segunda-feira, 1 de agosto de 2016

DISCOGRAFIA COMENTADA - MEGADETH

    Que tal aquecer a vinda de Mustaine e sua turma brincando de classificar a discografia do Megadeth? A banda tem disco para dar e vender em mais de trinta anos de história, muitos deles com qualidade indiscutível. Coloca-los em ordem não é tarefa simples, mas vamos tentar. Aproveite para botar alguns deles no talo e se preparar para mais uma sinfonia da destruição! 

EXCELENTE

Rust in Peace (1990)

     Amigos, não conheço absolutamente nada unânime nesse mundo. Mesmo assim, algumas coisas chegam perto disso. Quando o assunto é qual seria a obra-prima do Megadeth, 9 em cada 10 fãs vão dar a mesma resposta em alto e bom som. RUST IN PEACE! Nos três primeiros trabalhos o resultado foi interessante, mas o clima interno era simplesmente caótico. Aqui se encontrou a formação definitiva, a clássica e mais duradoura - e com melhores resultados também. Dave Mustaine e David Ellefson agora se juntariam ao saudoso Nick Menza na bateria e a Marty Friedman na guitarra. O resultado vem numa tempestade de Thrash Metal, bem mais limpo do que o delicioso caos visto anteriormente. O que podemos falar de hinos do porte de Tornado of Souls - para mim a mais perfeita da história da banda -, Hangar 18 e Holy Wars? Um EP com as três já seria algo devastador no estilo. Obvio que não é só isso, e Take no Prisioners, Lucretia, Poison Was The Cure, Five Magics e Rust in Peace... Polaris não fazem por menos. Citei praticamente o playlist completo notou? Pois é, impossível não fazer isso com o disco que está eternamente na minha cabeceira sem um pulo sequer. 

Countdown to Extinction (1992)

     Decidir a 2a colocada já é uma tarefa mais complicada. Para mim é empate técnico com Peace Sells, mas por pontos fico com a obra que deu sequência a Rust in Peace. Sequência no sucesso e nos hinos eternizados, mas é bom dizer que não foi necessariamente no tipo de som apresentado. A banda da uma pisadinha no freio - longe de ser pejorativa é bom dizer -, mas é um fato inegável. Em português bem claro, ficou mais acessível. Ruim? NEM PENSAR! Com isso alcança os resultados mais fantásticos em termos de venda. No playlist, temos o hit definitivo Symphony of Destruction. Fora ele, o trabalho nos reserva os também clássicos Skin o' My Teeth e Sweating Bullets. Além dessas, temos as também indispensáveis Architecture of Aggression, Foreclosure of a Dream, This Was My Life, Ashes in Your Mouth e a faixa-título. Essas maravilhas e muitas outras nós pudemos apreciar naquele show antológico do Via Funchal em 2012. Mais um trabalho grandioso que a formação clássica entregou ao Heavy Metal.

ÓTIMOS

Peace Sells...But Who's Buying? (1986)

    Com sangue nos olhos e movido pela vingança, Dave Mustaine vinha do bom - e nada além disso -, Killing Is My Business... and Business Is Good! disposto a dar o salto definitivo no concorrido cenário do Thrash Metal de 86. No ano mais importante na história do estilo em termos de lançamentos, a formação do Megadeth era completa pelo companheiro quase inseparável David Ellefson, o guitarrista Chris Poland e o baterista  Gar Samuelson. A formação é muito boa, mas o caos tóxico no ambiente era tamanho que forçou a ruptura imediata antes do lançamento do sucessor  So Far, So Good... So What!. Independente da situação interna, o resultado impressiona - sendo talvez um dos maiores milagres do Rock se levarmos em conta as circunstâncias. Peace Sells é o grande salto da carreira do Megadeth, numa enxurrada de Thrash Metal deliciosamente sujo que marcou a década para a banda. A pegada de músicas como The Conjuring, Devil's Island, Good Mourning/Black Friday e My Last Words é única, me emocionando a cada audição insana com uma velocidade acima da média e letras magníficas. O disco eternizou dois hinos do Thrash Metal - até hoje obrigatórios em qualquer show do Megadeth. São eles Wake up Dead e principalmente Peace Sells - um dos mais marcantes riffs de baixo da história. Uma verdadeira obra-prima! 

Youthanasia (1994)

    Dado o sucesso estrondoso de Countdown to Extinction, a formula encontrada nele foi usada no disco que viria na sequência. E com magnífica precisão. Considerado por muitos o disco mais injustiçado do Megadeth, Youthanasia mostra pela 3a vez seguida a força da formação clássica. Ele é hoje praticamente uma obra cult da banda, eternizando um hino (A Tout Le Monde) e um belo playlist no papel de eternos lados b da banda. A maravilhosa power-ballad se transformou em uma das músicas mais lembradas da banda até hoje, mas o disco vai muito além dela. Reckoning Day, Addicted to Chaos, a épica Blood of Heroes, a bombástica The Killing Road e a faixa-título são pérolas que, para quem nunca procurou, exigem a devida garimpagem. Infelizmente, foi o último disco da fase gloriosa da banda. A formação permanece intacta para Cryptic Writings, mas mesmo nos oferecendo os clássicos She-Wolf e Trust, passa longe dos antecessores. 

BONS

So Far, So Good... So What! (1988)

     Como foi dito no parágrafo em relação ao Peace Sells, a caos interno obrigou a troca de meia banda. Mustaine e Ellefson agora estariam ao lado de Jeff Young (guitarra) e Chuck Behler (bateria). Resultado prático? Um caos ainda maior e duração relâmpago de uma formação que praticamente soltou o disco e explodiu. Nesse cenário, o Megadeth novamente fez milagre ao soltar mais um grande trabalho - que se não tem a excelência do anterior, não deixa de ter grandes momentos. In My Darkest Hour é o clássico maior dele, e está seguramente no meu top 5 de preferência em toda história da banda. A bela homenagem a Cliff Burton quando, tardiamente, Mustaine soube da triste notícia não poderia sair por menos que isso. Além dela, as pedradas Set The World Afire, Hook In Mouth e Liar seguem na linha de Peace Sells - e são igualmente magníficas. Vale destacar o cover para Anarchy in the U.K do Sex Pistols, 502 e Mary Jane. Mais um milagre em meio ao caos oitentista do Megadeth. 

Dystopia (2016)

     Diferente de muitas bandas da sua época, o Megadeth chegou aos anos 2000 com pique de sobra em lançamentos de estúdio. Depois dos problemas na coluna do líder Mustaine, constantes trocas de formação (inclusive do fiel escudeiro David Ellefson por um período) e discos não tão bem sucedidos, podemos citar ao menos 5 discos ótimos do Megadeth de 2004 para cá. O que vai completar a parte nobre da brincadeira, numa difícil decisão, é ao meu ver o mais recente. Endgame também poderia estar aqui, mas Dystopia ainda ganha dele por pontos. Depois do desastre de Super Collider, Mustaine e Ellefson vem a outra metade da banda partir junta. Depois de quase juntar sua formação clássica - plano que falhou em meio as negociações -, os novos companheiros surpreenderam o mundo do Metal. Eram eles o brasileiro Kiko Loureiro (Angra) na guitarra e o grande Chris Adler (Lamb of God) na bateria. O baterista deixou claro que a prioridade era sua banda de origem, ao contrário de Kiko, que já tem status de queridinho do chefe. O resultado foi um trabalho magnífico e músicas do porte de Fatal Illusion - essa com uma inegável pegada Peace Sells, Post American World, Poisonous Shadows, The Threat Is Real e a faixa-título. Essas e mais algumas tem tudo para serem eternizadas pelo teste do tempo. 

RUIM

Super Collider (2013)

     Sabe o ótimo momento de 2004 para cá que acabei de citar? Pois é, este trabalho aqui destoa de tudo que foi feito desde então. O pior é que a banda vivia uma boa fase com o retorno de Ellefson no baixo, o ótimo Chris Broderick na guitarra e o razoável Shawn Drover na bateria. Nem o trabalho fraco prejudicou tanto assim, mas parece ter forçado a mudança para o Megadeth que vemos hoje. Se até ali o disco Risk era considerado por muitos o pior da banda, agora o posto está dividido. Mesmo com a regular Kingmaker se destacando, o disco é bem abaixo do que a banda pode produzir. Considero aquele trabalho razoável, que não chega a ser intragável, mas se comparado com os demais ele é sensivelmente pior. 


   O Megadeth tem muitos discos - até porque Mustaine nunca sossegou na eterna vingança contra o Metallica. Além dos citados, discos como Endgame (2009), United Abominations (2007), The System Has Failled (2004), TH1RT3EN (2011), Cryptic Writings (1997) e Killing Is My Business... and Business Is Good! (1985) são ao meu ver ótimos, merecendo sua atenção. Completam a lista Risk (1999) e The World Needs a Hero (2001), que se não são fantásticos, passam longe de ser dispensáveis. É isso por hoje, bom show a todos semana que vem! Estarei no de Minas, nos vemos no mosh! 

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