quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

DISCOGRAFIA COMENTADA - MOTORHEAD

    Depois de um tempinho, vou fazer aquela classificação para alguns discos da lista de bandas clássicas do Rock N'Roll. O momento clama por algo assim do Motorhead, que dispensa maiores apresentações, e dispõe de um material vasto para a devida apreciação. A discografia do Motorhead não possui um disco em especial para ser chamado de péssimo, ou mesmo ruim, e inúmeros clássicos ou trabalhos muito bons. Sem mais delongas, vamos a eles:

EXCELENTES
Ace of Spades (1980)

    A disputa pelo título de clássico maior do Motorhead é para lá de equilibrada, mas não são poucos os que intitulam Ace of Spades como tal. O disco é a evolução natural da discreta estreia e da consagração com Overkill e Bomber, apresentando uma série de maravilhas sonoras e o hino definitivo da banda. A faixa-título é a tradução perfeita do espírito de Lemmy, Taylor e Clark naquele começo. Fora a magnífica faixa título - com um dos riffs de baixo mais marcantes do Rock -, ainda temos pérolas do porte de Love Me Like a Reptile, Shoot You in the Back, The Chase Is Better Than the Catch, Live to Win, entre outros. São 12 faixas com o melhor que a banda pode produzir. Imperdível por completo!

Overkill (1979)


   Overkill divide com Ace of Spades o título de melhor disco da banda para 95% dos fãs. Para mim é empate técnico, com leve vantagem para o já citado, já que é o disco que me viciou completamente em Motorhead e um dos que mais escutei na vida. Overkill consagrou a banda em definitivo, sendo infinitamente superior a estreia que leva o seu nome. Fora a maravilhosa faixa-título, o hino do trabalho com o alucinante Animal Taylor arregaçando no bumbo duplo, aqui temos uma verdadeira coleção de clássicos. Stay Clean, No Class, Damage Case e Metropolis são alguns deles. Outra maravilha indispensável! 

ÓTIMOS

1916 (1991)

    Depois de algumas idas e vindas oriundas das saídas de Phil Taylor e Eddie Clarke, a banda apresentou uma bela formação para gravar esse belíssimo trabalho. Naquele breve momento de quarteto, se juntaram a Lemmy o "retornado" Animal Taylor e a dupla de guitarristas Phil Campbell e Würzel. Não são poucos os que idolatram esse time. Considero este trabalho, até certo ponto, injustiçado. É um momento de absurda inspiração do Motorhead, um trabalho absolutamente equilibrado recheado de ótimos momentos, que em nada deve aos trabalhos dos 1os anos. Sem novidades sonoras, apenas com aquele Rock basico e acelerado que consagrou a turma, temos maravilhas como No Voices in the Sky, Angel City (para mim a melhor do disco), R.A.M.O.N.E.S., Love Me Forever e The One to Sing the Blues. Fora essas, temos o maior clássico daqui, a magnífica Going to Brazil - nossa eterna homenagem. Quem olha a letra percebe a melhor descrição de uma longa viagem de avião, no caso a que levava a banda para cá na histórica turnê de 1989, 1a de muitas que viriam até hoje. Outro disco pronto para uma completa apreciação. 

Bastards (1993)

   A dupla Bastards/1916 é outro empate técnico ao meu ver. Para mim a vantagem mínima do anterior está num maior equilibrio do trabalho como um todo, mas Bastards é outro momento magnífico da trajetória do Motorhead, na qual a descrição do anterior cabe perfeitamente. Depois de uma leve derrapada em March ör Die, Bastards apresenta uma retomada ao que foi feito em 1916, com a estreia oficial de Mikkey Dee nas baquetas da banda - ao menos na criação. Mais uma coleção de ótimos momentos, com destaque para On Your Feet or on Your Knees, Death or Glory, Don't Let Daddy Kiss Me e Liar. Fora essas, o disco tem a melhor música do Motorhead na minha opinião, a inigualável Born to Raise Hell. Minha 1a providência ao saber da morte de Lemmy foi coloca-la no volume máximo, e cair nas lágrimas em sequência. Bem, só isso já justifica seu posto. 

BONS

Bomber (1979)

     Bomber surgiu de um expediente comum nos anos 70, que é pegar carona no sucesso arrebatador de um trabalho - no caso Overkill - e lançar um disco novo logo em sequência para arrematar. Assim sendo, poucos meses depois da consagração, mais um clássico chega arrombando as portas dos amantes de Rock N'Roll em 1979. Bomber não chega a perfeição dos discos anterior/futuro, mas não faz feio em momento algum. Mais uma coleção de clássicos diretos, com destaque para a faixa-título, mas também para a maravilhosa Dead Men Tell No Tales, Lawman, Stone Dead Forever e Poison, entre outras, fazem do disco em questão mais uma pérola na vasta discografia da banda. 

Iron Fist (1982)

   Aquele início de década de 80 foi uma fase de ouro na carreira do Motorhead. Depois da consagração mais que definitiva em Ace of Spades, da gravação do arrebatador "alive" No Sleep Til Hammersmith durante a proveitosa tour e de todo sucesso alcançado, Lemmy, Eddie e Phil retornam ao estúdio para gravar mais um clássico indiscutível. A faixa-título é de longe o maior destaque, mas as boas (Don't Need) Religion, Shut It Down, Go To Hell, Loser e Heart of Stone, para citar algumas, ajudam a fazer uma base ótima. Apesar do resultado fantástico, o clima não é dos melhores, e Eddie Clarke deixa a banda no auge, fazendo a mesma passar por maus bocados com o "diferentão" Brian Robertson, seu substituto. Seja como for, Iron Fist é uma despedida mais que digna da formação clássica da banda.

RUIM

Snake Bite Love (1998)

    Como já foi dito, o Motorhead não tem um trabalho propriamente "ruim" em sua trajetória. Mesmo assim, alguns deles estão num nível claramente abaixo dos demais, mesmo apresentando momentos bons e não sendo uma audição complicada. Alguns trabalhos no final da década de 90 e inicio de 2000 não são lá muito inspirados, e esse é um desses casos. Um disco completamente esquecido dentro da discografia, que segundo a própria banda foi efeito de um trabalho feito às pressas. Não chega a ser algo para ser esquecido, mas em meio a uma discografia extremamente coesa, Snake Bite Love aparece por muitas vezes renegado. 


    Bem, é sempre ótimo viajar na história dessa banda maravilhosa que lamentavelmente chegou ao fim. Como a regra prevê apenas 6 discos nas categorias nobres, muita coisa boa fica de fora. Discos como Another Perfect Day (1983), Orgasmatron (1986), Sacrifice (1995) e a grande sequência recente com Inferno (2004), Kiss Of Death (2006), Motorizer(2008), The World Is Yours (2010),  Aftershock (2013) e o derradeiro Bad Magic (2015) são audições obrigatórias. No mais, só temos a agradecer aos deuses do Rock por Lemmy ter passado seus últimos 40 anos de vida fazendo música da melhor qualidade. Sua obra fica de herança para todos nós. 


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