sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

NOSSOS IDOLOS NÃO SÃO DEUSES. INFELIZMENTE...

    Lamentavelmente o assunto desse texto não é nada legal, mas não tem como fugir dele. Phil Anselmo, um dos maiores ídolos e referências da história do Metal, cometeu uma cagada incalculavelmente triste recentemente. Vocês sabem o que foi, e prefiro não repetir, mas a gravidade chegou a um ponto injustificável, e proporciona toda uma reflexão. 
    Nossos ídolos do Rock alcançam uma importância em nossas vidas de tal tamanho que costumamos trata-los como deuses. Na verdade, são humanos como nós, com histórias de vida que transformaram eles no que são. Em sua esmagadora maioria, existe a combinação de genialidade artística, personalidade e boa visão de mundo em geral. Exemplos de "ídolos completos" não faltam, como Paul Stanley, Tony Iommi, Paul McCartney, Angus Young, Rob Halford, Brian May e tantos outros. Mesmo assim, existem outros com ideias e atitudes completamente opostas ao que compreendemos como Rock, um estilo que aceita todos os excluídos e que prega a harmonia, algo que predomina em eventos diversos. 
       Só nos resta lamentar profundamente o ato que Anselmo cometeu justamente num evento que homenageava o grande Dimebag Darrell. Foi a gota d'água de uma sujeira que sempre pairava no ar, de uma acusação que sempre existiu baseada em fatos, mas nós como fãs do Pantera procurávamos ignorar. Ao meu ver, é um ato que não existe justificativa, simplesmente inaceitável numa sociedade, ainda mais vindo de quem veio. Qualquer tentativa de fã cego na defesa do indefensável é doentio. Devemos sim cobrar dele, mostra-lo quanto errado é o tipo de pensamento pregado, e o quanto nos envergonha tal caso. 
     Isso posto, chegamos num ponto delicado, o boicote artístico. Eu sempre procurei relevar ideias e atitudes que condeno em nome da arte. Apesar de condenar o ato, não tiro de James Hetfield o status de ídolo por causa da desnecessária caça da qual ele era praticante. Também nunca condenei amigos e ídolos com pensamentos políticos diferentes do meu, pois numa democracia é direito de todos pensar diferente. Apenas em casos como Ted Nuggent (esse respeitando profundamente sua influência) e Varg Vikernes que os pormenores antes descobertos influenciaram no meu gosto pela arte - sendo franco, nem que o dito Varg fosse um ser humano maravilhoso eu iria gostar da tosqueira do Burzum. Anselmo chegou no limite, e sendo franco, se eu fosse conhecer o Pantera hoje simplesmente não escutaria pela postura de seu vocalista. Mas o caso não é esse, e sou fã da banda desde que me entendo por gente, tendo ela uma grande importância na minha vida. Por consequência, seu líder tem papel enorme nisso ai. Não vou sair quebrando meus discos, mas a história de Phil ganhou agora uma mancha do tamanho de um caminhão. Não existe forma de defender o indefensável, temos sim que cobrar, e no meu caso diferenciar o seu legado incrível de suas ideias tortas. 
   O caso me fez refletir também sobre a comunidade do Heavy Metal. Já conheci alguns ídolos maravilhosos como pessoa, como todos os integrantes do Angra, Sepultura, Krisiun, Entombed e Obituary, Dave Lombardo do Slayer, Mark Jansen do Epica, entre muitos outros. O ambiente em shows é da mais pura amizade, como aconteceu ontem na apresentação do Exodus ao lado de vários irmãos de estilo, companheiros numa paixão. Mesmo assim, o meio do Heavy Metal está repleto de pessoas com os pensamentos mais estúpidos, algo notório para muitos frequentadores da chamada "cena". E pelo que sabiamente foi dito por Robb Flynn, não é só aqui que isso acontece. Muitos são capazes de achar normal, e se ver na pele de Anselmo com ideias igualmente condenáveis. Por vezes o estilo transgressor se vê semelhante a família tradicional, o berço do racismo lá e aqui. 
     Como esse triste episódio será superado ainda não sabemos. Continuo fã da arte de Phil Anselmo, mas meu respeito e admiração pessoal por ele caiu proporcionalmente ao orgulho que senti de Gene Simmons ao viajar para encontrar um fã de Kiss em estágio terminal que tinha como último desejo conhece-lo. Ambos acontecimentos escancararam o mais bonito e sujo lados do estilo de música e vida que tanto amamos. Que ele compense a merda sem tamanho que fez, porque sua imagem de ídolo está permanentemente arranhada! 

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