quinta-feira, 13 de novembro de 2014

SHOW DO PAUL MCCARTNEY-HSBC ARENA-RIO DE JANEIRO

   Não existem palavras para descrever a emoção que senti ontem assistindo ao show do Paul McCartney no Rio de Janeiro. Quem já viu este senhor ao vivo sabe que é diferente de tudo. O amor pelo Rock N'Roll que este sujeito tem, do alto dos seus 72 anos, é colocado em prova a cada noite com 3 horas de apresentação visceral que faz questão de apresentar, sem intervalos e enrolação. O fato de ter gravado um disco ainda relevante no ano passado, fazendo questão de incluir 4 músicas no repertório, também chama a atenção. Fora tudo isso, o estado também impecável da sua voz em cada uma das 39 músicas faz do que Paul é hoje um caso de estudo para a ciência.
   A escolha inusitada do Hsbc Arena para um show que poderia facilmente lotar o Maracanã teve pontos positivos e negativos. A proximidade de todos os setores foi espetacular, além da confortável acomodação e facilidade de comprar bebidas e alimentos, tudo compensado com um preço irreal dos ingressos e demais serviços. Apesar disso, o acesso ao local distante e o transito caótico fez grande parte do público chegar em cima da hora, muito por causa do temporal que caiu por volta das 7 da noite. Houve muita reclamação em relação ao momento de abertura dos portões, mas honestamente  não vi, pois só consegui chegar ao local uma hora antes, quando já estava tudo resolvido. O som começou péssimo, extremamente baixo e embolado, melhorando no decorrer do show, mas longe do ideal. Tal fato surpreende, já que o lugar era fechado. O público ficou bem mais participativo na "reta final" da apresentação, mas fez bonito nos clássicos arrasa quarteirão. Mesmo assim, os que foram deixados de fora pelo critério financeiro poderiam ter feito melhor em momentos como Listen to What the Man Said , por exemplo. Mesmo assim, talvez só um desastre natural incontrolável sejá capaz de prejudicar uma apresentação de Paul McCartney.
   Com um atraso proposital de meia hora, para que todos chegassem, o Beatle entra no palco com o hino Eight Days a Week. Inicio arrebatador e irresistível, mas infelizmente com qualidade sonora sofrível. Já em Save Us, ele melhorou e se manteve mais ou menos na mesma ao longo da apresentação. A ótima música do novo trabalho apresentou-se forte ao vivo.  Na 3a música, a coisa realmente ficou séria. All My Loving não precisa de maiores apresentações, e seus primeiros versos já conquistam o público. Listen to What the Man Said é uma das melhores músicas do Wings, e um dos maiores acertos do setlist. Foi realmente um momento de grande emoção para mim, que considero não só ela, mas todo o disco Venus and Mars uma verdadeira obra-prima. Para seguir, mais um clássico dos Wings, a também maravilhosa Let Me Roll It. Entre cada música, Paul se dirige ao público com um carisma invejável e emocionante, que transforma o show dele em algo perfeito nos mínimos detalhes, com tudo feito e pensado na medida certa. Então nada melhor que mais uma maravilha Beatle, agora Paperback Writer. Depois Paul dedica à atual esposa a próxima canção, My Valentine, que é para mim a mais fraca do set, mas ainda assim cria um clima ótimo ao vivo. Nineteen Hundred and Eighty-Five, mais uma maravilha dos tempos de Wings é outra sacada genial, desta vez apresentando o clássico disco Band on the Run. Depois, The Long and Winding Road vem para matar qualquer fã dos Beatles do coração. A épica balada presente no derradeiro e definitivo Let it Be emociona qualquer pedra, algo que mais, pelo menos, 10 músicas ao decorrer da apresentação são capazes de fazer. Na mesma toada, vem a espetacular Maybe I'm Amazed, outra pérola dos Wings muito bem incorporada ao repertório. A coisa só esquenta, e  clássico I've Just Seen a Face, presente em Help!, para mim o melhor disco dos beatles, vem para provar o poder de fogo do sir. E o que dizer de We Can Work in Out? Poucos são capazes de tocar tantas músicas espetaculares em sequência. Voltando ao Wings, outra pérola muito conhecida e celebrada, Another Day. Quem ainda estava vivo pode ver uma sequência voz/violão com três das músicas mais maravilhosas de todos os tempos. And i Love Her, destaque de A Hard Days Night, Blackbird, impossível descrever a emoção que sua simplicidade única transmite, e Here Today, uma belíssima homenagem de Paul a Lennon fizeram quem viu se lembrar deste momento para o resto de suas vidas. No meio de tanta perfeição, as ótimas novas New  e Queenie Eye foram algo como um descanso para os corações, mas também momentos muito agradáveis para quem viu. Hora de voltar para os Beatles, com a ótima Lady Madonna e a bizarra, digamos assim, All Together Now, que animou bastante, mesmo sendo a música mais fraca dos Beatles. Lovely Rita foi uma escolha acertadíssima, nos transportando para o único St Pepper Lonely Heart Club Band. Everybody Out There, outra ótima nova serviu de ponte para mais um momento daqueles. A magnífica Eleanor Rigby chega como uma pedrada nos nossos corações, e é arrematada com Being for the Benefit of Mr. Kite!, ainda mais fantástica ao vivo com os efeitos de luzes se encaixando com perfeição ao tom psicodélico dela. Depois é hora de lembrar do grande George Harrison, com a maravilhosa e matadora Something cantada em uníssono. Ob-La-Di, Ob-La-Da também anima, sendo muito bem recebida e causando ainda mais emoção. Back in the U.S.S.R. é tocada com a banda visivelmente feliz e se divertindo, sendo também muito agradável. Para arrematar a primeira parte do show, os hinos Let It Be, Live And Let Die, explosiva como de costume e deixa para um show de presença de palco por parte de Paul no seu termino,  e Hey Jude, acompanhada até no intervalo pelo famoso nananana, dispensam maiores apresentações. Ninguem ficaria triste se acabasse ali, mas ainda tinha mais. Day Tripper, Hi,Hi,Hi, a surpresa do set, e I Saw Her Standing There, abertura do 1o disco dos Beatles, continuam com a apresentação. Mais um intervalo, e a banda retorna para tocar a música mais tocada de todos os tempos e me arrematar de vez. Yesterday é uma das coisas mais lindas do mundo, arrancando minhas lágrimas de extrema felicidade. A porrada Helter Skelter vem depois, famosa resposta dos Beatles aos que não consideravam a banda pesada o suficiente. Para fechar o show com chave de diamante, nada melhor do que o fechamento de Abbey Road, o último disco gravado pelos Beatles, e misteriosamente lançado antes de Let it Be, a trinca Golden Slumbers/ Carry That Weight/ The End.
   O show de Paul McCartney e sua magnífica banda foi um exemplo de como deve ser um espetaculo musical, contendo 39 músicas extraordinárias tocadas por um senhor que da a vida no palco transbordando amor em lá estar. Ao me despedir dele, chorei copiosamente, impressionado com o que representa o senhor Macca para o Rock N'Roll. Enquanto ele estiver vivo, o estilo vai andar bem, e quando ele se despedir, doces lembranças ficarão em nossas mentes. Acaba aqui um dos textos mais emocionados que já fiz aqui, tentando descrever o que só quem já viu sabe como é. Longa vida Sir Paul McCartney, e muito obrigado por tudo!
   

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