o que significa a banda para o estilo. Com diversas formações ao longo dos mais de 40 anos de história, a discografia é grande e rica, rendendo longas discussões entre os fãs da banda. Vamos então passear pela história de uma das mais importantes bandas de todos os tempos.

EXCELENTES 

Paranoid (1970)

   Confesso que passei um bom tempo pensando em qual seria o "melhor disco do Black Sabbath", dentro de um universo tão rico e magnífico. O fato é que, pelo menos, uns 6 discos entram com grandes chances nessa disputa, levando cada fã a ter uma opinião/resposta diferente. Escolhi o segundo disco da banda, Paranoid. Depois de chocar o mundo com a grandiosa estreia, a banda logo tratou de lançar o seu segundo disco, responsável por apresentar ao mundo os seus três maiores clássicos. As músicas War Pigs, Iron Man e Paranoid são hinos definitivos do Heavy Metal, e dispensam maiores apresentações. A faixa que abre o trabalho para mim é o destaque. Um riff absolutamente marcante do mestre nesta arte, um tal de Tony Iommi, somado a uma letra belíssima e forte, fazem de War Pigs uma das melhores, se não a melhor, música do Black Sabbath. Nos shows, os fãs cantam em uníssono tudo, principalmente os acordes imortalizados por Iommi. Paranoid e Iron Man não ficam por menos, e ambas apresentam riffs únicos, reproduzidos por milhões de guitarristas ao redor do mundo, fazendo parte daquele seleto grupo de riffs reconhecidos em poucos segundos por qualquer leigo. Obviamente, Paranoid não re resume a isso. A obra é impecável, sendo 8 grandes momentos. Eletric Funeral é outro hino, com força semelhante aos já citados, e também uma das melhores da banda.  Rat Salad é um espetáculo à parte proporcionado por Bill Ward. Hand of Doom e Fairies Wear Boots também tem enorme força. Até a arrastada Planet Caravan fica fantástica. Uma obra indispensável para quem quer entender um pouco o que significa Rock N'Roll, com o toque dos mestres Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward. 

Heaven And Hell (1980)

   O Black Sabbath passava por uma situação complicada ao final dos gloriosos anos 70, que teve como desfecho a saída do vocalista Ozzy Osbourne. Muitos enxergavam um futuro sombrio para ambos os lados, mais a história do Rock N'Roll tratou de provar o contrário. Enquanto Ozzy montava uma nova banda e presenteava os fãs com o clássico Blizzard of Ozz, sua ex-banda tratava de arranjar um certo baixinho, que atendia pelo nome de Ronnie James Dio, para ser o seu novo vocalista. Muitos fãs simplesmente não aceitavam ver o Black Sabbath sem Ozzy nos vocais, mas até o fã mais radical da banda foi obrigado a curvar-se diante de Heaven And Hell. A qualidade dos trabalhos apresentados pelo Black Sabbath é enorme, sendo muito complicado criar um ranking com os melhores, e tal discussão apresenta uma daquelas famosas "perguntas" do Rock, que para mim até hoje não tem resposta. Ozzy e Dio são vocalistas incríveis, cada um ao seu estilo, e o legado deixado por eles fala por si. Falando do disco em questão, a banda mudou bastante com a chegada de Dio. Os estilos dos vocalistas são completamente diferentes, fazendo com que o resto da banda mude junto com eles. A variação vocal e técnica de Dio chamou a atenção de Tony Iommi, que com isso enxergava novas possibilidades para o Black Sabbath. De cara, Heaven and Hell nos enfia ouvido abaixo um hino eterno do Rock, a maravilhosa Neon Nights. A tradição de abrir o trabalho com uma música forte, que muitas vezes é a melhor do disco, foi cumprida a risca. Obviamente não foi só isso. Heaven and Hell nos apresenta mais, pelo menos, mais 3 clássicos indiscutíveis. A faixa-título tem outro dos riffs mais maravilhosos de todos os tempos, que nasceu pronto para ser cantado pelo público, e com o tempo se tornou a obra mais marcante da carreira de Dio. A magnífica power ballad Children of the Sea e a pérola Die Young fecham a lista. Não é só isso, já que considero o disco impecável, e maravilhas como Walk Away e  Lonely Is the Word são de audição obrigatória. A nova fase do Black Sabbath teve início com um dos maiores discos da história do Heavy Metal, e fez da banda uma daquelas que conseguiu superar a saída do vocalista, lançando materiais de qualidade semelhante. 

ÓTIMOS

Vol. 4 (1972)

   Não são poucos que consideram o Vol. 4 como melhor trabalho do Black Sabbath. Depois de lançar três grandes obras, o nome da banda já estava no topo do que se conhecia por Rock N'Roll na época, fazendo uma música totalmente original. Na sua 4a empreitada, o Sabbath não teve medo de ousar. O peso do som continuava, e agora recebeu uma forte influência do Rock Progressivo. Um dos destaques é a belíssima balada Changes, que apresenta aquele esquema voz/piano que não costuma falhar. O disco ainda traz inúmeros momentos grandiosos, com grandes clássicos. Wheels of Confusion é uma abertura fenomenal, com um dos riffs mais inspirados de Tony Iommi, e a sequência com a pérola Tomorrow's Dream já faz valer o disco. O trabalho é completo, com a bizarra FX , uma viagem do mestre dos riffs que inexplicavelmente foi parar no disco destoando, mas causando gargalhadas ao mesmo tempo. Supernaut, Snowblind (que faz referência à cocaína, substância usada e abusada pelos integrantes naqueles dias) e Under the Sun são outros clássicos eternos que moram nos corações de quem ama Black Sabbath. Uma obra grandiosa e completa, que merece ser muito bem apreciada. 

Black Sabbath (1970)

   Meus amigos, o que podemos falar sobre isso aqui? O disco de estreia do Black Sabbath chocou o mundo naquele 1970. Tudo começa na capa até hoje inexplicável. Nem Iommi, Butler, Ward e Ozzy sabem ao certo quem é essa "figura" que aparece na emblemática casa abandonada em algum lugar abençoado no meio da Inglaterra. A ideia era "musicalizar" os filmes de terror, e logo na magnífica faixa-título, a banda prova que isso é possível. A música mais pesada de todos os tempos tem uma força absurda, e quem já viu a banda tocando ela sabe exatamente o que estou falando. Só ela já vale por tudo, mas o disco tem muito mais. N.I.B apresenta um dos mais magníficos trabalhos de um baixista na história, com destaque para o solo/riff que abre a música. Behind the Wall of Sleep, The Wizard e Sleeping Village, entre outras, completam essa estreia grandiosa dos mestres, que em apenas um trabalho já mostraram que o estrago seria grande dali para frente. 

BONS

Sabotage (1975)

   Sabotage é outro trabalho espetacular e irrepreensível do Black Sabbath. Considero ele inclusive merecedor de maior atenção por parte da banda e dos fãs, já que qualidade tem de sobra. A banda já sentia os efeitos do constante uso de drogas, tornando o clima em tanto quanto tenso passados 5 anos do estouro. Mesmo assim, ainda não era hora dos problemas afetarem a qualidade do lançamento, fazendo deste o último disco clássico da banda com Ozzy nos vocais. Já de cara, a bomba Hole in the Sky é um clássico imediato, abrindo o disco com força descomunal. Symptom of the Universe é tão boa quanto, ou até melhor, com Tony Iommi inspiradíssimo e Ozzy cantando com uma fúria descomunal. Megalomania é magnífica, mais lenta e bem maior do que a maioria das músicas da banda, mas seguramente uma das melhores da vasta história dos mestres. Sabotage ainda traz maravilhas do porte de Am I Going Insane (Radio) e The Writ, e está seguramente entre os melhores. Quem tenta ignora-lo comete um engano inaceitável.

 Sabbath Bloody Sabbath (1973)

   O nome do Black Sabbath só fazia crescer, e nada melhor do que lançar mais uma maravilha incontestável para provar seu poder de fogo. Sabbath Bloody Sabbath é um dos melhores discos da banda, e logo de cara a faixa-título apresenta o riff mais espetacular do mestre dos riffs, ao menos na minha opinião. Quem não concorda certamente não viu a reação indescritível do momento em que Iommi tocou ele no show do Sabbath no Rio de Janeiro, dando uma "enganada" na galera antes de começar Paranoid. A sonoridade apresentada no Vol. 4 é mantida, e não custa lembrar que as 8 músicas são, adivinhem, espetaculares e de indispensável audição. Os destaques ficam para os clássicos Sabbra Cadabra e A National Acrobat, e as extraordinárias Who are You? e Looking for Today. Já estamos falando do que é para mim o 6o melhor disco do Black Sabbath, e o mesmo com total potencial para ser o melhor. Acredite, não são muitas bandas que tem tanta força no currículo.

RUIM

Forbidden (1995)

   Até o Black Sabbath já falhou amigos. A banda estava completamente perdida depois da segunda saída de Dio e do ótimo Dehumanizer. A atual formação contava com Tony Martin - vocal, Tony Iommi - guitarra, Neil Murray - baixo e Cozy Powell - bateria. Martin é o vocalista mais contestado da história da banda, e naqueles anos 90 estava longe da melhor forma, que já não era lá grandes coisas, ao menos em comparação com os "antecessores" Ozzy, Dio e Ian Gillan. O trabalho foi fracasso de público e crítica, e as apresentações ao vivo incompatíveis com o nome Black Sabbath. A coisa foi tão complicada que o Sabbath não lançou nada até o último retorno de Dio e Appice (Heaven and Hell é o cacete, é Sabbath e pronto!) em 2009. Resumindo, pule esta parte da discografia. 


   A discografia do Black Sabbath é tão ampla que inúmeros clássicos não apareceram na lista por falta de espaço. Master of Reality, Mob Rules, Born Again e Dehumanizer são discos espetaculares, tanto quanto os 6 citados acima, além dos também bons Technical Ecstasy, 13, The Devil You Know e Tyr. Boa viagem sabática. 


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