sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

SHOW DO EXODUS - CIRCO VOADOR - RIO DE JANEIRO

    Ficou nas mãos do Exodus a responsabilidade de abrir o calendário de grandes shows de 2016, que em pleno janeiro já conta com um número considerável de atrações de peso. Depois de fazer um show realmente memorável no mesmo Circo Voador em 2014, tendo lançado o bom Blood in, Blood Out pouco depois, é chegada a hora do retorno para a sua divulgação. O retorno teve uma baixa considerável (bota considerável nisso) no line up. O também guitarrista do Slayer Gary Holt acabou cancelando sua participação poucas semanas antes. O caso não foi devidamente esclarecido, mas rumores dão conta de que ele se comoveu com o pedido de sua filha autista. Na prática, o grande guitarrista Kragen Lum - companheiro de Lee Altus na mais que clássica Heathen - deu conta com sobras. Mesmo assim, o público respondeu ao fato, e compareceu em número ao menos 2x menor do que aquele que lotou a lona na última empreitada carioca do Exodus. Aos que não foram, só fica meu lamento, porque o show dessa referência máxima do Thrash Metal foi impecável. 
     Depois da abertura do Test, já tradicional em diversos shows do estilo pelo país, chegou a hora da 2a lição de violência que o Exodus proporciona aos cariocas em menos de dois anos. Cerca de 20 minutos depois do horário programado, a já citada dupla do Heathen, o sempre carismático Steve Zetro Souza, o baixista Jack Gibson e o batera Tom Hunting - único da formação que gravou Bonded by Blood - tomava conta do palco sagrado do Circo. A intro eletrônica de Black 13 já estoura os tímpanos, dando inicio aos trabalhos com correção. Nela acontecem alguns problemas com a guitarra de Kragen - logo ele -, que felizmente foram rapidamente contornados, mas não sem deixar grande parte da música com uma guitarra só. Dali para frente, tudo nos conformes, com um som impecável e uma performance digna de nota. Blood In, Blood Out já tem status de clássico. Caiu no gosto dos fãs, que cantam cada verso, mostrando o valor de alguns números do bom trabalho. Ai chega a hora de hino, indo direto para a obra-prima da banda, com  And Then There Were None. Ai a lona pega fogo de vez, com um público não tão grande, mas ligado sempre no 220. A espetacular  Children of a Worthless God, única representante da "fase Dukes", mostra toda a qualidade dos "Exhibits A e B", que de tão bons impõe ao menos uma citação em qualquer show da banda. A presença de Deranged surpreende, mas é mais que acertada, já que um trabalho Pleasures of the Flesh - estreia de Zetro na banda - não poderia passar em branco. O mesmo é um belo frontman, com sua voz rasgada comandando a carnificina na pista, somado a um papo na medida certa com os presentes em um intervalo ou outro. A nova Salt the Wound cresce absurdamente ao vivo, sendo daquelas ótimas para um bate-cabeça daqueles. A espetacular Body Harvest se destaca no disco novo, na minha opinião ao lado de Numb. O mesmo foi explorado na medida certa e mostrou enorme poder de fogo, dando um ar de renovação e muita qualidade em meio aos hinos eternos do Thrash Metal. Falando nisso, chega a hora de uma dobradinha daquelas. Metal Command e Piranha amigos, preciso dizer algo mais? Impossível traduzir o que virou a pista nesse momento com dois dos momentos mais brilhantes do estilo. War Is My Shepherd apresenta o ótimo  Tempo of the Damned pela 1a vez na noite, deixando o clima ainda lá em cima, para estourar com o clássico máximo A lesson in Violence, que sempre me emociona profundamente a cada audição. Seguindo a mistura Bonded/Tempo, vem a maravilhosa Blacklist. Impaler é mais uma do disco de 2004, muito bem explorado também, encerando a parte regulamentar do show.
   Para o bis, fica reservado um trio matador para acabar com o último pingo de energia dos presentes. Os hinos sagrados Bonded By Blood, The Toxic Waltz e Strike of the Beast - com o tradicional wall of death no meio - já fariam valer qualquer show, e deixaram um enorme sorriso no rosto de cada presente ao final da brincadeira. Foi uma noite realmente única, mais um show indescritível de uma banda única. Os caras simplesmente superaram as dificuldades de ver a alma da banda fora da turnê, e entregaram aos fãs um show digno do nome Exodus. Mais uma bela lição aos cariocas de como se faz Thrash Metal, e um belo começo para um ano que promete. Uma pena que a resposta em números não tenha sido tão satisfatória, o que pode atrapalhar planos futuros da cidade em shows assim.

4 comentários:

  1. Concordo brother! Penso que se o público reduzido foi uma resposta a não vinda do Gary então foi um tiro no pé. O show foi foda do começo ao fim e o Exodus merecia a presença em peso do seu público. Agora é esperar que isso não afete o futuro do rock no RJ.

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    1. Tomara que não afete cara! Tem muita coisa boa vindo por ai. Um show desse npivel merecia um público semelhamnte ao de 2014, mas quem foi fez valer a noite!

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  2. Tiveram varios fatores pra essa baixa, um deles foi aumento de tudo de 2014 pra cá, a grana ta apertada pra todo mundo, outra foi a falta de divulgação, em 2014 os ingressos abriram 3 meses antes, o desse show abriu a um mês do show, fica dificil se programar, não creio que vá afetar a vinda de shows pra cá
    Sem contar que caiu em uma quinta feira, pro pessoal do interior (como eu) fica muito dificil o acesso

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    1. Pois é cara, tem muita coisa que influencia nessa questão, e tudo que você citou faz total sentido. Tem a proximidade do retorno também, mas o que vi desanimar mesmo o pessoal foi a coisa do Holt. Até em São Paulo, que deu muita gente, não chegou a esgotar como da outra vez. O certo é que chamou atenção a diferença, infelizmente. Tomara que os muitos e ótimos shows marcados para cá tenham o retorno necessário.

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