segunda-feira, 29 de agosto de 2016

SHOW DO METALMORPHOSE COM CELEBRAÇÃO AO AZUL LIMÃO - CALABOUÇO - RIO DE JANEIRO

     O ano de 1986 marcou o auge do Heavy Metal em cada canto do mundo, e o Brasil pós-ditadura estava em sintonia com o 1o mundo do estilo. Um dos muitos grandes trabalhos lançados naquele ano pelos pioneiros do Metal BR é Vingança do Azul Limão - uma verdadeira obra-prima da nossa música. Essa obra completou 30 anos nesse domingo, dia 28 de agosto de 2016, e foi devidamente celebrado no principal bar de Rock N'Roll da cidade do Rio de Janeiro. O responsável por isso foi o irmão Metalmorphose, que ainda ativo hoje conta com o guitarrista da banda Marcos Dantas - numa ponte óbvia. 
      Com um público lamentavelmente baixo num bar que costuma arrebatar multidões em shows covers escancara um grave problema da cena brasileira. A falta de interesse do público em procurar bandas clássicas, se contentando com uma dezena de músicas de uma dezena de bandas é praticamente desenhada na nossa cara como uma prova irrefutável. Isso posto, quem foi viu a história acontecendo. Com a presença de um cara como Marcos "Animal" - batera original do Dorsal Atlântica - deixando a noite ainda mais nobre, o Metalmorphose começa a brincadeira com seu set regular. 
     Tavinho Godoy (vocal), Marcos Dantas e PP Cavalcanti (guitarra), Marcelo Val (baixo) e André Delacroix (bateria) desfilam alguns dos clássicos do Metalmorphose nessa história de mais de trinta anos. Vá Pro Inferno, Cavaleiro Negro, Máscara e Corda Bamba - presenças obrigatórias em qualquer show da banda - são apresentadas com a categoria de sempre. O som alto e nítido da ótima casa proporciona isso. Então chega a hora da festa. 
     André, Tavinho e o azulino Marcos permanecem no palco. Ai o convidado especial Vinicius Mathias assume o baixo, tendo assim meio Azul Limão no palco. Sem nenhum ensaio dessa formação, o resultado é muito satisfatório. Em que pese o deslize de Tavinho no início de O Grito, o vocalista se saiu muito bem nas versões para músicas que não são feitas para a sua voz. O disco é apresentado quase na sua íntegra. Marcos Dantas da um show de improviso na guitarra nas músicas que cravaram seu nome na história do Heavy Metal brasileiro - soando como se não fosse amanhã. A magnífica Sangue Frio vem em seguida. Uma das verdadeiras pérolas do Heavy Metal brasileiro emociona quem marcou presença no calabouço. Não Vou Mais Falar, o hino Satã Clama Metal e a porrada Vingança encerram a celebração ao Azul Limão. 
      A formação atual do Metalmorphose se junta no palco novamente. Com quatro hinos do porte de Maldição, Desejo Imortal, Jamais Desista e Minha Droga É O Metal fecham a noite, uma grande noite para quem aprecia o suprassumo do Heavy Metal brasileiro - e nesse caso específico - carioca. Com um clima de festa de amigos, o Azul Limão recebeu a homenagem que merecia numa data tão especial. Nos dias atuais, o Heavy Metal praticado pelos pioneiros realmente não é música feita para multidões. Os tempos são complicados nesse aspecto. Ainda assim, guerreiros da cena como os membros do Metalmorphose ainda brigam e perpetuam essa chama acesa. Enquanto for possível, vamos lutar ao lado deles!

Uma pequena lembrança da noite, eu ao lado de Tavinho, PP, André e Marcelo, forma minha namorada Mariana e meu camarada Akio.  

4 comentários:

  1. Show de bola! Valeu , Cohen! Pela presença e pela resenha súça de sempre \o/
    Abraçãp

    ResponderExcluir
  2. Excelente registro, meu camarada. Infelizmente, quando o metal deixou de ser movimento de resistência para se tornar mainstream, o público que encheu suas fileiras não foi o mesmo que participou dos anos de guerrilha, e, infelizmente, segue a mesma mentalidade de fans de Justin Bieber "só querem ouvir mais do mesmo", só querem ouvir "hits". Esquecem que a razão para que eles possam estar, hoje, curtindo bandas como Slayer, Lamb of God ... ao vivo e à cores, tendo suas discografias completas lançadas, álbum de figurinhas e tudo mais, é porque estes incansáveis heróis do metal nacional, como Stress, Metalmorphose e Azul Limão, desbravaram a cena brasileira realizando o impossível. Quando, para se poder comprar um lançamento, era necessário ter amigos ricos que viajassem para o exterior, comprassem os discos, os trouxessem com todo o cuidado para não quebrá-los, e tivessem a boa vontade de gravar cassetes para os amigos pobres ;) O Clube Metálico, no rio de Janeiro, teve um papel fundamental na divulgaçào das bandas clássicas e novas. Ouvimos Slayer, Metallica, Venom ... Lançando suas primeiras demos em paus-de-sebo como o Metal Massacre. Hoje, o metal disputa espaço ombro a ombro com os etilos mais populares e, não raro, bate os recordes de público nos festivais. Mas, o público de metal tem memória curta, infelizmente. Abraços e parabéns por ser um dos raros "correspondentes de guerra" nas trincheiras do metal brasileiro, que, 30 anos depois, continua bravamente sua guerrilha. Marcos Animal

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Opa, perfeito relato de uma verdadeira lenda que viu tudo isso de perto. Eu sinto que muita coisa mudou, a turma oitentista era mais curiosa, conhecia coisas com dificuldades que nos dias de hoje simplesmente não existem. Um ou dois cliques na internet e você conhece a banda mais obscura que se pode imaginar. Grande abraço!

      Excluir